Conteúdo principal

Curso: Macroeconomia > Unidade 3

Lição 4: Oferta agregada de longo prazo

Resumo da aula: oferta agregada de longo prazo

Neste resumo de aula, você vai revisar e relembrar os principais termos e gráficos relacionados à curva de oferta agregada de longo prazo e sua relação com o estoque de recursos, com a tecnologia e com a taxa natural de desemprego.

Resumo da lição

A quantidade de produção de que uma economia é capaz depende dos recursos do país. Na aula sobre oferta agregada de curto prazo, aprendemos que os produtores respondem a mudanças no nível de preços no curto prazo, motivo pelo qual temos a curva OACP.

Porém, a curva OACP está baseada na ideia de que os preços não podem se ajustar facilmente. No curto prazo, os preços podem ter dificuldades para se ajustar, mas isso pode não acontecer no longo prazo. Enquanto no curto prazo o preço de alguns insumos são fixos, no longo prazo, todos os preços e salários são totalmente flexíveis. Em razão dessa flexibilidade, não existe uma relação de longo prazo entre a inflação e a produção.

Por outro lado, no longo prazo, a produção de uma economia depende apenas dos recursos e da tecnologia disponíveis no país. Esta é a ideia incorporada na curva de oferta agregada de longo prazo (OALP), que é vertical na produção potencial da economia. Assim, uma vez que os preços tiverem tempo suficiente para se ajustar, a produção deve retornar ao seu nível de produção potencial.

Termos-chave

Termo	Definição
longo prazo	Período de tempo suficiente para mudanças nos salários nominais e nos preços de outros insumos em resposta a uma variação no nível de preços. O longo prazo não é qualquer período de tempo fixo; pelo contrário, ele se refere ao tempo que todos os preços levam para se ajustarem completamente.
oferta agregada de longo prazo (OALP)	Curva que mostra a relação entre o nível de preços e o PIB real se todos os preços, inclusive os salários nominais, fossem totalmente flexíveis. O preço pode variar ao longo da OALP, mas a produção não, porque ela reflete a produção a pleno emprego.
produção de pleno emprego	(Também chamada de produção potencial) A quantidade de PIB real que uma economia produziria se estivesse usando todos os seus fatores de produção com eficiência.
O pressuposto clássico	A crença de que é possível que todos os preços se ajustem completamente. Antes da Grande Depressão, os economistas pressupunham que os preços não eram fixos, o que significa que “escola tradicional” acreditava que a oferta agregada era uma linha vertical, como a OALP.

Pontos principais

Longo prazo versus curto prazo

A macroeconomia e a microeconomia possuem definições ligeiramente diferentes do significado de longo prazo. Mas elas compartilham uma ideia importante: longo prazo significa longo o suficiente para que qualquer coisa mude. Porém, na macroeconomia, especificamente, o longo prazo significa longo o suficiente para que todos os preços se ajustem completamente a qualquer tipo de mudança.

Por exemplo, suponha que o preço da gasolina suba tanto a ponto de abocanhar uma parcela considerável do seu orçamento. Porém, é uma segunda-feira de manhã e você ainda precisa ir à escola, então, você vai até o posto para encher o tanque. Pode parecer que você precisa desistir de algo hoje para encher o tanque. Mas, se o preço permanecer alto e você souber que permanecerá alto para sempre, você vai encontrar uma forma de mudar algo. Talvez você organize uma carona solidária para dividir os custos ou começará a andar de ônibus, ou irá procurar um carro com combustível mais eficiente. O curto prazo corresponde à forma como você reage quando vê o preço mais alto na segunda-feira de manhã. Já o longo prazo é o tempo maior que você leva para se adaptar ao choque causado pelo aumento do preço.

A OALP é vertical no valor do PIB real que representa um ponto na CPP

A OALP representa um ponto na CPP de um país, traduzido no modelo DA-OA. Cada ponto na CPP representa a capacidade de produção máxima sustentável em uma economia. Esse valor do PIB real representa a capacidade máxima sustentável da economia, considerando seu atual estoque de recursos.

