If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

O que é Patrimônio Cultural?

Leonardo da Vinci, Mona Lisa, c. 1503-05, óleo sobre painel 76,8 x 53,3 centímetros (Musée du Louvre)
Leonardo da Vinci, Mona Lisa, c. 1503-05, óleo sobre madeira 76,8 x 53,3 centímetros (Museu do Louvre)
Frequentemente ouvimos falar da importância do patrimônio ou herança cultural. Mas o que é patrimônio cultural? E de quem é essa herança? A que patrimônio nacional, por exemplo, pertence a Mona Lisa de Leonardo da Vinci? É uma obra francesa ou italiana?
Em primeiro lugar, vamos olhar o significado das palavras. “Herança” é uma propriedade, algo que é herdado, passado adiante por gerações anteriores. No caso do “patrimônio cultural,” a herança não consiste em dinheiro ou propriedade, mas em cultura, valores e tradições. O patrimônio cultural pressupõe um vínculo compartilhado, nosso pertencimento a uma comunidade. Representa nossa história e nossa identidade; nossos laços com o passado, com nosso presente e futuro.

Patrimônio Cultural Tangível e Intangível

Patrimônio cultural frequentemente traz à mente artefatos (pinturas, desenhos, impressões, mosaicos, esculturas), monumentos e edifícios históricos, assim como sítios arqueológicos. Mas o conceito de patrimônio cultural é ainda mais amplo que isso, e expandiu-se gradualmente para incluir toda evidência da criatividade e expressão humana: fotografias, documentos, livros e manuscritos, instrumentos, etc., tanto como objetos individuais quanto como coleções. Hoje cidades, o patrimônio subaquático e o meio ambiente também são considerados parte do patrimônio cultural tendo em vista que comunidades se identificam com a paisagem natural.
Além disso, o patrimônio cultural não está apenas limitado a objetos materiais que podemos ver e tocar. Também consiste de elementos imateriais:  tradições, história oral, artes performáticas, práticas sociais, artesanato tradicional, representações, rituais, conhecimento e habilidades transmitidas de geração a geração dentro de uma comunidade.
O patrimônio intangível portanto inclui uma variedade estonteante de tradições, música, danças como o tango e o flamenco, procissões sagradas, carnavais, falcoaria, a cultura vienense dos cafés de rua, a manipulação de fantoches chinesa, a dieta mediterrânea, cântico védico, teatro Kabuki, o canto polifônico dos Aka da África Central (para citar alguns exemplos).

A importância de proteger o Patrimônio Cultural

Mas herança cultural não é apenas um conjunto de objetos culturais ou tradições do passado. Ela também resulta do processo de seleção: um processo de memória e esquecimento que caracteriza toda sociedade humana engajada constantemente em escolher — por razões culturais e políticas — o que merece ser preservado para as gerações futuras e o que não merece.
Todos os povos fazem suas contribuições para a cultura do mundo. É por isso que é importante respeitar e resguardar todos os patrimônios culturais por meio de leis nacionais e tratados internacionais. O tráfico de artefatos e objetos culturais, a pilhagem de sítios arqueológicos e a destruição de edifícios históricos e monumentos causam dano irreparável ao patrimônio cultural de um país. Fundada em 1954, a UNESCO, que é a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, tem adotado convenções internacionais sobre proteção do patrimônio cultural, de modo a promover a compreensão intercultural, enquanto enfatiza a importância da cooperação internacional.
A proteção de bens culturais é um problema antigo. Uma das questões mais frequentemente recorrentes quanto a proteger o patrimônio cultural é a difícil relação entre os interesses individuais e os da coletividade, o equilíbrio entre os direitos públicos e privados.
Os antigos romanos estabeleceram que uma obra de arte pode ser considerada parte do patrimônio de toda uma comunidade, mesmo se a propriedade for privada. Por exemplo, esculturas que decoram a fachada de um edifício privado foram reconhecidas como tendo um valor comum e não puderam ser removidas, em razão de estarem num lugar público, onde poderiam ser vistas por todos os cidadãos.
Lysippos of Sikyon, Apoxyomenos (Scraper), Hellenistic or Roman copy after 4th c. Original grego, c. 390-306 B.C.E. (Museu Pio-Clementino, Vaticana)
Lysippos of Sikyon, Apoxyomenos (Scraper), Cópia helênica ou romana após o 4º c. Original grego, c. Original grego, c. 390-306 B.C.E. (Museu Pio-Clementino, Vaticana)
Em sua obra Naturalis Historia o autor romano Plínio, o Velho (23-79 d.C.) relatou que o estadista e general Agrippa colocou a obra-prima do famoso escultor grego chamado Lysippos, Apoxyomenos, na frente de sua casa de banho. A estátua representava um atleta tirando poeira, suor e óleo de seu corpo com um instrumento especial chamado "Estrígil." O imperador Tibério admirava profundamente a escultura e ordenou que ela fosse retirada do ambiente e apreciação pública e colocada em seu palácio privado. O povo romano levantou-se e o obrigou a retornar a Apoxiomeno ao seu local anterior, onde todo mundo pudesse admirá-la.
Nosso direito de desfrutar das artes e de participar da vida cultural da comunidade está incluído na Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Nações Unidas, do ano de 1948.

