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Introdução ao Egito antigo

Caminho da Pirâmide de Djoser em Saqqara, Antigo Reinado, c.2675-2625 a.C. Foto: Dr. Amy Calvert.
Caminho da Pirâmide de Djoser em Saqqara, Antigo Reinado, c.2675-2625 a.C. Foto: Dr. Amy Calvert.
O impacto causado pelo Egito em culturas posteriores foi imenso. Pode-se dizer que o Egito forneceu os pilares de sustentação para a cultura Grega e Romana, e, através deles, influenciou toda a cultura ocidental. Nos dias de hoje, imagens, conceitos e perspectivas egípcias são encontradas em toda parte; você as encontrará em formas arquitetônicas, no dinheiro e em nosso dia a dia. Muitos cirurgiões plásticos, por exemplo, usam a silhueta da rainha Nefertiti (cujo nome significa "a bela chegou") em seus anúncios.
Esta introdução irá lhe fornecer os conceitos básicos para ver e compreender o antigo Egito.

Longevidade

A antiga civilização Egípcia durou mais de três mil anos e demonstrou uma incrível continuidade. Isso é mais de 15 vezes a idade dos Estados Unidos, levando em consideração quantas vezes nossa cultura se transforma; lembre-se que a menos de 10 anos atrás, coisas como Facebook, Twitter ou Youtube não existiam.
Enquanto hoje consideramos o período greco-romano como algo em um passado distante, é importante ressaltar que o reinado de Cleópatra VII (que terminou em 30 A.C.) está mais perto de nosso tempo do que para a construção das pirâmides de Gizé. Foi necessário aos humanos quase 4000 anos para construir algo que fosse mais alto do que as Grandes Pirâmides. Comparemos isto com a era moderna; ficamos interessados quando um recorde dura mais de uma década.

Consistência e estabilidade

A estabilidade do Egito está em forte contraste em relação ao Antigo Oriente do mesmo período, que sofreu uma série de sobreposições de culturas e levantes com uma regularidade incrível. Os primeiros monumentos reais, tais como a Paleta de Narmer, que foi esculpida em torno de 3100 A.E.C., exibem trajes reais e poses idênticas às vistas em governantes posteriores, e até mesmo em reis Ptolomaicos em seus templos 3000 anos mais tarde.
Paleta de Narmer, 3000-2920 a.C. (esquerda) e a Destruição de Ramsés III em Medinet Habu, 1160 a.C. (direita)
Paleta de Narmer, 3000-2920 a.C. (esquerda) e a Destruição de Ramsés III em Medinet Habu, 1160 a.C. (direita)
Uma vasta quantidade de imagens egípcias, especialmente as imagens reais, orientadas por um decoro (um senso do que seria ‘adequado’), mantiveram-se muito preservadas ao longo da história. É por isso que, especialmente para olhos não habituados, a arte egípcia parece extremamente estática—e em se tratando de símbolos, gestos, e a maneira como o corpo é retratado, era assim. Esta estática era intencional. Os Egípcios estavam cientes de sua coerência, que viam como estabilidade, equilíbrio divino, e evidência direta da integridade de sua cultura.
Essa coerência estava intimamente relacionada com a crença fundamental de que as representações tinham impacto além da própria imagem; cenas do túmulo de um falecido recebendo comida, ou cenas do templo do rei realizando perfeitos rituais sagrados faziam com que essas coisas ocorressem no reino divino. Se a imagem do pão fosse omitida da lápide do falecido, ele não teria o pão em sua vida após a morte; se o rei fosse retratado com um instrumento incorreto durante um ritual, o ritual estaria comprometido e isso levaria a consequências terríveis. Esta crença levou a uma resistência ativa contra as mudanças nestas representações codificadas.
A "pixação" turística mais antiga registrada no planeta veio de um visitante da época de Ramsés II, que deixou sua marca apreciativa no local da pirâmide de degraus em Saqqara, que já tinha na época 1300 anos, o mais antigo dos enormes monumentos reais de pedra. Estes visitantes ficaram evidentemente impressionados com as obras de seus antepassados e se esforçaram para continuar o antigo legado.

Geografia

O Egito é uma terra de dualidade e ciclos, tanto em sua topografia e cultura. Sua geografia é quase inteiramente acidentada, com árido desertos, exceto por uma explosão de uma área verde que atravessa ambos os lados do Nilo, conforme este corre por todo o comprimento do país. O rio nasce longe, na região Sul, nos confins da África, e deságua no Mar Mediterrâneo ao Norte, espalhando-se de um único canal em um sistema de leque, conhecido como delta, em sua parte mais ao Norte.
Não é exagerado afirmar a grande influência deste rio na cultura e no desenvolvimento egípcios; sem a sua presença, a civilização teria sido completamente diferente e, muito provavelmente, localizada em outro lugar. O Nilo não apenas forneceu uma fonte constante de água responsável pela vida, mas também gerou as terras férteis que alimentaram o crescimento desta cultura única (e excepcionalmente resiliente).
Vista do pico das colinas de Tebas em que se percebe claramente a delimitação entre o exuberante vale e o deserto árido. Foto: Dr. Amy Calvert.
Vista do pico das colinas de Tebas em que se percebe claramente a delimitação entre o exuberante vale e o deserto árido. Foto: Dr. Amy Calvert.
Todos os anos, o rio transbordava alimentado pelo derretimento de neve nas colinas. A inundação anual cobria o chão com iodo rico e escuro, produzindo campos incrivelmente férteis. Os Egípcios chamavam esse fenômeno de Kemet, as "terras negras", pelo contraste entre esse solo denso e escuro com o Deshret, as "terras vermelhas" do deserto. A divisão entre essas zonas eram (e na maioria dos casos ainda são) uma linha reta. O efeito visual é chocante, tão preciso que faz o cenário parecer artificial.

