If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Resgate 9: O Plano Paulson

O que Paulson quer fazer e por que eu não gosto. Versão original criada por Sal Khan.

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.

Transcrição de vídeo

RKA3JV - Olá, tudo bem com você? Você vai assistir agora a mais uma aula de Economia. Nesta aula, vamos conversar sobre o Plano Paulson. E para conversar sobre isso é importante a gente falar aqui que quando um banco está passando por uma crise em que não consegue pagar seus empréstimos e nem consegue dinheiro para isso de alguma forma, temos um problema muito sério. Pois não se trata apenas do caso desse banco declarar falência, já que um banco pode até falir quando os seus empréstimos vencerem. Por exemplo, em um caso como este aqui, o banco "A" tem empréstimos do banco "B" e que vão vencer. O banco "A" não vai conseguir liquidar esses ativos e nem suas CDOs para pagar esse empréstimo. Com isso, o banco "A" acaba precisando declarar falência. Podemos perceber que isso vai ativar uma reação em cadeia. O empréstimo que o banco "B" fez ao banco "A", colaborou para que isso acontecesse, já que o banco "A" faliu e não sabemos quanto deste empréstimo será pago. E, claro, todos que emprestaram dinheiro ao banco "A", por exemplo, talvez o banco "D" também tenha realizado um empréstimo ao banco "A". Talvez este ativo que está bem aqui fosse um empréstimo para o banco "A". Assim, todos que realizaram um empréstimo para o banco "A" ficaram receosos. Talvez eles até precisem baixar o valor de seus ativos. E ainda mais grave do que o problema das CDOs, que são esses ativos que ninguém quer comprar pelos seus preços reais, há esses outros empréstimos que foram feitos para esse outro banco, e que agora são ativos arruinados. Estes ativos, provavelmente, não valem o quanto nós achamos que eles valiam. Enfim, esta é a nossa atual situação. O banco "A" foi o que caiu mais recentemente, mas talvez todos comecem a olhar para o banco "C" agora. E isso vai se refletir no preço das suas ações. Diante de uma situação como essa, as pessoas vão começar a vender as ações que possuem do banco "C". E, com isso, o preço das ações vai começar a cair. E ainda para complicar a situação, o empréstimo que o banco "F" fez para o banco "C" chega ao seu vencimento. E já que o preço das ações está muito baixo, ninguém vai emprestar dinheiro para o banco "C". Os credores provavelmente dirão: "você é como o banco "A", não vou te emprestar mais nada." Ninguém vai lhe oferecer nada, nem capital próprio, nem fundo soberano. As pessoas não vão comprar ações desse banco nem por 1 dólar, porque o seu preço agora tende a zero, já que o seu passivo é maior que o seu capital próprio. Então, ninguém vai querer salvá-lo. E aí, com isso, teremos essa cascata de eventos ruins, todos os bancos estão reticentes sobre emprestar dinheiro para outros bancos. E você, provavelmente, já leu que o "FED" injetou liquidez no sistema financeiro em meio à crise de 2008. O que o "FED" fez com isso foi pegar alguns ativos que o banco "C" possuía. O "FED" pegou alguns ativos como garantia, emprestou dinheiro ao banco. Já que essa era uma péssima garantia, o "FED" começou a ficar muito nervoso e emprestou para qualquer um, qualquer um que pudesse pegar dinheiro emprestado do "FED". Eu não sei se você se lembra, mas o "FED" aumentou isso. Normalmente, eles emprestam apenas para bancos comerciais, mas no começo da crise de crédito, na verdade, depois do colapso do Bear Stearns, o "FED" autorizou que bancos de crédito e pessoas físicas fizessem empréstimos diretamente no Banco Central. Normalmente, quando o Banco Central empresta dinheiro a alguém, essa pessoa guarda um pouco e empresta o resto para outra pessoa. Assim, o dinheiro volta a circular, isso permite que a oferta monetária atual aumente. Mas o que aconteceu durante a crise é que os bancos pegaram dinheiro emprestado usando os seus ativos como garantia e esperaram. Eles pensaram: "eu não sei quanto meus ativos realmente valem e não sei quais outros ativos podem entrar em colapso. É