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Resgate 13: O resgate tem chance de funcionar?

O auxílio financeiro pode funcionar? Versão original criada por Sal Khan.

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Transcrição de vídeo

RKA4JL - Olá, tudo bem com você? Você vai assistir agora a mais uma aula de economia. Nesta aula vamos conversar sobre o resgate financeiro que o Fed forneceu aos bancos em meio à crise de 2008, e se esse resgate tinha realmente a chance de funcionar. Então do ponto de vista de 2008, vamos ver se esse resgate teria a chance de funcionar porque francamente, se não funcionasse, seria algo que preocuparia, e muito, as pessoas durante a crise, mas mesmo funcionando, isso também levantaria uma preocupação em relação ao risco moral. Mas, enfim, vamos colocar todas as questões de risco moral e as questões de justiça de lado por enquanto, tudo bem? Para exemplificar isso, vamos utilizar aqui o balanço financeiro do banco A, o obscuro banco A. Aqui do lado do esquerdo temos os seus ativos e aqui do lado direito temos os seus passivos. Em seus livros contábeis temos CDOs que possuem um valor contábil de cinco bilhões de dólares e que o governo está dizendo é que agora o banco B realizou um empréstimo ao banco A, ou seja, o banco B realizou um empréstimo de oito bilhões de dólares ao banco A, e esse empréstimo precisa ser pago no mês que vem. O grande receio que o governo tem é que o banco B fique com medo, e quando esse empréstimo vencer dentro de um mês o banco não forneça o novo empréstimo ou o renove, ou seja, que ele só queira pegar o dinheiro de volta porque tem medo de deixar o dinheiro com esses caras do banco A, já que não sabem exatamente quanto essas CDOs valem. E isso é um medo legítimo, porque se essas CDOs realmente valem cinco bilhões, então realmente teremos quatro bilhões de patrimônio líquido aqui. O total em ativos é de 12 bilhões de dólares e o total em passivos é de oito bilhões. Isso significa que temos um patrimônio líquido de quatro bilhões de dólares. Mas o que vai acontecer se essas CDOs valerem apenas um bilhão de dólares? Teremos aqui um bilhão e aqui sete bilhões, então teremos apenas oito bilhões de dólares em ativos. Como também temos oito bilhões de dólares em passivos, teremos um patrimônio líquido igual a zero, ou seja, não teremos patrimônio líquido. Mas e se a gente tiver um cenário ainda pior em que essas CDOs não valem nada? Teremos um patrimônio líquido negativo. Então, diante disso, se esses caras aqui fossem à falência, se esse banco fosse o próximo Lehman Brothers, tudo o que o credor B receberia, se algo assim acontecesse, seriam essas CDOs, que valem zero, e esse sete bilhões de dólares que temos aqui nos ativos. Repare que para cada oito dólares que o banco B emprestou ao banco A, ele receberá apenas sete dólares. O que o governo dos Estados Unidos disse em meio à crise de 2008 é que, para evitar que o banco B retirasse o dinheiro do banco A, eles iam comprar essas CDOs a um preço que mantivesse esse banco solvente, mesmo essas CDOs valendo zero. Eles falaram que não iam pagar zero, porque se pagassem zero esse banco iria à falência. Seria outro Lehman Brothers. Portanto, nesse cenário talvez o Tesouro pague os cinco bilhões por isso e aí, ao pagar os cinco bilhões de dólares nessas CDOs, de repente esses cinco bilhões em CDOs se transformem em cinco bilhões de dólares em dinheiro. Bem, isso parece ser algo bem justo, afinal isso é basicamente dar um cheque de cinco bilhões de dólares para esses caras. Isso, claro, assumindo que essas CDOs são inúteis, ou seja, isso é basicamente emitir um cheque para os acionistas e detentores de dívidas sem garantia desse banco, mas, mesmo assim, essa ajuda pode acabar salvando todo o sistema, pelo menos de acordo com o governo. Deixando de lado as questões de justiça e moral por enquanto, vamos supor que isso funcione, que agora o banco B diga que não precisa mais se preocupar com essas CDOs, afinal as CDOs foram transformadas em dinheiro. Essa empresa definitivamente tem um valor contábil positivo e, portanto, o banco B diz que vai continuar emprestando para essa empresa. Bem, infelizmente isso não