Império: sarcófago de Medea

Uma conversa entre Beth Harris e Steven Zucker. Estamos no Museu Antigo em Berlim e estamos olhando o incrível sarcófago de Medéia. Esse é um dos sarcófagos esculpidos mais antigos, num tempo em que os enterros estavam iniciando na Roma antiga. Antes disso os corpos dos falecidos eram cremados. Este é um sarcófago esculpido, e é um verdadeiro show de sensações. É feito de mármore profundamente esculpido. Se apresentam em relevo e estão esculpidas repetidamente. O sarcófago retrata a tragédia de Jasão e Medéia. Originário de uma peça de Eurípides. Lê-se a história da esquerda para a direita, e está fragmentada em quatro partes. Na extrema esquerda tem-se a redenção magnífica de Jasão. É bom saber da história de Jasão e os Argonautas, e Jasão roubando o Velocino de Ouro. Com a ajuda da filha do rei, e o rei era o detentor do Velocino. Jasão o tomou para si. A filha do rei, Medéia, apaixonou-se por Jasão, e fugiu com ele para a Grécia com o Velocino de Ouro. e viveram felizes por dez anos. O problema inicia-se quando Jasão decidiu deixar Medéia e casar-se com Creúsa. Vê-se Jasão à esquerda, observando seus dois filhos, que trazem para Creúsa, sua noiva, o presente de Medéia - uma linda coroa e um vestido luxuoso. Medéia tinha muito ciúme da nova esposa de Jasão. E embora pareça aceitar o fato, e até mesmo presentear Jasão, ela planejava sua vingança. E Creúsa menosprezava as duas crianças. Ela está no palácio do pai. Vê-se algumas guirlandas e colunas ao fundo. Ela parece real. Ela é exaltada. E observe a bela escultura e a maneira como o seu corpo é revelado pelo drapeado quase molhado aqui, que remete ao estillo grego remoto. Seu braço esquerdo passa por detrás e sobrepõe a próxima cena onde vê-se Jasão novamente. E nesta cena, vemos o clímax da história. A vestimenta trazida é na verdade um presente de Medéia. E assim que Creúsa a veste, ela é queimada até a morte. Seu pai tenta salvá-la da morte e também é queimado vivo. Aqui tem-se o desdobramento do terrível enredo, a vingança terrível. E Jasão olha da esquerda. O pai arranca seu cabelo ao ver a filha queimar. Creusa é uma figura extraordinária. Com braços erguidos, cabelo flutuando, as chamas na tapeçaria. Tem-se um real senso de desespero. E olhe o jeito que suas mãos estão abertas. A abertura de sua boca, dá um senso de horror e desespero. Partes estão tão profundamente esculpidas, que seu braço sai do plano de fundo. E ela emerge e quase completa uma figura de três dimensões. Escultura incrível. O senso de emoção, intensidade, ação. Num pedaço da pedra. Na terceira cena, vê-se Medéia olhando seus filhos, que estão jogando bola. Não é um momento inocente para Medéia porque ela já tinha planejado matá-los. Em vingança à Jasão, ela matou seus próprios filhos. Vê-se uma tragédia profunda aqui. Olhe o rosto dela. Tem-se ação e em suas mãos quandp ela puxa a espada da bainha. Parece pôr de lado sua cabeça abaixada de uma maneira fúnebre. Na última cena, Medéia escapa graças à intervenção do deus Hélio, que empresta sua carruagem, e a leva para longe dali. Podemos ver ela sendo erguida do chão, seu corpo de forma diagonal, com seu filho morto no ombro e as pernas do outro estão visíveis na carruagem. A história é intensa. Me pergunto porque foi escolhida para um sarcófago Era comum a mitologia grega ter ilustrações em sarcófagos. Mas é uma trágica história. Por que escolheu essa? Quem morreu e está nesse sarcófago se fora antes do casamento, não tendo filhos. Perpassa uma tragédia pessoal que pode ser expressa mitologicamente por Eurípides. Sarcófago de Medéia 140 -150 B.C.E. (Museu Antigo, Berlim). [Legendado por Isadora Souza]