melhor ter algum dinheiro guardado para quando as minhas dívidas vencerem. Caso contrário, eu vou ser outro banco 'A'." Resumindo, as pessoas pegaram dinheiro emprestado, mas não emprestaram para terceiros. Com isso, esse dinheiro saiu de circulação, pois todos estão guardando o seu dinheiro. E qual é o problema com isso? Claramente, a falência de um banco pode levar à falência de outros, especialmente, se ninguém estiver disposto a ceder empréstimos. Diante de uma situação como esta, você deve estar pensando agora. O único problema são estes bancos falindo? Quem sabe o mundo não seja um lugar melhor sem eles, porque temos todas essas pessoas que, francamente, não estão fazendo nada. Bem, não foi bem isso que eu quis dizer, porque há uma finalidade para o setor de serviços financeiros. Mas, de algum modo, muito do que aconteceu nos últimos anos antes da crise, pelo menos nos 5 anos anteriores a 2008, é que os bancos não estavam criando valor, estavam apenas aumentando o risco do sistema. Mas vamos deixar isso aqui de lado por agora, ok? Enfim, no pior dos cenários, todos estes bancos vão falir, serão reestruturados e depois vão voltar à ativa. O único ponto negativo é que os acionistas perdem todo o seu dinheiro, mas sem risco não há retorno. Havia risco, e o risco era que a ação não valesse nada, mas os bancos em si vão voltar com o novo capital próprio. Ou seja, eles voltarão em alguns anos com novos donos. Diante deste cenário, talvez você possa pensar que está tudo bem, então. O problema é que todos estes bancos vão à falência e nem todos os empréstimos foram feitos para outros bancos, alguns destes empréstimos foram feitos para pessoas, para a economia real. Alguns empréstimos foram para empresas que fabricam tratores ou talvez para um agronegócio que precise de dinheiro para comprar sementes para a colheita do próximo ano. Estes empréstimos foram canalizados para a economia real. E se todos os bancos guardarem seu dinheiro, estes empréstimos não serão mais realizados. Com isso, essas empresas não vão conseguir fazer investimentos ou um empréstimo para comprar uma fábrica para fabricar um produto que está se saindo muito bem. Todos vão passar fome e vamos enfrentar uma recessão maciça, mesmo que haja melhores frentes para o capital, se você fornecesse um empréstimo essas pessoas poderiam usá-lo para agregar valor plantando sementes ou construindo uma fábrica. O problema é que estes empréstimos não estão mais disponíveis. Com isso, essas fábricas não serão construídas e as sementes não serão plantadas, fazendeiros vão demitir pessoas. E como você pode imaginar, vamos enfrentar um período ruim na economia. Em relação a isso, que Paulson e o banco central americano (FED) ficaram preocupados durante a crise. Algumas pessoas podem até dizer que eles estavam mais preocupados com os bancos do que com a economia e que eles apenas usaram a economia real com uma espécie de análise racional. Mas, afinal, o que eles queriam fazer? Eles falaram que o ponto crucial do problema eram estes 2 bilhões em CDOs. Se as pessoas soubessem o valor dessas CDOs, ou seja, se estes 2 bilhões que os bancos possuem pudessem ser transformados em 2 bilhões de dólares em dinheiro, isso não seria um problema, porque quando esses empréstimos vencessem, os bancos teriam um patrimônio líquido positivo, todos eles teriam um capital próprio positivo. E aí, toda esta reação em cadeia não aconteceria. Tendo isso em mente, quando este plano de resgate saísse e eles dissessem: "vamos criar esse fundo de 700 bilhões de dólares e comprar esses ativos tóxicos, podemos comprá-los com desconto e guardá-los até o vencimento e talvez até lucrar com eles." Bem, isso parece um bom plano, mas como resolver esta situação? Porque se você fosse ao banco comprar essas CDOs, você seria um idiota por pagar 2 bilhões por algo que o mercado pagaria apenas 100 mil. Sendo assim, por que você pagaria 2 bilhões de dólares? Estes 2 bilhões são baseados em suposições de 2006, quando os bancos imobiliários não estavam caindo e todos estavam pagando suas hipotecas, ou seja, de