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Macroeconomia
Curso: Macroeconomia > Unidade 5
Lição 5: Déficits e dívidasDéficits e dívida
Neste vídeo, conheça a diferença entre déficits e dívidas, bem como os prós e os contras dos déficits.
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Transcrição de vídeo
RKA22JL - Olá, tudo bem com você?
Você vai assistir agora a mais uma aula de economia e, nessa aula, vamos conversar sobre dois termos
que provavelmente você já ouviu no contexto de gastos e orçamentos
do governo e empréstimos. Eu estou falando dos
termos déficit e dívida. Eles podem gerar um pouco de confusão
porque ambos começam com a letra d e ambos estão associados a
empréstimos e orçamentos de gastos. Além disso, eles estão relacionados,
mas significam coisas diferentes. Um déficit é uma situação onde você gasta
mais do que você está recebendo. Do ponto de vista do governo, seria uma situação onde um governo gasta mais
em um ano do que ele gera de receita nesse ano. Eu vou escrever isso aqui. Em um ano, ou ciclo orçamentário, está gastando
mais do que está recebendo e o valor que você está gastando
a mais nesse ano vai ser o déficit. Por outro lado, uma dívida é o valor total que você deve,
portanto, é a quantia total devida. Agora, eles estão
claramente relacionados. Por exemplo, vamos dizer que
haja um governo hipotético aqui. Eu vou colocar uma tabela
aqui com alguns anos. Aqui, temos o ano um, o ano dois, o ano três,
o ano quatro, e eu vou até o quinto ano. Vamos pensar aqui sobre o déficit, o déficit é a cada ano,
e vamos pensar também na dívida a cada ano. Digamos que, no primeiro ano, nosso país hipotético
gastou 200 em excesso. Eu vou fazer tudo aqui
em bilhões de dólares. Portanto, houve um gasto de
200 bilhões de dólares a mais. Devido a isso, temos um déficit de
200 bilhões de dólares. Supondo que a dívida era zero antes disso,
agora vamos dever 200 bilhões de dólares às pessoas. Eu estou assumindo que tudo
está em bilhões de dólares, ok? Vamos dizer agora que, no próximo ano,
tivemos um déficit de 100 bilhões de dólares. Agora devemos o dinheiro que devíamos antes
mais outros 100 bilhões de dólares, então, isso será
300 bilhões de dólares. Acho que você já consegue ver
aonde isso aqui vai dar, não é? Vamos supor, agora, que, no terceiro ano,
tivemos um terceiro déficit de, digamos... Gastamos muito nesse ano,
muito mais do que arrecadamos, portanto, ficamos com
um déficit de 500 bilhões. Isso só aumentará nossa dívida, então, agora,
ficaremos com 800 bilhões de dólares. Claro, você pode pagar dívidas. A fim de pagar dívidas,
você teria que ter um superávit em um ano, o que você poderia ver
como um déficit negativo. Então, vamos dizer que, nesse ano,
o déficit seja de 100 negativo. Claro, normalmente, as pessoas não diriam
que temos um déficit de menos 100 bilhões de dólares. Normalmente, elas diriam que o governo
teve um superávit de 100 bilhões de dólares, mas, enfim, vamos dizer que
o governo gerou esse excedente, e, com isso, ele
pagou a dívida, ou parte dela. Ao pagar parte da dívida,
teremos 700 bilhões aqui em dívida. Claro, poderíamos ter um ano onde temos
um orçamento totalmente equilibrado, não teremos um
superávit ou um déficit. E, nesse caso, a dívida
permaneceria a mesma. Talvez, você esteja pensando sobre os juros, porém,
os juros da dívida já fazem parte do orçamento. Pensamos aqui sobre isso, inclusive, já sabemos
se estamos tendo um superávit ou déficit, mas, para deixar isso um pouco mais claro
no contexto dos Estados Unidos, aqui está um gráfico que mostra os déficits
e superávits totais para os Estados Unidos a partir do final dos anos 1960. Temos todo o caminho
até perto dos dias atuais. Também temos uma projeção
para uma década à frente. Não se esqueça de que isso
se trata apenas de uma projeção. Enfim, sempre que estas barras estiverem voltadas
