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Resgate 6: Recebendo uma injeção de capital

O banco é resgatado por uma infusão de capital de um fundo de riqueza soberano. Versão original criada por Sal Khan.

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Transcrição de vídeo

RKA4JL - Olá, tudo bem com você? Você vai assistir agora a mais uma aula de economia. Nesta aula vamos conversar sobre a injeção de capital em uma empresa e como isso pode acontecer. Para isso, vamos considerar um banco que possui inicialmente alguns ativos e alguns passivos, porém, uma crise no setor imobiliário, como, por exemplo, a crise do Subprime em 2008 nos Estados Unidos, acabou fazendo com que esse banco vendesse alguns desses ativos para pagar alguns dos empréstimos obtidos de outros credores. Mas depois de fazer isso, esse banco ainda possuía alguns ativos e um passivo. Vamos dizer, por exemplo, que em relação aos ativos, esse banco tenha um pouco de dinheiro em caixa. Vamos dizer que ele tenha um bilhão de dólares em dinheiro. A gente não pode esquecer que um banco precisa de dinheiro para operar. Ele não pode usar todo o seu dinheiro para pagar as coisas, senão ele não conseguiria transacionar com os seus clientes, pagar aluguel. Enfim, temos um bilhão em dinheiro e como eu disse, o banco não pode usar esse dinheiro para quitar dívidas. É preciso manter um pouco de dinheiro só para tocar o negócio. Isso é o que nós chamamos de capital de giro. Mas voltando ao tema deste vídeo. Temos um bilhão de dólares em dinheiro e os diretores dessa empresa consideram que tem quatro bilhões de dólares em CDOs residenciais. Essa é a coisa tóxica que é o foco de um resgate financeiro governamental, que é histórico em suas proporções. Eu vou falar mais sobre isso depois, OK? Agora vamos falar também sobre os passivos dessa empresa, ou pelo menos o que ainda tem em passivo. Vamos dizer que inicialmente o banco tinha três empréstimos e ele já pagou os dois primeiros. Sendo assim, agora ele tem apenas um empréstimo C. Apesar de passivo não ser algo necessariamente ruim, é algo que você deve. Então não é algo agradável. Vamos considerar que o empréstimo C seja de três bilhões de dólares. Considerando esses ativos e esse passivo, qual é o capital próprio, ou o patrimônio líquido, dessa empresa? Temos um total em ativos de cinco bilhões, certo? E temos três bilhões em passivos. Se você acredita no que os contadores ou no que os gerentes do banco disseram sobre os seus ativos, se quisesse liquidar tudo isso, ou seja, se você tivesse cinco bilhões em ativos e os liquidasse, você (na verdade, esse banco), receberia 5 bilhões. Assim pagaria três bilhões em dívidas e lhe sobraria dois bilhões. Então esse é o capital próprio, ou patrimônio líquido, que é de dois bilhões de dólares. Ah, não podemos nos esquecer que o patrimônio líquido também costuma ser chamado de "equity", ok? Ótimo. Agora vamos dizer também que esse banco possui 500 milhões de ações sendo negociadas em algum mercado. Para saber o valor contábil de cada uma dessas ações, basta pegar o patrimônio líquido dessa empresa e dividir pelo número de ações, que nesse caso é 500 milhões. Então, qual é o valor contábil de cada ação? Vai ser o valor contábil da empresa, que é dois bilhões, dividido por 500 milhões. Isso dá quatro dólares. Algo que é importante falar é que antes de vender seus ativos por um preço mais baixo do que o valor contábil, o valor de cada ação era seis dólares. Porém, ao reavaliar alguns ativos, tais como hipotecas comerciais, que antes valiam dez bilhões, mas que foram vendidas por apenas nove bilhões, o banco acabou perdendo um bilhão de valor contábil. Como o banco perdeu um bilhão do valor contábil, esse um bilhão se traduz em dois dólares no valor da ação. É justo, ok? Mas vamos dizer que talvez nesse ponto o valor de mercado dessa ação, ou seja, por quanto ela está sendo negociada quando você olha no painel da bolsa, esteja em um dólar. Isso pode ocorrer porque talvez as pessoas que estão negociando, ou seja, o mercado, esteja pensando: "Nossa, depois do que aconteceu com Bern Sterns e Lehman Brothers estou um pouco nervoso. Esse negócio está meio estranho." É preciso tomar um pouco de cuidado. Se o valor de mercado da ação é um dólar, o que isso está dizendo sobre os ativos? E sobre o patrimônio líquido? Qual é o valor de mercado? É o preço da ação vezes o número de ações. O mercado está dizendo que o