If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Instrumentos de política monetária

A política monetária consiste no uso da oferta de moeda para afetar as principais variáveis macroeconômicas, como o PIB real. Este vídeo foca em como um banco central pode usar operações de mercado aberto e depósitos compulsórios para implementar uma política monetária que feche hiatos do produto.

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.

Transcrição de vídeo

RKA3JV - Neste vídeo, vamos tratar da política monetária, que é a política adotada por um Banco Central para interferir na economia de alguma maneira. Isso costuma ser contrastado com a política fiscal, que é uma forma de um governo decidir onde e quando gastar ou em quanto tributar as transações econômicas, de modo a fazer os ajustes necessários e manter uma certa ordem. Mas para apresentar a política monetária, vamos discutir o modelo para o mercado monetário. Aqui no eixo horizontal, temos a quantidade de dinheiro que teria aqui este indicador M1, de "money", que representa o dinheiro em circulação no país e os depósitos à vista. E no eixo vertical, temos a taxa de juros nominal ou R1, de "rate". Pois bem. Consideremos neste modelo que a oferta de dinheiro é assim, perfeitamente inelástica, esta linha vertical aqui, que vamos denominar MS1, "MS" de "money supply", ou suprimento de dinheiro na economia. A gente sabe que não é bem assim que o mundo funciona, mas vai nos ajudar a entender o tema deste vídeo. Continuando, aqui temos a curva de demanda por dinheiro, "money demand", MD1. Com altas taxas de juro nominal, o custo de oportunidade de obter dinheiro é muito alto, as pessoas tendem a usá-lo menos. Conforme as taxas de juro nominal caem, o custo de oportunidade, ou pelo menos a percepção desse custo de oportunidade, também vai ficando menor. E aí, as pessoas vão querer ter mais dinheiro em caixa, aumenta a demanda por dinheiro, certo? Muito bem, neste ponto a oferta e a demanda se cruzam. Você se lembra, porque já vimos isso, certo? O ponto de equilíbrio. Aqui estaria, então, a nossa taxa de juros nominal de equilíbrio. Mas digamos que nós estamos neste ponto aqui, este seria o mundo em que vivemos e que estamos passando por uma recessão ou por um hiato de produto negativo, e que você é o Banco Central do país. E aí, o que você faria? Bom, talvez você começasse mais ou menos assim. Seria bom se as taxas de juro nominal fossem baixas, pois talvez as pessoas estivessem dispostas a pedir mais dinheiro e, então, elas usariam esse dinheiro para investir, e quanto mais investimentos houvesse, mais fácil seria reduzir esse hiato excessivo. Ok, seria bom reduzir as taxas de juros, mas o que você faria para reduzir essas taxas de juros? Bem, uma maneira seria aumentar a oferta de dinheiro. Se pudéssemos deslocar esta linha vertical para a direita de alguma forma, conseguiríamos colocar mais dinheiro no mercado. Beleza! E para deslocar essa linha, teríamos que colocar mais dinheiro no mercado, certo? A gente até entende isso, mas talvez não entenda muito bem como os bancos centrais colocam esse dinheiro em circulação. Como um Banco Central aumenta efetivamente a oferta de dinheiro na economia? Olha, há algumas ferramentas à disposição, uma dessas ferramentas são as operações de mercado aberto, esta costuma ser uma das ferramentas mais utilizadas pelos bancos centrais quando querem aumentar a disponibilidade de dinheiro no mercado. E funciona assim, digamos que eu tenho este título, que nada mais é do que um empréstimo que eu fiz a uma entidade qualquer e que tem especificado uma promessa do tipo "obrigado por ter me emprestado o seu dinheiro, vou te pagar com juros em algum momento do futuro." Agora, digamos que essa entidade seja um governo, o governo dos Estados Unidos, por exemplo. Então, o que o "Federal Reserve", que é o Banco Central dos Estados Unidos, faz? Ele pode falar assim: "Olha só, eu quero aumentar a oferta de dinheiro, não quero? Então, eu vou entrar no mercado para comprar títulos". Mas eu tenho um título que o Federal Reserve quer comprar. E o Federal Reserve é o Banco Central dos Estados Unidos. Assim, eu posso vender o meu título para o Federal Reserve, porque eu entendo que vender é uma forma garantida de receber pelo título vendido. E o Federal Reserve me paga com o dinheiro que ele mesmo emitiu e que ele coloca em circulação. Quando eu falo de colocar dinheiro em circulação, eu não estou falando necessariamente de notas impressas. Hoje, e cada vez mais, o dinheiro é digital. A ideia funcional, no entanto, é a mesma e compõe, de um jeito ou de outro, a base monetária de uma nação. Nós até já tratamos disso em outros vídeos. Você tem aí uma espécie de multiplicador de dinheiro. Coloca o dinheiro no banco, o banco empresta uma proporção desse dinheiro, tomando o cuidado de manter um fundo de reserva. Quem pegou o dinheiro emprestado deposita esse dinheiro em outro banco, que reserva uma parte e empresta a outra para outra pessoa que deposita em outro banco, etc. Digamos que o Banco Central comprou o meu título por mil dólares, e digamos que a reserva obrigatória atual dos bancos é de 12,5%. Bem, o efeito sobre a oferta de dinheiro aqui não será de mil dólares, em vez disso moveríamos mil dólares vezes o multiplicador de dinheiro. E qual é esse multiplicador? Bom, a taxa de reserva é 12,5%, certo? Então, o multiplicador vai ser 1 sobre 12,5%. 