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Mediterrâneo Antigo
Curso: Mediterrâneo Antigo > Unidade 8
Lição 6: RepúblicaTemplo de Portuno
O Templo de Portuno é um bem preservado templo retangular do final do século II ou início do século I a.C. localizado em Roma, Itália. A sua consagração ao Deus Portuno, uma divindade associada à pecuária, às chaves, e aos portos, é apropriada em função da posição topográfica do edifício próxima ao antigo porto fluvial da cidade de Roma.
A cidade de Roma durante sua fase Republicana foi caracterizada, em parte, por monumentais dedicatórias arquitetônicas feitas por proeminentes cidadãos de elite, muitas vezes em conexão com importantes feitos políticos ou militares. Os templos eram uma escolha particularmente popular nesta categoria, dada a sua visibilidade e a sua utilidade para eventos públicos, tanto sagrados como seculares.
O templo de Portuno está localizado adjacente a um templo circular da ordem Coríntia, agora atribuído a Heracles Victor. A designação do Templo de Portuno tem sido debatida por estudiosos, com alguns deles se referindo ao templo como pertencente a Fortuna Virilis (uma faceta do Deus Fortuna). Esta opinião agora é minoritária. A festividade em honra de Portuno (a Portunalia) era celebrada em 17 de agosto.
Planta e Construção do templo
O templo tem uma planta baixa retangular, medindo aproximadamente 10,5 x 19 metros (36 x 62 pés Romanos). Sua planta pode ser chamada de pseudo peripteral, ao invés de ter uma colunata independente, ou fila de colunas, em todos os quatro lados, o templo tem colunas independentes apenas na sua fachada, com colunas acopladas nas laterais e no fundo.
O pronaos (varanda) do templo suporta uma colunata jônica com quatro colunas na frente e duas colunas nos lados, com as colunas esculpidas em travertino. O estilo jônico pode ser mais facilmente visto nos capitéis em forma de pergaminho. Existem cinco colunas incrustradas em cada lado, e quatro em na parte de trás.
No geral, o prédio tem uma estrutura composta, com travertino e tufo, sendo usados para a superestrutura (tufo é um tipo de pedra consistindo de cinzas vulcânicas consolidadas e travertino é uma forma de calcário). Um revestimento de estuque teria sido aplicado ao tufo, dando-lhe uma aparência mais próxima à do travertino.
O projeto do templo incorpora elementos de várias tradições arquitetônicas. Da tradição Itálica ele toma seu pódio elevado (uma escada para se subir ao pronaos) e frontalidade pesada. Da arquitetura Helenística vêm as colunas da ordem Jônica, pilastras e colunas incrustradas. O uso de materiais de construção permanentes, pedra (em oposição ao costume itálico de superestruturas em madeira, terracota e tijolos), também reflete mudança de práticas. O templo em si representa a mudança das realidades e da paisagem cultural do mundo Mediterrâneo no fim do primeiro milênio a.C.
O Templo de Portuno se encontra no Fórum Boário, um espaço público que era o lugar do primeiro porto de Roma. Enquanto o templo de Portuno é um pouco menor que os outros templos no Fórum Boário e no adjacente Fórum Holitório, ele se encaixa na tipologia geral da construção de templos da República Tardia.
O templo de Portuno encontra, talvez, seu mais próximo paralelo contemporâneo no Templo das Sibilas em Tibur (Tivoli atual), que data de c. 150-125 a.C. O tipo de templo incorporado pelo Templo de Portuno pode também ser achado em templos Júlio-Claudianos tal como a Maison Carré em Nîmes no sul da França.
Preservação e Estado Atual
O Templo de Portuno está obviamente,em excelente estado de conservação. Em 872 d.C. o templo antigo foi reconsagrado como um santuário Cristão a Santa Maria Egyziaca (Santa Maria do Egito), o que levou à preservação da estrutura. A arquitetura inspirou muitos artistas e arquitetos ao longo dos séculos, incluindo Andrea Palladio, que estudou a estrutura no século XVI.
Os arquitetos Neoclássicos foram inspirados pela forma do Templo de Portuno, o que levou à construção do Templo da Harmonia, uma desvario construído em Somerset, Inglaterra, datado de 1767 (abaixo).
O templo de Portuno é importante não só por sua arquitetura bem preservada e a inspiração que ele fomentou, mas também como um lembrete do que uma vez foi a paisagem construída de Roma - pontilhada de templos grandes e pequenos que se tornaram focos de grande atividade na vida da cidade. Os templos que sobrevivem são lembranças daquela vibração bem como das tradições arquitetônicas dos próprios Romanos.
Ensaio do Dr. Jeffrey A. Becker
HIstória
O Templo de Portuno foi incluído na World Monuments Watch list em 2006. Supervisionada pelo Fundo de Monumentos Mundiais, esta lista destaca os “locais de patrimônio cultural em todo o mundo que estão em risco das forças da natureza ou do impacto da mudança social, política e econômica”, proporcionando-lhes “uma oportunidade de atrair visibilidade, aumentar conscientização pública, promover o envolvimento local em sua proteção, alavancar novos recursos para a conservação, promover a inovação, e mostrar soluções eficazes.”
Juntamente com a Soprintendenza Archeologica di Roma e as subvenções de financiadores privados, o Fundo de Monumentos Mundiais patrocinou uma restauração do Templo de Portuno a partir de 2000. O templo foi parcialmente restaurado e medidas de conservação foram implementadas na década dos anos 1920, mas as atividades realizadas nas últimas duas décadas utilizaram as mais recentes tecnologias para completar uma restauração completa do interior e exterior do edifício. Isso incluiu a limpeza e conservação dos afrescos, a substituição do telhado (incorporando telhas antigas), medidas anti-sísmicas, e a limpeza e restauração do frontão, das colunas e das paredes externas. O templo recém restaurado foi aberto ao público em 2014.
O Templo de Portuno é um dos exemplos melhor preservados da arquitetura da Republicana Romana, e esforços como os do Fundo de Monumentos Mundiais estão garantindo que ele continue a sobreviver intacto.
Anexo da Dra. Naraelle HohenseeAxexo
Recursos Adicionais:
F. Coarelli, Il Foro Boario dalle origini alla fine della repubblica (Roma: Ed. Quasar, 1988).
R. Delbrueck, Hellenistische bauten in Latium (Strassburg, K.J. Trübner, 1907-12).
E. Fiechter, "Der Ionische Tempel am Ponte Rotto in Rom," Mitteilungen des Deutschen Archaeologischen Instituts, Römische Abteilung 21 (1906), pp. 220-79.
J. W. Stamper, The Architecture of Roman Temples: The Republic to the Middle Empire (Cambridge: Cambridge University Press, 2008).
A. Ziółkowski, The temples of Mid-Republican Rome and their historical and topographical context (Rome: “L’Erma” di Bretschneider, 1992).
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