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Coluna de Trajano

Ensaio do Dr. Jeffrey Becker
Coluna de Trajano (como vista através das ruínas da Basílica Ulpia no Fórum de Trajano), mármore Carrara, inaugurada em 113 d.C., Roma, dedicada ao imperador Trajano (Marcus Ulpius Nerva Traianus n. 53 , m. 117 d.C.) em homenagem à sua vitória sobre a Dácia (atual Romênia) 101-02 e 105-06 d.C.
Coluna de Trajano (como vista através das ruínas da Basílica Ulpia no Fórum de Trajano), mármore Carrara, inaugurada em 113 d.C., Roma, dedicada ao imperador Trajano (Marcus Ulpius Nerva Traianus n. 53 , m. 117 d.C.) em homenagem à sua vitória sobre a Dácia (atual Romênia) 101-02 e 105-06 d.C. (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)

O Triunfo

O Triunfo era um ritual militar vibrante celebrado pelos Romanos ao longo dos séculos, sempre que seu comandante conquistava uma vitória espetacular. No dia marcado (ou nos dias) a cidade iria estar transbordando com multidões, pompa, saques, prisioneiros, representações e lembranças de terras estrangeiras, mas então, tão rapidamente quanto começou, o glorioso tumulto acabava. Os espetáculos e os ecos da glória seriam confiados à memória daqueles que tinham testemunhado o evento. O desfile e sua gigantesca festa por toda a cidade eram suficientes para comemorar os feitos gloriosos dos exércitos de Roma? Ou deveria ser adotada uma forma mais permanente de comemoração? Sendo pragmáticos, os Romanos adotaram ambos os meios de comemoração, o efêmero e o permanente. A Coluna de Trajano (consagrada em maio de 113 d.C.) pode ser o exemplo supremo da necessidade inata de comemorar, de forma mais permanente, feitos históricos que dominam a psique da arte e dos artistas Romanos.

Retornando triunfante da Dácia — 100 dias de celebrações

O imperador Trajano, que reinou de 98 a 117 d.C., lutou em uma série de campanhas conhecidas como as Guerras Dácias. A Dácia (atual Romênia) era vista como uma vizinha problemática pelos Romanos e os Dácios eram vistos como uma ameaça à província de Mésia, ao longo da fronteira do Danúbio. Além disso, a Dácia era rica em recursos naturais (incluindo ouro), que eram atrativos para os Romanos. A primeira campanha viu Trajano derrotar o líder Dácio Decébalo em 101 d.C., após o que os Dácios procuraram um acordo com os Romanos. Novas hostilidades Dácias resultaram na segunda Guerra Dácia que terminu em 106 d.C. A vitória de Trajano foi importante, ele decretou mais de 100 dias de celebrações oficiais e os Romanos exploraram a riqueza natural da Dácia, a incorporando como uma província imperial.
Denário (moeda Romana), frente: Trajano de perfil; verso: Dácio sentado em cima de uma pilha de armas, suas mãos amarradas atrás dele, prata, c. 103-11 (Museu Fitzwilliam, Cambridge, CM.BU.240-R)
Denário (moeda Romana), frente: Trajano de perfil; verso: Dácio sentado em cima de uma pilha de armas, suas mãos amarradas atrás dele, prata, c. 103-11 (Museu Fitzwilliam, Cambridge, CM.BU.240-R)
Depois da primeira guerra Dácia, Trajano recebeu o título honorário de “Dacicus Maximus” (o maior Dácio) e um monumento da vitória conhecido como o Tropaeum Traiani (Troféu de Trajano) foi construído em Civitas Tropaensium (atual Adamclisi, Romênia). As moedas cunhadas durante o reino de Trajano (como na imagem acima) retratavam a Dácia derrotada.