Por que a OALP é vertical?

A OALP é vertical porque, no longo prazo, a produção potencial de uma economia não está relacionada ao nível de preços. Existem apenas duas coisas que são relevantes para a produção potencial: 1) a quantidade e a qualidade dos recursos de um país, e 2) como o país consegue combinar esses recursos para a produção agregada. Quando uma economia está exatamente em sua produção a pleno emprego, a taxa de desemprego é igual à taxa natural de desemprego.

A curva OALP também é vertical no nível de produção a pleno emprego, pois esta é a quantidade que seria produzida assim que os preços conseguissem se ajustar totalmente. No curto prazo, alguns preços são fixos. Isso significa que os produtores podem responder a variações no nível de preços, mudando sua produção. Entretanto, no longo prazo, os preços são flexíveis e, assim que forem totalmente ajustados, a economia produzirá de maneira eficiente, ou seja, estará com sua produção a pleno emprego.

Antes da Grande Depressão, os economistas pressupunham que os preços eram totalmente flexíveis. Em épocas de alto índice de desemprego, eles acreditavam que os salários seriam reduzidos, provocando uma recuperação total dos empregos. Mas houve um pequeno problema: isso não aconteceu durante a Grande Depressão! O alto índice de desemprego e a baixa produção persistiram por um longo tempo. A conclusão lógica é de que os salários (e outros preços) são temporariamente rígidos.

Claro! Suponha que uma economia estivesse operando em um ponto dentro de sua CPP, ilustrado como o ponto

Y_{1}

na Figura 3. Na maioria das vezes, usamos quantidades em uma CPP em vez de valores em dinheiro, mas pense que os valores em dinheiro mostrados aqui correspondem às despesas totais em relação a essas quantidades. A quantidade de produção que uma economia está produzindo no ponto

Y_{1}

é de

$ 150

milhões (o total de

$ 40

milhões em bens de capital e

$ 110

milhões em bens de consumo).

Entretanto, essa economia poderia estar produzindo em

Y_{f}

, (o que seria um PIB real de

$ 170

milhões,

$ 130

milhões em bens de consumo e

$ 40

milhões em bens de capital). Como essa economia está em subprodução, sabemos que ela está experimentando uma recessão. A economia está vivendo um período de taxas de desemprego maiores que a taxa natural de desemprego porque a taxa de desemprego seria igual à taxa natural se a economia estivesse produzindo em sua CPP.

Por exemplo, imagine que a taxa natural de desemprego na economia seja de

5 %

. A economia terá uma taxa de desemprego de

5 %

se estiver produzindo

Y_{f}

. Contudo, uma vez que está produzindo menos que

Y_{f}

, ela terá uma taxa de desemprego de

8 %

No curto prazo, pode ser que todas essas pessoas desempregadas não estejam dispostas a aceitar salários menores apenas para retornarem ao mercado de trabalho. Porém, com o passar do tempo, talvez essas pessoas percebam que não conseguirão se recolocar no mercado de trabalho, a menos que aceitem salários menores.

Com o passar do tempo, os salários diminuirão. Salários menores significam mais produção, pois as empresas poderão contratar um recurso (mão-de-obra) mais barato. Portanto, assim que o preço do recurso (o salário) tiver tido tempo suficiente para se ajustar, a economia voltará a produzir a pleno emprego,

Y_{f}

No longo prazo, não existe relação entre a inflação e o desemprego

Na aula anterior, aprendemos que havia uma relação entre a inflação e o desemprego no curto prazo. Isso pode ser verdade no curto prazo, mas não no longo prazo. É claro que a inflação pode causar um impacto temporário no emprego. Porém, assim que os preços têm a chance de se ajustar, a inflação deixa de impactar o emprego. A OALP ilustra isso muito bem. Na OALP, a produção está vinculada ao emprego e, portanto, se a produção não muda em resposta ao nível de preços, a taxa de emprego também não muda.

