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Resgate 11: Por que esses CDOs podem não valer nada

Por que um ODC- CDO na sigla em inglês- (Obrigações de dívida colaterizada) pode não valer nada mesmo se for "colateralizado". Versão original criada por Sal Khan.

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Transcrição de vídeo

RKA4JL - Olá! Tudo bem com você? Você vai assistir agora a mais uma aula de economia. Nesta aula vamos conversar sobre o porquê de algumas CDOs não valerem nada. Durante a crise de 2008, o governo dos Estados Unidos realizou um resgate financeiro para os bancos de sete bilhões de dólares e para isso comprou algumas CDOs, que são obrigações de dívidas colateralizadas rastreadas em hipotecas residenciais. De acordo com o governo, esse dinheiro não seria apenas um cheque em branco, pois estaria realmente comprando ativos, e quem sabe, no futuro, talvez até fazer um pouco de lucro sobre esses ativos. O que muitas pessoas sugeriram na época é que isso era muito improvável, porque provavelmente esses ativos não valiam o que o governo ia pagar por isso. Inclusive, alguns desses ativos poderiam valer absolutamente nada. Provavelmente você deve estar se perguntando agora: "Como assim esses ativos não valiam nada? Eles não eram rastreados em hipotecas, que são lastreadas em casas, que são as garantias?” Afinal, a ideia de uma CDO é essa: é uma obrigação de pagamento, ou seja, existe uma garantia. Então neste vídeo eu vou apresentar um exemplo simples para mostrar para você por que algumas dessas obrigações de dívidas colateralizadas podem valer muito pouco ou talvez nem mesmo nada. Enfim, vamos fazer algo simples aqui. Não vamos falar em termos de milhões de casas. Vamos conversar apenas em termos de dez casas. Digamos que eu fosse criar aqui alguns títulos lastreados em hipotecas. Assim, teríamos dez hipotecas, certo? Digamos que cada hipoteca seja de um milhão de dólares. Então teremos aqui dez vezes um milhão de dólares, ou seja, eu vou realizar um empréstimo total de dez vezes um milhão de dólares para as pessoas comprarem dez casas. Ao fazer isso eu crio uma corporação, uma sociedade de propósito especial, e aí crio obrigações de dívidas colateralizadas, CDOs, que são esses títulos garantidos pelas hipotecas dessas casas. Sabendo disso, vamos criar o balanço dessa empresa. Quais são os ativos? Bem, eu tenho dez vezes um milhão de dólares em hipotecas, então eu tenho dez milhões em empréstimos que, essencialmente, são dez milhões de dólares em hipotecas. Esse dinheiro é garantido, ou lastreado, através das hipotecas que foram usadas para comprar as casas. Dez milhões de dólares em hipotecas. Agora, como é uma sociedade de propósito especial, vamos chamá-las de SPE, mas como essa sociedade de propósito especial é financiada? Bem, ela é financiada pelas pessoas que estão comprando as obrigações de dívidas colateralizadas, ou CDOs. As obrigações de dívidas colateralizadas são, basicamente, dívidas que são usadas para financiar essas hipotecas. Nessa empresa eu poderia ter aqui títulos lastreados em hipotecas, que seriam esses dez milhões de dólares em hipotecas, e aí, nessa corporação, eu poderia emitir mil ações. Assim, cada ação teria um valor de um sobre mil desse valor, certo? Porém, o que é interessante sobre uma obrigação de dívida colateralizada é que eu poderia dividi-la em tranches. Então, por exemplo, vamos dividir aqui em três tranches, que são algumas divisões que vamos realizar aqui e que eu vou utilizar para tomar alguns empréstimos. Por exemplo, vamos dizer que vamos pegar um empréstimo de dez milhões de dólares e vamos fornecer as CDOs para essas pessoas. Aí vamos dizer que desses dez milhões eu peguei cinco milhões de dólares das pessoas que estão nesse tranche. Essas pessoas serão detentoras de CDOs, e eu vou classificá-las como seniores. Isso significa que, basicamente, esse titular de dívida e esse titular de dívida serão eliminados antes desse cara ser prejudicado. "Prejudicado" significa apenas que você ganha menos dinheiro do que você emprestou, ok? Então eu peguei um empréstimo de cinco milhões de dólares dessas pessoas e vou pagar um juro menor para