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Mercado financeiro e de capitais
Curso: Mercado financeiro e de capitais > Unidade 8
Lição 1: O Sistema Bancário e Monetário- Bancos 1
- Bancos 2: Declaração de receita de um banco
- Bancos 3: Reserva bancária fracionária
- Bancos 4: Efeito multiplicador no fornecimento de dinheiro
- Bancos 5: Introdução aos títulos bancários
- Bancos 6: Títulos bancários e cheques
- Bancos 7: Dar empréstimos sem dar o ouro
- Bancos 8: Coeficientes de reservas
- Bancos 9: Mais sobre coeficientes de reservas (Som ruim)
- Bancos 10: Introdução a alavancagem (Som ruim)
- Bancos 11: Um banco de reservas
- Bancos 12: Tesouro (dívida do governo)
- Bancos 13: Operações em mercado aberto
- Bancos 14: Taxa dos fundos federais
- Bancos 15: Mais sobre a taxa dos fundos federais
- Bancos 16: Por que taxas alvo X fornecimento de dinheiro
- Bancos 17: O que aconteceu com o ouro?
- A taxa de desconto
- Acordos de recompra (operações de reporte)
- Balanço patrimonial da reserva federal
- Comentário sobre reservas bancárias fracionárias 1
- Comentário sobre reservas bancárias fracionárias 2: Seguro de depósito
- Comentário sobre reservas bancárias fracionárias 3: Visão geral
- LIBOR
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Bancos 16: Por que taxas alvo X fornecimento de dinheiro
A justificativa para direcionar as taxas de juros, em vez de ter diretamente um alvo de oferta de dinheiro. Versão original criada por Sal Khan.
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Transcrição de vídeo
Nos últimos vídeos, nós abordamos a ideia de que o Banco Central gerencia
a oferta de moeda fixando uma meta de taxa de juros. Deve ter surgido uma
dúvida na sua cabeça: por que eles não controlam
a oferta de moeda -- ao invés de uma meta
de taxa de juros -- por que não uma de oferta de moeda? Eles poderiam dizer "nós temos uma meta de M0 de, não sei,
900 bilhões de dólares, então se há 800 bilhões agora, eles apenas imprimem o restante, 100 bilhões de dólares a mais
na base de dinheiro, ou depósitos ou notas do Banco Central, e então o M0 chegaria a 900 bilhões, e também há o efeito multiplicador,
e mais crédito será concedido, e aí você aumenta M1. Da mesma forma, eles poderiam mirar no M1. Eles poderiam dizer
"nós queremos que o M1..." -- que é o M0 mais contas correntes, essencialmente qualquer coisa
que possa ser usada como dinheiro. Dinheiro vivo, depósitos à vista
ou contas correntes podem ser usados como dinheiro porque você pode debitar deles. Então eles podem dizer "queremos que isso seja de,
não sei, dois trilhões de dólares. Eles podem dizer "nosso objetivo é o M2." M2 é o M1 mais poupanças e
contas em mercados de câmbio. Eles poderiam dizer "nosso objetivo é
oito trilhões de dólares." E eu dei uma olhada nesses números. Em 2005, 2006, eles não estavam
muito longe disso. O M0 era algo em torno de
800 bilhões de dólares. Só para ter ideia, esses são número reais. A questão então é: por que eles
não fazem apenas isso? Por que eles simplesmente não
aumentam a oferta de moeda? Talvez uma coisa que pudessem fazer é "nossa meta para M2 é ser sempre
50 porcento do PIB, certo?" Eles poderiam dizer "vamos sempre manter
em 50 porcento do PIB." Assim, conforme a economia cresce,
apenas temos que garantir que, se ele cair a menos que
50 porcento do PIB, nós imprimamos um pouco de dinheiro, e haverá o efeito multiplicador, e monitorando isso. Se sobe um pouco acima, nós vamos ao mercado,
vendemos títulos do tesouro, e tiramos reservas do sistema bancário. Essa é uma maneira legítima
de pensar nisso, e, na verdade, há pessoas que
defendem essas práticas. Não há uma resposta clara de
porque eles estão fazendo isso, mas eu pensei um pouco nisso, e há duas razões para que isso
faça mais sentido. Apesar disso, talvez em um próximo vídeo eu argumente que fazer algo como controlar
a oferta de moeda em 50 porcento do PIB pode fazer um pouco mais de sentido. Mas enfim, a primeira razão é por conveniência. A taxa de juros de curto prazo pela qual
os bancos emprestam uns para os outros é mais fácil de medir do que qualquer índice de oferta de moeda. Se o Ben Bernanke e eu quiséssemos saber a que taxa os bancos estão emprestando
uns para os outros, eu poderia apenas pegar uma amostra
do mercado naquele momento. Eu poderia dizer: "Eu sou um banco. A que taxa você
