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Túmulo do triclínio

Mapa da civilização etrusca (CC BY-SA 3.0), NormanEinstein - Baseado em um mapa da revista The National Geographic Vol.173 No.6 Junho de 1988.
Civilização Etrusca, 750-500 a.C. (CC BY-SA 3.0), NormanEinstein - baseado em um mapa da revista The National Geographic Vol.173 No.6 (Junho de 1988).

Rituais funerários elaborados

Os contextos funerários constituem a evidência arqueológica mais abundante da civilização Etrusca. Os membros da elite da sociedade Etrusca participavam de rituais funerários elaborados que variavam de acordo com a geografia e o tempo.
A cidade de Tarquinia (conhecida na antiguidade como Tarquinii ou Tarchuna), um dos centros Etruscos mais poderosos e proeminentes, é conhecida pelas suas tumbas com câmaras pintadas. A Tumba do Triclínio pertence a esse grupo e suas pinturas de parede revelam informações importantes não somente sobre a cultura Etrusca de funerais, mas também sobre a sociedade dos vivos.
Uma cultura avançada da Idade do Ferro, os Etruscos acumularam riquezas com base nos recursos naturais da Itália (particularmente metais e minérios) que eles trocavam através de redes comerciais de médio e longo alcance.
Tumba do Triclínio, c. 470 a.C. (Tumba com câmara Etrusca, Tarquinia, Itália)
Tumba do Triclínio, c. 470 a.C. (Tumba com câmara Etrusca, Tarquínia, Itália)

A Tumba do Triclínio

A Tumba do Triclínio (Italiano: Tomba del Triclinio) é o nome dado à tumba com câmara Etrusca datada de c. 470 a.C. e localizada na necrópole de Monterozzi em Tarquínia, Itália. Tumbas com câmaras são câmaras subterrâneas escavadas em rocha, acessadas por uma via (dromos) em muitos casos. As tumbas se destinavam a conter não somente os restos mortais do falecido, mas também vários espólios ou oferendas depositados juntamente com o falecido. A Tumba do Triclínio é composta de uma única câmara com decorações de parede pintadas em afresco. Descoberta em 1830, a tumba toma seu nome do divã tripartido de sala de jantar do Mediterrâneo Greco Romano antigo, conhecido como o triclínio

Um banquete

A parede traseira da tumba contém a cena principal, um dos convivas desfrutando de um jantar (acima).  É possível fazer comparações estilísticas entre esta cena pintada, que inclui figuras reclinadas nos divãs de jantar, (klinai) e a cerâmica da Ática contemporânea do século quinto a.C., que o Etruscos importaram da Grécia. O afresco original está preservado apenas parcialmente; embora seja provável que originalmente houvesse três divãs, cada um recebendo um par de comensais reclinados, um masculino e um feminino. Dois criados, um homem e uma mulher, atendiam as necessidades dos comensais. Os comensais estão vestidos com túnicas brilhantes e suntuosas, condizentes com sua presumida posição na elite. Abaixo dos divãs podemos observar um grande gato, bem como um grande galo e outro pássaro.
Detalhe de um tocador de barbiton na parede esquerda da Tumba do Triclínio
Tocador de barbiton na parede esquerda (detalhe), Tumba do Triclínio, c. 470 a.C.,  tumba com câmara Etrusca, Tarquinia, Itália.

