Variação na demanda versus variação na quantidade demandada

RKA13JL - Nosso objetivo neste vídeo será entender a diferença entre demanda e quantidade de demanda e mais particularmente as diferenças que existem entre uma variação na demanda e uma variação na quantidade demandada. Então digamos que, neste contexto, temos a marca de automóveis X e, para essa marca, temos esta curva de demanda, que é uma curva de demanda clássica. Quando o preço é alto, a quantidade de automóveis comercializados é pequena. Se eu tenho esse preço alto aqui, a quantidade de carros necessária para atender a demanda será pequena, estaremos mais ou menos aqui. Acho que já deu para perceber um dos pontos-chave desta aula. A quantidade demandada está relacionada a um ponto específico de toda a curva. Assim, temos aqui a quantidade demandada 1, que eu vou chamar de Qd1, e na outra ponta, temos, por exemplo, a quantidade demandada 2, Qd2, que equivale ao ponto em que o preço é mais baixo. Bom, então vamos lá. A quantidade da demanda está associada a um ponto particular da curva de demanda, ao passo que a demanda em si reflete a curva e mostra como estão relacionados o preço e a quantidade. Agora vamos tangibilizar melhor esses conceitos, certo? Que tal avaliarmos algumas situações de mercado e entendermos de que maneira elas impactam a demanda ou a quantidade de demanda e como é que isso acontece. Estamos falando dos carros da marca X, certo? Muito bem. Então, veja esta primeira situação. Concessionárias reduzem preços em 10%. Na sua opinião, essa ação das concessionárias vai afetar a curva de demanda ou vai afetar apenas uma quantidade de demanda? Pause o vídeo alguns instantes e pense sobre isso. Para refletir sobre essa questão, temos que pensar em preço. As concessionárias reduziram o preço em 10%. Quando se reduz um preço, altera-se de alguma forma a demanda pelo produto, certo? Mas muda toda a demanda ou muda só a demanda do produto cujo preço foi alterado? Se o preço cai, a demanda aumenta. Só que isso não interfere na curva de demanda, ela continua ali onde sempre esteve. Ao preço X, a quantidade demandada seria uma, ao preço Y, menor que X, a quantidade demandada será maior. Não há alteração na curva da demanda, apenas na quantidade de demanda. Aqui no gráfico, se o preço é X, o ponto de equilíbrio para a quantidade é este aqui, olha: Qd3. Se o preço baixa para Y aqui, a nova quantidade de equilíbrio será aqui, Qd4. Qd3, Qd4. Aumentou a quantidade quando o preço cobrado pelas concessionárias baixou. Então podemos dizer que aqui em nosso exemplo, há uma variação que chamaremos de delta (Δ). Há uma variação, ou um delta, na quantidade de demanda. E essa variação é para cima. Com a redução do preço, deve haver maior número de consumidores interessados nos automóveis da marca X. Agora vejamos este outro exemplo. O preço da gasolina aumenta. E aqui, o que é que vai acontecer? Pause o vídeo mais uma vez e pense um pouquinho a respeito. Pensou? Vamos fazer do mesmo jeito. Se este é o preço da gasolina, então esta é a quantidade demandada. Mas se o preço da gasolina sobe, de alguma maneira o custo da manutenção do carro acaba subindo. Sobe aqui, sobe aqui, sabe aqui... Ou seja, qualquer que seja o ponto da curva, o aumento no preço da gasolina vai impactar toda a demanda. As pessoas, de um modo geral, terão menos dinheiro, e isso vai afetar a curva inteira. Então, desta curva original aqui D, vamos dizer que ela fosse D1, temos agora uma nova curva à esquerda, porque as quantidades vão se reduzir em toda a extensão da demanda. Vai ser esta aqui, a curva D2. Então, neste cenário, temos que a variação acontece na demanda, ΔD, e que essa variação acontece para a esquerda, ou seja, diminui. É uma variação para menos. Agora vamos a um outro exemplo ainda. O preço do transporte público é reduzido. A variação é na demanda ou na quantidade demandada? Quer o preço seja este, ou este ou este aqui, o fato é que o transporte público ficou mais barato. Uma das opções dos