elas. Isso porque esse é o tranche mais seguro. Então pense dessa forma: vamos dizer que dessas dez hipotecas eu esteja recebendo oito por cento de juros por ano. Aí, para essas pessoas que me emprestaram cinco milhões de dólares, eu vou pagar cinco por cento de juros. Mas por que eles estão dispostos a ter uma taxa de juros menor? Porque, basicamente, qualquer prejuízo que tiver desse lado vai atingir esses dois tranches antes de atingir esse aqui de baixo. Portanto, esse será um instrumento de dívida indiscutivelmente muito seguro. Vou falar mais sobre isso daqui a pouco. Mas antes disso, vamos dizer que eu pegue outros quatro milhões de empréstimo com algumas outras pessoas, que eu vou colocar aqui nesse tranche. Eu vou precisar pagar um juro maior para eles. Quem sabe seis por cento de juros. Aí finalmente eu vou pegar um empréstimo de outro um milhão de dólares de pessoas que estão dispostas a contrair um risco maior. Portanto, se houver alguma inadimplência aqui, essas pessoas serão eliminadas antes dessas outras serem tocadas. Diante de tudo o que temos aqui, podemos descobrir a quantidade apropriada de juros para essas pessoas, certo? Quanto dinheiro está entrando aqui anualmente antes que alguém comece a ficar inadimplente? Vamos ver, estou recebendo 800 mil dólares por ano. Essa é a entrada. Agora, qual é o fluxo de saída? Eu tenho que pagar a essas pessoas cinco milhões de dólares vezes cinco por cento, isto é, 250 mil dólares, que é quanto eu estou pagando para esse tranche. Eu vou colocar aqui, então, 800 mil menos 250 mil dólares. Aí vamos ver para o segundo tranche. Vai ser quatro vezes seis por cento, ou seja, 240 mil dólares. Então vou colocar aqui -240. Então temos 800 menos 490 mil. Eu tenho aqui, então, 310 mil dólares que sobrou do juro cobrado. Então eu posso pagar esses 310 mil dólares por ano para esse tranche aqui. Com isso, eles vão obter uma participação de 31 por cento, e isso parece ótimo. É por isso que isso costuma ser chamado de tranche de capital em uma CDO, porque essas pessoas obtêm muitas vantagens. Mas adivinhe? Se houver alguma inadimplência, essas pessoas são eliminadas primeiro. Só para deixar esse exemplo mais claro, vamos fazer isso aqui de uma forma bem simples, porque a gente poderia modelar isso aqui de uma outra forma e ter aqui uma espécie de pré-pagamento, etc., mas vamos dizer que daqui a um ano algo tenha acontecido com metade das hipotecas. Deixe-me riscar isso aqui, então, para entender o novo cenário. Vamos dizer, então, que daqui a um ano metade das hipotecas sejam liquidadas, seja porque as pessoas venderam seus imóveis, ou realizaram uma espécie de refinanciamento, ou qualquer outra coisa. Com isso, eles vão pagar antecipadamente a hipoteca. Então digamos que daqui a um ano... Eu vou fazer um novo balanço aqui, ok? Então em um ano, digamos que cinco desses mutuários, ou seja, a metade desses mutuários apenas refinanciaram ou venderam as suas casas. Com isso, eles pagaram de volta cinco milhões de dólares. Portanto, recebemos cinco milhões de dólares. Eu vou colocar isso aqui no lado dos ativos aqui no balanço financeiro. Não podemos esquecer que em um balanço financeiro temos os ativos e os passivos. Ah, claro, em um balanço financeiro também temos o capital próprio da empresa, ou patrimônio líquido, que também é chamado de equity. Eu não coloquei o patrimônio líquido aqui, mas ele é calculado através da diferença entre o total em ativos e o total em passivos da empresa. Eu não coloquei isso aqui porque temos uma sociedade de propósito especial. Todo o seu propósito é estruturar esses títulos. Seu propósito realmente não é ser uma operação contínua que tem lucro líquido por si só, embora provavelmente haja patrimônio no banco que a construiu. Mas enfim, deixando isso aqui de lado, eu falei que metade das pessoas realizaram o pagamento. Essas pessoas eram ótimas, valeu a pena dar o dinheiro a elas, porque elas pagaram integralmente os empréstimos. Mas adivinhe? A outra metade das pessoas ficou inadimplente, e devido a isso temos que encerrar o contrato com essas pessoas. Mas nem tudo está perdido, não é? Não perdemos os cinco milhões de dólares que