A quem pertence o Patrimônio Cultural?

O termo "patrimônio cultural" normalmente evoca a ideia de uma única sociedade e a comunicação entre seus membros. Mas as fronteiras culturais não são necessariamente bem definidas. Artistas, escritores, cientistas, artesãos e músicos aprenderam uns com os outros, mesmo se pertenceram a diferentes culturas bem distantes no espaço ou tempo. Pense sobre a influência das gravuras japonesas nas pinturas de Paul Gauguin ou das máscaras africanas sobre obras de Pablo Picasso. Ou você poderia também pensar na arquitetura ocidental em casas da Libéria, na África. Quando os escravos afro-americanos libertos voltaram à sua pátria, construíram casas inspirados no estilo neoclássico de mansões nas plantações norte-americanas. O estilo neoclássico americano, por sua vez, foi influenciado pelo arquiteto renascentista Andrea Palladio, que tinha sido influenciado pela arquitetura greco-romana.
Vejamos outro exemplo, o da Monalisa , obra pintada no início do século XVI por Leonardo da Vinci e exibida no Museu do Louvre, em Paris. De um ponto de vista moderno, a qual patrimônio cultural a Monalisa pertence?
Pessoas tirando fotos da Mona Lisa, fotografia: Heather Anne Campbell, (CC BY-NC-ND 2.0) https://www.flickr.com/photos/call-to-adventure/8159509811
Pessoas tirando fotos da Monalisa, Foto: Heather Anne Campbell (CC BY-NC-ND 2.0)
Leonardo foi um pintor italiano muito famoso, é por isso que a Monalisa é, obviamente, parte do patrimônio cultural italiano. Quando Leonardo foi à França para trabalhar na corte do Rei Francisco I, ele provavelmente trouxe a Monalisa consigo. Aparentemente em 1518 o Rei Francisco I adquiriu a Mona Lisa, que, consequentemente, foi parar nas coleções reais: é por isso que ela é também, obviamente, uma parte do patrimônio nacional francês. Este quadro tem sido definido como o mais conhecido, o mais visitado, o que tem mais trabalhos escritos sobre ele e a obra de arte mais parodiada do mundo: como tal, pertence ao patrimônio cultural de toda a humanidade.
Herança cultural é transmitida para nós de nossos pais e deve ser preservada para o benefício de todos. Numa era de globalização, o patrimônio cultural nos ajuda a lembrar de nossa diversidade cultural, e a compreensão da mesma desenvolve o respeito mútuo e reafirma o diálogo entre diferentes culturas.
Ensaio de Elena Franchi

Recursos adicionais

Quer participar da conversa?

  • Avatar blobby green style do usuário Cristina Itimura
    Existe algum tipo de punição para uma nação, que numa guerra destrua parte do patrimônio cultural de um lugar?
    (4 votos)
    Avatar Default Khan Academy avatar do usuário
    • Avatar blobby green style do usuário Professora Nara Dias
      O patrimônio cultural é defendido através do Direito Internacional que evoluiu de forma que sua eficácia começou a mostrar resultados, infelizmente apenas recentemente. O caso Tumbuktu foi um atentado intencional e de destruição direta do patrimônio cultural que foi julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) da ONU em 2016, sendo o culpado (Al Mahdi) condenado a 9 anos de prisão. Anteriormente, houvera outros casos de atentados que atingiram indiretamente o patrimônio cultural, como o caso notório da tentativa de destruição da cidade velha de Dubrovnik, na ex-Yugoslávia. A destruição do patrimônio cultural também foi levada a julgamento, sendo o ex-oficial condenado a sete anos de prisão.
      Os crimes contra o patrimônio cultural não são mais apenas considerados crimes de guerra, mas são também punidos como tal. O Direito Internacional evoluiu historicamente para consagrar substancial arcabouço normativo de proteção do patrimônio cultural. Ainda há muito o que evoluir, contudo. Ressalta-se a destruição de dezenas de sítios arqueológicos na Síria pelo Estado Islâmico, sendo alguns com mais de 3 mil anos de existência que ainda estão impunes. Ainda há muito o que evoluir no combate à impunidade. Mas o caso de Timbuktu é um bom sinal. As gerações futuras deverão herdar um patrimônio cultural histórico melhor preservado.

      (Adaptado de: https://www.redalyc.org/jatsRepo/2739/273960279008/html/index.html)
      (4 votos)
  • Avatar aqualine sapling style do usuário ericasouza84b
    Oi sou emilie e sou nova nisto poderiam me ajudar? Sou do 6 ano a
    (1 voto)
    Avatar Default Khan Academy avatar do usuário
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.