Iconografia e temas

O esquema iconográfico da coluna ilustra as guerras de Trajano na Dácia. A metade de baixo da coluna corresponde à primeira Guerra Dácia (c. 101-102 d.C.), enquanto a metade de cima representa a segunda Guerra Dácia (c. 105-106 d.C.). O primeiro evento narrativo mostra soldados Romanos marchando para a Dácia, enquanto a sequência final de eventos retrata o suicídio do líder inimigo, Decébalo, e a condução de prisioneiros Dácios pelos Romanos.
A travessia do Exército romano sobre o Rio Danúbio na primeira Guerra Dácia (a figura maior é uma personificação do Danúbio) (detalhe), Coluna de Trajano, dedicada em 113 d.C., Roma (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
A travessia do Exército romano sobre o Rio Danúbio na primeira Guerra Dácia (a figura maior é uma personificação do Danúbio) (detalhe), Coluna de Trajano, dedicada em 113 d.C., Roma (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
A execução do friso é meticulosa e o nível de detalhe atingido é impressionante. Embora a coluna não esteja pintada agora, muitos estudiosos acreditam que o friso era inicialmente pintado. Os escultores tomaram grande cuidado ao estabelecer os ambientes para as as cenas, incluindo planos de fundo naturais, e vistas com perspectivas mistas para oferecer o máximo nível de detalhe. Às vezes múltiplas perspectivas são evidentes em uma única cena. O tema geral e unificador é o das campanhas militares romanas na Dácia, mas os detalhes revelam linhas narrativas adicionais e mais sutis.
Um dos temas evidentes é o do triunfo da civilização (representada pelos Romanos) sobre sua antítese, o estado bárbaro (representado aqui pelos Dácios). Os Romanos estão ordenados e uniformes, os Dácios nem tanto. Os Romanos são bem barbeados, os Dácios são desgrenhados. Os Romanos não usam perneiras, os Dácios as usam (como todos os bons bárbaros usavam, pelo menos aqueles retratados pelos Romanos).
"Cena da Segunda Guerra Dácia, os Dácios planejam uma nova ofensiva e atacam um Forte Romano e confrontam com tropas Romanas. Muitos Dácios, no entanto, caem em seguida a uma forte contraofenciva Romana,” (detalhe), Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., Roma (fonte para imagem e legenda: Website da Coluna de Trajano, Professor Roger B. Ulrich, Faculdade de Dartmouth)
“Cena da Segunda Guerra Dácia, os Dácios planejam uma nova ofensiva e atacam um Forte Romano e confrontam com tropas Romanas. Muitos Dácios, no entanto, caem em seguida a uma forte contraofensiva Romana,” (detalhe), Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., Roma (fonte para imagem e legenda: Website da Coluna de Trajano, Professor Roger B. Ulrich, Faculdade de Dartmouth)
Cenas de combate são frequentes no friso. A interpretação detalhada fornece um recurso visual quase sem paralelo para o estudo da iconografia do exército Romano, bem como para estudar o equipamento, armas e táticas reais. Há também uma clara tipificação étnica, uma vez que os soldados Romanos não podem ser confundidos com os soldados Dácios, e vice-versa.
O Imperador (quarto a partir da direita) supervisiona a construção (detalhe), Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
O Imperador (quarto a partir da direita) supervisiona a construção (detalhe), Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
O espectador também vê o exército Romano realizando outras tarefas enquanto não lutava. Uma atividade notável é a construção. Em inúmeras cenas os soldados podem ser vistos construindo e fortificando campos. Todos os edifícios Romanos são sólidos, regulares e bem projetados, em total contraste com as modestas construções do mundo Dácio. A propaganda romana funcionando.
Trajano e sua frota partem para a Segunda Guerra Dácia. Trajano pode ser visto na extrema esquerda (detalhe), Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., detalhe. (foto: Peter Reed, CC BY-NC-SA 2.0)
Trajano e sua frota partem para a Segunda Guerra Dácia. Trajano pode ser visto na extrema esquerda (detalhe), Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., detalhe. (foto: Peter Reed, CC BY-NC-SA 2.0)
O imperador Trajano é uma figura proeminente no friso. Cada vez que ele aparece, sua posição é dominante e o foco iconográfico na sua pessoa é claro. Vemos Trajano em vários cenários, incluindo se dirigindo às suas tropas (ad locutio) e realizando sacrifícios. O fato de que as figuras e as cenas estão focadas na figura do imperador ajuda a atrair a atenção do espectador para ele.
A base da coluna ao final serviu como uma tumba para as cinzas de Trajano. Ele morreu quando retornava de campanhas no exterior em 117 d.C. e recebeu essa honra incomum, mantendo a estima do povo Romano que o considerava optimus princeps, ou “o melhor primeiro cidadão”.

