If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Plano de mármore severano (Forma Urbis Romae)

Dr. Jeffrey A. Becker
Giovanni Battista Piranesi, Mapa da Roma Antiga e Forma Urbis, do Le antichità Romane, 1835-1839.
Giovanni Battista Piranesi, Mapa da Roma antiga e Forma Urbis, do Le antichità Romane, 1835-1839.

Imaginando a Roma antiga

Como era a antiga cidade de Roma? Como era andar pelas ruas de Roma? A antiga cidade se assemelhava à Roma que conhecemos hoje? Durante séculos, esse conjunto de perguntas ocupou a atenção de artistas e estudiosos, de gravuristas como Giovanni Battista Piranesi, que produziu "vistas" e um mapa arruinado da Roma antiga (acima), a cartógrafos como Giambattista Nolli cujo famoso mapa da cidade foi produzido na época do Papa Bento XIV (1748), e a plantas arqueológicas como o Forma Urbis Romae produzida por Rodolfo Lanciani no final do século XIX. Uma coisa que Piranesi, Nolli e Lanciani tinham em comum era o reconhecimento dos restos fragmentados de uma representação muito mais antiga do layout da cidade, o chamado "Plano de Mármore Severano", que data do século III d.C.
Um fragmento do Plano de Mármore Severano mostrando o Pórtico de Otávia (Museus Capitolinos) (foto: Sailko, CC-BY SA 3.0)
Um fragmento do Plano de Mármore Severano mostrando o Pórtico de Otávia (Museus Capitolinos) (foto: Sailko, CC-BY SA 3.0)
O Plano de Mármore Severano (também conhecido como a Forma Urbis Romae) era uma planta esculpida da cidade de Roma produzida durante a primeira década do século III d.C. e montada em uma parede do Templo da Paz em Roma. Executada numa escala de aproximadamente 1 para 240, o Plano de Mármore Severano foi gravada em 150 placas de mármore e media originalmente aproximadamente 18.1 por 13 metros. A orientação do mapa em si pode parecer em discordância com a nossa visão do século XXI orientada para o norte; o Plano de Mármore Severano era orientado com o sul no topo. A planta é um empreendimento detalhado e intrincado, com layouts de edifícios mostrados para a cidade de Roma, incluindo templos, edifícios públicos, banhos públicos, casas e os blocos habitacionais (insulae) da cidade. Detalhes interiores tais como colunas e escadarias também são indicados, e alguns complexos, particularmente os públicos importantes, são rotulados
A parede do Templo da Paz onde o plano de mármore Severano estava afixado (foto: Wikimedia Commons)
A parede do Templo da Paz onde o plano de mármore Severano estava afixado (foto: Wikimedia Commons)

