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Introdução à pintura de vasos gregos

por Dr. Renee M. Gondek
Pintor de Niobid, cratera Niobid, figuras vermelhas áticas em cálice-cratera, c. 460-450 a.C., 54 x 56 cm (Musée du Louvre)
Pintor de Niobid, cratera Niobid, figuras vermelhas áticas em cálice-cratera, c. 460-450 a.C., 54 x 56 cm (Musée du Louvre)

Útil para acadêmicos

A cerâmica é praticamente indestrutível. Embora possa se quebrar em pedaços menores (chamados de cacos), esses teriam que ser manualmente transformados em pó para serem removidos dos registros arqueológicos. Sendo assim, há uma quantidade imensa de materiais a serem estudados, e isso é extremamente útil para os estudiosos modernos. Além de ser uma excelente ferramenta para determinação de datas, a cerâmica permite aos pesquisadores encontrar locais antigos, reconstruir a natureza de um local e indicar evidências de comércio entre povos. Além disso, os vasos individuais e sua decoração pintada podem ser mais profundamente estudados, trazendo respostas para perguntas sobre religião, cotidiano e sociedade.

Formatos e Temas

Ilustração das formas dos recipientes gregos (Museu Britânico)
Ilustração das formas dos recipientes gregos (Museu Britânico)
Feitos de terracota (argila queimada), os recipientes e taças da Grécia antiga, ou “vasos”, como são popularmente conhecidos, eram moldados em diversas formas e tamanhos (veja acima) e, na maioria das vezes, o formato de um vaso se relacionava à função a que ele se destinava. Por exemplo, a cratera era usada para misturar água e vinho durante um simpósio grego (uma festa regada a bebida só para homens). Ela permite a entrada dos líquidos por sua larga abertura, a mistura deles em sua parte mais profunda, e o acesso fácil à mistura por meio de uma concha ou pequeno jarro. Ou, em outro exemplo, o vaso conhecido como hídria era utilizado para coletar, transportar e despejar água. Ele tinha um corpo bulboso, um bico alongado e três alças (duas nas laterais para segurar e outra alongada na parte anterior para que o recipiente fosse inclinado e pudesse despejar água).
A fim de discutir as diferentes partes dos vasos, os especialistas adotaram termos que se relacionam com as partes do corpo. A abertura do recipiente foi chamada de boca; a parte logo abaixo da boca foi chamada de pescoço; a inclinação do pescoço ao corpo é chamada de ombro; e a base é conhecida como pé.
Por fora, os vasos gregos exibem composições pintadas que, muitas vezes, refletem o estilo de um determinado período. Por exemplo, os vasos criados durante o período Geométrico (c. 900 - 700 a.C.) apresentam padrões geométricos, como vemos na famosa Ânfora de Dipylon (abaixo), enquanto os vasos decorados durante o período Orientalizante (c. 700-600 a.C.) mostram desfiles de animais e temas do Oriente Próximo, como podemos ver nesta antiga Ânfora Coríntia (Museu Britânico).
Posteriormente, durante os períodos Arcaico e Clássico (c. 600-323 a.C.), as pinturas em vasos mostravam principalmente atividades humanas e mitológicas. Essas cenas podem variar bastante, desde eventos do cotidiano (por exemplo, buscar água na casa da fonte) a feitos heroicos e contos Homéricos (por exemplo, Teseu e o Minotauro, Odisseu e as sereias), do mundo dos deuses (Zeus raptando Ganímedes) a apresentações teatrais e competições atléticas (por exemplo, a Oresteia, corrida de carruagens). Embora seja importante salientar que tais cenas não devam ser vistas como fotografias que registram a realidade, elas ainda podem ajudar a reconstruir a vida e as crenças dos gregos antigos.
Ânfora de Dipylon, c. 750 a.C., cerâmica, 160 cm (Museu Arqueológico Nacional de Atenas)
Ânfora de Dipylon, c. 750 a.C., cerâmica, 160 cm (Museu Arqueológico Nacional de Atenas)

