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O que os mapas nos dizem

Ensaio da Dra. Christina Connett 
Google Earth; data SIO, NOAA, U.S.Navy, NGA, GEBCO, imagem; Landsat, Imagem IBCAO; Imagem U.S. Geological Survey
Google Earth; data SIO, NOAA, U.S.Navy, NGA, GEBCO, imagem; Landsat, Imagem IBCAO; Imagem U.S. Geological Survey
Quando pensamos em mapas nós frequentemente presumimos que eles são ferramentas cientificamente objetivas que nos auxiliam a ir de um lugar para o outro, que eles estão nos mostrando verdades sobre o mundo em que vivemos. Entretanto, mapas são subjetivos, e como qualquer forma de arte ou concepção eles possuem histórias para dizer e revelam muito a respeito da época em quem foram produzidos. Os mapas mais bem sucedidos são seletivos, registrando informação que é importante para o trabalho do cartógrafo e excluindo a confusão de outros detalhes que são irrelevantes para a narrativa. Há uma bela economia de design em um bom mapa, e muitos mapas podem nos ajudar a decodificar os sistemas de crenças de seu público.
Mapa Político do Mundo, Agosto de 2013, Livro de Referência da CIA
Mapa Político Mundial, Agosto 2013, CIA Sourcebook

O Norte está sempre em cima?

No século XXI, particularmente se você vive no Hemisfério Norte, assumiu-se que os mapas são orientados com o norte para cima. Entretanto, isto é convenção recente que não é consistente com mapas produzidos por volta do século XVI quando a Europa se tornou o centro da produção de mapas. A Europa se tornou uma potência mundial durante a era dos descobrimentos e se colocou no topo do mundo.
A parte mais importante de um mapa para o usuário a quem ele se destina tende a ficar no topo, e na Idade Média, isso muitas vezes refletiu pontos de vista religiosos ao invés de políticos.

Algumas alternativas

Considere este mapa "T-O" medieval baseado nos escritos do século VII de Isidoro de Sevilha, Arcebispo de Sevilha, Espanha. De acordo com a Bíblia, após o grande dilúvio ter destruído toda a vida não preservada na Arca, os três filhos de Noé (Sem, Jafé e Cam) foram enviados aos continentes conhecidos para repovoar e governar a terra. Sem foi para a Ásia, Cam para a Africa e Jafé para a Europa. No mapa abaixo, o “T” é constituído das importantes extensões de água conhecidas que separam os continentes: Europa e África estão divididas pelas linhas verticais do Mediterrâneo; e a linha horizontal representa o rio Don, o Mar Negro, o Mar Egeu e o rio Nilo. Todo o mundo é rodeado pelo “O” do grande oceano.
Isidoro de Sevilha, Etymologiae, impresso por Günther Zainer, Augsburg, 1472
Isidoro de Sevilha, Etymologiae, impresso por Günther Zainer, Augsburg, 1472
Neste tipo de mapa, como o Mapa de Ebstorf ilustrado abaixo, Jerusalém é tipicamente colocada no centro do mundo como o berço do Cristianismo, e o Leste (também chamado de Oriente) está no topo, porque essa era a localização do Jardim do Éden e a origem do homem. Nós ainda usamos a palavra "orientação" quando estamos tentando achar nossa localização baseados nesta antiga tradição cartográfica Européia.
Gervasio de Ebstort, Mapa de Ebsort, mapa manuscrito em pele de cabra, 3,6 m x 3,6 m, século XIII. Originalmente no convento de Ebstort, porém destruído em 1943 durante a Segunda Guerra Mundial
Gervase of Ebstorf, Mapa de Ebstorf, mapa manuscrito em pele de cabra, 3,6m x 3,6m, século XIII. Originalmente no convento de Ebstorf, porém destruído em 1943 durante a Segunda Grande Guerra
Um maravilhoso exemplo de um mapa do mundo medieval, ou mapa mundi, é o Mapa de Ebstorf feito no século XIII (acima). Neste mapa o modelo T-O é usado, mas o mundo se tornou na verdade o corpo de Cristo. Se você olhar com atenção, consegue notar suas mãos se estendendo para os lados, seus pés na parte de baixo, e sua cabeça no topo no Leste, próximo de uma pequena imagem do Jardim do Éden. Jerusalém é representada como o umbigo do mundo e o centro de Cristo, e o mapa é repleto de imagens de histórias da Bíblia e a sua relação com o mundo conhecido. Este mapa não apenas revela os sistemas de crença geo-espirituais do mundo medieval mas é também uma enciclopédia visual das narrativas Cristãs.
Enquanto os Cristãos medievais colocavam o leste no topo, os primeiros cartógrafos Islâmicos giraram o mundo para uma orientação sul. Cinco vezes por dia um Muçulmano tem que rezar virado para a Meca. Instrumentos belos e intrincados chamados astrolábios foram adaptados dos Persas e modificados pelos Muçulmanos para ajudar a determinar não apenas a hora da oração, mas também a direção de Meca a partir da localização atual da pessoa.
Em um mapa do influente cartógrafo Árabe Al-Idrisi, o mundo novamente refletiu um modelo circular T-O, mas o mundo está representado com o sul no topo e Meca (no que é agora a Arábia Saudita) está no centro do mundo. O mundo é representado como um círculo rodeado pelo oceano. As penínsulas da Espanha e da Itália estão embaixo à direita, e na África as Montanhas da Lua são mostradas como a nascente do Nilo. O Mar Arábico está acima à esquerda e os Mares Cáspio e Negro também estão incluídos. O mapa é decorado com cadeias de montanhas e rios, e inclui a grande muralha contendo as lendárias Gogue e Magogue embaixo à esquerda, um povo malicioso e perigoso separado do resto do mundo até o fim do mundo segundo a tradição Islâmica, Cristã e Judaica.
Al-Idrisi, Mappa Mundi, Oxford Pococke Manuscript, Bodleian Library, Oxford (MS. Pococke 375, fols. 3c-4r)
Al-Idrisi, Mappa Mundi, Oxford Pococke Manuscript, Bodleian Library, Oxford (MS. Pococke 375, fols. 3c-4r)

Mapas contam histórias, não fatos

Mapas são narrativas que contam a história do período e dos povos que os originaram. Mesmo o moderno Google Earth é um produto de escolhas subjetivas dos sinais visuais e símbolos do nosso tempo. Esses mapas aparentemente objetivos, como todos os outros, envolvem seleções de informações, edições humanas, e uma linguagem visual legível para o usuário final atual.
Na próxima vez que você estiver olhando para um mapa múndi padrão orientado para o norte, considere o mapa múndi Invertido do século XX publicado na Nova Zelândia. Cansados de serem colocados "down under" (lá embaixo), a Nova Zelândia e a Austrália estão no topo e o efeito é chocante; nosso senso de orientação depende apenas do seu ponto de vista.
Ensaio da Dra. Christina Connett

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