valor de mercado, que é o equivalente ao valor de mercado do patrimônio líquido, ou ao que o mercado acha que ele vale, é de um dólar vezes 500 milhões de ações. Sendo assim, esse banco vale 500 milhões de dólares, ou meio bilhão. O mercado está dizendo ao banco: "Você não tem dois bilhões de patrimônio líquido. Você tem apenas meio bilhão", provavelmente porque o mercado acha que isso só vale um bilhão e meio. Mas, enfim, vamos deixar isso aqui de lado um pouco porque, agora, estamos chegando ao X da questão. Os dois outros empréstimos que o banco tinha inicialmente venceram e ninguém estava disposto a renovar ou a emprestar mais, então a empresa teve que liquidar alguns de seus ativos para quitar seus empréstimos. Isso resolveu o problema, só que agora temos um empréstimo C e vamos dizer que o empréstimo C venceu também. Os criadores desse empréstimo dizem o seguinte ao banco: "As coisas estão bem estranhas. Seus ativos se parecem com os do Lehman Brothers, ou do Bern Sterns. Nós não vamos renovar o seu empréstimo". Você, como gerente do banco, busca crédito, tenta emitir títulos, você tenta tudo o que pode, mas ninguém quer lhe emprestar dinheiro, pois estão todos apreensivos. Então, o que você faz? Bem, você vai ter que pagar os três bilhões em empréstimos, não tem jeito, afinal, ninguém quer lhe emprestar os três bilhões. Com isso, você diz: "Não posso usar todo esse dinheiro. Se eu quisesse operar sem cobertura, talvez eu pudesse dar meio bilhão em dinheiro, mas isso não ajudaria a minha situação em nada, porque ainda teria mais dois bilhões e meio a serem pagos." É aí que você pensa: "Estou numa situação em que tenho de vender essas CDOs. Eu vou ver se meus modelos e premissas estavam pelo menos um pouco corretos, se essas coisas realmente valem quatro bilhões de dólares. Aí eu vou ao mercado e tento vender minhas CDOs. Eu tento vender por quanto eu conseguir por elas, pois eu tenho que vendê-las." O problema é que não há mercado para elas. Tem muitas pessoas querendo vendê-las, mas não tem muitas pessoas interessadas em comprá-las, ou seja, talvez não haja mercado. Mas você diz: "Eu realmente quero vendê-las". Por isso você anuncia para todos os fundos de investimentos e para todos os bancos. Aí, ao tentar vender suas CDOs, pode ser que alguns fundos venham e digam: "OK, acho que essas coisas são bem tóxicas, mas devem valer alguma coisa. Eu estou otimista quanto ao mercado imobiliário. Talvez em 10 anos, ou um pouco mais, ele possa se recuperar. Sendo assim, estou disposto a lhe dar um bilhão por essas CDOs." Só uma pequena pausa rapidinho, antes de a gente continuar a nossa discussão. Você sabe o que é o valor de mercado de algo? É o melhor preço que alguém está disposto a pagar por algo. Em nosso exemplo, você, como gerente do banco, foi ao mercado e ofereceu essas CDOs para todos que estavam no mercado. Só que o valor de mercado, o quanto o mercado está oferecendo pelas CDOs, é apenas um bilhão de dólares. Esse é o valor de mercado dessas CDOs. E o que você faz em um caso como esse? Bem, se você vender por um bilhão, isso vai melhorar a sua situação? Se vender essas CDOs por um bilhão, você recebe um bilhão aqui. Como já tem um bilhão em dinheiro, você vai ficar com um total de dois bilhões em dinheiro. Porém, isso ainda não paga sua dívida, ou seja, mesmo assim você vai falir. Diante desse cenário, a direção da empresa, que é bem arrogante, diz o seguinte: "Se eu vender, vou falir, e eu acho que esse é um preço de crise. Esse não é o preço real." Aí, de repente, pela primeira vez em sua carreira, que ao longo de tantos anos ganhava 30 bilhões em bônus anualmente e que acreditava firmemente no mercado, agora nega o mercado. O gestor do banco diz que a única razão para estar conseguindo apenas um bilhão pelas CDOs é porque todos estão com medo. Se pelo menos alguém pudesse segurá-las até a maturidade, se alguém pudesse segurar esses ativos durante os 30 anos em que as hipotecas vão ser pagas, esse alguém vai receber os quase quatro bilhões, ou talvez um pouquinho menos, quem sabe 3,5 bilhões. Com isso, ele simplesmente não realiza a venda das CDOs ao mercado. Claro, em uma situação como essa não tem muita escolha. O que você, no lugar do gerente, tenta fazer é ver se alguém consegue dar algum tipo de empréstimo, talvez emprestar algum dinheiro em um curto prazo para pagar essa dívida, inclusive dando essas CDOs como garantia. A garantia de um