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Modelos econômicos

Modelos econômicos são uma maneira de pegar ideias e eventos complicados e decompô-los em suas características mais importantes. Em Economia, usamos modelos para concentrar nossa atenção em algumas coisas, em vez de nos prendermos a muitos detalhes. Neste vídeo, saiba mais sobre o papel que os modelos desempenham na economia e sobre a importância dos pressupostos que fundamentam esses modelos.

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Transcrição de vídeo

RKA8JV - Olá, tudo bem? Quando a gente pensa em economia, em tudo que ela representa, a gente pode até ficar um pouco assustado, porque economia envolve muito aspectos. A economia consiste em milhões, até bilhões de atores organizados de uma forma muito complexa. É literalmente um mundo real de complexidades. Envolve organizações, envolve pessoas que já são complexas por natureza. Às vezes nem a gente mesmo sabe o que vai fazer daqui a pouco, como é que uma ciência se propõe estudar o pensamento humano de bilhões de pessoas pelo planeta? Então, para estudar economia, foi preciso pegar emprestado de outras ciências algumas metodologias. Essas metodologias ajudam a organizar a complexidade, nos mostram caminhos, permitem entender como essa complexidade se desenvolve. Química por exemplo, entender os fenômenos químicos exige muito cuidado, atenção. Pense em um recipiente fechado cheio de gás. A gente estuda gases em química, não é mesmo? Então, imagine como se comportam as moléculas desse gás dentro desse recipiente fechado. Sei lá. Gente, são trilhões e trilhões de moléculas, como é que você vai prever o comportamento dessas moléculas dentro de um recipiente? Isso é complexo, não é? Então, o que é que se faz? A gente simplifica esse pensamento, trás o geral, totalmente complexo, para o particular, menos complexo. Então, no caso dos gases por exemplo, a química consegue simplificar a complexidade do comportamento daqueles trilhões de moléculas dentro de um recipiente fechado particularizando esse comportamento para uma molécula. Isso não é uma fórmula que você pode até conhecer ou não, mas que explica o que acontece individualmente com cada molécula do gás dentro do recipiente. Olhe a fórmula aqui. A pressão do gás vezes seu volume é igual ao número de mol do gás vezes a constante universal dos gases, que equivale a 0,082 atmosferas, vezes a temperatura do gás na escala Kelvin. Só de imaginar tudo isso acontecendo dentro do recipiente já me deu medo! Mas a química que encontrou nesta fórmula uma maneira de explicar a complexidade dos gases, ou seja, simplificou o que parecia demasiadamente complexo, entendendo como as moléculas se comportam de modo individual. Esta é a beleza, simplificar o que parece ininteligível por meio de um modelo que permite a compreensão. Às vezes, isso não se dá por meio de uma equação, pode ser de repente por meio de um organismo mais simples, na biologia por exemplo. O ser humano é altamente complexo. Entender ou estudar o ser humano envolve muitas questões, éticas e morais inclusive. Pense no estudo de uma doença, por exemplo. Um estudo que avalie a eficácia de um remédio. Até que esse remédio esteja aprovado, até que a sua eficácia tenha sido comprovada, que se saiba que o uso do remédio não traz mais danos à saúde que benefícios, você não pode prescrever isso para as pessoas. Mas como é que você vai avaliar os riscos, então? Aí, você precisa pensar em modelos que te ajudem a ajudar essa pessoa que precisa desse remédio. Para isso, os biólogos também se valem de modelos, modelos simplificados. Por exemplo, pode-se estudar as células humanas, que são uma a simplificação de todo organismo. Pode-se estudar aquelas moscas das frutas, sabe, elas são muito utilizadas em experimentos genéticos. Pode-se até tornar um pouco mais complexo esse estudo, observando organismos maiores, como por exemplo camundongos. Camundongos, você sabe, eles representam um organismo complexo. Mesmo assim, menos complexo do que o ser humano. Segundo a nossa ética moderna, utilizar um camundongo para pesquisas científicas que ajudem os seres humanos a terem uma saúde melhor é uma alternativa bastante razoável. Portanto, eu posso me valer desse tipo de estudo, ou seja, de um estudo de um organismo menos complexo para solucionar questões relacionadas a um organismo de muito maior complexidade, como seres humanos. Tudo isso são modelos. Eu avalio o que acontece com os organismos menos