Tempo - Cíclico e linear

A inundação anual do Nilo foi também um confiável, e mensurável, ciclo que ajudou a formar o conceito de passagem do tempo. De fato, o calendário que nós usamos hoje foi derivado de um que foi desenvolvido pelos antigos egípcios. Eles dividiram o ano em três estações: akhet "inundações," peret "crescente." e shemw"colheita." Cada estação, por sua vez, foi dividida em quatro meses de 30 dias. Embora este ciclo anual, juntamente com o ciclo solar diário bastante evidente no deserto, tenha causado um impulso por perceber o tempo cíclico do universo, essa ideia existiu simultaneamente com a realidade do tempo linear.
Estes dois conceitos - o cíclico e o linear - foram associados com duas de suas principais divindades: Osíris, senhor eterno dos mortos, e Rá, deus do sol que renascia a cada amanhecer.

Desenvolvimento inicial: O Período Pré-dinástico

A civilização do Egito não surgiu completamente desenvolvida da lama do rio Nilo; embora as enormes pirâmides de Gizé possam parecer aos leigos como vindas do nada, elas foram fundadas sobre milhares de anos de desenvolvimento cultural e tecnológico e experiência. O Egito "Dinástico" — conhecido também como "Faraônico" (vindo de 'faraó', título grego para os reis do Egito, derivado do título egípcio per aA, "Casa Grande") foi o período em que o país esteva amplamente unificado sob um único governante e começa em torno de 3100 a.C.
Antes disso, o período que vai de cerca de 5000 a.C. até a unificação é chamado por estudiosos modernos de Pré-dinástico. Antes ainda, haviam prósperos grupos do Paleolítico e do Neolítico, estendendo-se por centenas de milhares de anos, descendentes do homo erectus que migravam para o norte e que se estabeleceram ao longo do vale do Nilo. Durante o período pré-dinástico, cerâmicas, estatuetas, cabeças de cetros e outros artefatos, como paletas de ardósia usadas para moer pigmentos, começaram a surgir, assim como o imaginário icônico durante a era Faraônica—podemos ver os primeiros sinais do que está por vir.

Dinastias

É importante perceber que as divisões das dinastias feitas atualmente por estudiosos modernos não eram utilizadas pelos povos antigos. Essas divisões foram criadas na primeira versão ocidental da história do Egito, escrita por um padre egípcio chamado Mâneton no século III a.C. Cada uma das 33 dinastias incluem uma série de soberanos normalmente relacionados por parentesco ou por sua sede de poder. A história egípcia é também dividida em partes maiores, conhecidas como "reinos" e "períodos" para diferenciar os momentos de força e união daqueles de mudanças, dominação estrangeira ou desunião.
Períodos da antiga arte egípcia
Os egípcios se referem a sua história como uma linha do tempo. Os anos eram normalmente registrados como as datas reais (do latim regnum, que significa reino ou regra) do rei soberano, fazendo com que a cada novo reinado os números começassem novamente. Os antigos reis registravam os nomes de seus antecessores nas vastas "listas dos reis" nas paredes de seus templos e retratavam a si mesmos em oferenda aos governantes anteriores— um dos melhores exemplos pode ser visto no templo de Seti I em Abidos.
Essas listas eram normalmente resumidas e omitiam nomes de alguns reis (como o controverso e disruptivo Aquenáton) e até mesmo de dinastias inteiras; elas não são registros absolutamente históricos, mas sim uma forma de culto aos ancestrais, uma celebração da consistência da dinastia da qual o atual soberano fazia parte.

O Faraó - Mais que um Rei

Reis no Egito eram intermediários complexos que conectavam os reinos terrestres com os divinos. Eles eram, obviamente, seres humanos, mas a partir da ascensão ao trono, eles encarnavam o dever eterno da realeza. O ka, ou espírito, da realeza era muitas vezes representado como uma entidade separada por detrás do rei humano. Esse aspecto divino da realeza era o que dava autoridade para o soberano. O rei vivo era associado com o deus Hórus, o poderoso e viril deus com cabeça de falcão que se acreditava ter concedido o trono ao primeiro rei humano.
O importante pai de Hórus, Osíris, foi o Senhor do Mundo dos Mortos. Um dos soberanos divinos originais do Egito, essa divindade encarnava a promessa da regeneração. Cruelmente assassinato por seu irmão Seth, o deus do deserto caótico, Osíris foi revivido graças à potente magia de sua esposa Ísis. Por meio do seu conhecimento e habilidade, Osíris foi capaz de conceber o milagroso Hórus, que se vingou por seu pai e expulsou o tio criminoso do trono para então tomar o seu lugar de direito.
Osíris tornou-se governante do Reino dos Mortos, a eterna fonte de regeneração da vida após a morte. Reis falecidos eram identificados com este deus, criando um ciclo em que o rei morto unia-se ao rei divino dos mortos e seu sucessor "derrotava"  a morte para tomar o seu lugar no trono como Hórus.
Ensaio da Dra. Amy Calvert.

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