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Vaso de Warka

Dra. Senta German
Vaso Warka (Uruk), Uruk, período Tardio de Uruk, c. 3500-3000 a.C., 105 cm de altura (Museu Nacional do Iraque)
Vaso Warka (Uruk), Uruk, período Tardio de Uruk, c. 3500-3000 a.C. 105 cm de altura (Museu Nacional do Iraque)

Retratando o soberano

Tantas inovações e invenções importantes emergiram no Antigo Oriente Próximo durante o período Uruk (cerca de 4000 a 3000 a.C. e assim denominado em homenagem à cidade suméria de Uruk). Uma delas foi o uso da arte para ilustrar o papel do governante e seu lugar na sociedade. O Vaso Warka, de cerca de 3000 a.C., foi descoberto em Uruk (Warka é o nome moderno, Uruk, o nome antigo) e é provavelmente o exemplo mais famoso dessa inovação. Em sua decoração, encontramos um exemplo da
da antiga Mesopotâmia.
Locais antigos do Oriente Próximo (com as fronteiras dos países modernos e as capitais modernas)
Locais antigos do Oriente Próximo (com as fronteiras dos países modernos e as capitais modernas)
O vaso, feito de alabastro e com mais de três pés de altura (praticamente um metro) e pesando em torno de 600 libras (cerca de 270 quilos), foi descoberto em 1934 por
trabalhando em Uruk em um jazigo (um sepultamento realizado como parte de um ritual) no templo de Inanna, a deusa do amor, fertilidade e guerra, e a principal padroeira da cidade de Uruk. Era um dos dois vasos encontrados no complexo do templo de Inanna (mas o único em que a imagem ainda era legível) junto com outros objetos valiosos.
Faixas inferiores (detalhe), Vaso Warka (Uruk), Uruk, período Tardio de Uruk, c. 3500-3000 a.C. (Museu Nacional do Iraque), foto: Hirmer Verlag
Faixas inferiores (detalhe), Vaso Warka (Uruk), Uruk, Período Uruk Tardio, c. 3500-3000 a.C. (Museu Nacional do Iraque), foto: Hirmer Verlag
Dado o tamanho significativo do Vaso Warka, onde ele foi encontrado, o material precioso do qual foi esculpido e a complexidade de sua decoração em relevo, ele tinha claramente uma importância monumental, algo para ser admirado e valorizado. Embora conhecido desde a sua escavação como o "Vaso" Warka, esse termo pouco faz para expressar a sacralidade desse objeto para as pessoas que viveram em Uruk cinco mil anos atrás.
As esculturas em relevo no exterior do vaso correm ao redor de sua circunferência em quatro faixas paralelas (ou inacrições, como os historiadores da arte gostam de chamá-las) e crescem em complexidade de baixo para cima.
Começando pela base, vemos um par de linhas onduladas das quais crescem nitidamente plantas alternadas que parecem ser grãos (provavelmente cevada) e juncos, as duas colheitas agrícolas mais importantes dos rios Tigre e Eufrates, no sul da Mesopotâmia. Há um ritmo agradável para esta alternância, e que é refletido no ritmo dos carneiros e ovelhas (machos e fêmeas) que se alternam na faixa acima desta. Eles marcham para a direita em formação rígida, como se estivessem sendo conduzidos - o método se cuidar desses animais domésticos importantes na economia agrária no período de Uruk.
A faixa acima dos carneiros está em branco e pode ter apresentado uma decoração pintada que desapareceu. Acima dessa faixa em branco, um grupo de nove homens idênticos marcha para a esquerda. Cada um segura um vaso na frente do seu rosto que parece conter os produtos do sistema agrícola da Mesopotâmia: frutas, grãos, vinho e hidromel. Os homens estão nus e são musculosos e, como as ovelhas abaixo deles, são agrupados de forma compacta e uniforme, criando um senso de atividade rítmica. Figuras nuas na arte do Antigo Oriente Próximo devem ser entendidas como humildes e de baixo status, então podemos assumir que esses homens são servos ou escravos (a faixa acima mostra os donos de escravos).
Figura, inscrição superior, Vaso Warka (Uruk) (reconstruindo algumas áreas perdidas), por Jo Wood, segundo M. Roaf, de Sem Deixar Pedra Sobre Pedra: Ensaios sobre o Antigo Oriente Próximo e Egito em Homenagem a Donald P. Hansen (Eisenbrauns, 2001), p. 17.
Figura, inscrição superior, Vaso Warka (Uruk) (reconstruindo algumas áreas perdidas), por Jo Wood, segundo M. Roaf, de Sem Deixar Pedra Sobre Pedra: Ensaios sobre o Antigo Oriente Próximo e Egito em Homenagem a Donald P. Hansen (Eisenbrauns, 2001), p. 17.
A faixa superior do vaso é a maior, mais complexa e menos clara. Ela sofreu algum dano mas ainda resta bastante para que a cena possa ser compreendida. O centro da cena parece representar um homem e uma mulher que se encaram. Um homem menor nu se encontra entre os dois segurando um recipiente do que parecem ser produtos agrícolas que ele oferece à mulher. A mulher, identificada como tal por seu manto e cabelos compridos, a certa altura tinha uma detalhada coroa em sua cabeça (esta peça foi arrancada e consertada na antiguidade).
Atrás dela há dois feixes de junco, símbolos da deusa Inanna, que, supõe-se, a mulher representa. O homem que ela encara está quase completamente quebrado e ficamos apenas com a parte inferior de sue longo traje. No entanto, homens com túnicas semelhantes são frequentemente encontrados em gravuras em pedras daquele tempo, e com base neles, podemos reconstruí-lo como um rei com uma saia longa, uma barba e uma fita para a cabeça. As franjas de sua saia são seguras por outro homem de menor escala atrás dele, um mordomo ou atendente do rei que usa uma saia curta.
Faixa superior (detalhe), Vaso Warka (Uruk), Uruk, período Uruk Tardio c. 3500-3000 a.C. (Museu Nacional do Iraque), foto: Hirmer Verllag
Faixa superior (detalhe), Vaso Warka (Uruk), Uruk, período Uruk Tardio, c. 3500-3000 a.C. (Museu Nacional do Iraque), foto: Hirmer Verlag
O resto da cena é encontrado após os feixes de junco atrás de Inanna. Lá encontramos dois carneiros com chifres e barbudos (um atrás do outro, de modo que só podemos ver que existem dois ao olharmos para os cascos) carregando estrados nas costas onde se encontram as estátuas. A estátua à esquerda leva o cuneiform para EN, a palavra Suméria para o sumo sacerdote. A estátua à direita está diante de outro feixe de junco de Inanna. Atrás dos carneiros há uma série de doações em homenagem incluindo dois grandes vasos que se assemelham bastante com o próprio Vaso Warka.
Faixa superior (detalhe), vaso de alabastro em alto relevo chamado de vaso de Uruk, Uruk, período de Uruk Tardio, c. 3500-3000 a.C. (Museu Nacional do Iraque), foto: Hirmer Verlag
Faixa superior (detalhe), vaso de alabastro em alto relevo chamado de Vaso Uruk, Uruk, período Uruk Tardio, c. de 3500-3000 a.C. (Museu Nacional do Iraque), foto: Hirmer Verlag
O que essa cena movimentada poderia significar? A maneira mais simples de interpretá-la é que um rei (possivelmente de Uruk) está homenageando Inanna, a patrona divina mais importante da cidade. Uma leitura mais detalhada da cena sugere um casamento sagrado entre o rei, agindo como o sumo sacerdote do templo, e a deusa - cada um representado pessoalmente bem como em estátuas. A união deles garantiria a Uruk a abundância agrícola que vemos retratada atrás dos carneiros. O culto de Inanna pelo rei de Uruk domina a decoração do vaso. O topo ilustra como os deveres de culto do rei da Mesopotâmia, como sumo sacerdote da deusa, o colocam na posição de responsável e proprietário da riqueza agrícola da cidade-estado.

