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Mercado financeiro e de capitais
Curso: Mercado financeiro e de capitais > Unidade 10
Lição 4: Auxílio financeiro de Paulson- CNN: Entendendo a crise
- Resgate 1: Liquidez vs. solvência
- Resgate 2: Valor contábil
- Resgate 3: Valor contábil X valor de mercado
- Resgate 4: Marcação a modelo X marcação a mercado
- Resgate 5: Pagamento da dívida
- Resgate 6: Recebendo uma injeção de capital
- Resgate 7: Banco vai à falência
- Resgate 8: Risco sistêmico
- Resgate 9: O Plano Paulson
- Resgate 10: Risco moral
- Resgate 11: Por que esses CDOs podem não valer nada
- Resgate 12: Transação Lone Star
- Resgate 13: O resgate tem chance de funcionar?
- Resgate 14: Solução possível
- Resgate 15: Mais sobre a solução
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Resgate 2: Valor contábil
Balanço bancário hipotético. O que significa valor contábil. Versão original criada por Sal Khan.
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Transcrição de vídeo
RKA22JL - Olá,
tudo bem com você? Você vai assistir agora a
mais uma aula de economia e, nessa aula, vamos começar a conversar sobre o capital
próprio de um banco e o “book value” ou valor contábil. Mas, antes disso, é importante lembrar
que, antes de assistir a essa aula, é importante que você compreenda os conceitos
de falta de liquidez e insolvência, que, inclusive, é
conversado em outro vídeo. Após compreender isso, podemos ver agora como seria
o balanço de um banco com problemas. Não vamos entrar em detalhes agora, vou dar
apenas um panorama geral do que é mais importante. Esses bancos têm muitos ativos,
de modo geral, tanto bancos comerciais quanto
bancos de investimento têm muitos ativos. Em outro momento, eu explico a diferença entre os dois
tipos e o que significa regulação e alavancagem. Mas imagine agora como seria normalmente
um balanço financeiro bancário. Inicialmente, nós temos os ativos.
Eu vou inventar algumas coisas aqui. Digamos que o banco tenha um bilhão em títulos
de dívidas do governo dos Estados Unidos. Eu vou fazer uma lista para
mostrar os vários tipos de ativos. Digamos, também, que ele tenha 10 bilhões
em títulos corporativos “triple A”, que são empréstimos feitos
a empresas de alta credibilidade. Títulos corporativos “triple A” de empresas
de excelente nível de fluxo de caixa e com chances mínimas de
não pagarem um empréstimo. É bom lembrar que títulos são
empréstimos feitos a terceiros. Se você me emprestar dinheiro, eu entrego uma promissória
dizendo que devo a você, por exemplo, $10,00. Esse documento seria um
título de uma dívida minha com você. Um bilhão em títulos do governo é um ativo
em que o governo deve ao banco um bilhão de dólares e, até liquidar essa dívida,
vai pagando juros. Da mesma forma, títulos corporativos atestam
que as empresas que os emitiram devem o total de 10 bilhões de dólares e,
até liquidarem a dívida, pagarão juros. Isso é o que significa um ativo,
algo que tem um valor econômico futuro. Esses títulos de dívidas, da mesma forma,
valem o pagamento dos juros e valem a promessa de que serão
devolvidos os 10 bilhões de dólares, ou talvez 10 bilhões seja o somatório dos juros
mais a dívida principal de uns 9 bilhões. Eu estou inventando números,
tudo bem? Isso não importa agora. Vamos imaginar outro grupo de ativos. Digamos que o banco tenha 10 bilhões
de dólares em hipotecas comerciais, que seriam empréstimos feitos a empresas
que querem comprar terras para construir ou comprar edifícios para alugar. São empréstimos a terceiros e, quando eu empresto
a terceiros, tenho um ativo, pois me devem juros, e, um dia, vão pagar
meu dinheiro de volta. Finalmente, sem grandes detalhes,
eu vou tratar do cerne da questão. Digamos que o banco tenha... Deixe eu ver aqui, a soma está em 21, então,
eu vou usar um número par aqui. Então, vamos supor
que seja 4 bilhões de dólares. Assim, o total vai para 25. O banco tem 4 bilhões
de dólares em CDOs residenciais. CDO é a sigla em inglês para
obrigações de dívidas colateralizadas e, nesse caso, são CDOs residenciais. Em outro momento, eu converso melhor sobre CDOs,
mas, resumindo, o CDO é um instrumento derivativo, que pode soar um pouco complicado, mas significa
que tem origem em outro instrumento, o que sinaliza para que a falência começa
nessa parte do balanço financeiro. O derivativo é como juntar
um monte de hipotecas. Eu vou mostrar aqui para
ficar melhor de visualizar. Eu pego várias
hipotecas de casas. Ao agrupar um milhão delas, acabo
formando um título garantido por hipoteca. O título garantido por hipoteca é um empréstimo
a um grande número de pessoas que são agrupadas para que seja possível
aplicar propriedades estatísticas, porque emprestar para uma única pessoa
não é igual a emprestar para um grupo de pessoas. São maiores as chances de
negociação com várias pessoas, porque fica mais fácil de
entender tudo o que está acontecendo. Por exemplo, em um grupo,
cerca de 8% não conseguirão pagar, mas esse também
não é o cerne da questão. Já há aqui um vídeo inteiro sobre títulos
garantidos por hipotecas, mas os CDOs ou obrigações de dívidas colateralizados
