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Fóruns imperiais

Vista do Fórum de Trajano, c. 112 d.C. Muralhas do medieval tardio podem ser vistas em meio à grama à esquerda; as colunas eretas da Basílica Ulpia podem ser vistas à direita em frente à Coluna de Trajano mais alta.
Por séculos, o Fórum Romano (Forum Romanum) foi o coração cívico, jurídico e social da antiga cidade de Roma, um lugar onde edifícios cívicos, edifícios sagrados e monumentos podiam ser encontrados e admirados. No início do primeiro século a.C., uma nova série de espaços públicos, também conhecidos como fora (fora é forma plural do substantivo Latino fórum) começaram a ser criados. Estes fora (chamados fora imperiais porque foram construídos por imperadores Romanos durante o período imperial Romano) viriam a ser cinco no total e eram importantes espaços públicos que contavam com o potencial visual da arte monumental e da arquitetura para reforçar mensagens ideológicas.

Topografia e cronologia

Locais dos Fora no mapa da Roma atual
Os fora Imperiais estão localizados em uma área delimitada ao sudoeste pelo Monte Capitolino e ao nordeste pelo Monte Quirinal, e se estendendo em direção ao Monte Esquilino ao leste. Os fora foram inicialmente construídos entre c. 54 a.C. e 113 d.C., com constantes anexos, restaurações e modificações por toda antiguidade tardia. Na idade média, os fora eram espaços reutilizados para material de construção, moradia, indústria e enterros. Gradualmente esses espaços desapareceram de vista, enterrados sob a cidade de Roma medieval e moderna. Uma grande campanha de escavação no século XX por ordem do ditador fascista Benito Mussolini recuperou grandes áreas dos fora. A investigação arqueológica permanente continua revelando elementos adicionais dos fora e fornecendo dados adicionais que permitem a sua contextualização.

O Fórum de Júlio César

O Fórum de Júlio Cesar (também conhecido como o Fórum lulium ou Fórum Caesaris) foi o primeiro dos complexos dos fora imperiais a ser construído. Pompeu, o Grande, um rival político de César, tinha construído um monumental complexo com teatro e pórtico no Campus Martius em 55 a.C., e isso, talvez, incitou a ambição de César de construir um novo complexo de fórum. O projeto de César demandava a aquisição de terras ao lado do Monte Capitolino e ele foi ajudado no início por aliados políticos, incluindo Cícero, com o terreno inicial adquirido pelo valor de sessenta milhões de sestércios (Cic. ad Att. 4.16.9). Terrreno adicional.
Templo de Vênus Genetrix (planta), 
Fórum de César
A aquisição do terreno deve ter inflado o custo total para cem milhões de sestércios (Suetónio Divus Iulius 26; Plinio o Velho História Natural 36.103). A construção do fórum de César resultou na reorganização significativa do lado noroeste do Fórum Romano
O Fórum de César tem a forma de um retângulo medindo 160 por 75 m. O peça central do complexo era o Templo de Vénus Genetrix, dedicado à deusa que César celebrava como seu antepassado distante. O templo em estilo octal (oito colunas na fachada) foi feito de mármore sólido e está assentado no alto pódio elevado. Os lados longos da praça do fórum, flanqueando o templo, abrigavam dois andares de salas que podem ter servido para funções políticas e/ou mercantis. O complexo foi inaugurado durante as festividades em homenagem à vitória de César em Setembro de 46 a.C.
Cupidos, friso arquitrave, Templo de Vénus Genetrix, Fórum de Júlio César, 113 d.C., mármore (Mercati di Traiano, Museo dei Fori Imperiali)

