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Inflação e deflação 3: O plano de estímulo de Obama

O estímulo é grande o suficiente para compensar o choque de demanda causado pela contração no crédito? Isso vai levar à inflação? Versão original criada por Sal Khan.

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Transcrição de vídeo

Eu terminei o último vídeo falando sobre o plano de estímulo e se será grande o suficiente e qual foi a sua intenção. Mas entrei em pouco detalhes em coisas como poupança e PIB e achei que seria bom entrarmos em um pouco mais detalhe. Isso aqui não sou eu inventando coisa. Então, um bom lugar para começar é apenas pensar sobre renda disponível. E as pessoas falam sobre isso sem dar uma boa definição. É importante entender o que é renda disponível. Essa caixinha aqui é PIB, são todos os bens e serviços, praticamente toda a renda que produzimos. A renda disponivel é praticamente o total que acaba nas mãos de pessoas. Então, o PIB dos EUA, não sei o número exato, acho que é por volta de US$ 15 trilhões. E parte desse dinheiro vai para impostos. Não sei. Digamos que US$ 3 trilhões acabe indo para impostos. E esses são números redondos, mas isso te dar uma noção do processo. Depois, talvez US$ 1 trilhão seja poupado por empresas. Vamos dizer que eu sou a Microsoft e eu ganho um bilhão de dólares por ação. Ela ganha muito mais do que isso, mas eu ganho um bilhão de dólares. Eu o coloco em uma conta bancária da Microsoft. Eu não dou para os meus funcionários. Eu não dou como dividendos para os cotistas. Ficam comigo. Então poupança de empresas, vamos dizer, um outro bilhão de dólares. Esses são números estimados. E o restante é praticamente renda disponível. Estou simplificando um pouco, mas todo o restante é renda disponível. A ideia é que o que estiver nas mãos de pessoas depois de pagar impostos: renda disponível. Aquele cheque que você recebe depois dos impostos e de tudo que foi tirado do seu salario, esse dinheiro, é sua renda disponível. A coisa interessante é para onde essa renda disponível tem ido nos últimos anos. Isso aqui, este gráfico, mostra a porcentagem da renda disponível poupado desde 1960. Tirei isso do terminal da Bloomberg de novo. Para você ter um bom ponto de referência, deixe-me desenhar a linha em 10%. Porque vejo isso como um ponto de referência. Isso é 10% de poupança pessoal. Na verdade, você poderia voltar ainda mais e você consegue ver dos anos 1960 até o inicio dos anos 1980, os go-go 80s; as pessoas estavam poupando 10% de sua renda disponível. Do que receberam no seu salário depois de pagar impostos, eles mantinham por volta de 10%, colocando no banco. E, claro, isso seria usado depois para investimentos e coisas assim. Mas começando no inicio dos anos 1980, por volta de, digamos, 1984, você vê que as pessoas começaram a poupar cada vez menos dinheiro. Até a circunstância extrema, em 2007, quando, em média, as pessoas não poupavam dinheiro. Quando eu poupava cinco dólares, alguém pedia emprestado cinco dólares. Então, em média, nós não poupamos. Na verdade, ficamos no negativo. E tudo isso, e isso é opinião minha - e pode ser confirmado se você olhar os gráficos em termos de valor de crédito que pegamos - é porque recebemos crédito. Acho que tem duas coisas que você pode falar. Recebemos crédito e começamos a ter o que chamo de poupança percebida, certo? Se eu comprar uma cota de IBM, muitas pessoas dirão que eu poupei meu dinheiro, estou investido no mercado de ações. Mas quando comprei uma ação, a não ser que esse dólar que paguei pela ação vá para IBM para construir novas fábricas. E isso é muito raro. Na maioria das vezes, este dólar para comprar a ação da IBM vai apenas para alguém que vendeu uma ação da IBM. Não há investimento líquido. Apenas investimento--. Apenas poupança, quando o dólar vai para investir para construir uma nova fábrica ou um novo produto ou algo. Acho que teve cada vez mais pessoas achando que estavam poupando quando realmente não estavam. Talvez pensando que estivessem poupando, enquanto o valor de sua casa estivesse crescendo, ou seu portfolio no mercado de ações estivesse subindo. Mas não ocorreu na verdade nenhuma poupança agregada. Na verdade, eles estavam pegando empréstimo para essas coisas, principalmente capital imobiliário. E a taxa média de poupança caiu e caiu e caiu. Agora estamos aqui, em 2007, talvez