saem de títulos garantidos por hipotecas. Por isso,
são chamados derivativos. Com a CDO, agrupam-se vários
títulos garantidos por hipotecas, que são empréstimos a pessoas em diversas
regiões do país e divide-se em várias partes. É o que se faz. Divide-se no que chamamos de tranches,
como eu já expliquei em detalhes em outros vídeos. Aí, fica decidido que esse grupo de CDO
receberá os primeiros pagamentos. Assim que qualquer pagamento for feito,
irá direto para esse tranche sênior. Os seguintes irão para este e a tranche de cima,
chamada tranche júnior ou tranche de capital próprio, receberá apenas o que sobrar. Se todos pagarem, ele terá a parte que lhe cabe,
mas, se muitos não pagarem, isso vai afetar esse tranche. É bom falar aqui que uma tranche
é apenas uma camada ou fatia. Eu não quero ficar usando
palavras muito rebuscadas aqui. Para recompensar quem está na tranche
que assuma o maior nível de risco, ou seja, esses outros tranches deixam
todo o risco para esse tranche aqui, essa pessoa terá
um rendimento mais alto. Por exemplo, essa parte aqui
vai receber apenas 6%. Já essa outra fatia, 7% do dinheiro. E, talvez,
essa receba 12% do seu dinheiro. Outro fato interessante
para quem tiver mais garantia, as agências de notação realizarão
classificações para esses tranches. Esse aqui pode receber a nota “triple A” e, talvez,
essa aqui receba um duplo A, mas essa tranche vai receber uma nota mais baixa e, por
isso, não vai ter muitas pessoas interessadas em comprá-la. Portanto, a pessoa que montou essa carteira de CDOs
e vendeu essas tranches ao mercado, a propósito, isso é chamado de securitização,
em que se produz valores imobiliários a partir de ativos que são vendidos a fundos de investimentos,
as pessoas preferem comprar essas duas tranches aqui. Então, o banco vai precisar descobrir o que fazer
com essa tranchea insolvente de capital próprio. Com isso, ele vai acabar mantendo
isso aqui no seu balanço, já que o setor imobiliário se apresentava
muito forte e não indicava queda. Com isso, isso daqui poderia
dar um retorno altíssimo. Logo, o banco resolveu
ficar com essa tranche. São nesses CDOs residenciais que vamos
concentrar a nossa atenção. Tendo dito isso, agora, eu quero mostrar
a classificação destas CDOs. Elas não são do tipo triple A. Talvez algumas sejam,
mas vamos supor que sejam todas de alto risco, os "junk bonds" ou insolventes. Enfim, nesse banco fictício,
esses são os ativos. Agora, vamos pensar nos passivos,
digamos que sejam vários empréstimos. O empréstimo A,
de 10 bilhões de dólares... Vamos voltar aqui e colocar dinheiro no ativo,
um bilhão de dólares em espécie. É preciso ter dinheiro em caixa, caso alguém queira sacar
o seu dinheiro de um banco comercial. Tendo dinheiro, o banco estaria pronto para realizar
uma liquidez imediata, mas, voltando ao passivo, o empréstimo A é uma
dívida de 10 bilhões de dólares. Há também o empréstimo B, que, vamos supor,
outros 10 bilhões de dólares. E digamos que há um empréstimo C. O empréstimo C,
para ficar interessante, seria de 3 bilhões de dólares. Nesse exemplo, se os valores dos ativos
e dos passivos estiverem todos corretos, qual vai ser o
capital próprio do banco? E, caso fosse uma empresa de capital aberto,
qual seria o capital próprio dos acionistas? O capital próprio é o patrimônio líquido
de uma empresa e, para descobrir isso, subtraímos o total em ativos
pelo total em passivos. Então, vamos fazer
isso aqui agora. Inicialmente, encontramos o total em ativos
somando 1, com 10, com 10, com 4 e com 1, que é igual a 26 bilhões de dólares em ativos. Já o total em passivos é 10, mais 10, mais 3,
que é 23 bilhões de dólares. 26 bilhões em ativos, menos 23 bilhões de passivos
é igual a 3 bilhões de dólares. Ou seja, o capital próprio da empresa
é igual a 3 bilhões de dólares. É bom lembrar aqui também que, em diversos momentos,
o capital próprio costuma ser chamado de “equity”. Então, essa empresa tem o
“equity” de 3 bilhões de dólares. Sabendo disso, vamos entender o que é o capital próprio
de uma empresa de capital aberto. Se você detém uma ação da empresa,
você detém uma parte do capital. Vamos ver isso aqui melhor no caso desse banco
que vou chamar de banco A. Vamos supor que o banco A
tenha 500 milhões de ações. Quando abro algum site especializado para saber
quantas ações a empresa tem, eu vejo que são 500 milhões de ações
e que o valor contábil da empresa ou “book value” é de 3 bilhões de dólares de capital,
com base no balanço. Por isso é chamado de capital contábil, porque o balanço
da empresa é o seu instrumento de contabilidade. Os 3 bilhões de capital próprio é o número total de ações
e cada ação valerá 3 bilhões divido por 500 milhões, que é igual a $6,00
de capital contábil por ação. É importante compreender isso. Todos pensam que quando o
preço de uma ação chega a zero, significa que podemos comprar a empresa
por nada, mas não é verdade. Apenas significa que o
capital da empresa vale zero. Enfim, eu espero que você tenha começado
a compreender sobre isso, mas, em outro momento, eu vou continuar nossa conversa. Então, eu quero deixar aqui para você
um grande abraço e até a próxima!