complexos, e a partir do momento em que eu conheço os efeitos de uma determinada droga por exemplo, nesse organismo, eu posso inferir que os efeitos dessa droga se replicarão, se repetirão em organismos mais complexos. Pois então, na economia é a mesma coisa. Os economista se valem de modelos para explicar a complexidade do ambiente. Para isso, eles fazem suposições. Suponha por exemplo que as pessoas são racionais. Muitas vezes eu não sou racional, você não é racional, o ser humano de modo geral, não é totalmente racional, mas para um bom modelo econômico é importante que se considere em cenários ideais. Outra suposição. As pessoas, para economia, devem ter sempre a mesma informação ter um conhecimento perfeito do ambiente, do fatos, dos acontecimentos. Ora, ora, ora, sabemos que em uma situação real isso é praticamente impossível, estamos falando de um ambiente de alta complexidade. Mas serão essas simplificações que permitirão aos economistas criar modelos que expliquem o todo. É por meio de simplificações que se criam equações, que se criam gráficos. Temos vários modelos neste início de nosso trabalho econômico, veremos coisas como o limite de probabilidade de produção, e consideraremos que as variáveis envolvidas na solução do problema serão ideais, que não existirão diferenças gritantes, que as condições serão perfeitas. Usamos o termo "ceteris paribus" para explicar isso, "ceteris paribus" é um conceito. O termo vem do latim e usamos para determinar que todas as variáveis capazes de influenciar um problema serão mantidas constantes, a fim de que o modelo possa ser estudado em detalhes. No mundo real, as coisas são diferentes, mas no momento em que simplificamos a complexidade e a transformamos em um modelo, teremos que fazer suposições. A mesma coisa com o equilíbrio dos preços por exemplo, com estudo da oferta e da demanda. Ora, no mundo real isso é realmente complicado, mas em um modelo fica fácil perceber de que maneira as relações entre compradores e vendedores se estabelecem. Portanto, modelos econômicos são uma maravilha para explicar esta ciência tão abrangente. Agora, cuidado hein. Não é porque os modelos existem que eles são sagrados. Se não soubermos usar, eles podem ser até bastante perigosos. Só porque o modelo diz tal coisa, não quer dizer que sempre a tal coisa vai acontecer. Lembre-se, modelos são simplificações de um todo complexo e dinâmico. Os Nobel de economia não são Nobel de economia porque encontraram o modelo e se deitaram nos louros da conquista. Na verdade, se tornaram Nobel da economia porque continuaram investigando e construindo novos modelos a partir de modelos anteriores, a partir de experiências passadas, sempre com foco no presente e no futuro. Outro cuidado que devemos ter com nossos estudos é o de que da mesma forma como a química por exemplo, um modelo econômico quase nunca será facilmente testado em um ambiente complexo. Leva tempo, exige esforço. Na biologia também. Até que um medicamento tenha sido aprovado para uso em humanos, quantos anos terão se passado? Quantos experimentos terão sido feitos? Quantos camundongos terão servido de cobaias? E mesmo depois de testar o tal medicamento em cobaias, será preciso avaliar todas as variáveis que podem estar envolvidas na aplicação desse medicamento em pessoas. É igualzinho na economia. Um modelo é um modelo, explica determinado ambiente mas não todos. Não há como testar um mesmo modelo em todas as economias do mundo. O que se supõe é que as observações deste modelo que representam muito bem a complexidade desta economia, sejam adequados para explicar as demais economias do planeta. Por isso, para taxar de absolutamente certo o modelo, é preciso tempo, são necessários testes. O que torna tudo ainda mais complicado nessa história é que um modelo químico envolve questões químicas, já o modelo econômico, envolve gente. Economia é uma ciência social, e se a gente não sabe nem o que se passa no nosso cérebro, definir como absolutamente certo um modelo econômico que tenta explicar o que se passa pelo cérebro de milhões de pessoas, é antes de um equívoco, uma ingenuidade muito grande da nossa parte. Mas não desanime, a ciência é assim mesmo, e é isso que a torna tão encantadora. O que sabemos hoje sempre será útil para o que aprenderemos amanhã, mesmo que amanhã aprendamos que o que sabíamos hoje estava errado. Pois bem, quero que você fique com estas reflexões e espero que tenha se animado para estudar economia. Um forte abraço, e até mais!