consumidores agora é usar o transporte público, que se apresenta como um substituto muito mais acessível à compra dos automóveis da marca X. Então, o que temos é que, de alguma maneira, a demanda inteira se reduz. A redução no preço do transporte público contribui para uma variação na curva da demanda, ΔD à esquerda. Olha só. Mais uma situação: o governo reduz as taxas de registro veicular. E aqui, o que você acha que vai acontecer? Pause o vídeo mais um pouquinho e pensa nisso. Pronto, o que acontece nesse caso é que ao reduzir as taxas de registro dos veículos, o governo meio que passou um recado à população: Ficou mais barato ter um carro, gente. Olha, se o custo de ter um carro é menor, o mais lógico é que a população tenha mais interesse por carros, certo? Então não importa qual seja o preço, o que vai acontecer é que, nesse cenário, a curva inteira da demanda vai se deslocar para a direita, vai haver mais demanda por carros novos agora que as taxas de registro diminuíram. Nossa curva de demanda é esta agora, D3. E nosso Δ vai para a direita. Mais um exemplo: uma recessão leva à queda da renda das famílias. Varia a curva da demanda para a direita ou para esquerda, ou varia a quantidade da demanda para cima ou para baixo? Pense um pouquinho antes de continuar. Olha só, aconteceu uma recessão, certo? Com essa desaceleração econômica, a renda das famílias diminuiu, caiu o poder aquisitivo do consumidor. Para comprar um carro novo, só se o preço estiver mais em conta, certo? Então, olha aí, mais uma vez, não importa que o preço seja esse, a curva inteira da demanda se desloca para a esquerda, porque a quantidade de demanda por carros novos simplesmente se torna menor. Este exemplo lembra bem o exemplo do aumento da gasolina. Em ambos, o que se percebe é que o bolso do consumidor foi impactado, e quando o bolso do consumidor é impactado, o consumidor tem que fazer escolhas. Começa a comprar produtos mais baratos ou procura ofertas, enfim... Lá ou cá, o que vemos é um deslocamento da curva inteira da demanda para a esquerda. E finalmente, nosso sexto exemplo: Consumidores esperam que os preços dos automóveis subam no ano que vem. Demanda ou quantidade de demanda? O que que vai variar nessa situação? Pare e pense mais uma vez antes de a gente continuar. Olha só, se os consumidores já preveem que o preço dos automóveis vai subir no próximo ano, eles vão ficar esperando para comprar o carro no próximo ano? "Oba, não vejo a hora que o preço aumente para eu comprar o meu carrinho!" O lógico é o contrário, certo? Se os preços vão subir no ano que vem, e provavelmente vão, então é melhor comprar um carro agora, o que impacta toda a curva da demanda. Qualquer que seja o preço praticado hoje, ao saber que no ano que vem os carros estarão mais caros, os consumidores levam a curva da demanda para a direita. ΔD à direita. Pois bem, qual é o grande aprendizado desta aula? Se houver uma alteração em um preço específico, haverá uma variação na quantidade da demanda referente a esse preço. E aí, teremos alterações no ponto de equilíbrio. Para este preço, esta quantidade, para outro preço, outra quantidade, e assim por diante. Mas quando temos uma situação em que não importa em que ponto se esteja na curva, então a alteração não acontecerá no ponto de equilíbrio entre o preço e a quantidade, mas em toda a demanda. Quando as concessionárias aumentam o preço em 10%, mudam apenas os preços praticados nas concessionárias. Muda a quantidade de demanda dos automóveis comercializados pelas concessionárias. Quando a gasolina aumenta ou quando o governo reduz as taxas de registro, ou quando a sociedade atravessa uma recessão, não é preciso alterar um preço para variar a demanda, qualquer preço terá a sua demanda modificada. Por quê? Porque estaremos diante de uma variação da própria demanda. Eis aí a grande diferença entre a variação da demanda e a variação da quantidade de demanda. Espero que você tenha gostado do que a gente viu. A gente se vê por aí, hein? Até mais!