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Macroeconomia
Curso: Macroeconomia > Unidade 2
Lição 5: Custos da inflaçãoQuem ganha e quem perde com a inflação e a deflação
Uma inflação ou deflação inesperada tira riqueza de um grupo e a transfere para outro grupo. Este vídeo fala sobre quem ganha e quem perde com a inflação e a deflação.
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Transcrição de vídeo
RKA3JV - Olá, tudo bem com você? Você vai assistir agora a mais
uma aula de Economia. Nesta aula, vamos conversar um pouco
sobre a inflação e a deflação no contexto de quem se beneficia e quem se prejudica quando
ocorre uma das duas coisas. Principalmente, em uma situação
onde as pessoas estão emprestando dinheiro umas para as outras. Sabendo disso, vamos criar
um pequeno cenário aqui. Vamos dizer que isto aqui é hoje
e isto aqui é em 1 ano. E hoje eu preciso dos meus
dentes limpos, é uma emergência! Porém, eu não tenho dinheiro
para realizar a limpeza dos dentes. Esse procedimento custa 100 dólares. E, você, como é meu melhor amigo,
vai dizer para mim: "sim, você precisa fazer
a limpeza dos dentes, eu vou te emprestar 100 dólares,
mas eu quero cobrar algum juros". Então, hoje, do meu ponto de vista, eu vou pegar um empréstimo de
100 dólares de você, meu melhor amigo. E aí, em 1 ano eu vou te pagar de volta. Considerando que você
vai me cobrar 10% de juros, eu vou ter que pagar
de volta 110 dólares. Sabendo disso, vamos pensar agora sobre alguns diferentes
cenários de inflação. Inicialmente, vamos imaginar
um mundo onde não há inflação. Então, digamos que hoje
é o meu período base onde o CPI seja de 100 dólares. Uma pequena observação, o CPI é a sigla em inglês para
Índice de Preços ao Consumidor, que é um dos indicadores de inflação. No contexto do Brasil,
utilizamos a sigla IPC. Mas eu vou manter aqui
neste exemplo a sigla CPI, porque é mais comum
em uma escala global, ok? Agora vamos imaginar que a
cesta de mercadorias real no país seja, na verdade, 100 dólares. Isto vai nos ajudar a visualizar
um pouco melhor as coisas. Considerando que não temos inflação, em 1 ano o CPI da mesma cesta
de mercadorias ainda vai ser 100 dólares. Então, em termos reais, em outros vídeos conversamos melhor
sobre termos reais e nominais, ok? Mas, em termos reais, você poderia
comprar 10% a mais com 110 dólares do que você poderia comprar
com esses 100 dólares. Então, você realmente obteve
um retorno real de 10%. Mas agora vamos imaginar um
cenário com um pouco de inflação. Onde em nossa base aqui,
o nosso CPI é de 100. E aí, em 1 ano, talvez
tivemos 2% de inflação. Sendo assim, agora o nosso índice
de preços ao consumidor, o CPI desta cesta de
mercadorias é de 102 dólares. Bem, neste cenário, agora temos a cesta de mercadorias
inicialmente custando 100 dólares. E aí, depois de um ano
ela custará 102 dólares. Como já falamos,
nem sempre é o caso. Na verdade, na maioria dos países, não é que você não poderia realmente comprar aquela cesta de
mercadorias por 100 dólares, o 100 é, geralmente, um indicativo. Mas isso é para nos ajudar
a fazer as coisas de forma um pouco mais tangível, ok? Mas, enfim, feito este comentário, neste mundo você será capaz de comprar
mais do que uma cesta de mercadorias. Mas não 10% a mais. Você vai poder comprar um
pouco menos de 8% a mais. Agora podemos criar um cenário
onde temos uma inflação razoavelmente extrema. E isto deixará as coisas bem claras. Neste caso, o nosso CPI vai de 100
para algo mais que o dobro. Ou seja, vamos dizer que neste mundo
onde temos uma inflação bem extrema, o nosso CPI vai de 100 para 220. Então, isto é realmente interessante. Porque agora no presente, o que você está me emprestando que
é equivalente a esta cesta de mercadorias, eu poderia realmente comprar
uma cesta de mercadorias. Mas daqui a 1 ano, o que eu te pagarei de volta, permite que você compre apenas
1/2 cesta de mercadorias. Então, você me emprestou o dinheiro e, mesmo que, nominalmente, você esteja recebendo 10% a mais, em termos de dólares, com 110 dólares você só pode comprar a metade
do que você poderia comprar 1 ano atrás com 100 dólares. Neste mundo, mesmo que pareça
que você está obtendo um retorno, afinal, o seu retorno nominal é de 10%, o seu retorno real é muito ruim. Seu retorno real é 50% negativo. Você pode comprar a metade com
o que você está recebendo de volta do que você originalmente emprestou. Repare que a tendência geral aqui é que quando você está em
um ambiente inflacionário, especialmente quando a inflação
é mais alta do que o esperado, muitas vezes a taxa de juros vai
ser queimada com alguma inflação. As pessoas vão esperar alguma
inflação na taxa de juros. Mas, em geral, quanto
maior for a inflação, mais juros serão queimados. Se você pensar isso do
meu ponto de vista, eu peguei emprestado algo onde eu poderia ter comprado
esta cesta de mercadorias. Se você imaginar que a
cesta de mercadorias, na verdade, custa 100 dólares. Mas eu estou pagando de volta algo
que só compraria 1/2 cesta de mercadorias. Você pode até imaginar um cenário em que eu compro uma cesta
de mercadorias com os 100 dólares, aí, um ano depois, eu vendo a cesta
de bens por 220 dólares. Eu só preciso pagar metade destes
220 dólares de volta para você. Eu não teria meus dentes
limpos nesta situação, mas eu teria sido capaz
de lucrar com a inflação. Quando a inflação é maior que a esperada, isso beneficia os mutuários
a taxas fixas. Os tomadores de empréstimos
a taxas fixas. Eu continuo dizendo taxas fixas, porque é possível que a taxa
de juros possa, de alguma forma, ser atrelada à inflação. Em situações como estas, a taxas fixas, pode ser que os
credores sejam prejudicados. Porém, podemos ter uma
situação contrária. Ou seja, podemos ter uma deflação. E para deixar isso bem claro, eu vou fazer um cenário
deflacionário extremo. Imagine que partimos de uma CPI
de 100 para uma CPI de 55. Se a gente estiver observando
uma mesma cesta de mercadorias, que teria custado
inicialmente 100 dólares, agora ela custará apenas 55 dólares. Pense nisso! Eu estou pedindo o equivalente
a uma cesta de mercadorias, e estou pagando de volta para você
duas cestas de mercadorias. 110 dólares comprariam duas cestas
de mercadorias em 1 ano. Assim, neste cenário deflacionário,
mesmo que nominalmente, você, o credor, esteja obtendo
um retorno de 10%, o verdadeiro retorno é de 100%. Ou seja, você pode comprar o dobro
com o que eu te pagar de volta do que quando você me emprestou. Nesta situação de deflação,
onde temos juros a taxas fixas, os mutuários são prejudicados
e os credores são beneficiados. Enfim, eu espero que você tenha
compreendido tudo direitinho aqui. E, mais uma vez, eu quero deixar
para você um grande abraço, e até a próxima!