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Resgate 14: Solução possível

Uma solução MUITO mais justa e com uma chance MUITO maior de funcionar! Versão original criada por Sal Khan.

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Transcrição de vídeo

RKA3JV - Olá, tudo bem com você? Você vai assistir agora a mais uma aula de Economia. Nesta aula, eu vou te mostrar uma possibilidade de solução para a crise do subprime que ocorreu em 2008 nos Estados Unidos. Eu já conversei com você em diversos outros momentos sobre como a crise de crédito começou e por que a proposta de resgate apresentada pelo governo dos Estados Unidos, no início da crise, era errada. Tanto do ponto de vista do risco moral e de justiça, como também por que ela não funcionaria desde o começo. Então, por que seguir em frente com isso? Enfim, sabemos que isso não funcionaria. No vídeo sobre destruição de riqueza, eu disse que não se pode legislar contra a realidade e que você precisa fazer as coisas certas. Não se pode gerar riqueza apenas aprovando projetos de lei. Tudo que você pode fazer é misturar as pessoas que vão sofrer as perdas. Em um dos vídeos, eu disse que se o governo estava disposto a ajudar as principais empresas oferecendo empréstimos, por que não ofertá-los diretamente a elas? E eu disse que se essa era a intenção do governo, era isso que ele deveria fazer com os 700 bilhões de dólares. Eu recebi um e-mail de um amigo da escola de administração, um colega muito inteligente e que eu respeito muito, e que tinha uma solução que era basicamente igual a esta, ceder um empréstimo diretamente a essas empresas e não socorrer essas pessoas que já agiram de modo extremamente irresponsável com o dinheiro dos contribuintes americanos. A sugestão dele é que, em vez de comprar títulos sem valor, por que não criar novos bancos completamente capitalizados pelo governo? Talvez nem precisem ser capitalizados. E aí, deixar esses bancos fazerem empréstimos diretamente às empresas. Ele tem um ponto muito interessante, eu não vou colocar todo o e-mail aqui, mas um trecho que eu quero discutir com você, que inclusive é um argumento bem interessante. Um capital de 700 bilhões de dólares. Isso é um valor contábil e consequentemente um poder maior de empréstimo que o Bank of America, o JP Morgan, o Citigroup, o Washington Mutual, o Wachovia, Goldman Sachs e Morgan Stanley juntos. Afinal, combinadas, estas instituições que são o pilar do sistema financeiro dos Estados Unidos, representam o patrimônio contábil de 619 bilhões de dólares. Isso, claro, no ano de 2008. E não se esqueça que isso é o valor contábil, é o valor que eles dizem ser de seus ativos. Mas nós já aprendemos que eles provavelmente estão sendo superestimados e é por isso que temos que comprar suas ações por preços maiores do que elas realmente valem. Mas isso, apenas para se ter uma ideia de quanto dinheiro é isso, estes 700 bilhões são mais do que esses bancos dizem valer, deve ser um valor muito maior do que o valor real deles. Afinal, alguns desses bancos provavelmente não valem nada, o que significa que você não está apenas colocando o dinheiro em um buraco negro. Quando você empresta, ou cede dinheiro a um desses bancos que tem todos esses passivos ruins, seu dinheiro está essencialmente sendo colocado em um buraco negro, e não há segurança de que esse dinheiro será emprestado para outras pessoas e chegará até as empresas. Mas se você colocar dinheiro em um banco com um balanço completamente novo, ou seja, um novo banco, que você poderia chamar de Bank of Washington ou Bank of Jefferson. Enfim, o nome não importa. Mas eu recomendaria ter vários bancos, afinal isso criaria competitividade e não teria o problema de "grande demais" para falir. Um detalhe é que esses bancos não teriam compromissos de empréstimos anteriores, então o valor adicional do empréstimo seria muito maior. Mas o importante é que esses bancos teriam novos balanços e fariam empréstimos para onde quer que seja mais prudente. Ele ainda diz que isso alcança o objetivo de injetar capital de empréstimo no sistema sem criar um problema moral. E aí, após alguns anos, o governo poderia fazer um IPO por um valor maior que o contábil, o que incluiria os 