1 sobre 0,125 e isso dá 8. O multiplicador nesta situação é 8. 1.000 vezes 8, 8 mil. Veja só, ao colocar dinheiro em circulação para comprar aquele meu título de mil dólares, o Banco Central aumentou a oferta monetária em 8 mil. Obviamente, 8 mil não vai ser grande coisa para uma economia como a dos Estados Unidos, mas imagine se isso fosse 100 bilhões. Isso representaria um aumento na oferta monetária de 800 bilhões. E o que ia acontecer com esta curva? Ela se moveria, claro. Digamos que ela se moveria para cá, pronto, esta é a curva de oferta de dinheiro 2, certo? E qual é a taxa de juros de equilíbrio agora? Ela cai, não cai? A taxa de juros de equilíbrio está aqui agora, R2. Isto ajudaria muito a alcançar o objetivo do Banco Central. Agora que as taxas de juros caíram, o que vai acontecer? Espera-se que as pessoas peçam mais dinheiro emprestado, que consumam mais, invistam mais, e que isso acabe com este hiato negativo do produto. Da mesma maneira, essa ferramenta funciona para o outro lado. Imagine que o país está, não em uma recessão, mas em um hiato inflacionário do produto, a economia está superaquecendo de alguma forma e o Banco Central precisa esfriar as coisas. Como começaria esta história? Eles diriam alguma coisa, mais ou menos, assim: "Muito bem, se as taxas de juros fossem um pouquinho mais altas, o consumo e os investimentos também seriam mais baixos." E o que eles fariam? Ao invés de injetar dinheiro na economia comprando títulos, eles poderiam vender os títulos que têm e tirar dinheiro do sistema, reduziriam a oferta de dinheiro. E isso aumentaria, consequentemente, as taxas de juros. Mas eu falei que havia algumas ferramentas e por enquanto eu só tratei de uma, certo? Outra forma de mudar a oferta de dinheiro para a esquerda ou para direita, aumentando ou diminuindo as taxas de juros e a quantidade de dinheiro no mercado, é mudando a exigência de reserva real. Isso é feito com menos frequência que as operações de mercado aberto, mas também é um jeito de controlar a política monetária e costuma provocar o mesmo efeito. Se, por exemplo, o Banco Central alterasse a reserva obrigatória de 12,5% para 10%, o que aconteceria com o multiplicador de dinheiro? É só calcular aqui. Em vez de 1 sobre 0,125, teríamos 1 sobre 0,1 que é igual a 10. Em vez de multiplicar por 8, agora o país teria um multiplicador de 10. E isso, obviamente, aumentaria bastante a oferta de dinheiro. Agora, outra ferramenta que é normalmente associada com a política monetária é a definição de uma taxa de desconto. O Federal Reserve não usa a taxa de desconto em situações que poderiam afetar a segurança financeira dos Estados Unidos, é um mecanismo de segurança. Se um banco está ficando sem reservas, por exemplo, e esse banco tem um compromisso com as pessoas que colocaram seu dinheiro ali, ele pode recorrer diretamente ao Federal Reserve e pedir dinheiro emprestado. E o "Fed" pode definir uma taxa de desconto para fazer esse empréstimo, mas só em emergências. Quando você ouvir alguma coisa sobre o Federal Reserve estar definindo novas taxas, eles estarão falando sobre taxas de fundos federais. Essa é a taxa pela qual os bancos emprestam reservas um para o outro durante a noite. Os bancos vão emprestar um para o outro, sai daqui entra ali. Mas o que o Banco Central, o Federal Reserve vai fazer é definir uma meta de juros federais. Eles terão como alvo uma taxa de de fundos federais e, normalmente, vão usar operações de mercado aberto para tornar essa meta uma realidade. Agora, a última coisa que eu quero que você faça, nesta aula sobre política monetária e as estratégias adotadas para aumentar ou diminuir a oferta de dinheiro ou as taxas de juros nominais, é pensar sobre a rapidez com que essas coisas podem acontecer, e a rapidez com que seus efeitos podem ser percebidos. Muitas vezes há um atraso nessa equação, pode demorar um pouco para o Banco Central perceber que o país entrou em uma situação inflacionária e que será preciso diminuir a oferta de dinheiro. Ou, ao contrário, pode ser que eles não percebam de imediato que o país começou a entrar em recessão, então os bancos centrais podem demorar um pouco para agir. E mesmo depois que agirem, os impactos do sistema também não vão acontecer de uma hora para a outra, os efeitos levam algum tempo para serem notados. Vai demorar até que as taxas de juro caiam efetivamente e mesmo depois que elas caírem, vai demorar um pouco até que as pessoas percebam que é um bom momento para pegar dinheiro emprestado e para que tudo isso gere realmente impactos na economia. Muito bem, eu espero que você tenha gostado desta aula. A gente se encontra por aí! Até mais!