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Reconstruções arqueológicas

por Sebastian Hageneuer, M.A.
As reconstruções de sítios ou achados antigos podem nos ajudar a entender o passado distante. Para não-acadêmicos, as reconstruções oferecem um vislumbre daquele passado, uma espécie de acumulação visual da investigação científica comunicada por meio de imagens, modelos ou mesmo realidade virtual. Vemos reconstruções em filmes, museus e revistas para ilustrar as estórias por trás dos fatos históricos ou arqueológicos. Para arqueólogos como eu, no entanto, as reconstruções são também um instrumento importante para responder a questões não resolvidas e até mesmo levantar novas questões. Um campo onde isto é particularmente verdadeiro é a reconstrução da arquitetura antiga.

As primeiras reconstruções

Pelo menos desde os tempos medievais, os artistas criam reconstruções visuais extraídas dos relatos de viajantes ou da Bíblia. Exemplos disso incluem o sítio de Stonehenge ou a Torre de Babel. Desde o início da arqueologia como ciência na metade do século XIX, foram feitas reconstruções científicas com base em dados reais. Naturalmente, as visualizações iniciais eram mais conjecturais do que as mais recentes, devido à falta de dados comparáveis naquele tempo (por exemplo, a imagem abaixo).
Desenho da reconstrução de Nimrud, o sítio de um antigo palácio assírio, por James Fergusson para Sir Henry Layard, publicado em 1853. As colunas retratadas aqui nunca foram encontradas. A reconstrução é claramente influenciada pelo que era conhecido na época sobre arquitetura Greco-Romana e pela "Queda de Nínive", pintura de John Martin (1829).
Desenho da reconstrução de Nimrud, o sítio de um antigo palácio assírio, por James Fergusson para Sir Henry Layard, publicado em 1853. As colunas retratadas aqui nunca foram encontradas. A reconstrução é claramente influenciada pelo que era conhecido na época sobre arquitetura Greco-Romana e pela "Queda de Nínive", pintura de John Martin (1829).

Os três componentes essenciais das reconstruções.

Desde o final do século XIX, desenhos de reconstrução evoluíram para serem menos conjecturais e cada vez mais baseados em dados arqueológicos reais, na medida em que estes se tornaram disponíveis devido ao aumento das escavações. Hoje podemos não apenas olhar as reconstruções, podemos experimentá-las—como modelos físicos em tamanho real ou como simulações virtuais envolventes. Mas como criá-las? Como elas são feitas? Cada reconstrução é composta basicamente de três componentes essenciais: Fontes Primárias, Fontes Secundárias e Suposições.
O primeiro passo para uma boa visualização é tomar consciência dos dados arqueológicos, das ruínas escavadas—absolutamente tudo que tenha sobrevivido. Este dados são as chamadas Fontes Primárias—esta é a parte da reconstrução de que temos mais certeza. Às vezes temos muita coisa que sobreviveu, e às vezes só temos o traçado básico de uma planta baixa (abaixo).
Ruínas do Prédio C em Uruk. Apenas um par de fileiras de tijolos de barro sobreviveram para oferecer uma planta baixa básica. O edifício data do 4º milênio a.C. © Instituto Arqueológico Alemão, Instituto Oriental, 10767 W, todos os direitos reservados.
Ruínas do Prédio C em Uruk. Apenas um par de fileiras de tijolos de barro sobreviveram para oferecer uma planta baixa básica. O edifício data do 4º milênio a.C. © Instituto Arqueológico Alemão, Instituto Oriental, 10767 W, todos os direitos reservados.
Mesmo quando as Fontes Primárias são utilizadas, muitas vezes temos que preencher as lacunas com Fontes Secundárias. Essas fontes são compostas de paralelos arquitetônicos, imagens e descrições antigas, ou dados etno-arqueológicos. Assim, por exemplo no caso do Prédio C em Uruk (acima), sabemos através de Fontes Primárias que esse edifício foi feito de tijolos de barro (pelo menos as duas primeiras fileiras). Então temos de olhar para outros edifícios da época para descobrir como eles foram construídos. No exemplo acima, o layout da planta-baixa nos mostra que esse edifício era tripartido — um traçado bem conhecido desse e de outros sítios. Também olhamos para a arquitetura contemporânea para entender como funciona a arquitetura de tijolos de barro e descobrir o que podem significar certos detalhes arquitetônicos. Infelizmente, não temos nenhuma imagem ou evidência textual que possa nos ajudar com este exemplo. Paralelos de tempos posteriores no entanto nos mostram que os espaços incomuns nas salas sugerem uma função importante.
Depois de utilizar todas as fontes primárias e secundárias, ainda precisamos preencher as lacunas. A terceira parte de cada reconstrução é simples Conjectura. Obviamente temos de limitar essa parte tanto quanto possível, mas há sempre alguma conjectura envolvida—não importa o quanto nós pesquisamos nosso prédio. Por exemplo, é bastante difícil decidir quão alto o prédio C foi mais de 5000 anos atrás. Temos, portanto, que dar um palpite baseado, por exemplo, do comprimento estimado e a inclinação das escadas dentro do edifício. Se tivermos sorte, podemos usar algumas fontes primárias ou secundárias para isso também, mas mesmo assim, no final, temos de tomar uma decisão subjetiva.
Reconstrução técnica do prédio C em Uruk. A parte sudoeste do edifício é artificialmente cortada para que possamos ver o interior (por exemplo, a escadaria). © artefacts-berlin.de; Material: Instituto Arqueológico Alemão
Reconstrução técnica do prédio C em Uruk. A parte sudoeste do edifício é artificialmente cortada para que possamos ver o interior (por exemplo, a escadaria). © artefacts-berlin.de; Material: Instituto Arqueológico Alemão

Reconstruções como uma ferramenta acadêmica

Além de criar estas reconstruções para exibi-las em exposições, os modelos arquitetônicos também podem ajudar nas Investigações arqueológicas. Se construirmos uma arquitetura antiga usando o computador, não só precisamos decidir sobre todos os aspectos do prédio em particular, mas também a relação com a arquitetura adjacente. Às vezes o processo de reconstrução de vários prédios e a reflexão sobre sua interdependência pode revelar conexões interessantes, por exemplo a questão complicada do descarte da água do telhado.
Estes são apenas exemplos aleatórios, mas claramente o processo de reconstrução arquitetônica é complexo. Nós, como os criadores, precisamos ter a certeza de que o observador entende os problemas e as incertezas de uma reconstrução particular. É essencial que o espectador entenda que essas imagens não são 100% factuais. Como o arqueólogo Simon James colocou: "Cada reconstrução é errada. A verdadeira pergunta é, quão errada ela é?"
por Sebastian Hageneuer, M.A.

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