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A arte deve ser bonita? O Velho Guitarrista de Picasso

Beth e Steven perguntam, "A Arte deve ser bonita?" olhando para O Velho Guitarrista, de Pablo Picasso, final 1903 - início 1904, óleo sobre painel, 122,9 × 82,6 cm (Art Institute of Chicago, © 2018 Espólio de Pablo Picasso). narradores: Dra. Beth Harris e Dr. Steven Zucker. Criado por Beth Harris, Steven Zucker, e Smarthistory.

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Transcrição de vídeo

(música de piano animada) - [Steven] Muitas vezes presumimos que a arte é bela, mas isso é obrigatório? A arte deve ser bela? - [Beth] Nós também pensamos: isto é feio, logo isto não pode ser arte. Como uma historiadora da arte, pra mim se tornou claro que existem muitas diferentes noções de beleza, que cada cultura possui seus conceitos, e com o tempo as noções de beleza mudam. - [Steven] E ao longo da minha vida o que eu entendo como belo sofreu mudanças. Isso sugere que não existe um noção fixa do que seja o belo. - [Beth] No entanto, a maioria de nós vai concordar que uma rosa é bela e uma barata é feia. - [Steven] E isso é citar um filósofo Alemão do século XVIII chamado Kant, que gastou muito tempo pensando sobre como definimos o que é belo. O que os filósofos chamam de estudo da estética. - [Beth] E houve muita pesquisa científica sobre o fato do ser humano ser atraído por formas que são simétricas, formas que possuem certos tipos de proporções, e então parece que talvez exista uma verdade biológica sobre o que é a beleza para os seres humanos. - [Steven] Como historiador, eu estou interessado na forma como as noções de beleza mudaram com o tempo. O filósofo da Grécia antiga Pitágoras achava que a beleza estava enraizada em uma espécie de harmonia universal e que quando produzíamos algo que refletia essas harmonias, nós víamos aquilo como belo. E então existe a questão de quem determina o que é belo. Eu penso que no século XXI estamos muito à vontade com a ideia de que a beleza é algo que é determinado por nossas experiências, que são fortemente pessoais, mas isso nem sempre era o caso. - [Beth] Bem, vivemos em uma era em que a individualidade é primordial, e as velhas formas de autoridade que nos diriam o que é belo não existem mais da mesma maneira. No século XIX e centenas de anos antes dele, havia academias de arte que decidiam o que era belo. - [Steven] E é interessante pensar sobre como as academias, as academias Reais da Europa determinavam o que era belo. - [Beth] E que se baseavam nas culturas antigas Grega e Romana. - [Steven] E assim os artistas se focavam em entender uma espécie de proporção ideal, particularmente do corpo humano. Isso se tornou uma preocupação fundamental. - [Beth] As academias promoviam uma concepção do ideal. - [Steven] Havia um padrão que os artistas tentavam alcançar. - [Beth] E toda a educação artística era voltada para ensinar a pessoa a ser capaz de alcançar aquele tipo de beleza. - [Steven] Mas isso deve ter sido tão opressivo. Deve ter sido bem sufocante para os artistas. - [Beth] É interessante olhar pra trás, para a metade do século XIX, e artistas como Courbet, e a crítica da arte de Baudelaire, ambos promotores de uma ideia de beleza que era específica para o tempo em que se vivia. Ou seja, de uma beleza que era eventual e não eterna, de forma que as ruas modernas da cidade que todos iriam normalmente definir então como feias, podiam ser vistas como belas. - [Steven] E não é por acaso que aquele escritor e aquele artista viviam em um momento em que a autoridade do monarca estava sendo contestada. - [Beth] E que contestar um ideal único de beleza era realmente importante para os artistas. - [Steven] Estamos nas galerias do terceiro andar do Instituto de Arte de Chicago. olhando para um quadro famoso de Pablo Picasso. É o Velho Guitarrista, da sua Fase Azul. Estamos vendo a obra de um jovem artista e mesmo do nosso ponto de vista no século XXI, é relativamente fácil entender a pintura como bela. Para alguém vendo este quadro quando ele era novo em 1903, 1904, ele podia ser radicalmente feio, e eu posso dizer isso com certeza, pela forma como o artista deformou o corpo humano - [Beth] Embora Picasso não tenha sido o primeiro artista do final do século XIX a fazer isso, mas ele o fez aqui em um grau extremo. - [Steven] Vemos um homem em trapos. Seus olhos estão fechados, uma referência à sua cegueira mas ele está tocando uma guitarra. - [Beth] Seu pescoço está inclinado de uma forma impossível mas que também é muito expressiva. - [Steven] Houve muitas ocasiões ao longo da história em que os artistas distorciam o corpo com propósitos particulares. É claro que Picasso está voltado para o passado, para o grande pintor Espanhol, El Greco, que atenuou e distorceu corpos para criar uma sensação mais elevada do espiritual. - [Beth] Estamos vendo uma figura que está muito próxima de nós, não há espaço atrás dele. Temos estes planos de cor, e a própria guitarra é quase completamente frontal, e o pescoço está inclinado para baixo em direção à guitarra como se todo o seu corpo estivesse absorto em ouvir a música que ele está tocando. Esta figura, em sua solidão, está encontrando conforto na sua arte. - [Steven] E está tendo uma experiência estética envolvido naquela música, que é quase idêntica à experiência estética que eu tenho quanto me ponho em frente a este quadro. E assim Picasso está fazendo algo extraordinário. Ele está criando uma ponte entre a experiência melancólica dentro desta tela e a experiência que eu estou tendo. - [Beth] E de certa forma, Picasso nos fornece um quadro em que não podemos vê-las. A figura está cercada nesta forma retangular. Esta é uma figura que está em seu próprio mundo. - [Steven] E assim penso que Picasso está criando esta experiência universal, e por isso, ele eleva a minha empatia por esse homem, por sua situação, e ele faz isso de várias formas. Ele faz isso por meio da sua distorção do corpo. Ele faz isso com o uso dos azuis, dos marrons, dos verdes e dos pretos. E ele faz isso por meio da proximidade, mas ele também produz uma sensação de empatia por causa da evidente pobreza desta figura. - [Beth] Este é um homem que se sente exposto aos elementos do mundo embora estes elementos não estejam neste quadro. - [Steven] Então vamos voltar a este tema do que é a beleza, e se este quadro é ou não, de fato, feio. Eu poderia argumentar que a empatia que este quadro cria é por si só uma espécie de beleza, e talvez seja na verdade uma forma de beleza mais profunda que a beleza fácil, que a imagem de uma rosa. - [Beth] Outra imagem de um homem cego tocando guitarra poderia não ter esse mesmo efeito, e assim os elementos formais em conjunto com o tema são o que nos comovem. (música animada)