emprestamos para essas pessoas, porque elas têm casas, certo? Essas são obrigações de dívidas garantidas. Então podemos tomar suas casas. Só que, infelizmente, estamos diante de um mercado imobiliário muito fraco. A gente tem aqui cinco pessoas que pagaram e cinco não pagaram, e para fins de argumentação, vamos dizer que tomamos as casas dessas cinco pessoas que não pagaram, e aí as vendemos novamente. Só que como o mercado imobiliário está muito fraco, conseguimos apenas sessenta por cento do valor dessas casas. Sessenta por cento de cinco milhões de dólares é três milhões de dólares. Então conseguimos apenas três milhões de dólares por essas casas. Sendo assim, um ano após o início do nosso processo, quais serão os nossos ativos? Recebemos cinco milhões de dólares em dinheiro das pessoas que são boas e pagaram suas hipotecas, e aí temos os três milhões de dólares das pessoas que não pagaram, mas que vendemos as casas novamente por 60 por cento do preço original das casas. Nós só conseguimos isso devido ao encerramento do contrato anterior. Isso faz sentido porque o crédito está ficando mais apertado e estamos diante de um mercado hipotecário bem difícil, em que todas essas casas estavam na Flórida, em Las Vegas ou algo assim. Mas, enfim, o que acontece agora? Não há propósito para essa sociedade continuar existindo mais, já que todo mundo já realizou o pagamento. Não há fluxo de renda entrando ou saindo. Então, basicamente, vamos dissolver a corporação e dar a todos o que é devido. Bem, esse cara chega primeiro, certo? Ele pegou a menor taxa de juros em troca de ter o risco mais baixo. Então esse tranche aqui vai receber um total de cinco milhões de dólares. Isso é ótimo. Ele obteve cinco por cento de juros, e todo o seu dinheiro de volta. Parece bom. As CDOs parecem seguras até agora, mas e a próxima tranche? E esse cara de quatro milhões de dólares? Isso é o que era devido. Afinal, esse foi um empréstimo realizado para a sociedade de propósito especial, essa tranche de quatro milhões de dólares em CDOs. A sociedade deve quatro milhões de dólares a essa tranche, mas adivinhe? Depois de pagar a esse cara cinco milhões de dólares sobrou apenas três milhões para esse cara, então esse cara só consegue três milhões de dólares, ou seja, para cada quatro dólares que emprestou, ele recebe apenas três dólares. Esse cara recebe apenas 75 cents por dólar emprestado. É agora que vem a pergunta principal: o que acontece com o patrimônio da tranche daqui de cima? Esse um milhão de dólares, certo? O cara aqui se achava um gênio. Ele emprestou esse dinheiro a uma taxa de 31 por cento. Parecia bom e, francamente, o banco provavelmente não foi capaz de descarregar isso para qualquer um, porque os fundos de pensão e muitos governos estrangeiros só compram os ativos mais seguros. Portanto, esse é o material que provavelmente está presente em muitos desses balanços de bancos de investimento. Estes são os ativos tóxicos dos quais as pessoas falaram muito em meio à crise de 2008. E adivinha? Não sobrou nada para pagar esse um milhão de dólares para esse cara aqui. Você pagou cinco milhões para esse cara aqui, esse outro cara aqui só ganhou 75 cents em relação a cada dólar, certo? Ele teve um prejuízo de um milhão de dólares aqui. Porém , essa última tranche aqui de cima não ganhou absolutamente nada. Então a pergunta a fazer aqui é: essas CDOs que estão nos balanços dos bancos, elas são uma parte dessa parcela da dívida ou elas são uma parte dessa parcela da dívida que, nesse caso, são muito seguros? Bem, eu diria que nesse caso os bancos não estariam tão desesperados para descartá-las, pois eles conseguiriam compradores. Então, talvez, eles estejam nessa tranche em que talvez valha uns 75 cents por dólar, ou talvez ainda 60 cents por dólar. Isso pode até não ser um bom negócio, mas ainda vale alguma coisa. Agora, será que esses bancos estão aqui? Se essas CDOs são essas coisas que estão aqui, então elas realmente não valem nada, pelo menos no exemplo que eu acabei de dar. Eu espero que você tenha compreendido toda essa ideia aqui e mais uma vez eu quero deixar para você um grande abraço e falar que eu encontro você na próxima!