Fórum de Augusto

O Fórum de Augusto (conhecido como Forum Augustum ou Forum Augusti) seguiu o Fórum de César como o segundo dos fora imperiais. Na Batalha de Filipos em 42 a.C., Augusto prometeu um templo a Marte em troca de ajuda para vingar a morte de César (Suet. Aug. 29,2), mas o templo o complexo do fórum não seriam dedicados antes de 2 a.C (Res Gestae 21). O Fórum de Augusto proporcionou espaço adicional para a assembléia dos tribunais de justiça e foi construído em terrenos adquiridos por Augusto.
Maquete do Templo de Marte Ultor entre pórticos gêmeos, Fórum Augusti
(Mercati di Traiano, Museo dei Fori Imperiali, Roma)
O templo ao centro do Fórum Augusti foi consagrado a Marte Ultor (“Marte o Vingador”), e foi circundado por um pórtico que demarcava o espaço do fórum, e desempenhava um papel fundamental na narrativa visual do programa de arte pública instalado no fórum. Como Augusto tinha emergido como o único líder do estado Romano, era importante para ele criar e exibir mensagens de continuidade e estabilidade.
Vista das ruínas do Templo de Marte Ultor, no Fórum Augusti, c. 2 a.C.; as escadarias de acesso à plataforma do templo são visíveis (esquerda) e o calçamento de um pórtico pode ser visto no canto inferior direito.
O plano visual no Fórum de Augusto é complexo. A escultura arquitetônica que adorna o Templo de Marte Ultor inclui Augusto na família Juliana (gens Iulia) ao retratar Augusto no contexto das divindades (Marte, Vênus, e Cupido) e do mortal deificado—Júlio César (divus Iulius). Flanqueando o templo nas exedrae (as áreas semicirculares, recuadas, atrás das colunatas à esquerda e à direita do templo) dos pórticos estavam grupos de esculturas retratando Rômulo e Enéas, conectando assim Augusto aos dois lendários fundadores de Roma (Ovídio Fasti 5.549-570).
Este desenho mostra uma escultura antiga agora em Tunes que pode ser uma representação real do grupo frontão do Marte Ultor (possíveis identificações da esquerda para a direita: Vênus, Cupido, Marte, e Divus Iulius)
Para completar o ciclo narrativo, estátuas de Romanos famosos do período Republicano adornavam o sótão dos pórticos. Estes homens famosos (summi viri) estavam mostrados ao longo de pequenas placas com inscrições (tituli) mostrando seus feitos políticos e militares. Desa forma, Augusto se retratou como o homem ideal para liderar o estado Romano; ele era associado às origens divinas de Roma e representava a continuidade com sua tradição republicana. Esta poderosa narrativa visual representa um importante antigo uso da arte pública para transmitir mensagens ideológicas no mundo ocidental.
Vista dos capitéis do Templo de Marte Ultor, Fórum Augusti, c. 2 a.C.
Imperadores posteriores continuaram a trabalhar no Fórum de Augusto. O imperador Tibério adicionou dois arcos em 19 d.C. destinados a homenagear as vitórias Germânicas de Druso e Germânico (Tácito Annales 2.64; CIL 6.911) e o imperador Adriano restaurou o complexo do fórum no século II. Plínio o Velho considerava o Fórum de Augusto como um dos três mais belos monumentos da cidade de Roma (Plínio, o Velho História Natural 36.102.5).