Música e dança

Cenas de dançarinos ocupam as paredes paralelas esquerda e direita. A cena da parede esquerda contém quatro dançarinos—três mulheres e um homem—e um músico tocando o barbiton, um antigo instrumento de cordas semelhante à lira (esquerda).
São utilizadas convenções artísticas comuns de tipificação do gênero; a pele das mulheres é de cor clara enquanto a dos homens é pintada de um tom mais escuro castanho alaranjado. Os dançarinos e músicos, junto com o festejo, sugerem o tom geral de convívio do funeral Etrusco. Mantendo os costumes do Mediterrâneo antigo, os funerais eram muitas vezes acompanhados de jogos, como celebremente representados pelos jogos funerários do Troiano Anquises descritos no livro 5 do poema épico de Vírgílio, a Eneida. Na Tumba do Triclínio podemos ter uma alusão a jogos, pois as paredes paralelas à entrada da tumba contêm cenas de jovens descendo de cavalos, frequentemente descritos como sendo apobates (participantes de um esporte de combate equestre) ou os Dióscuros (gêmeos mitológicos).
Detalhe de dois dançarinos na parede direita do Túmulo do Triclínio
Dois dançarinos na parede direita (detalhe), Tumba do Triclínio, c. 470 a.C., tumba com câmara Etrusca, Tarquinia, Itália
O teto da tumba é pintado numa trama xadrez de cores alternadas, talvez indicando a evocação das tendas temporárias de tecido que eram erguidas próximo da tumba para a celebração real do banquete funerário.
Os murais originais foram removidos da tumba em 1949 e estão conservados no Museu Nacional em Tarquinia. Como seu estado de preservação se deteriorou, aquarela feitas na época da descoberta têm se mostrado essenciais para o estudo da tumba.

Interpretação

A temática agradável da Tumba do Triclínio pode parecer surpreendente em um contexto fúnebre, mas é importante notar que os ritos funerários Etruscos não eram melancólicos mas sim festivos, com a intenção de compartilhar uma última refeição com o falecido enquanto ele fazia a transição para a outra vida. Esse ritual festivo servia a vários propósitos em termos sociais. Em seu nível mais básico o banquete funerário marcava a transição do falecido do mundo dos vivos para o dos mortos; o banquete que acompanhava o sepultamento marcava esta transição e ritualmente incluía o espírito do finado, já que uma porção da refeição, junto com os pratos apropriados e utensílios para comer e beber, eram então colocados na tumba. Outro propósito do banquete funerário, os jogos, e outras atividades do funeral, era reforçar a posição socioeconômica do morto e de sua família, uma forma de lembrar à comunidade dos vivos da importância e da reputação dessa pessoa, e assim, concretamente, reforçar sua posição na sociedade contemporânea. Isto iria incluir, onde fosse apropriado, lembretes visuais do status socioeconômico, incluindo indicações da riqueza e das realizações cívicas, notadamente cargos públicos desempenhados pelo falecido.
Ensaio do Dr. Jeffrey A. Becker

Recursos adicionais
L. Bonfante, ed.,  Etruscan Life and Afterlife: a Handbook of Etruscan Studies (Detroit: Wayne State University Press,  1986).
O. J. Brendel, Etruscan Art, 2ª ed. (New Haven: Yale University Press, 1995).
P. Duell, “The tomba del Triclinio at Tarquinia”. Memoirs of the American Academy in Rome, volume 6, 1927, págs. 5-68.
S. Haynes, Etruscan Civilization: A Cultural History (Los Angeles, Califórnia: Getty Publications,  2000).
R. R. Holloway, “Conventions of Etruscan Painting in the Tomb of Hunting and Fishing at Tarquinii “, American Journal of Archaeology, volume 69, número 4, 1965, págs. 341-7.
A. Naso, La pittura etrusca: guida breve (Roma: “L’Erma” di Bretschneider, 2005).
M. Pallottino, Etruscan Painting (Geneva: Skira, 1952).
S. Steingräber, Etruscan painting: catalogue raisonné of Etruscan wall paintings (Nova Iorque: Johnson,  1985).
S. Steingräber, S.,  Abundance of Life: Etruscan Wall Painting (Los Angeles (Califórnia: Getty Publications, 2006).
J. M. Turfa,  ed. The Etruscan World (Londres: Routledge, 2013).
A. Zaccaria Ruggiu,  More regio vivere: il banchetto aristocratico e la casa romana di età arcaica (Roma: Edizioni Quasar,  2003)

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