possa dizer 2008, onde isso é a capacidade. Devemos falar sobre capacidade mundial, porque tanta coisa que consumimos vem do exterior, mas essa é a capacidade que serve os EUA. Digamos que, até 2007, essa seja a demanda. Oferta e demanda estavam, vamos dizer, bastante equilibrados. Se você subir até o topo aqui, você vê que estavamos em 80% de utilização, que não é demais. Você pode dizer que a demanda foi por volta disso aqui. Mas é um nível bom. Você quer estar por volta de 80% de utilização. Essa é a taxa em que você não tem hiperinflação, mas está utilizando bem as coisas. Agora, de repente, a crise de crédito chegou e todo esse crédito desaparece. Eu argumentaria que a única coisa que nos permitiu a não poupar esse dinheiro é o maior acesso a crédito barato. Toda vez que passamos por uma recessão, dos anos 80 em diante, a solução do governo foi deixar o financiamento mais fácil. O Fed baixava os juros. Nós colocaríamos mais dinheiro na Fannie e no Freddie Mac. Baixaríamos as exigências necessárias para obter uma hipoteca. Criaríamos incentivos para securitização. Nós olharíamos para o outro lado quando a Bear Stearns estivesse criando Obrigações de Dívida Colateralizada ou AIG fazendo <i>Credit Default Swaps</i>. E todo esse financiamento permitido. Até chegarmos nesse ponto aqui, onde tudo começa a explodir. Então praticamente você terá poupança forçada. Quando as pessoas não puderem pegar mais empréstimos, a taxa de poupança terá que subir para 10% porque a maior parte disso é de pessoas pegando mais crédito. Havia um grupo de pessoas que provavelmente já estavam sempre poupando 10% de sua renda disponível. Mas havia um outro grupo de pessoas que estava mais do que compensando isso ao pegar crédito. Agora que chegou a crise de crédito, você vai ver - e você ja vê com isso aqui - a taxa de poupança vai voltar a subir para 10% da renda disponível. Agora, se a taxa de poupança voltar a subir para 10% da renda disponível, esse valor, esses 10% da renda disponível, essa lacuna, é 10% da renda disponível que não pode ser usado para consumo. E vamos pensar como é grande esse valor. Agora, a renda disponível dos EUA, se eu fosse desenhar a renda disponível -- este número aqui, acabei de pesquisar - é por volta de US$ 10,7 trilhões, vamos dizer US$ 11 trilhões para arredondar. Então esses 10% da renda disponível de que estamos falando, essa lacuna entre o estado normal, o estado em que se permitia crédito facilmente, isso é 10% da renda disponível. 10% de US$ 11 trilhões é US$ 1,1 trilhões por ano de demanda que vai embora. Isso é por ano. Então, de repente, você vai ter uma lacuna onde isso era demanda antes e agora a demanda vai cair pra cá. E esses US$ 1,1 trilhões de demanda vai desaparecer, porque crédito não está mais disponível. Aí você tem uma situação em que você chega a uma baixa capacidade de utilização. Infelizmente, os números de sobre capacidade de utilização não vão até a Grande Depressão, poderíamos descobrir em que ponto começa uma espiral deflacionária. Mas porque esses US$ 1,1 trilhões de demanda somem, você vai ver essa linha laranja cair cada vez mais em termos de capacidade de utilização. E isso vai fazer com que os preços caiem. E o que Obama, o Fed e todo mundo está tentando fazer é compensar essa lacuna. Agora, nem todos conseguem empréstimos. Empresas não conseguem empréstimos. Donos de casa não conseguem. Mas o governo consegue empréstimos, porque as pessoas estão dispostas a financiá-lo. No minimo, o Fed está disposto a financiar o governo. E aí o governo quer chegar e compensar essa demanda e gastar o dinheiro eles mesmos com o estímulo. Acabamos de falar, qual foi o tamanho desse choque de demanda? É US$ 1,1 trilhão por ano. Enquanto o plano de estímulo é por volta de um trilhão de dólares. E esse trilhão de dólares não é por ano, embora eu tenha uma sensação de que veremos mais deles no futuro. Esse plano de estímulo que acabou de passar deve ser gasto ao longo dos próximos anos. Em termos de demanda criada nos próximos anos, vai ser várias centenas bilhões por ano. Não vai chegar nem perto de ser suficiente para compensar esse choque de demanda. Nós ainda vamos ter baixa capacidade de utilização. As pessoas que argumentam que esses planos de estímulo vão criar hiperinflação, Eu discordo com isso, pelo menos no curto prazo, porque no curto prazo não fina nem perto de ser suficiente