Lembre-se de que a curva OACP pressupunha que pelo menos alguns preços seriam fixos no curto prazo. Por exemplo, quando existe inflação, os salários nominais dos trabalhadores não mudam, fazendo com que pareça pouco para os trabalhadores. Consequentemente, os salários reais dos trabalhadores diminuem. Em resposta a essa queda nos salários reais, a taxa de emprego aumenta. Isso ilustra a relação entre a inflação e o desemprego no curto prazo.

Entretanto, esses mesmos trabalhadores não ficarão felizes com a diminuição de seus salários! Os trabalhadores acabarão exigindo salários nominais mais altos para que seus salários reais voltem a ser o que eram antes. Consequentemente, as empresas aumentarão os salários (se quiserem manter seus funcionários!). Assim que os salários nominais receberem um aumento suficiente, os salários reais deixarão de ser pouco como eram antes. O resultado é uma retomada da produção a pleno emprego e a taxa de desemprego voltando à taxa natural. Portanto, no longo prazo, os salários reais são o que importa para o emprego, não havendo relação entre a inflação e o desemprego.

Principais modelos

A curva OALP

A curva OALP representa a produção potencial (

Y_{f}

) de que uma economia é capaz

OALP e CPP

Você se lembra da CPP? Naquele modelo, uma economia está usando todos os seus recursos de modo eficiente se estiver operando em um ponto na CPP, conforme mostra a Figura 3.

Esta economia está produzindo a combinação de bens de capital e bens de consumo

Y_{f}

. Por que rotulamos como

Y_{f}

? Porque essa combinação de produtos representa a produção a pleno emprego. Você pode formar a curva OALP pegando aquele ponto (que representa uma certa quantidade de bens de capital e uma certa quantidade de bens de consumo), descobrindo o valor real daquela produção e, em seguida, registrando em forma de gráfico o valor real daquela produção em um novo modelo. Imagine que você pode pegar um único ponto na CPP e esticá-lo em uma linha vertical . . . esta é a OALP!

O que determina o posicionamento da OALP?

A CPP nos informa o que uma economia pode produzir se a economia estiver usando todos os seus recursos de modo eficiente. Isso significa que essa quantidade de produção depende dos recursos disponíveis na economia e do valor do produto que pode ser produzido com esses recursos. Por exemplo, se uma economia pode produzir

$ 150

milhões em PIB real usando todos os seus recursos com eficiência, a OALP será vertical em um PIB real de

$ 150

milhões.

Equívocos comuns

Quanto tempo é o longo prazo? Longo demais! Isso pode parecer um pouco vago, mas é isso que eu quero dizer. O longo prazo não é um espaço de tempo específico. É somente um "longo prazo" para os preços se ajustarem completamente. Se os preços não estiverem completamente ajustados, então, o longo prazo ainda não foi cumprido.
Pode ajudar se pensarmos a produção a pleno emprego como uma quantidade hipotética e ideal do PIB real. E se fosse um mundo perfeito onde não houvesse excesso de desemprego, e todos os preços tivessem se ajustado perfeitamente? Nesse caso, a produção a pleno emprego seria a quantidade produzida. Nem menos, nem mais. Mas a quantidade exata!
Você se lembra que a OACP estava relacionada a outro modelo no curto prazo chamado Curva de Phillips de Curto Prazo? Bem, a OALP também tem um parceiro nesse modelo, também: a Curva de Phillips de Longo Prazo (CPLP), sobre a qual você irá aprender de forma mais aprofundada mais tarde neste curso (alerta de spoiler!). Nesse modelo, a curva CPLP mostra que, assim como na OALP, não há relação entre a inflação e a taxa de desemprego no longo prazo.

Perguntas para discussão

Considerando a CPP abaixo, construa uma curva OALP que contenha todas as informações pertinentes fornecidas.

Quais são as razões pelas quais a curva de oferta agregada é vertical no longo prazo, mas não no curto prazo?
Se uma economia está produzindo a pleno emprego, a taxa atual de desemprego é menor, maior ou igual à taxa natural de desemprego? Explique.

Quer participar da conversa?

Entrar

Classificar por:

Nenhuma postagem por enquanto.

Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.