me empresta?" Eles dirão "5,2 porcento". E eles "isso está acima da meta. Temos que comprar títulos do tesouro." Assim você consegue ter uma noção de
como está o mercado o tempo todo. Você não precisa esperar que
uma pesquisa seja feita ou qualquer coisa assim. Por outro lado, se você estivesse
gerenciando a oferta de moeda, você teria que tabular isso bem rápido se você quisesse informação corrente,
e isso seria uma bagunça. Para calcular o M2, você teria
que pesquisar os bancos, e talvez pudesse usar algum sistema de TI, mas você não vai ter informação
em tempo real, ou pelo menos seria mais difícil. A outra razão é um pouco mais abstrata, mas acho que vai fazer sentido para você. Digamos que é época de semeadura. Eu nunca fui um fazendeiro, mas acho que
a época de semear é durante a primavera. E digamos que há alguns projetos agrários em que fazendeiros precisam
de dinheiro emprestado para comprar sementes. Um deles dá um retorno de... O fazendeiro vai implementar o projeto se ele conseguir empréstimos a
20 porcento de juros ou menos. Assim, se alguém quiser
lhe emprestar dinheiro à taxa de 21 porcento, ele dirá "não, está muito caro." Mas se ele consegue dinheiro
a 19 porcento, ele diria "ok, vou pegar o dinheiro
e comprar as sementes, pois isso vai criar tanto valor que eu vou
facilmente conseguir quitar esses juros. Digamos que há outro fazendeiro
com um projeto de 18 porcento. Se ele consegue taxas de juros
de 18 porcento ou menos, ele segue adiante com seu projeto. E digamos que há outro fazendeiro
com um projeto de 12 porcento. Se ele consegue financiamento a
11 porcento, ele segue adiante, compra e planta as sementes. Digamos que há alguns outros projetos
nesse universo. Digamos que há um cara da indústria. Ele tem uma ótima ideia, uma nova tecnologia
na qual ele quer investir, e eles vai construir a fábrica se ele
conseguir um financiamento a 19 porcento. Financiamento a 19 porcento. E digamos que há um
outro cara da indústria que conseguiria financiamento
a três porcento. Ele não está muito confiante
quanto ao seu projeto. Ele acha que só vale a pena implementá-lo se ele conseguir financiamento
a três porcento ou melhor. Quando digo melhor, quero dizer
menor que três porcento. Meu celular está tocando,
mas vou ignorá-lo. E há um outro cara que está no limite,
numa zona cinzenta. Seu projeto está numa zona cinzenta. Ele mesmo não confia muito nele. Ele só vai tocá-lo adiante se conseguir
um financiamento sem juros. É assim que estão as coisas
durante a primavera ou durante a época de semeadura. Todos esses seriam consumidores
potenciais de dinheiro. E digamos que essa é a oferta de dinheiro. Digamos que a oferta de dinheiro
é fixa nesse momento no tempo. Vou desenhar o círculo
da oferta de dinheiro para que haja três círculos
de dinheiro, ok? Essencialmente, o dinheiro será emprestado para quem está disposto a pagar
as maiores taxas de juros. Neste caso, por questão de simplicidade, vamos assumir que todos precisam
do mesmo montante de dinheiro, só para não complicar as coisas. Então, no sistema capitalista, os três melhores projetos
levariam o dinheiro. Logo seriam esse, esse e esse, certo? Esses três caras conseguiriam o dinheiro. Eles vão pagar a maior taxa de juros que
o pior entre eles está disposto a pagar. Ou seja, esse dinheiro vai
para esses três caras a essencialmente 17,9 porcento, certo? E será emprestado a esses três caras. Estou colocando premissas
para simplificar, pois eu quero que você entenda
a ideia subjacente. E esses outros projetos
não serão executados. E você pode dizer "é bom que a sociedade não coloque
dinheiro nesses caras, pois são projetos mais
fracos para começar", mas de certa forma é triste. Esse era um projeto de
12 porcento de retorno, e se houvesse capital disponível, nós teríamos 12 de retorno
para a sociedade, que é, numa visão mais ampla,
um ótimo projeto, mas não havia capital suficiente
naquele momento. Não havia recursos suficientes
naquele momento para dar suporte a esse projeto. Muito justo. Mas digamos que a oferta de moeda
fica constante, ou pelo menos no médio prazo
ao longo dos anos, pois isso é o objetivo do Banco Central. Então conforme a gente se afasta
do período de semeadura, esse projetos desaparecem. Esses projetos desaparecem. Não estão mais lá, pois o
período de semeadura acabou. E digamos que esse cara já foi, mas digamos que há um projeto
como aquele de 19 porcento. Quando o período de semeadura