Templum Pacis / Fórum de Vespasiano

O fórum imperial seguinte a ser construído foi encomendado pelo imperador Vespasiano após a repressão à Grande Revolta Judaica, que durou de 66 a 73 d.C. Vespasiano ascendeu ao poder após o caos civil em 69 d.C. e, junto a seu primogênito, Tito, reprimiram a revolta e saquearam a cidade de Jerusalém. Durante o verão de 71 d.C., Vespasiano e Tito celebraram juntos o triunfo suntuosamente em Roma - um antigo ritual celebrando vitórias militares expressivas. Um dos fundamentos da nova administração de Vespasiano foi a restauração da cidade, incluindo a construção de novos edifícios e monumentos. Ele inaugurou um complexo de fórum que abrigava um templo dedicado à Paz (Pax) em 71 d.C., terminando-o por volta de 75 d.C. (Flávio Josefo Guerra Judaica 7.5.7). Este complexo inovador foi considerado um dos monimentos mais belos de Roma por Plínio o Velho e abrigava não só significativos espólios de Jerusalém, mas também obras-primas da arte Grega, que foram previamente juntadas pelo imperador Nero.
Planta restaurada, Templo da Paz
.O Templo da Paz (Templum Pacis) se destaca entre os fora imperiais por seu projeto arquitetônico inovador. Em vez de um templo central assentado no topo de um pódio proeminente, o complexo do Templum Pacis consiste em um pórtico quadrado (dimensões 110 x 135 m) com o templo dentro da ala oriental do pórtico, flanqueado por instalações suplementares. Isto deixou a praça aberta à instalação de fontes aquáticas e plantas decorativas, que são vistas arqueologicamente e em fragmentos do projeto Severino de mármore da cidade de Roma (forma urbis Romae), que foi montado no complexo do fórum no terceiro século d.C. Os fragmentos do projeto Severino fornecem informações valiosas sobre o plano deste complexo arquitetônico e têm levado estudiosos a especular que a inspiração do seu projeto pode ter sido o grande mercado (macellum magnum) da cidade, que foi destruído provavelmente durante o Grande Incêndio de Roma em 64 d.C. É especialmente notável ressaltar que este é um espaço público e que a generosidade de Vespasiano concedeu à população de Roma acesso não só à bela e monumental praça, mas também a obras de arte e espólios de vitórias militares (incluindo despojos do Templo de Jerusalém).
Colunas e escultura em relevo, Forum Transitorium (Fórum de Nerva), c. 97 d.C.

Forum Transitorium

O Forum Transitorium, também conhecido como o Fórum de Nerva, foi iniciado com Domiciano, o filho mais novo de Vespasiano. Inacabado quando do assassinato de Domiciano, em 96 d.C., o complexo foi concluído por Nerva em 97 d.C. Este é um complexo de fórum estreito limítrofe ao Fórum de Augusto e ao Templum Pacis e é limitado por estas estruturas preexistentes (dimensões: 131 x 45 metros); bem como  o Argileto, uma rua que percorria toda a extensão do fórum. O templo do Forum Transitorium foi dedicado à Minerva, que tinha sido a divindade protetora de Domiciano, e a escultura arquitetônica que decora os pórticos apresentava imagens associadas a Minerva e cenas da vida privada de mulheres.

