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Curso: Microeconomia > Unidade 1
Lição 1: Introdução à EconomiaModelos econômicos
Modelos econômicos são uma maneira de pegar ideias e eventos complicados e decompô-los em suas características mais importantes. Em Economia, usamos modelos para concentrar nossa atenção em algumas coisas, em vez de nos prendermos a muitos detalhes. Neste vídeo, saiba mais sobre o papel que os modelos desempenham na economia e sobre a importância dos pressupostos que fundamentam esses modelos.
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- mas nem sempre os modelos ajudam né ?(4 votos)
- "Em5:31, como a Lua consegue tapar o Sol? O Sol não é bem maior que a Lua?(1 voto)
- Depende da inclinação da terra, lua e sol, lembrando que a terra orbita em elipse e não em circulo.(0 votos)
Transcrição de vídeo
RKA8JV - Olá, tudo bem? Quando a gente pensa em economia, em tudo que ela representa, a gente pode até ficar um pouco assustado, porque economia envolve muito aspectos. A economia consiste em milhões, até bilhões de atores organizados
de uma forma muito complexa. É literalmente um mundo real
de complexidades. Envolve organizações, envolve pessoas que já são
complexas por natureza. Às vezes nem a gente mesmo sabe
o que vai fazer daqui a pouco, como é que uma ciência se propõe estudar
o pensamento humano de bilhões de pessoas pelo planeta? Então, para estudar economia, foi preciso pegar emprestado
de outras ciências algumas metodologias. Essas metodologias ajudam
a organizar a complexidade, nos mostram caminhos, permitem entender como essa
complexidade se desenvolve. Química por exemplo, entender os fenômenos químicos
exige muito cuidado, atenção. Pense em um recipiente fechado
cheio de gás. A gente estuda gases em química,
não é mesmo? Então, imagine como se comportam
as moléculas desse gás dentro desse recipiente fechado. Sei lá. Gente, são trilhões e trilhões
de moléculas, como é que você vai prever
o comportamento dessas moléculas dentro de um recipiente? Isso é complexo, não é? Então, o que é que se faz? A gente simplifica esse pensamento, trás o geral, totalmente complexo, para o particular, menos complexo. Então, no caso dos gases por exemplo, a química consegue simplificar
a complexidade do comportamento daqueles trilhões de moléculas
dentro de um recipiente fechado particularizando esse comportamento
para uma molécula. Isso não é uma fórmula que você
pode até conhecer ou não, mas que explica o que acontece
individualmente com cada molécula do gás dentro do recipiente. Olhe a fórmula aqui. A pressão do gás vezes seu volume é igual ao número de mol do gás
vezes a constante universal dos gases, que equivale a 0,082 atmosferas, vezes a temperatura do gás
na escala Kelvin. Só de imaginar tudo isso acontecendo
dentro do recipiente já me deu medo! Mas a química que encontrou
nesta fórmula uma maneira de explicar
a complexidade dos gases, ou seja, simplificou o que parecia
demasiadamente complexo, entendendo como as moléculas se comportam
de modo individual. Esta é a beleza, simplificar o que parece ininteligível por meio de um modelo
que permite a compreensão. Às vezes, isso não se dá
por meio de uma equação, pode ser de repente por meio
de um organismo mais simples, na biologia por exemplo. O ser humano é altamente complexo. Entender ou estudar o ser humano
envolve muitas questões, éticas e morais inclusive. Pense no estudo de uma doença,
por exemplo. Um estudo que avalie
a eficácia de um remédio. Até que esse remédio esteja aprovado, até que a sua eficácia
tenha sido comprovada, que se saiba que o uso do remédio não traz mais danos
à saúde que benefícios, você não pode prescrever
isso para as pessoas. Mas como é que você vai
avaliar os riscos, então? Aí, você precisa pensar
em modelos que te ajudem a ajudar essa pessoa
que precisa desse remédio. Para isso, os biólogos também
se valem de modelos, modelos simplificados. Por exemplo, pode-se estudar
as células humanas, que são uma a simplificação
de todo organismo. Pode-se estudar aquelas
moscas das frutas, sabe, elas são muito utilizadas
em experimentos genéticos. Pode-se até tornar um pouco
mais complexo esse estudo, observando organismos maiores, como por exemplo camundongos. Camundongos, você sabe, eles representam um organismo complexo. Mesmo assim, menos complexo
do que o ser humano. Segundo a nossa ética moderna, utilizar um camundongo
para pesquisas científicas que ajudem os seres humanos
a terem uma saúde melhor é uma alternativa bastante razoável. Portanto, eu posso me valer
desse tipo de estudo, ou seja, de um estudo de
um organismo menos complexo para solucionar questões relacionadas a um organismo