Especificações e Construção da Coluna

Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., projeto, elevação e seção
Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., projeto, elevação e seção
A coluna em si é feita de mármore Luna de granulação fina e tem uma altura de 38,4 metros sobre um pedestal alto. O eixo da coluna é composto por 19 cilindros de mármore medindo cerca de 3,7 metros de diâmetro, pesando um total de cerca de 1.110 toneladas. O cilindro mais alto pesa algo como 53 toneladas. Uma escada em espiral de 185 degraus leva à plataforma de observação no topo da coluna. O friso escultural helicoidal mede 190 metros de comprimento e envolve a coluna 23 vezes. Um total de 2.662 figuras aparecem nas 155 cenas do friso, com o próprio Trajano em 58 cenas.
A construção da Coluna de Trajano foi um exercício complexo de projeto arquitetônico e engenharia. Como reconstituída por Lynne Lancaster, a execução da coluna em si foi um imenso desafio de engenharia que requereu aparelhos complexos de elevação e, sem dúvida, um planejamento cuidadoso para ser executada com sucesso. Os materiais tinham que ser adquiridos e transportados para Roma, alguns por longas distâncias. Com a tecnologia apropriada existente, os hábeis arquitetos Romanos puderam executar o projeto. A conclusão bem-sucedida da coluna demonstra as tarefas complexas que os arquitetos Romanos conseguiam realizar com sucesso.

Significado e Influência

A Coluna de Trajano pode ser contextualizada em uma longa lista de monumentos de vitórias Romanas, alguns dos quais homenagearam vitórias militares específicas e por isso podem ser chamados de “monumentos triunfais”, e outros que geralmente homenageavam uma carreira pública e são então “monumentos honoríficos.” Entre os primeiros exemplos de tais monumentos permanentes em Roma está a coluna rostrata, que foi erguida em homenagem a uma vitória naval celebrada por Caio Duílio após a batalha de Milas em 260 a.C. (essa coluna não existe mais). Durante o período Republicano, uma rica tradição de monumentos comemorativos se desenvolveu, mais conhecidos pelos fórnices (arcos honoríficos) e arcos do triunfo. Essa tradição continuou no período imperial, com arcos do triunfo e honoríficos sendo erigidos em Roma e nas províncias.
Meoda de ouro mostrando a Coluna de Trajano, Romano, início do século II d.C. (Museu Britânico)
Meoda de ouro mostrando a Coluna de Trajano, Romano, início do século II d.C. (Museu Britânico)
A ideia da coluna honorífica foi continuada por outros líderes vitoriosos, tanto na era antiga quanto na moderna. No mundo Romano, monumentos derivativos que se inspiraram na Coluna de Trajano incluem a Coluna de Marco Aurélio (c. 193 d.C.) na Piazza Colonna de Roma, assim como monumentos como a agora perdida Coluna de Arcádio (c. 401 d.C.) e a Coluna de Justiniano em Constantinopla (c. 543 d.C.). A ideia do friso narrativo aplicada na Coluna de Trajano se mostrou influente nessas outras ocasiões.
Aegidius Sadeler, vista da coluna de Trajano, mostrada com seu pedestal desenterrado da terra, cercado por construções na base do Monte Quirinal, Roma, das séries “Ruínas da antiguidade de Roma, Tivoli, Pozzuoli e outros lugares,” 1606, gravura, placa 31 (Museu Metropolitano de Arte)
Aegidius Sadeler, vista da coluna de Trajano, mostrada com seu pedestal desenterrado da terra, cercado por construções na base do Monte Quirinal, Roma, das séries “Ruínas da antiguidade de Roma, Tivoli, Pozzuoli e outros lugares,” 1606, gravura, placa 31 (Museu Metropolitano de Arte)
Colunas honoríficas ou triunfais inspiradas pela de Trajano também foram criadas em honra a vitórias mais recentes. A coluna homenageando o Almirante Horatio Nelson na Praça Trafalgar em Londres (c. 1843) se inspira na tradição romana que incluía a Coluna de Trajano, junto com monumentos Republicanos anteriores como a coluna rostral de Caio Duílio. A coluna dedicada a Napoleão I erigida na na Praça Vendôme em Paris (c. 1810) e o Monumento de Washington em Baltimore, Maryland (1829) foram ambos diretamente inspirados na Coluna de Trajano.
Ensaio do Dr. Jeffrey Becker