para baixo, o governo está tendo um déficit. Os anos em que estamos acima da linha são os anos
onde estamos tendo um superávit orçamentário, ou seja, onde o governo realmente
recebeu mais do que gastou. De forma geral, déficits e
superávits estão falando sobre o quanto você está gastando a mais ou
a menos em um determinado ano, enquanto as dívidas estão falando
sobre a quantia acumulada que você deve. Para deixar isso aqui mais claro, podemos dar uma olhada
na dívida pública total nos Estados Unidos e, mais uma vez, temos aqui dados que vão de 1970
até próximo dos dias atuais. Como você pode perceber, a dívida acumulou
de uma forma muito grande. Está próximo, aqui diz, de 20 milhões, mas,
ao olhar aqui do lado, percebemos que esses dados
estão em milhões de dólares. Então, isso é 20 milhões de milhões
ou 20 trilhões de dólares em dívidas. Isso aqui é quanto o governo dos Estados Unidos
tem de dívida no final desse período apresentado no gráfico. Talvez você esteja pensando
“a economia cresceu um bocado”. Então, o que realmente importa é o quanto você
tem de dívida em relação ao PIB. Repare que agora temos um gráfico que mostra
a dívida do governo em porcentagem do PIB. Não é tão dramático, mas,
ao final do período apresentado, temos uma dívida que
é quase igual ao PIB anual. Então, se você fizesse uma analogia com sua vida pessoal,
se você tivesse feito US$100.000,00 em um ano, isso seria como ter uma
dívida de US$100.000,00. Uma pergunta interessante é: quais são os prós e os contras
de ter um déficit em um determinado ano? Algo que vai acabar
aumentando a dívida? Alguns dos argumentos a favor de, às vezes,
ter um déficit, o que aumentará a dívida, é que permite que um governo faça uma política fiscal
anticíclica, ou, se você estiver em uma recessão, poderemos ter uma política fiscal expansionista
sobre a qual já falamos em outros vídeos, inclusive, e isso, muitas vezes, envolve, talvez,
a redução de impostos e o aumento de gastos. Isso poderia permitir ao governo tornar a recessão
em algo menos severo, o que possibilitaria que todos tivessem uma vida melhor
no longo prazo, e essas coisas são debatidas. É mais fácil pensar nos contras. Pode-se imaginar que, em algum momento,
a dívida se torne insustentável. Eu vou escrever isso aqui.
Dívida insustentável. E, definitivamente, há exemplo de outros países
que contraíram dívidas tão grandes que eles não conseguiram
nem mesmo pagar os juros. Basta lembrar-se, e é só você
individualmente ou um governo, quando você pede dinheiro emprestado,
você tem que pagar juros. Em algum momento, os juros se tornam tão significativos
que o governo não pode mais pagar por eles. E, mesmo se um governo
puder pagar os juros da dívida, aquele dinheiro que está sendo usado para os juros
poderia ter sido usado de outra forma, para outras coisas. Outra desvantagem de contrair grandes déficits,
o que poderia levar a grandes dívidas acumuladas, é que isso pode afetar as
taxas de juros no mercado mais amplo, então, você pode levar a um
aumento das taxas de juros. Quando estudamos o mercado monetário,
percebemos que, quanto mais o governo esteja
tentando pegar dinheiro emprestado, isso vai deslocar a demanda nos
mercados de dinheiro para a direita. Se as taxas de juros aumentarem, isso poderia levar a algo
de que nós já falamos em outro momento. Ou seja, um “crowding out”
ou efeito de deslocamento, onde, devido ao aumento das taxas de juros, menos
mutuários privados em potencial vão contrair empréstimos, o que poderiam usar para investir. Então, essas são todas coisas
muito interessantes para se pensar, mas a grande lição aqui é não se confundir
entre o que é o déficit e o que é a dívida. Déficits e superávits referem-se a quando você está
gastando a mais ou a menos em um determinado ano, e, a dívida,
é o valor total devido. Espero que você tenha
compreendido essas ideias, e, mais uma vez, eu quero deixar um grande
abraço para você e até a próxima!