já tiver passado, nenhum fazendeiro vai querer dinheiro, mas se você mantém a
oferta de dinheiro constante, quais projetos serão executados? Esse projeto bom será realizado, mas esses dois projetos meio ruins também. E receberão empréstimos
a taxas bem mais baixas. A taxa média a que receberão empréstimos
será de um ou dois porcento ou algo bem baixo. Então você tem uma situação
em que a oferta de dinheiro não era elástica em relação à demanda,
e o lado negativo disso para a sociedade é que quando as pessoas
precisavam de dinheiro, nós estávamos aprovando bons projetos que realmente deveriam ser executados,
pois eram projetos bem seguros. Depois, quando o compasso está ruim
e mantemos a oferta de moeda constante, projetos ruins vão receber fundos, pois há tanto dinheiro disponível e
nenhuma pessoa precisando dele, que esse projetos ruins, que
podem até ser negativos -- lembre-se, isso é o que o investidor
acha que vai ganhar, mas há bastante risco -- se o investidor acha que
vai ganhar um porcento, talvez ele tenha errado. Talvez receba um retorno de
cinco porcento negativo, e nesse caso estaríamos destruindo valor. Esse é o problema em que, a médio prazo, se você mantém a oferta
de dinheiro constante, você vai aprovar bons projetos
quando há demanda por eles. Depois você vai investir em projetos ruins quando não há muita demanda por projetos. Por outro lado, vamos imaginar o mesmo cenário outra vez. Acho que baguncei um pouco aquele. Digamos que você tem alguns fazendeiros. Vou desenhar uma linha aqui. Então você tem aqueles
20, 18, 12 porcento, e depois você tem 19, 3 e 1 porcento. Se você estivesse gerenciando a
oferta de moeda pela taxa de juros, e lembre-se, a taxa de juros
de fundos federais é a taxa pela qual os bancos emprestam
uns para os outros, certo? Como vimos, quando você injeta
reservas no sistema bancário, ele diminui a taxa pela qual recursos são
emprestados de uns para os outros, mas também aumenta a capacidade
de empréstimo dos bancos. Então isso aumenta a oferta de moeda, e quando você aumenta a oferta de dinheiro
e a capacidade de empréstimo, você também está diminuindo a taxa pela qual os bancos emprestam
para os projetos, certo? Está aumentando
a base monetária. Talvez os projetos não tenham
mudado tanto. Então mais dinheiro buscando
o mesmo número de projetos, o custo de emprestar vai diminuir, certo? Então digamos que o Banco Central
gerencie a taxa de juros de forma a ter cinco porcento como meta, mas digamos que isso se transforma em
bancos emprestando para projetos reais a algo como oito porcento. Assim, não estamos fixando
a oferta de dinheiro. Estamos ajustando a oferta de moeda de forma que a taxa de juros é fixa. Agora, durante o período de semeadura, Que produtos vão receber fundos? Esse, esse, esse e esse. Esses caras não serão financiados. E uma vez que o período
de semeadura acabou, nós mantemos a taxa de juros a mesma. Talvez a gente contraia a oferta de moeda para manter a taxa de juros. Mas só mexem nos
empréstimos interbancários, está tudo relacionado. Só quero dar uma noção de
por que faz mais sentido gerenciar a taxa de juros. Assim, depois que a semeadura acabou e muitos desses projetos não
estão mais disponíveis, -- eles eram projetos de semeadura -- neste cenário em que tínhamos
uma oferta de moeda constante, nós emprestaríamos para
esses projetos ruins, mas agora que nós mantemos as
taxas de juros relativamente fixas, apenas os bons projetos serão financiados, e nós não temos que nos
preocupar com os bancos porque eles estão buscando lucros e eles estão tão cheios de dinheiro que
estão procurando projetos ruins. Esse é o racional subjacente, pelo menos do meu ponto de vista, para que faça sentido gerir
a taxa de juros ao invés da oferta de moeda. Isso permite que a oferta de moeda se
expanda e contraia naturalmente em tempo real de acordo com as
demandas por dinheiro do mercado. Ao definir a taxa de juros, você
está delimitando os requisitos sob os quais você deseja que
projetos sejam financiados, e não produtos inadequados que
podem desperdiçar dinheiro. Nós vamos discutir isso
em outros vídeos e de outros ângulos, mas eu só queria responder
a essas perguntas, isso não era uma coisa maluca
que eles fazem, apesar de ser um pouco complicado. Mas não é loucura. Enfim, nos vemos no próximo vídeo. [Legendado por Pedro Barros]
[Revisado por Pablo Vieira]