é tão simples assim, porque logo atrás dessas CDOs existem outros ativos nos livros contábeis do banco. Na verdade, isso acontece na maioria dos bancos. Bem, enfim, isso aqui eram CDOs Subprime, os mais fedorentos dos fedorentos, por assim dizer. Mas tem outras coisas aqui que são um pouco menos arriscadas. Por exemplo, temos aqui CDOs Alt-A, que são empréstimos concedidos a pessoas que não são necessariamente Subprime. Essas são pessoas que tiveram uma pontuação de crédito decente, mas eles ainda não colocaram nenhum dinheiro e ainda foram capazes de, basicamente, fabricar a sua renda em seus pedidos de empréstimo. Por isso são CDOs Alt-A. Acima disso podemos ter ainda empréstimos comerciais, que são empréstimos realizados para empresas regulares, ou melhor ainda, podem ser empréstimos para fundos privados. Na verdade, isso é bem melhor mesmo. Vamos colocar alguns empréstimos de Private Equity aqui. O que eu queria mostrar é que as CDOs não são as únicas coisas fedorentas nesse balanço, mas que esse é o ativo mais fedorento de todos. Uma boa maneira de você pensar sobre isso é que se tiver um gambá morto em sua casa, você não vai notar que o leite está estragado. E é essa a situação. Essas CDOs parecem ser muito ruins agora, mas quer saber? Um ano atrás, ou até mesmo seis meses atrás, essas CDOs Subprime se pareciam muito com essas CDOs Alt-A, pelo menos como elas estão se parecendo agora. E a aparência dessas CDOs Alt-A seis meses atrás era muito parecida com essas CDOs de imóveis comerciais. Portanto, essas CDOs formam apenas a ponta do iceberg. Sendo assim, temos um problema aqui. O governo entrou e gastou 700 bilhões de dólares. Ele compra esses ativos de valor questionável e está nos dizendo que o problema será resolvido. Mas o banco B não é idiota. É mais prudente que o banco A. Ele provavelmente não comprou essas CDOs Subprime. Mas eu não ficaria surpreso se o banco B provavelmente tivesse algumas dessas coisas menos fedorentas em seus balanços. Quer dizer, eles definitivamente têm algo fedorento, que é chamado de empréstimo ao banco A. Afinal, esse é um dos seus ativos. O banco provavelmente também tem empréstimos para a Private Equity, também pode ter algumas CDOs de imóveis comerciais, também pode ter alguma CDOs garantidas por dívidas de cartão de crédito. O caso aqui é que esse banco pode examinar seus próprios ativos e pode ver que o valor fundamental por trás desses ativos aqui está se deteriorando. Qualquer pessoa que converse com alguém da economia real agora sabe que a economia está desacelerando, ou seja, que os consumidores não podem gastar mais dinheiro. Na verdade, antes mesmo de olhar para um balanço como esse aqui, já era possível perceber que as pessoas tiveram economias negativas, o que significa que tiveram que pedir dinheiro emprestado para manter o seu nível de consumo, e a única maneira de aumentar o consumo nesse tipo de ambiente é se os salários aumentarem, o que não está acontecendo, ou se as pessoas conseguirem pedir mais dinheiro emprestado. E já sabemos que o crédito está ficando mais restrito. Enfim, diante desse cenário vamos supor que você fosse o banco B, e que soubesse que o governo vai comprar esses ativos aqui do banco A, independentemente de quão injusto isso seja. Você vai ficar mais confiante em realizar um empréstimo ao banco A? Acho que não, porque quando você olha em seu balanço e vê que as coisas estão se deteriorando, e além disso você também tem empréstimos feitos de outras pessoas, você tem, por exemplo, empréstimos do banco C, empréstimos do banco E, e o empréstimo de algum fundo soberano. Vamos colocar aqui o seu patrimônio líquido também, que eu acho interessante. Mas, enfim, diante de um cenário como esse aqui você tem duas questões, ou seja, dois pontos para refletir aqui. Primeiro: você tem esses caras aqui, que são empréstimos que podem vencer, e você vai precisar de algum dinheiro para isso no futuro, e você está vendo uma certa tendência com tudo o que está acontecendo. Afinal, não é o idiota. Você não corre risco quanto esse cara e vê que essa não era a única coisa fedorenta por aí. Você percebe que existem outras classes de ativos, outros tipos de CDOs