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Resgate 15: Mais sobre a solução

Mais sobre o "Plano Plutsky". Versão original criada por Sal Khan.

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Transcrição de vídeo

RKA4JL - Olá, meu amigo(a)! Tudo bem com você? Seja muito bem-vindo(a) a mais um vídeo da Khan Academy Brasil. Neste vídeo, vamos conversar sobre algo que eu costumo chamar de plano Plutsky, já que veio de um homem chamado Todd Plutsky. Eu acho que esse plano é muito bom, mas vamos pensar um pouco sobre as repercussões e ver se ele tem alguma chance de funcionar. É importante deixar claro aqui que muito do que veremos neste vídeo toma como base o contexto dos Estados Unidos. Então a moeda, os bancos e o sistema de governo se referem a esse país. Para começar a conversar é importante lembrar que em outros vídeos eu falei sobre uns 50 bancos, mas isso complicaria as coisas aqui. Então, em vez de 50 bancos com capital inicial de 14 bilhões de dólares, eu vou falar sobre cinco bancos, cada um com 140 bilhões de capital. O importante é que haja mais um banco e que não sejam grandes demais para falir, ou seja, o ideal é que seja criada uma competição. Por possuírem balanços completamente novos, esses bancos serão capazes de fazer uma alavancagem de 10 para 1, algo meio doido, eu sei, mas não podemos esquecer que bancos como Mary Lint, Morgan Stanley e outros desse tipo têm se alavancado a 30 ou a 40 para 1 . Então 10 para 1 é normal para um banco. Bancos como esses conseguem atrair capital, afinal governos estrangeiros provavelmente gostariam de emprestar para eles e o setor privado também gostaria. Como são bancos comerciais, eles podem receber depósitos. Muitas pessoas vão querer colocar seu dinheiro nesses bancos, pois eles apresentam um balanço bastante transparente, que estará disponível para todos os americanos. Além disso, os empréstimos fornecidos aos bancos por cada cidadão americano comum serão totalmente garantidos pelo seguro FDC, que é o equivalente ao fundo garantidor de crédito que temos aqui no Brasil. Seguros como esse são importantes, e particularmente falando, eu até gostaria que a cobertura do seguro FDC fosse maior, mas o fato é que devido à estrutura e ao seguro, bancos como esses vão atrair depósitos de pessoas comuns. Afinal, elas se sentirão seguras com esses bancos. Eu falei tudo isso para dizer que esses bancos não terão problemas em serem capitalizados e realizar uma alavancagem de 10 para 1. No entanto, a pergunta a ser feita aqui é: isso vai resolver o problema fundamental de manter no mercado de crédito fluindo para as pessoas a quem ele deve oferecer crédito? Eu já falei com um banco forte, como os que eu citei, não terá problemas em ter acesso a tanto crédito quanto o governo for capaz de prover. Eles também vão atrair depósitos, eles vão atrair investimentos do setor privado e do exterior, principalmente com esses cinco anos de garantia do governo. Então, sem dúvida, ele vai conseguir colocar dez vezes esse dinheiro de volta no sistema. Sendo assim, se você pegar coletivamente 700 bilhões de dólares, isso vai gerar dez vezes esse valor, ou seja, sete trilhões de dólares em novos empréstimos. Bem, esses sete trilhões correspondem à, literalmente, metade do PIB americano. Você pode falar que isso é muita coisa, que isso pode gerar crédito demais, e isso pode levar o mercado de crédito do congelamento ao superaquecimento. Com isso, talvez você pense: "sete trilhões é liquidez demais. Por que não reduzimos esse número um pouco? Em vez de 700 bilhões de dólares, que tal 100 bilhões?” Porque com 100 bilhões, se tivermos dez bancos, poderemos injetar dez bilhões em cada um deles. Ao injetar 100 bilhões de dólares, e caso todos se alavanquem, eles vão introduzir um trilhão de novos empréstimos que poderão ser empregados na construção de fábricas e coisas reais, já que a motivação deles não provém da possibilidade de ajudar seus amigos e nem as empresas para quem eles trabalham. As empresas é que estão doando e contribuindo com eles de alguma forma, ou prometendo empregos. Esse um trilhão de dólares não será usado para comprar ativos a preços maiores do que deveriam. Eles poderiam comprar ativos a preços com desconto se os gerentes desses bancos visassem um bom retorno, mas, provavelmente, eles vão investir em áreas da economia em que observam um retorno positivo para o investimento. Uma pessoa uma vez me enviou uma nota dizendo que colocar toda essa liquidez no sistema financeiro, seja sete ou um trilhão de dólares, poderia gerar uma hiperinflação. Eu acho que há muitos mal-entendidos sobre a inflação, por isso vale a pena a gente conversar um pouquinho aqui sobre isso. Em geral, se alguém faz um investimento positivo, por exemplo, vamos supor que eu tenha um dólar aqui e faça um investimento que vai gerar um dólar e vinte centavos. Isso, por definição, não é inflação. Eu tinha um dólar no mundo e criei um dólar e vinte centavos de riqueza, então, na verdade, o bolo está maior. Eu sei que a inflação é um conceito bem abstrato, mas uma forma boa de falar sobre isso é imaginar que a gente tem um bolo de bens e serviços de um país. Vamos supor, então, que a gente tenha aqui bens e serviços em um ano. Poderíamos dizer que é o PIB, ou como você quiser medir isso. Vamos dizer também que eu tenha uma outra quantidade aqui, que é o montante de dinheiro que há em um certo ano. A oferta de dinheiro é uma coisa interessante porque não depende apenas da quantidade de notas e moedas. Ela também é