para absorver toda essa capacidade extra que temos no sistema. Na verdade, vai absorver uma capacidade diferente. O plano de estímulo pode criar condições inflacionárias em alguns mercados em que o plano de estímulo esteja muito concentrado. Mas, em outras áreas, onde você tinha demanda, mas o plano de estímulo nem toca, como espátulas de US$ 50 da Williams Somona ou bancadas de granito, essa área vai continuar vendo deflação. e eu diria líquido, já que o plano de estímulo é tão pequeno, embora falamos sobre um trilhão de dólares em relação á quantia de demanda destruída por ano, provavelmente ainda teríamos deflação. E, para todos prestando atenção, e eu estou porque me preocupo com essas coisas, a melhor coisa é ficar atento, para saber quando começar a correr para o ouro ou ficar preocupado com inflação, se você ver esse número de utilização voltando para os 80%. Pelo menos nos últimos 40 anos, esse tem sido o melhor indicador para dizer quando vamos ter inflação. E para todos aqueles que insistem que toda a hiperinflação ou a potencial hiperinflação é causada por não estarmos no padrão ouro, eu só quero mostrar que você pode ter muito facilmente-- nós saímos da Bretton Woods e fomos completamente para moeda fiduciária em 1973, isso é, vamos ver, por volta daqui. Mas as nossas piores lutas inflacionárias foram na verdade enquanto estávamos no padrão ouro. E isso é porque tinhamos alta capacidade de utilização. Esse é o período da guerra. O que acontece durante uma guerra? Todas as suas fábricas funcionam direto. As fazendas funcionam para alimentar as tropas. As fábricas, em vez de montar carros, montam aviões. Todos estavam trabalhando. Salários sobem, Tudo sobe e você tem inflação. Muitos dizem que a guerra foi a solução para a Grande Depressão. E é verdade que nos tirou daquela espiral deflacionário negativo de que falamos no último vídeo. E fez isso criando uma inflação inacreditável. E depois da guerra, você pode argumentar que permitiu - não tenho o PIB aqui, mas o PIB dos EUA realmente foi bem no período pós-guerra - não foi a guerra - embora a guerra meio que nos tirou da espiral deflacionária. Depois da guerra, você tinha toda essa capacidade, depois da Segunda Guerra Mundial. Então você tinha toda essa capacidade sendo utilizada pela guerra, e, de repente, a guerra a acaba. E você diz, não precisamos mais montar aviões, alimentar as tropas e agora temos essas tropas desempregadas que voltaram para casa. O que vamos fazer com eles? Você diria que a capacidade de utilização voltaria a cair. Mas o que muitas pessoas não falam é que a capacidade do resto do mundo industrial foi quebrado em pedaços. Naquele ponto, os EUA era uma parte menor do PIB e os outros atores grandes eram Alemanha, Europa Ocidental e Japão. Nos EUA, não tivemos nenhuma fábrica bombardeada. A guerra inteira aconteceu nessas áreas. Sempre que as pessoas vão bombardeando, a coisa ideal que querem bombardear são fábricas. Então o que você teve no período pós-guerra foi todos esses países que tiveram suas capacidades quebrados em pedaços. Os EUA foi praticamente o único que ficou com alguma capacidade, e toda a demanda do resto do mundo foi compensado na capacidade dos EUA. E por isso, mesmo que tenha tido um choque de demanda nos EUA, depois disso você teve também um choque de oferta pela guerra onde você teve toda essa capacidade quebrada em pedaços. Na situação que estamos agora, nós temos um grande choque de demanda. Financiamento desaparece e a taxa de poupança sobe muito porque as pessoas não podem pegar mais empréstimos. Mas não tem como reagir contra o choque de oferta. Oferta de fábricas produzindo objetos e todo o resto se mantem igual. A administração de Obama está tentando criar um estímulo para absorver isso, mas não vai ser o suficiente. E o meu medo é, com toda a impressão de dinheiro, quando chegarmos de volta a 80% de capacidade de utilização, com que rapidez eles conseguem realizar toda essa impressão de dinheiro e o plano de estímulo. Porque isso vai ser chave. Porque, se chegarmos a 80% de capacidade de utilização e começar a pressionar, e nós continuarmos a usar a máquina impressora -- porque é isso, na prática, que incentivos de governos fazem, porque eles se sentem melhor quando estamos com dinheiro- aí, só aí, você talvez possa ver um cenário hiperinflacionário. Mas não vejo isso pelo menos nos próxmos anos.