de muito maior complexidade, como seres humanos. Tudo isso são modelos. Eu avalio o que acontece com
os organismos menos complexos, e a partir do momento em que eu conheço os efeitos de uma determinada
droga por exemplo, nesse organismo, eu posso inferir que os efeitos
dessa droga se replicarão, se repetirão em organismos
mais complexos. Pois então, na economia
é a mesma coisa. Os economista se valem
de modelos para explicar a complexidade do ambiente. Para isso, eles fazem suposições. Suponha por exemplo que
as pessoas são racionais. Muitas vezes eu não sou racional, você não é racional, o ser humano de modo geral, não é totalmente racional, mas para um bom modelo econômico é importante que se considere
em cenários ideais. Outra suposição. As pessoas, para economia, devem ter
sempre a mesma informação ter um conhecimento perfeito do ambiente, do fatos, dos acontecimentos. Ora, ora, ora, sabemos que em uma situação real isso é praticamente impossível, estamos falando de um ambiente
de alta complexidade. Mas serão essas simplificações
que permitirão aos economistas criar modelos que expliquem o todo. É por meio de simplificações
que se criam equações, que se criam gráficos. Temos vários modelos neste início
de nosso trabalho econômico, veremos coisas como o limite
de probabilidade de produção, e consideraremos que as variáveis
envolvidas na solução do problema serão ideais, que não existirão
diferenças gritantes, que as condições serão perfeitas. Usamos o termo "ceteris paribus" para explicar isso, "ceteris paribus" é um conceito. O termo vem do latim e usamos para determinar
que todas as variáveis capazes de influenciar um problema
serão mantidas constantes, a fim de que o modelo possa
ser estudado em detalhes. No mundo real, as coisas são diferentes, mas no momento em que
simplificamos a complexidade e a transformamos em um modelo, teremos que fazer suposições. A mesma coisa com o equilíbrio
dos preços por exemplo, com estudo da oferta e da demanda. Ora, no mundo real isso
é realmente complicado, mas em um modelo fica fácil perceber de que maneira as relações entre
compradores e vendedores se estabelecem. Portanto, modelos econômicos
são uma maravilha para explicar esta
ciência tão abrangente. Agora, cuidado hein. Não é porque os modelos existem que eles são sagrados. Se não soubermos usar, eles podem ser até bastante perigosos. Só porque o modelo diz tal coisa, não quer dizer que sempre
a tal coisa vai acontecer. Lembre-se, modelos são simplificações de um todo complexo e dinâmico. Os Nobel de economia
não são Nobel de economia porque encontraram o modelo
e se deitaram nos louros da conquista. Na verdade, se tornaram Nobel
da economia porque continuaram investigando e construindo novos modelos
a partir de modelos anteriores, a partir de experiências passadas, sempre com foco no presente e no futuro. Outro cuidado que devemos
ter com nossos estudos é o de que da mesma forma
como a química por exemplo, um modelo econômico quase nunca será facilmente testado
em um ambiente complexo. Leva tempo, exige esforço. Na biologia também. Até que um medicamento tenha
sido aprovado para uso em humanos, quantos anos terão se passado? Quantos experimentos
terão sido feitos? Quantos camundongos
terão servido de cobaias? E mesmo depois de testar
o tal medicamento em cobaias, será preciso avaliar todas as variáveis que podem estar envolvidas na aplicação
desse medicamento em pessoas. É igualzinho na economia. Um modelo é um modelo, explica determinado
ambiente mas não todos. Não há como testar um mesmo modelo
em todas as economias do mundo. O que se supõe é que as
observações deste modelo que representam muito bem
a complexidade desta economia, sejam adequados para explicar
as demais economias do planeta. Por isso, para taxar de
absolutamente certo o modelo, é preciso tempo, são necessários testes. O que torna tudo ainda
mais complicado nessa história é que um modelo químico
envolve questões químicas, já o modelo econômico, envolve gente. Economia é uma ciência social, e se a gente não sabe nem
o que se passa no nosso cérebro, definir como absolutamente
certo um modelo econômico que tenta explicar o que se passa
pelo cérebro de milhões de pessoas, é antes de um equívoco, uma ingenuidade muito grande
da nossa parte. Mas não desanime, a ciência é assim mesmo, e é isso que a torna tão encantadora. O que sabemos hoje sempre será útil para o que
aprenderemos amanhã, mesmo que amanhã aprendamos que o que sabíamos
hoje estava errado. Pois bem, quero que você
fique com estas reflexões e espero que tenha se animado
para estudar economia. Um forte abraço,
e até mais!