quando tudo estava bem. Foi isso que nos levou aos 2 bilhões de dólares. Enfim, mesmo assim, se você pagasse 2 bilhões de dólares por esse ativo, você salvaria o banco "C", mas estaria comprando algo que vale muito menos. E mesmo que você não vendesse até o vencimento, você não conseguiria vender por 2 bilhões de dólares. Quando eu li a proposta de resgate, eu disse que eles vão apenas remediar a situação, não vão resolvê-la. Por exemplo, vamos dizer que eles vão pagar 10% do valor, ou seja, 10% de 2 bilhões de dólares. Se o "FED" pagasse 200 milhões por essas CDOs, e talvez elas nem valessem 200 milhões, talvez o mercado apenas pagasse 100 milhões. Mas digamos que o "FED" intervenha e pague 200 milhões por elas. O banco teria que remarcar o valor das CDOs para 200 milhões, seria 1,8 bilhão mais barato. Algo que valia 2 bilhões de dólares, agora vale 200 milhões. E ao perder 1,8 bilhão, vamos ter aqui 800 milhões de dólares negativos de capital próprio, ou seja, 0,8 bilhão de dólares negativo de capital próprio. Com isso, você ainda estaria falido. Na verdade, isso apenas forçaria a questão. Se o Banco Central fosse comprar os ativos, mesmo que ele comprasse por um valor um pouco maior, ainda com desconto, isso forçaria o banco a diminuir o preço de seus ativos e talvez ele fique com capital próprio negativo. Ou seja, mesmo com esse resgate, toda a cadeia de eventos irá acontecer e foi isso que o "FED" disse. Então, ele disse: "não, nós não vamos comprar isso por um preço mais barato." Eu acho que as palavras exatas de Bernanke foram as seguintes: "não vamos comprar com desconto, vamos comprar e aguardar até o vencimento." Eu acredito que o que o "FED" fez foi pagar pelos ativos, dinheiro suficiente para que os bancos ainda tivessem um capital positivo, e assim poder pagar qualquer passivo que chegasse ao vencimento. Você pode até pensar que esta é uma boa ideia, mas eu te digo, esta ideia é horrível. Porque se estas CDOs valem 100 milhões de dólares e você está pagando 2 bilhões por isso, você está fazendo um cheque em nome do governo de 1,9 bilhão. Digamos que vale ainda menos ou talvez zero. Só para simplificar, temos uma situação onde os ativos não valem nada e o governo está pagando 2 bilhões de dólares por eles. O governo está fazendo um cheque de 2 bilhões de dólares para os acionistas dessa empresa. O capital real vale menos 1 bilhão de dólares, mas o governo está fazendo um cheque de 2 bilhões para que eles possam recuperar seus bilhões de dólares e beneficiar os proprietários de títulos. Porque se os ativos não valem nada, esses caras serão destruídos e poderão apenas resgatar uma parte desses 3 bilhões, estes passivos vão diminuir. As pessoas que tinham antes 4 bilhões, agora vão resgatar apenas 3 bilhões. Se o governo fosse pagar 2 bilhões por isso, pagaria 1 bilhão para os acionistas e 1 bilhão para os donos de títulos ou pessoas que emprestaram dinheiro para esse banco. E essas são as piores pessoas para se dar um cheque, porque eles emprestaram dinheiro que não precisava ter sido emprestado. São pessoas que se arriscaram, eles têm se beneficiado por anos e quando o risco chega, o governo garante o bem-estar do setor privado. Em meu ponto de vista, essa é a pior ideia. O governo diz que não quer compensar essas pessoas, mas alega que este é o modo de salvar a economia real, porque previne aquele desencadeamento de colapsos. Afinal, nós esperamos que esses bancos ainda emprestem dinheiro para o fazendeiro e para o cara que quer construir a fábrica. Aqui neste vídeo, eu vou ficar por aqui, mas em outro momento eu explico para você o motivo pelo qual talvez este não seja o caso. Se eles fizessem isso, mesmo discordando, mas funcionasse, valeria a pena. Eu vou mostrar para você que, provavelmente, isso não vai funcionar e que existem melhores maneiras de se fazer isso. Existe um modo muito mais justo de se fazer isso e que conversaremos em outro momento. Enfim, eu espero que você tenha compreendido tudo direitinho o que vimos aqui. E, mais uma vez, eu quero deixar para você um grande abraço, e até a próxima!