700 bilhões de dólares originais, gerando, com isso, um lucro substancial para o contribuinte. Exatamente isso, o governo realmente poderia fazer isso, o governo poderia ser o dono e, então, tentar fazer um IPO em 5 anos, como disse o meu amigo. Ou outra opção seria cada um desses bancos, talvez o banco receba 700 bilhões de dólares e crie 10 bancos, cada um com capital próprio de 70 bilhões de dólares, e talvez o governo emita 300 milhões de ações de cada um desses bancos. Com isso, cada cidadão americano receberia uma ação de cada um desses bancos, isso teria uma declaração política muito forte e faria sentido economicamente. De repente, os americanos seriam os donos do sistema bancário. Ao invés dessa riqueza concentrada que se formou nos últimos 150 anos no antigo sistema bancário Ele ainda aponta outras coisas. Inclusive, até diz que muitos bancos atuais iriam falir mais rapidamente. Mas será que isso seria uma coisa boa? Lembra do que aconteceu no Japão? Nós continuamos colocando o capital, quer dizer, na verdade, nós não, o governo japonês continuou colocando dinheiro. Eles colocaram e persuadiram outras pessoas a colocar dinheiro em bancos que lentamente estavam perdendo força e depois faliram, o que os levou à década perdida. O que o meu amigo está dizendo aqui é que mais bancos iriam falir, mas muitos deles merecem falir. O caso é que o sistema financeiro seria preservado. Eu concordo plenamente com o que ele disse aqui. Se o novo banco quiser emprestar dinheiro para novos mutuários, ele pode. Ou caso ache mais lucrativo comprar empréstimos antigos, como CDO ou títulos lastreados em hipotecas com desconto, ele também pode fazer isso. Mas isso seria tomar uma decisão baseada em lucros. E eu adicionaria, apenas para me certificar que as decisões administrativas dessas entidades têm o claro propósito de lucrar e não de socorrer suas más decisões do passado, ou as pessoas com quem eles trabalhavam. E, um detalhe, eu não colocaria esses bancos em Nova Iorque, talvez eu coloque em Detroit, Nova Orleans, Califórnia. Ou seja, colocá-los em lugares separados de Wall Street. Também contratar pessoas muito inteligentes que não têm nenhuma relação com o que aconteceu nos últimos cinco, seis anos, antes da crise de 2008. E não se esqueça, existem muitas pessoas competentes e inteligentes que entendem estas questões profundamente nesse país. Infelizmente, muitas dessas pessoas não têm altos cargos em bancos, e eu te garanto que elas estariam muito felizes em trabalhar por menos de 20 milhões de dólares por ano. Inclusive, muitas delas encarariam isso como uma tarefa patriótica. Mas você poderia pagar 100 mil dólares ao ano. Agora também tem algo a se pensar. Você, como empregado desse banco, possuído pelos americanos. Quando eu falo aqui americanos, eu estou me referindo aos cidadãos nos Estados Unidos, e não ao governo. Mas, continuando aqui no pensamento, esse banco pode ser negociado na bolsa e até mesmo ser privatizado. Com isso, nunca teria sido posse do governo, ele vai imediatamente para o setor privado, para os americanos, não para o governo. Mas mesmo diante desse processo, pode ser criado algum tipo de incentivo. Por exemplo, dentro de cinco, seis anos, todos os empregados poderiam dividir 1% do benefício caso esse banco fosse privatizado ou algo assim. E este, sem dúvida, é um grande número. Ao fazer isso você poderá contratar excelentes diretores, especialmente considerando quantas pessoas foram demitidas em meio à crise de 2008, pessoas muito inteligentes. Tudo isso por causa de decisões ruins e arriscadas que foram tomadas por outros. O meu amigo termina agora o e-mail dizendo que isso seria uma política menos popular entre lobistas do setor bancário, mas que vê isso como uma melhor saída para proteger o sistema financeiro. E eu concordo completamente com ele. Além disso, também diminui o risco e aumenta a remuneração do governo americano. Ele também falou que aceita comentários, críticas, etc. Mas eu acho interessante é que ele começou a ideia dizendo o seguinte, o problema é que um plano desses seria um suicídio político em relação aos principais doadores de campanha. E isso é verdade, infelizmente. Eu gosto desta ideia, mas eu acho que o