Restam apenas fragmentos

Depois da antiguidade, o plano de mármore desapareceu, os grampos de metal que o fixavam na parede provavelmente foram roubados e as placas simplesmente desabaram no chão. A primeira redescoberta registrada do plano de mármore Severano foi em 1562 quando Giovanni Antonio Dosio escavou fragmentos perto da basílica do século VI dos Santos Cosme e Damião (Uma basílica, nesse caso, se refere a uma igreja cristã, cuja planta reflete a antiga basílica cívica Romana, um tipo de edifício público multiuso). A basílica incorpora elementos arquitetônicos do antigo Templo da Paz que tinha sido originalmente construído pelo Imperador Vespasiano nos anos 70 d.C. Os fragmentos passaram ​​entre vários colecionadores do século XVI, mas havia pouco interesse em examiná-los de perto na época. Mas em 1741, os fragmentos se tornaram propriedade da cidade de Roma e foram posteriormente estudados e desenhados por estudiosos e artistas, incluindo Piranesi, e a pesquisa continuou ao longo dos séculos XIX e XX. Fragmentos adicionais foram descobertos em 1999 e outros têm aparecido esporadicamente desde então. Ao todo aproximadamente apenas 1.186 fragmentos da planta original (cerca de apenas 10-15%), que se sabe, sobreviveram.
Reconstrução estimada da Forma Urbis Romae
A restauração estimada dos fragmentos (acima) sugere que o espectador teria sido presenteado com um panorama urbano em uma perspectiva plana, completa com detalhes minúsculos (a planta é uma interpretação suspensa de um espaço geográfico de edifícios que mostra suas dimensões e estruturas). Qual o propósito da planta, no entanto, continua sendo uma questão aberta para os estudiosos. É provável que os escritórios oficiais do governo da cidade de Roma durante o período imperial (27 a.C a 476 d.C.) ocupassem salas próximas da parede onde o plano de mármore estava fixado, o que sugere que ele pode ter tido uma função administrativa oficial. Sua escala e localização, entretanto, o colocam em questão como um objeto prático, útil. O plano de mármore pode ter servido com uma função mais representativa, o colocando em linha com vistas de paisagem pintadas e esculpidas, tanto fantasiosas como realistas, conhecidas de outros exemplos da arte Romana.
Reconstrução de uma parte da Forma Urbis Romae mostrando o teatro de Pompeu (foto: Ulysses K. Vestal, domínio público)
Reconstrução de uma parte do Forma Urbis Romae mostrando o teatro de Pompeu (foto: Ulysses K. Vestal, domínio público)
Seja qual for o seu uso original, o plano de mármore provoca e estimula a imaginação do espectador: aqueles que estudaram os fragmentos extraíram enorme inspiração dessa visão da cidade. Os fragmentos influenciaram a Lanciani na criação de seu próprio mapa arqueológico de Roma (Forma Urbis Romae, 1893-1901), o qual por sua vez influenciou fortemente Italo Gismondi e sua equipe que desenharam e construíram o famoso modelo de Roma (Plastico di Roma antica) exibido pela primeira vez em Roma em 1937 (agora no Museo della Civiltà Romana, Roma) .O modelo de Gismondi ainda influencia fortemente as visões de como deve ter sido a Roma antiga, revelando um interesse contínuo na questão de como se poderia imaginar a cidade antiga.

Recursos adicionais
Gianfilippo Carettoni, Antonio M. Colini, Lucos Cozza e Guglielmo Gatti, eds. La pianta marmorea di Roma antica. Forma urbis Romae (Roma 1960).
Christian Hülsen. “La rappresentazione degli edifizi Palatini nella ‘Forma Urbis Romae’ dei tempi Severiani.” Dissertazione alla Pontificia Accademia Romana di Archeologia 11 (1914) págs. 101-120.
Robert B. Lloyd, “Three Monumental Gardens on the Marble Plan.” American Journal of Archaeology, Vol. 86, No. 1 (Jan., 1982), págs. 91-100.
David West Reynolds, Forma Urbis Romae: The Severan Marble Plan and the Urban Form of Ancient Rome (Dissertação de Doutorado, University of Michigan, 1996).
Emilio Rodríguez Almeida, Forma Urbis Marmorea. Aggiornamento Generale 1980 (Roma 1981).
Emilio Rodríguez-Almeida, “A proposito della Forma marmorea e di altre formae.” Mélanges de l’Ecole Française de Rome, Antiquité 112.1 (2000) págs. 217-230. Online no persee.fr
R. J. A. Talbert, R. W. Unger, eds., Cartography in Antiquity and the Middle Ages: Fresh Perspectives, New Methods (Leiden; Boston: Brill, 2008).
Pier Luigi Tucci, “Eight Fragments of the Marble Plan of Rome Shedding New Light on the Transtiberim”. Documentos da Escola Britânica em Roma Vol. 72 (2004), págs. 185-202.
Pier Luigi Tucci, “New fragments of ancient plans of Rome.” Journal of Roman Archaeology vol. 20 (2007), págs. 469-80.

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.