If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Como fazer a análise visual (formal) na história da arte

Giovanni Bellini, Madona no Prado, aprox. 1500, óleo e ovo sobre painel sintético, transferido da madeira, 67,3 x 86,4 cm (Galeria Nacional) Palestrantes: Dr. Steven Zucker e Dra. Beth Harris.

Quer participar da conversa?

Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.

Transcrição de vídeo

Estamos na National Gallery em Londres, em frente do quadro de Giovanni Bellini A Madonna do Prado. Esta é uma pintura feita durante a Renascença em Veneza. Mas queremos falar sobre ela como um veículo para realçar as ferramentas da análise visual. Nós não vamos falar de uma série de coisas. Não vamos falar sobre iconografia, como esta pintura se encaixa na história das pinturas, ou sobre a Madonna e seu filho. Não vamos falar sobre o simbolismo que podemos ver em alguns animais ao fundo. Não vamos falar sobre a encomenda da obra ou quem pagou por ela. Não vamos falar sobre o contexto político, social ou econômico desta pintura. Ao contrário, vamos focar nas coisas que podemos ver. Vamos falar sobre escala, composição, espaço pictórico, forma, linha, cor, luz, tom, textura e padrão. Vamos começar com a escala. Podemos falar da escala da pintura, e da escala das imagens, e o que vemos na pintura. Estamos em uma galeria com pinturas de tamanhos diferentes. Há algumas pinturas de altar bem grandes e há algumas pinturas bem pequenas também. Esta pintura tem um tamanho médio, e isso muda a maneira como ficamos em relação a ela. Quando ficamos em frente de uma pintura muito grande, tendemos a nos afastar, para poder ver tudo. Enquanto que na frente de uma pintura muito pequena, tendemos a chegar bem perto, para ver os detalhes. Vemos uma figura feminina que é menor do que uma pessoa de verdade, mas ela toma um terço do quadro. E isso nos leva à composição. Não só ela enche um terço do quadro, mas a roupa que ela está usando se espalha na parte de baixo da pintura toda. Criando uma pirâmide. A base da pirâmide é larga. E as pirâmides são formas muito estáveis. Também notamos que a criança no colo dela está contida dentro do formato piramidal do seu corpo. Então é criada uma intimidade entre a figura feminina e a criança. O artista a colocou bem próxima do primeiro plano, de modo que ela fica sobre a linha do horizonte, e é claramente o assunto principal. Mas também há uma quantidade significativa de paisagem que a cerca, que de certa maneira a emoldura. Bellini criou este primeiro plano piramidal, na frente de uma série de faixas horizontais, que se movem para trás no espaço. Há uma faixa de vegetação em primeiro plano, depois há uma faixa de seixos, então uma faixa de lavoura, e até as nuvens criam uma faixa horizontal no céu. Ela está emoldurada de um lado por árvores, e do outro lado por construções verticais. Outra forma de falar sobre a composição, é pensar de que forma o artista compôs os corpos das imagens. Veja a adorável e suave inclinação da cabeça da Virgem Maria, que corresponde ao ângulo da cabeça do bebê Cristo. Mas também me admiro com o volume entre as mãos da Virgem Maria, que une as pontas de seus dedos, definindo um espaço interno, que tem quase o mesmo volume que sua cabeça ou a da criança. A linha diagonal que forma a inclinação de seu ombro direito corresponde à linha diagonal de seu antebraço, e a diagonal do corpo da criança. Então temos esse eco de formas, que ajudam a uniformizar a composição. Vamos analisar o espaço pictórico. Devemos reconhecer que estamos olhando para uma superfície plana. E o que o artista está fazendo é criar uma ilusão de uma forma tridimensional e uma ilusão de espaço nesta superfície plana. Vamos começar com a imagem, ela está sentada no chão com a criança em seu colo. Temos imediatamente a sensação de uma coisa na frente de outra, por causa da sobreposição. Mas além disso o espaço pictórico é definido pelo que poderíamos chamar de perspectiva atmosférica e linear. Se você olhar para o céu no topo da pintura, o céu que está mais próximo de nós tem azuis profundos e ricos. E conforme vamos para trás. na direção do horizonte, ele fica mais pálido. Veja as montanhas à distância, como elas ficam mais pálidas e mais azuis. Esta é uma técnica que tenta replicar o fenômeno natural de olhar para uma grande distância, através da atmosfera. Os detalhes ficam menos vivos, as cores ficam mais pálidas, e as coisas se tornam mais azuis. Podemos ver também um pouco de perspectiva linear se olharmos para o campo arado. Onde vemos linhas diagonais que parecem recuar à distância, que levam nosso olhar para trás dentro do espaço. Estas linhas são chamadas de ortogonais. Elas se encontram num ponto de fuga, que no contexto desta pintura fica obscurecido pela Virgem Maria e a criança no primeiro plano. Mas