sistema bancário atual antigo tem um ambiente muito mais receptivo por parte do governo, do que eu, meu amigo, e todos os demais cidadãos. De qualquer modo, eu estava apenas analisando o e-mail que o meu amigo enviou. E eu vou tentar esquematizar como esse plano seria. Você tem 700 bilhões de dólares, certo? Eu vou escrever isso, 700 bilhões de dólares. Você recebe estes 700 bilhões, e eu acho que quanto mais bancos, melhor. Queremos competitividade, afinal. Você não quer ter em mãos o problema de "grande demais para falir", certo? Nós temos estes 700 bilhões de dólares e poderíamos colocar em 10 bancos. Não sei, vamos ver aqui. 700 dividido por 10 seria 70 bilhões de dólares para cada um. E se tivéssemos 70 bancos? Cada um teria 10 bilhões de dólares, não é? Vamos fazer isso? Colocar em 70 bancos diferentes. Ou talvez em 50 bancos diferentes, um para cada estado dos Estados Unidos. Eu gostei da ideia, um banco em cada estado, certo? Eles não estarão todos em Nova Iorque, então, você sabe, teremos sangue novo neles. Eles podem contratar pessoas que estão sendo demitidas na indústria ou no setor imobiliário ou em qualquer setor. Enfim, temos 50 bancos diferentes. A gente vai capitalizá-los com o quê? 700 bilhões dividido por 50 é igual a 14 bilhões. Então, capitalizaremos cada banco com 14 bilhões de dólares. Com isso, o balanço financeiro de cada um vai ficar assim. Um capital inicial de 14 bilhões de dólares e eles terão 300 milhões de ações, uma para cada americano. Claro, eles podem vendê-las se quiserem. Será feito um IPO de cada um dos bancos na bolsa. Todos os bancos também serão membros do FED, que é o Banco Central dos Estados Unidos. Eles serão regulados, mas podem fazer uma alavancagem de 10 vezes. Então, eles podem, considerando que eles têm um capital de 14 bilhões de dólares, cada um desses bancos pode controlar 140 bilhões de dólares em ativos. São 140 bilhões de dólares que esse banco pode emprestar para o mundo. Se eles acreditarem que existem bons lucros, caso invistam nas principais empresas, eles estarão lá. Se acharem que alguns dos bancos atuais têm um bom risco de crédito e que podem emprestar para o JP Morgan ou o Bank of America, eles farão um empréstimo. Talvez não cobrem os 6% que o FED deseja, nem 2%, talvez eles achem que o risco é maior e cobrem 10% ou 12% de juros. Eu vou fazer outro comentário aqui. O FED tem se frustrado, pois quer que os bancos façam empréstimos entre si a 2%, mas eles apenas conseguem fazer esses empréstimos com uma taxa de 6%, ou seja, ele está perdendo essa noção do valor dos juros nos empréstimos interbancários. 6% ainda é um valor baixo. Se eu tiver que emprestar dinheiro para alguém que pode falir na próxima semana, eu vou querer pelo menos 12% ou 15%. E eu não acho que essa seja uma taxa absurda, essa era a taxa nos anos 80 e não se falava em Armagedom financeiro naquele tempo. De qualquer modo, cada um desses bancos teria um capital alavancado de 140 bilhões de dólares. E quanto em passivos? Vejamos, 140 menos 14 é igual a um passivo de 124 bilhões de dólares. E eles conseguiriam empréstimos muito facilmente, seria muito fácil para eles conseguirem empréstimos de diferentes instituições. E por que isso? Bem, o balanço financeiro deles é completamente novo, não há preocupações sobre negócios obscuros, são investimentos completamente novos. Caso o governo queira ter certeza de que eles vão decolar, poderia respaldá-los temporariamente. Ou seja, os bancos seriam empresas patrocinadas pelo governo, mas não indefinidamente, não queremos outra Fannie Mae ou Freddie Mac. Poderia ser uma garantia do governo de, talvez, 5 anos. Isso quer dizer que caso você faça um empréstimo para esses bancos nos próximos cinco anos, se por alguma razão eles declararem falência, você será ressarcido. Logo, não há nenhum risco em investir nesses bancos. E, sinceramente, se o governo respaldasse esses bancos por 5 anos, isso encorajaria as pessoas a investir capital neles, e o governo nem precisaria colocar esses 14 bilhões em cada um desses bancos. Enfim, eu espero que você tenha compreendido esta ideia como uma possível solução. Mais uma vez, eu quero deixar para você um grande abraço, e dizer que te encontro na próxima!