Recursos Adicionais:
M. Beckmann, “The "Columnae Coc(h)lides" of Trajan and Marcus Aurelius,” Phoenix 56.3/4 (Autumn - Winter, 2002) pp. 348-357.
F. Coarelli et al., The Column of Trajan (Rome: German Archaeological Institute, 2000).
G. A. T. Davies, “Topography and the Trajan Column.” Journal of Roman Studies 10 (1920), pp. 1-28.
G. A. T. Davies, “Trajan’s First Dacian War,” Journal of Roman Studies 7 (1917), pp. 74-97.
P. Davies, “The Politics of Perpetuation: Trajan’s Column and the Art of Commemoration,” American Journal of Archaeology 101.1 (1997), pp. 41-65.
M. Henig, ed., Architecture and Architectural Sculpture in the Roman Empire (Oxford: Oxford University Committee for Archaeology : Distribuído por Oxbow Books, 1990).
T. Hölscher, The Language of Images in Roman Art, translated by A. Snodgrass and Annemarie Künzl-Snodgrass (Cambridge: Cambridge University Press, 2004).
N. Kampen, “Looking at Gender: The Column of Trajan and Roman Historical Relief,” in Domna Stanton and Abigail Stewart, eds. Feminisms in the Academy (Ann Arbor 1995), pp. 46-73.
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G. M. Koeppel, “Die historischen Reliefs der römischen Kaiserzeit VIII, Der Fries der Trajanssäule in Rom, Teil 1: Der Erste Dakische Krieg, Szenen I-LXXVIII,” Bonner Jahrbücher (1991) 191, pp. 135-197.
G. M. Koeppel, “Die historischen Reliefs der römischen Kaiserzeit IX, Der Fries der Trajanssäule in Rom, Teil 2: Der Zweite Dakische Krieg, Szenen LXXXIX-CLV,” Bonner Jahrbücher 192 (1992), pp. 61-121.
G. M. Koeppel, “The Column of Trajan: Narrative Technique and the Image of the Emperor,” in Sage and emperor: Plutarch, Greek intellectuals, and Roman power in the time of Trajan (98-117 A.D.), edited by Philip A. Stadter and Luc Van der Stockt (Leuven: Leuven University Press, 2002), pp. 245-258.
Lynne Lancaster, “Building Trajan's Column,” American Journal of Archaeology, 103.3 (Jul., 1999) pp. 419-439.
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C. G. Malacrino, “Immagini e narrazioni. La Colonna Traiana e le sue scene di cantiere,” in Storia e narrazione. Retorica, memoria, immagini edited by G. Guidarelli and C.G. Malacrino (Milan: B. Mondadori, 2005), pp. 101-34.
A. Mau, “Die Inschrift der Trajanssäule,” Mitteilungen des Deutschen Archäologischen Instituts, Römische Abteilung 22 (1907), pp. 187-97. [accessible via Google Books].
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H. Stuart-Jones, “The Historical Interpretation of the Reliefs of Trajan’s Column,” Papers of the British School at Rome 5 (1910), pp. 433-59.
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M. Wilson Jones, “One Hundred Feet and a Spiral Stair: Designing Trajan’s Column,” Journal of Roman Archaeology 6 (1993) 23-38.
M. Wilson Jones, “Trajan’s Column,” chapter 8 in Principles of Roman Architecture (New Haven: Yale University Press, 2000) pp. 161-176.

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