Fórum de Trajano

Planta dos fora Imperiais mostrando um Templo de Trajano Deificado independente na extremidade ocidental do Fórum de Trajano.
1) Fórum de César; 2) Fórum de Augusto; 3) Templum Pacis; 4) Forum Transitorium; 5) Fórum de Trajano; 6) Basílica Úlpia (parte do Fórum de Trajano)
O Fórum de Trajano (Forum Traiani), o último fórum imperial, foi o maior e mais luxuoso. Inaugurado em 112 d.C., o complexo arquitetônico contava com imponentes traços arquitetônicos e características esculturais para glorificar aos feitos e o principado do imperador Trajano. O elaborado complexo do fórum tem uma ampla extensão , medindo 200 x 120 metros. A praça aberta do fórum é ladeada por pórticos que contêm êxedras e chama a atenção do observador na direção da estrutura principal, a imensa Basílica Úlpia. O arquiteto Apolodoro de Damasco foi o responsável pelo projeto inovador. No lado ocidental da basílica havia outro pátio, flanqueado por duas bibliotecas (uma Grega e outra Latina), que continham uma coluna honorífica monumental, hoje conhecida como a Coluna de Trajano.
Vista do Fórum de Trajano, c. 112 d.C., a Coluna de Trajano pode ser vista atrás das colunas da Basílica Úlpia.
Coluna de Trajano, mármore de Carrara, completada em 113 d.C., Roma; dedicada ao Imperador Trajano (Marcus Ulpius Nerva Traianus em honra às suas vitórias sobre a Dácia (atual Romênia) 101-02 e 105-06 d.C.
A Coluna de Trajano, inaugurada em 113 d.C., é uma atração central do Fórum de Trajano e é, por direito próprio, uma obra-prima da arte Romana. ​A coluna possui um friso helicoidal de relevos históricos que apresentam uma narrativa pictórica dos eventos das guerras de Trajano na Dácia (101–102 e 105–106 d.C.), que culminaram com a morte do comandante inimigo, Decébalo. A coluna tem uma altura de 38 metros e seu friso envolve o eixo da coluna 23 vezes, com um comprimento total de aproximadamente 190 metros. Esculpido em baixo-relevo, o requintado friso narra cuidadosamente as campanhas de Trajano e seu nível de detalhe é simplesmente espantoso.
O friso da coluna pode ter sido inspirado na antiga arte triunfal Romana, cuja tradição favorecia a retratação de cenas de campanhas externas e, ao fazê-lo, glorificava os feitos do comandante e de seus soldados. Por todo o Fórum de Trajano o tema da vitória militar, e sua celebração, permeiam os projetos decorativos monumentais.
Ponte flutuante com soldados Romanos (detalhe), Coluna de Trajano, mármore de Carrara, terminada em 113 d.C., Roma
(foto: ElissaSCA © Todos os direitos reservados, por permissão).
Quando Trajano morreu, em 117 d.C., as fontes nos indicam que o Senado Romano concedeu uma permissão especial para que os restos cremados de Trajano pudessem ser depositados na base da coluna e que um templo para o seu culto (Templum Divi Traiani et Plotinae) fosse adicionado ao complexo do fórum entre 125 e 138 d.C. (Historia Augusta - Adriano 19.9). Um tópico permanente de discussão acadêmica é a posição e a aparência desta planta. Reconstituições tradicionais indicam um templo independente na extremidade ocidental do fórum, enquanto que reconstituições mais recentes, ao contrário, defendem a existência de um santuário posicionado em oposição à êxedra ocidental do Fórum de Augusto. O contínuo trabalho arqueológico de campo ainda pode trazer luz a este contencioso debate topográfico.

Interpretação

Os fora imperiais constituem importantes paisagens arquitetônicas na cidade de Roma. Eles demonstram a eficácia da arte pública e da arquitetura no que diz respeito à criação da identidade coletiva e à comunicação clara de mensagens que tanto divulgam como reforçam a ideologia. O poder e as realizações do estado Romano, pra não falar da sua estabilidade, são temas-chave de qualquer programa de formulação de mensagens. Também não devíamos subestimar o efeito psicológico desses imponentes, elevados e ornados complexos, sediados ao redor de enormes praças abertas, nas mentes e nas experiências dos moradores da cidade (muitos dos quais viviam na miséria). Os fora imperiais demonstram que nos mecanismos do urbanismo de Roma, a arquitetura civil ocupa um papel crucial. Somos lembrados dessa eficácia por um antigo exemplo que é talvez não muito diferente da reação de um visitante moderno na cidade de Roma. O imperador Constâncio II, visitando Roma em meados do século IV d.C., ficou maravilhado com o Fórum de Trajano, algo que ele considerou “uma construção única sob os céus” (Ammianus Marcellinus 16.10.15).
Ensaio do Dr. Jeffrey A. Becker
Recursos adicionais
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F. Coarelli et al., The Column of Trajan (Roma: Colombo, 2000).
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T. J. Luce, "Livy, Augustus, and the Forum Augustum." in Between Republic and Empire, ed. by K. Raaflaub, K. and M. Toher, pp. 123-38 (Berkeley: University of California Press, 1990).
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J. E. Packer, “Trajan’s Forum Again: The Column and the Temple in the Master Plan Attributed to Apollodorus (?),” Journal of Roman Archaeology 7:274-6.
S. B. Platner and T. Ashby, A Topographical Dictionary of Ancient Rome (Oxford: Clarendon Press, 1929).
L. Richardson, Jr., A New Topographical Dictionary of Ancient Rome (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1992).
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L. Ungaro, Il Museo dei Fori Imperiali nei mercati di Traiano (Milão: Electa, 2007).

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