HIstória

O Vaso Warka, um dos objetos mais importantes do Museu Nacional do Iraque em Bagdá, foi roubado em abril de 2003 junto com milhares de outros objetos antigos valiosos, quando o museu foi saqueado logo após a invasão americana do Iraque em 2003. O Vaso Warka foi devolvido em junho daquele mesmo ano, depois que um programa de anistia foi criado para incentivar o retorno de itens saqueados. The Guardian relatou que “o exército dos Estados Unidos ignorou os avisos de seus próprios conselheiros civis que poderiam ter impedido o saque de objetos de arte valiosos em Bagdá….”
Pé do vaso rompido, jogado, Museu Nacional do Iraque, maio de 2003, foto: Joanne Farchakh
Pé do vaso rompido, jogado, Museu Nacional do Iraque, maio de 2003, foto: Joanne Farchakh
Mesmo antes da invasão, a pilhagem era um problema crescente devido à incerteza econômica e ao desemprego generalizado após a Guerra do Golfo de 1991. De acordo com o Dr. Neil Brodie, Membro Pesquisador Sênior da Arqueologia Ameaçada do Oriente Médio e Norte da África, um projeto da Universidade de Oxford, “Como consequência daquela guerra...quando o país atingiu o caos, entre 1991 e 1994 onze museus regionais foram invadidos e aproximadamente 3.000 objetos de arte e 484 manuscritos foram roubados….” A grande maioria deles não foi devolvida. E como observa o Dr. Brodie, a questão mais importante deve ser por que nenhuma ação internacional conjunta foi tomada para bloquear a venda de objetos saqueados de sítios arqueológicos e instituições culturais durante os tempos de guerra.
Leia mais sobre o patrimônio cultural em perigo no Oriente Próximo na seção ARCHES (Série de Educação sobre o Patrimônio Cultural em Risco) do Smarthistory.

Recursos adicionais
Neil Brodie, “The market background to the April 2003 plunder of the Iraq National Museum,” in P. Stone and J. Farchakh Bajjaly (eds), The Destruction of Cultural Heritage in Iraq (Woodbridge: Boydell, 2008), pp. 41-54 (disponível online aqui).
Neil Brodie, “Iraq 1990–2004 and the London antiquities market,” in N. Brodie, M. Kersel, C. Luke and K.W. Tubb (eds), Archaeology, Cultural Heritage, and the Antiquities Trade (Gainesville: University Press of Florida, 2006), pp. 206–26 (disponível online aqui).
Neil Brodie, “Foco no Iraque: Espólios da guerra,” Arqueologia (do Instituto de arqueologia America), vol. 56, no. 4 (July/August 2003) (disponível online aqui).

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