Técnicas, pintores e inscrições

Para reproduzir as características cores vermelha e preta encontradas nos vasos, os artesãos gregos usavam argila líquida como tinta (chamada de engobe) e aperfeiçoaram um complexo processo de queima em três etapas. Os vasos não só tinham de ser empilhados no forno de uma forma específica, mas as condições dentro do forno também precisavam ser precisas. Primeiro, a temperatura era alimentada até 800° C, e as aberturas permitiam um ambiente oxidante. Neste ponto, todo o vaso ficava na cor vermelha. Em seguida, ao selar as aberturas e aumentar a temperatura para 900 a 950° C, tudo ficava preto, e as áreas pintadas com o engobe ficavam vitrificadas (eram transformadas em uma substância vítrea). Finalmente, na última etapa, as aberturas eram reabertas e as condições oxidantes voltavam ao forno. Neste momento, as áreas do vaso que não estavam pintadas ficavam vermelhas de novo, enquanto o engobe vitrificado (as áreas pintadas) mantinham um tom negro brilhante. Por meio da introdução e remoção do oxigênio no forno e, simultaneamente, com o aumento e diminuição da temperatura, o engobe se transformava em uma cor preta brilhante.
Resumidamente, os vasos gregos antigos exibem várias técnicas de pintura, que são, muitas vezes, específicas de um período. Durante os períodos Geométrico e Orientalizante (900-600 a.C.), os pintores utilizavam compassos para traçar círculos perfeitos e usavam métodos de silhueta e contorno para delinear as formas e figuras (abaixo).
Friso com figuras em luto (detalhe), Ânfora de Dipylon, c. 750 a.C., cerâmica, 160 cm (Museu Arqueológico Nacional de Atenas)
Friso com figuras em luto (detalhe), Ânfora de Dipylon, c. 750 a.C., cerâmica, 160 cm (Museu Arqueológico Nacional de Atenas)
Por volta de 625-600 a.C., Atenas adotou a técnica de figuras negras (ou seja, figuras escuras com um fundo claro com detalhes entalhados). Originadas no Corinto quase um século antes, as figuras negras usam a forma em silhueta junto à adição de cor e entalhes. O entalhe envolve a remoção do engobe com um instrumento pontiagudo, e talvez sua melhor aplicação possa ser encontrada em uma ânfora de Exékias (abaixo). Muitas vezes descritos como Aquiles e Ájax jogando, os guerreiros sentados se inclinam para o centro da cena e usam vestimentas que indicam um padrão de entalhe complexo. Além de mostrar figuras com uma definição mais realista, os pintores de figuras negras tomavam o cuidado de diferenciar o sexo com as cores: as mulheres eram pintadas com a adição de branco, e os homens eram mantidos na cor preta.
Exéquias (oleiro e pintor), ânfora ática com figuras negras (detalhe mostrando Ájax e Aquiles jogando), c. 540-530 a.C., 61,1 cm de altura, encontrada em Vulci (Gregorian Etruscan Museum, Cidade do Vaticano)
Exéquias (oleiro e pintor), ânfora ática com figuras negras (detalhe mostrando Ájax e Aquiles jogando), c. 540-530 a.C., 61,1 cm de altura, encontrada em Vulci (Gregorian Etruscan Museum, Cidade do Vaticano)
A técnica de figuras vermelhas foi criada em Atenas por volta de 525-520 a.C., e é o inverso das figuras negras (abaixo). Aqui, figuras com cores mais claras são postas em contraste a um fundo escuro. Usando a adição de cor e um pincel para pintar os detalhes, os pintores de figuras vermelhas diluíam ou concentravam o engobe para criar diferentes efeitos.
O engobe diluído, ou “vidrado diluído”, tem a aparência de uma lavagem e era usado para representar cabelos, peles animais, e partes do corpo humano, como vemos no desenho da pele da lebre e da musculatura do jovem no interior desta taça de Gorgos (abaixo). Quando concentrado, o engobe era usado para formar as chamadas “linhas em relevo”, ou seja, linhas destacadas da superfície, um recurso muito utilizado na definição dos contornos. Incrivelmente semelhante à figura vermelha é a técnica do fundo branco.
Gorgos, Cílice ática com figura vermelha (parte interna), c. 500 a.C. (Agora Museum, Atenas)
Gorgos, Cílice ática com figura vermelha (parte interna), c. 500 a.C. (Agora Museum, Atenas)
Embora seja visualmente diferente, com sua figuras multicoloridas em um fundo branco, esse tipo de fundo exige que o artesão pinte os detalhes das formas do mesmo modo como é feito na figura vermelha, ao invés de entalhá-los (veja o cílice abaixo).
Ao lado de figuras e objetos, às vezes é possível encontrar algumas inscrições. Elas identificam figuras mitológicas, belos homens ou mulheres contemporâneos do pintor (inscrições “kalos”/“kale”), e até mesmo o próprio pintor ou oleiro (“egrapsen”/“epoiesen”). As inscrições, no entanto, não são sempre úteis. Imitando a aparência de textos significativos, “inscrições sem sentido” enganam espectadores leigos ao organizar as letras gregas de uma forma incoerente.
Atribuído ao pintor de Villa Giulia, Cílice ática com fundo branco (tipo de taça), c. 470 a.C., terracota, figura vermelha, fundo branco, 6,2 x 16,2 cm (The Metropolitan Museum of Art, Nova York)
Atribuído ao pintor de Villa Giulia, Cílice ática com fundo branco (tipo de taça), c. 470 a.C., terracota, figura vermelha, fundo branco, 6,2 x 16,2 cm (The Metropolitan Museum of Art, Nova York)
Vasos e recepção
A qualidade atraente, de forma geral, dos vasos gregos, seu tamanho relativamente pequeno, e — em certo momento — sua natureza facilmente alcançável, os levou a ser um item altamente cobiçado pelos colecionadores durante os séculos XVIII e XIX. Desde o período final do século XIX, no entanto, o estudo dos vasos tornou-se um exercício acadêmico e sua decoração foi a obsessão de especialistas dotados com a capacidade de reconhecer e atribuir os pintores responsáveis.
O especialista em vasos mais conhecido do século XX, um pesquisador preocupado com atribuição, tipologia e cronologia, foi Sir John Davidson Beazley. Interessado nas técnicas atenienses de figuras negras, figuras vermelhas, e fundo branco, Beazley não favorecia os exemplares belamente pintados; ele era imparcial e estudava peças com diversos níveis de qualidade, mas com igual atenção. A partir de seus exames entediantes e exaustivos, ele compilou mais de mil pintores e grupos, e atribuiu a criação de mais de 30 mil vasos. Embora alguns pesquisadores continuem a atribuir e analisar o estilo de pintores ou grupos específicos desde a morte do Beazley, especialistas em vasos também questionam, atualmente, a produção técnica de recipientes, seus contextos arqueológicos, sua distribuição local e estrangeira, bem como sua iconografia.

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