empréstimo é quando você me dá um empréstimo e aí você pega algo como garantia. Assim, se eu não pagar você fica com um ativo. É isso que o Fed, ou seja, o banco central dos Estados Unidos, fez durante a crise de 2008. Tradicionalmente o Fed só empresta se você der algo bom como garantia, como, por exemplo, títulos do Tesouro. Geralmente, só isso. E aí vai descontar um pouco de sua garantia. Se você der ao Fed um dólar em títulos do Tesouro, ele pode lhe emprestar 80 centavos. Ah, só para lembrar, o Fed funciona nos Estados Unidos de forma parecida com o Banco Central aqui no Brasil. Mas, enfim, no meio da crise de crédito, o Fed relaxou um pouco em termos de aceitação da garantia. Eu não sei os detalhes de quão tóxico foi o que eles aceitaram como garantia, mas eu sei que eles começaram a relaxar e aceitar ativos bem tóxicos. Talvez, diante desse cenário, o Fed desse um empréstimo em uma situação como essa. Mas, enfim, vamos deixar isso aqui de lado um pouco. Essa é a situação que enfrentamos. Você tem um banco e está sendo forçado, ou pelo menos, aparentemente forçado, a ir à falência, mesmo achando que tem o patrimônio líquido positivo. Você conseguiria um empréstimo do Fed, ou de outro, se eles estivessem dispostos a tomar esses ativos tóxicos como garantia. Mas vamos dizer que eles não estão dispostos. A outra opção que você tem é que você pode se recapitalizar. Você pode achar alguém para investir na empresa. Você pode vender participação na empresa e conseguir algum dinheiro para pagar as dívidas. Se você conseguir convencer alguém de que sua empresa vai valer muito mais no futuro, e que essa é só uma situação de estresse, você pode conseguir se recapitalizar. Por exemplo, você pode ir a um fundo soberano... Ah, um fundo soberano é uma forma de se referir a um governo estrangeiro, que tem recebido dólares dispor está vendendo o petróleo ou produtos manufaturados baratos. Mas, enfim, você chega para esse fundo e diz: "Olha, nós somos o Goldman Brothers, ou nós somos o Leeman Saks. Nós somos essa grande marca do setor bancário. Você não gostaria de ter parte desse negócio que representa o capitalismo americano? Esse fundo soberano pode dizer: "Claro que estamos interessados em investir. Eu sei que o preço de mercado é um dólar por ação, mas eu acho que isso está um pouco exagerado. Então nós estamos dispostos a pagar um dólar e meio por ação e nós vamos comprar. De quanto você precisa? Nós compraremos dois bilhões de ações a um dólar e meio por ação, você aceita?" Bem, o que vai acontecer nesse caso? Ou seja, digamos que o fundo soberano vai comprar dois bilhões de ações a um dólar e meio por ação. Caso você aceite e venda as ações, como vai ficar o balanço patrimonial agora? Dois bilhões de ações a um dólar e meio por ação dá três bilhões de dólares, certo? Com isso você consegue mais três bilhões em dinheiro, e isso dá quatro bilhões. E aí fica com quatro bilhões. Mas, claro, não existe almoço grátis. Então o que vai acontecer? Os passivos estão aumentando? Não, os passivos não aumentaram, afinal o fundo não deu o empréstimo. Ele investiu em nossa empresa, eles compraram ações da companhia. Compraram dois bilhões de ações. Então como que a gente contabiliza isso? Em vez de a nossa conta de ações ter 500 milhões de ações, que é quanto a gente tinha antes, teremos mais dois bilhões de novas ações que foram criadas pela empresa, ou seja, a empresa tem agora 2,5 bilhões de ações. Isso é uma coisa interessante. Mas, enfim, qual é o novo valor contábil das ações? Qual é o total em ativos? Quatro bilhões mais quatro bilhões são oito bilhões em ativos, certo? Porém o passivo continua sendo três bilhões. Por outro lado, o valor das ações, ou o valor contábil depois do investimento (e você pode chamar isso aqui de valor após investimento) é de cinco bilhões, ou seja, oito bilhões menos três bilhões. Mas, enfim, qual é o valor contábil de nossas ações? 5 bilhões dividido por 2,5 bilhões dá 2 dólares por ação. O novo valor contábil é de dois dólares por ação. Isso é interessante porque, ao ter dois bilhões por ação, é algo entre o nosso valor contábil antigo e o preço que a empresa pagou, ou que o fundo soberano pagou, que foi um dólar e meio por ação. Enfim, esse daqui foi um processo em que nós tivemos uma injeção de capital em uma empresa. Eu espero que você tenha compreendido tudo direitinho e mais uma vez eu quero deixar para você um grande abraço e até a próxima!