que cria um senso de lógica, e nos coloca, os observadores, num ponto especial no espaço, em relação à imagem que estamos vendo. Vamos agora pensar na questão da forma. Quando falamos de forma, pensamos sobre a representação de sólidos no espaço, e é instrutivo pensar sobre a variedade de tipos de formas que o artista está representando. Temos as formas naturais, as árvores, a vegetação, os campos e montanha e as nuvens. Também temos formas figurativas, a Madonna e Cristo no primeiro plano, mas também temos as construções, temos a arquitetura no fundo. Algumas dessas formas são circulares e curvilíneas como a Virgem Maria e o bebê Cristo, ou até mesmo as nuvens. E algumas delas são retilíneas como a arquitetura ao fundo. Algumas delas parecem muito sólidas, como as imagens ao fundo. E algumas formas são mais delicadas. Veja como foram representadas, por exemplo, as folhas nas árvores. Estas formas são definidas apenas por toques de cor do pincel do artista. As formas são geralmente definidas por linhas. E de fato há linhas de contorno usadas para demarcar e separar formas. Por exemplo, separando a roupa da VIrgem Maria da vegetação onde ela se senta. Também temos lugares onde há linhas isoladas, por exemplo, nos galhos da árvore. Linhas são usadas também nos cantos das formas, estou olhando para a linha que forma o canto da torre quadrada. Agora vamos falar sobre cor. Somos imediatamente atraídos para o azul profundo do manto da Virgem. Mas também para o azul do céu. E o contraste dele com os tons de terra, os marrons e verdes que vemos nos campos em volta e atrás dela. Há três grandes grupos de cores principais. Há o azul brilhante do manto da Virgem, do céu, das montanhas. Há o vermelho da roupa dela. E os amarelos da pele, dos campos e da arquitetura. Essas são as três cores primárias. Vemos branco no xale que ela usa na cabeça e também nas nuvens. Então Maria está conectada com os céus. A cor é de alguma maneira função da luz, e aqui o artista criou um senso da luz de um dia claro. A luz do sol parece estar vindo da esquerda, talvez um pouco a frente das imagens. E alta no céu. E vemos as nuvens iluminadas de cima, há uma sombra abaixo, o mesmo acontece com a Virgem Maria, se olharmos para seu antebraço, ele está iluminado de cima, mas na sombra embaixo. O artista teve muito trabalho para criar um uso consistente de luz e sombra. A sombra está sempre de acordo com a fonte de luz. Veja o rosto da Virgem Maria, sua face direita está iluminada, mas o lado esquerdo está na sombra, e temos a sensação de tons indo da luz para a escuridão, o que é chamado pelos estudiosos da arte de chiaroscuro. Isso ajuda a criar uma forma que parece tridimensional, que parece existir no espaço. Mas luz e cor também estão intimamente relacionados com o tom. O tom se refere à quantidade de luz e escuridão em uma cor. Podemos ver isso em muitas partes desta pintura, podemos ver no manto da Virgem Maria, mas é ainda mais sutil na representação da pele. Olhando para o belo efeito no rosto da Virgem Maria, e a suavidade das pinceladas, eu percebo a variedade de texturas nesta pintura. E o contraste que o artista cria entre a suavidade da textura da pele, ou da roupa que as imagens usam, em comparação com a superfície áspera de pedra que vemos na parte do meio. Ou poderíamos olhar para as folhas das árvores, que parecem penas, uma outra textura. Textura é uma ferramenta que os artistas podem usar para dar a impressão de veracidade quando eles definem diferentes tipos de formas. A textura está intimamente relacionada com os materiais que o artista está usando. Aqui sabemos que é tinta óleo, que é adequada para a representação de diferentes texturas. Vamos falar agora sobre padrões. Você não esperaria ver padrões em uma paisagem, que é cheia de formas naturais, porque padrão é a repetição de uma forma diversas vezes. Frequentemente para criar um campo decorado. Aqui vemos a ornamentação no manto azul da Virgem Maria, vemos alguns bordados dourados. Mas se você olhar de perto, existe um padrão orgânico sutil especialmente no primeiro plano, na folhagem. Realmente vemos a repetição de formas de folhas, e relva, que parecem quase um tapete, como um campo decorado, ao invés da desordem da natureza. E um dos resultados do padrão é que ele muitas vezes entra em conflito com o espaço pictórico, com a ilusão de profundidade que o artista transmite. E mesmo aqui parece que o campo verde se destaca um pouco, numa maneira que nos lembra que esta é na verdade uma superfície bidimensional. Olhando para a escala, a composição, o espaço pictórico, a forma, linha, cor, luz, tom, as texturas e os padrões, tamos a oportunidade de olhar em detalhe para a pintura. Mas estas são apenas algumas das ferramentas que os historiadores da arte usam para discutir e explorar obras de arte.