e empréstimos em geral que estão começando a se deteriorar, então, talvez, essa crise de crédito não seja apenas por causa dessas CDOs. Talvez seja porque esse banqueiro do banco B está realmente sendo prudente. Talvez esse banqueiro esteja realmente dizendo: "Quer saber? Eu preciso ter cuidado! Eu vejo esse lado esquerdo do meu balanço se deteriorando. Eu preciso sacar esse dinheiro por precaução e pensar melhor no interesse dos meus acionistas, ou até mesmo no melhor para os meus detentores de títulos." Então, em meio à crise de 2008, mesmo que no primeiro momento não houvesse toda essa controvérsia, e mesmo que George Bush não subisse no palco e fizesse um discurso no horário nobre dizendo que estávamos prestes a chegar ao “Armagedon financeiro”, se eu fosse um banqueiro prudente, ainda teria medo de realizar um empréstimo ao banco A, mesmo que o governo pudesse comprar essas CDOs. Os banqueiros eram prudentes. Eles perceberam que as coisas estavam se deteriorando. Portanto, eles queriam ser cautelosos. Mas francamente, quando o Bush, Olson e Bernake apareceram na TV e falaram que a lei para o resgate financeiro precisava ser aprovada, pois todo mundo estava à beira de um precipício, perto de uma espécie de "Armagedon financeiro", inclusive palavras como essas que foram usadas na época e eu ouvi isso em diversos lugares: “Armageddon financeiro" e "alguns dias para o precipício". Enfim, a minha pergunta para você agora é a seguinte: independentemente de o governo comprar isso, esse tipo de linguagem vai criar algum tipo de senso de confiança no banco B? Se eu fosse o presidente ou CEO do banco B, eu diria o seguinte: "Pensei que as coisas estavam ruins. Inclusive, era até por isso que em vez de cobrar dois por cento por um empréstimo, eu ia cobrar seis por cento. Mas agora que o presidente dos Estados Unidos, o Secretário do Tesouro e o presidente da Reserva Federal têm usado uma linguagem que nenhum funcionário eleito ou não eleito jamais usou antes, estamos perto de um Armagedon financeiro? Perto de um precipício? Nossa, agora mesmo que eu não vou realizar nenhum empréstimo, e eu nem me importo mais se eles vão comprar as CDOs do banco A! Eu não vou emprestar nada para ninguém." Enfim, entendeu a ideia? Eu vou falar agora do segundo ponto para a sua reflexão. O plano de resgate provia um leilão reverso, ou inverso, onde basicamente o Fed diria: "Pessoal, tenho um bilhão de dólares aqui. Quem quer me vender suas hipotecas pelo preço mais baixo?" Bem, adivinhe? As pessoas que estão dispostas a vender suas CDOs pelo preço mais baixo são, provavelmente, as pessoas mais desesperadas que existem. E se alguém participar desse leilão e vender com desconto, essas são as pessoas que entrarão na minha lista de bandeiras vermelhas. Essas serão as pessoas para as quais terei menos probabilidade de emprestar, porque eu saberei que elas estão desesperadas, que elas estavam apenas encobrindo seu balanço patrimonial o máximo que puderam. Elas estavam esperando apenas o resgate do governo, e se eles estão dispostos a receber o resgate do governo, esses são os mesmos bancos para os quais eu não quero realizar empréstimos. Enfim, eu quero deixar essas reflexões aqui para você, mas também eu quero te mostrar que tanto George Bush quanto o resto do seu grupo estavam tentando assustar o mundo para dizer que eles estavam tentando salvar a economia. Eles não mencionaram o fato de que mesmo com o resgate, por mais injusto que isso seja, é bom sempre frisar isso, acabaríamos na mesma situação, e talvez isso pudesse até piorar a situação. É isso que eu quis mostrar aqui com este vídeo. É como quando eles começaram a proibir a venda a descoberto de um pequeno número de ações. Quando eles falaram que você não poderia vender a descoberto aos bancos A, B e C, imediatamente isso fez com que todos se levantassem e falassem: "O governo sabe algo que não sabemos. Não vou lidar com os bancos A, B e C porque, provavelmente, esses são os bancos mais fedorentos de todos. Enfim, eu espero que você tenha compreendido tudo direitinho o que conversarmos aqui e mais uma vez eu quero deixar para você um grande abraço e dizer que encontro você na próxima!