uma função de quão rápida elas são transacionadas e quanta alavancagem há no sistema. Sendo assim, você pode ter toda uma economia em que tenha apenas uma única nota de um dólar, mas toda vez que alguém precisa de alguma coisa, elas trocam essa nota de um dólar. Por exemplo, se essa nota de um dólar for usada umas 15 trilhões de vezes ao ano, teríamos nessa economia, na verdade, 15 trilhões de dólares. Enfim, vamos dizer que essa é a quantidade de dinheiro. Se a quantidade de dinheiro crescer mais rápido que os bens e serviços e a capacidade produtiva do país, teremos inflação. Se esse círculo cresce mais rápido do que esse, há inflação, porém se esse círculo crescer mais rápido do que esse aqui, teremos então uma deflação. A gente vai ter a mesma quantidade de moeda representando mais bens e serviços. Então, na verdade, bens e serviços ficam mais baratos. O problema de que nós estamos falando agora, essa crise de crédito, é um problema de desalavancagem que ocorre quando o governo injeta um dólar nesse sistema bancário falido e em vez de alavancar e emprestar para outros bancos, ele guarda esse dinheiro. É bom falar aqui que em um sistema normal, quando você empresta um dólar para um banco, vamos dizer que seja o Fed que está emprestando esse dinheiro para o banco, é assim que costuma ser injetada a liquidez. Então vamos dizer que o Fed emprestou um dólar para o banco. Considerando que o banco só pode se alavancar em até 10 para 1, ele tem que reservar dez por cento do dólar, ou seja, dez centavos e ele empresta os outros 90 centavos para alguém, para um outro banco. Esse outro banco tem que manter dez por cento disso. Então ele empresta 81 centavos para outra pessoa. Depois essa outra pessoa pode emprestar até 81 centavos vezes 0,9 para alguém. Isso dá 70 e poucos centavos. Você conseguiu entender a ideia de que em um sistema bancário normal e operante um dólar injetado no sistema tem esse efeito multiplicador e isso acaba criando um monte de dinheiro? É isso que as pessoas implicitamente dizem quando estão falando sobre imprimir dinheiro. Mas o que está acontecendo agora, nesse problema que estamos levantando aqui, é que quando o Fed empresta um dólar para o banco “A”, o banco “A” está com tanto medo que ele não vai emprestar para ninguém. Ele segura esse dólar porque, agora, sua prioridade não é conseguir qualquer ganho a mais sobre o dinheiro que tem. Sua prioridade principal é a sobrevivência. Sendo assim, esse dólar vai para um buraco negro e essa é a frustração do Fed. Ele continua emprestando o dinheiro para o sistema, mas o dinheiro desaparece e conforme a economia desacelera, a velocidade do dinheiro também diminui. Então o maior problema quando se tem uma crise de crédito e também uma recessão é que a oferta de moeda diminui. A quantidade de bens e serviços provavelmente diminui também, mas a oferta de moeda diminui ainda mais. Então o seu maior problema é a deflação. Esse foi o maior problema durante a Grande Depressão e esse foi o maior problema na crise do Japão. Ben Bernanke escreveu artigos sobre isso e ele diz que sempre dá para curar deflação imprimindo dinheiro jogando de um helicóptero. De certa forma é isso que está sendo feito: o Fed está disposto a assumir um grande risco de crédito dos bancos e a emprestar dinheiro para o sistema. O problema é que se esse efeito multiplicador desaparece a uma taxa mais rápida do que você jogar dinheiro de um helicóptero, ainda assim teremos uma deflação. Antes, quando a alavancagem não era de apenas 10 para 1, mas era de 30 para 1 ou 40 para 1, cada dólar que era colocado no sistema se transformava em 40 que eram dados a outras pessoas para que pudessem se alavancar, ou seja, tivemos essa imensa explosão de dinheiro e o único motivo para não ter uma inflação nos últimos anos, pelo menos uma inflação mensurável, é que no outro lado da equação a gente tinha toda uma nova capacidade produtiva vinda da China e da Índia, e então bens manufaturados ficaram muito mais baratos, mas bens que não eram manufaturadas, como commodities e casas, acabaram tendo uma imensa inflação. Até mesmo a mensalidade da faculdade ou saúde, coisas que dependem do trabalho dos estadunidenses, ficaram bastante caras e isso porque houve essa gigantesca injeção de dinheiro. Há formas diferentes de mensurar moeda, mas o indicador mais amplo é o chamado M3, que o governo americano deixou de reportar oficialmente porque havia alavancagem demais no sistema. Agora está acontecendo exatamente o contrário: a alavancagem está sumindo do sistema. Não há empréstimo entre as partes. Todos estão indo de uma alavancagem entre 30 para 1 para 10 para 1. O dinheiro está desaparecendo do sistema. Há uma desaceleração. Isso está em contração, mas está em uma contração ainda maior e não importa o que o Fed faça. Francamente, acho que esse novo Resgate financeiro de 700 bilhões de dólares é o helicóptero que Ben Bernanke sempre falou em usar e sempre que você joga dinheiro de um helicóptero, a questão é: onde jogar? Eles acham que deveriam jogar em um já falido sistema bancário. O objetivo deste vídeo é discutir essa questão e, quem sabe, mostrar que talvez você devesse jogar esse dinheiro em um novo sistema bancário, ou talvez jogar no bolso de todo mundo e ver o que acontece, ou ainda talvez deixar que novos bancos surjam. Enfim, era isso que eu queria conversar hoje e sei que pode parecer um pouco confuso, mas espero que você tenha compreendido. Quero deixar para você um grande abraço e dizer que o encontro na próxima!