If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

A estupa

Estupa 3 em Sanchi, século I (Índia)
Estupa 3, 1º d.C., Sanchi, Índia (foto: Nagarjun Kandukuru, CC: BY 2.0)
Pode um monte de terra representar Buda, o caminho para o Iluminismo, uma montanha e o universo ao mesmo tempo? Pode se for uma estupa. A estupa (“stupa” é monte em Sânscrito) é uma importante forma de arquitetura budista, apesar de ser anterior ao Budismo. É geralmente considerada um monumento sepulcral, um local de enterro ou um receptáculo para objetos religiosos. Em sua forma mais simples, a estupa é um montículo de terra para sepultamento revestido com pedra. No budismo, as estupas primitivas continham porções das cinzas de Buda, e como resultado a estupa começou a ser associada ao corpo de Buda. Acrescentar as cinzas de Buda ao monte de terra o ativava com a energia do próprio Buda.

As Primeiras Estupas

Antes do budismo, os grandes mestres eram enterrados em montículos. Alguns eram cremados, mas às vezes eles eram enterrados em uma posição sentada, meditativa. O montículo de terra os cobria. Assim, a forma abobadada da estupa veio a representar uma pessoa sentada em meditação, como Buda estava quando ele atingiu o Iluminismo e o conhecimento das Quatro Nobres Verdades. A base da estupa representa suas pernas cruzadas quando se sentava em uma postura meditativa (chamada padmasana ou a posição do lótus). A porção do meio é o corpo do Buda e o topo do monte, onde uma estaca se ergue do ápice rodeada por uma pequena cerca, representa sua cabeça. Antes das imagens do Buda humano serem criadas, os relevos frequentemente mostravam os praticantes demonstrando devoção a uma estupa.
As cinzas do Buda eram enterradas em estupas construídas em locais associados com eventos importantes na vida de Buda, incluindo Lumbini (onde ele nasceu), Bodh Gaya (onde ele alcançou o Iluminismo), Parque dos Veados em Saranate (onde ele fez seu primeiro sermão compartilhando as Quatro Nobres Verdades, também chamadas de darma ou a lei), e Kushingara (onde ele morreu). A escolha desses locais e outros se basearam em eventos reais e lendários.

"Calmo e feliz"

Segundo a lenda, o rei Asoka, que foi o primeiro rei a adotar o Budismo (ele governou a maior parte do subcontinente indiano de 269 a 232 a.C.), construiu cerca de 84.000 estupas, dividindo as cinzas do Buda por todas elas. Embora isso seja um exagero (e as estupas foram construídas por Asoka cerca de 250 anos depois da morte do Buda), não se pode negar que Asoka foi responsável pela construção de estupas em todo o norte da Índia, e em outros territórios sob a dinastia Máuria em áreas agora conhecidas como Nepal, Paquistão, Bangladesh e Afeganistão.
Um dos objetivos do rei Asoka era fornecer aos novos convertidos os meios para ajudá-los na sua nova fé. Com isto, Asoka estava seguindo as instruções de Buda que, antes da sua morte (parinirvana), indicou que estupas deveriam ser construídas em lugares que não estivessem relacionados com os principais momentos da sua vida, para que "os corações de muitos se tornem calmos e felizes." Asoka construiu também estupas nas regiões onde as pessoas pudessem ter dificuldades em chegar a estupas que continham as cinzas do Buda.
Uma das estupas mais famosas, A Grande Estupa (Mahastupa) foi construída no local onde nasceu a esposa de Asoka, Devi, filha de um comerciante local da vila de Sanchi, localizada na importante rota de comércio no estado de Madya Pradesh, Índia (photo: Nagarjun Kandukuru, CC: BY 2.0)

Benefícios cármicos

A prática de construir estupas espalhou-se com a doutrina Budista no Nepal e no Tibete, Butão, Tailândia, Mianmar, China e até mesmo nos Estados Unidos, onde grandes comunidades budistas se estabeleceram. Embora as estupas tenham mudado sua forma ao longo dos anos, sua função permanece essencialmente inalterada. As estupas lembram ao praticante do Budismo o Buda e de seus ensinamentos quase 2.500 anos após sua morte.
Para os Budistas, construir estupas também tem benefícios cármicos. O Karma, um componente chave no Hinduísmo e do Budismo, é a energia gerada pelas ações de uma pessoa e as consequências éticas dessas ações. O Karma afeta a próxima existência ou o renascimento de uma pessoa. Por exemplo, os dez méritos da construção de uma estupa são descritos no Avadana Sutra . Um deles afirma que se um praticante constrói uma estupa, ele ou ela não renascerá em um local remoto e não sofrerá de pobreza extrema. Como resultado, um vasto número de estupas pontilham a paisagem do Tibete (onde são chamadas de chorten) e em Mianmar (chedi).

A jornada para o Iluminismo

Os Budistas visitam estupas para realizar rituais que os ajudam a alcançar um dos objetivos mais importantes do Budismo: entender os ensinamentos de Buda, conhecidos como as Quatro Nobres Verdades (também conhecidos como o darma, a lei) para que quando eles morrerem deixarem de ser capturados pelo samsara, o ciclo interminável do nascimento e da morte.
As Quatro Nobre Verdades:
1. A vida á sofrimento (sofrimento = renascimento)
2. A causa do sofrimento é o desejo
3. A causa do desejo deve ser superada
4. Quando o desejo é superado, não há mais sofrimento (sofrimento = renascimento)
Uma vez que os indivíduos compreendam plenamente As Quatro Nobres Verdades, eles são capazes de alcançar o Iluminismo, ou o conhecimento completo do darma. Na verdade, Buda significa "O Iluminado" e é o conhecimento que Buda ganhou em seu caminho para alcançar o Iluminismo que os praticantes budistas buscam em sua própria jornada rumo ao Iluminismo.

O círculo ou a roda

Os primeiros sutras (uma coleção de provérbios atribuídos ao Buda formando um texto religioso) registram que Buda deu orientações específicas sobre o método apropriado de honrar seus restos mortais (o Mahãparinibbāna Sutta): as cinzas deveriam ser enterradas em uma estupa no cruzamento das quatro grandes estradas míticas (as quatro orientações do espaço), o centro imóvel da roda , o lugar do Iluminismo..
Se pensarmos na estupa como um círculo ou uma roda, o centro imóvel simboliza o Iluminismo. Da mesma forma, o praticante consegue quietude e paz quando o darma Budista é totalmente compreendido. Muitas estupas são colocadas sobre uma base quadrada, e seus quatro lados representam as quatro direções, norte, sul, leste e oeste. Cada lado muitas vezes tem um portão, o que permite ao praticante entrar por qualquer lado. Os portões são chamados de torana. Cada portão também representa os quatro grandes eventos da vida de Buda: Leste (nascimento de Buda), Sul (Iluminação), Oeste (Primeiro Sermão onde ele pregou seus ensinamentos ou o darma) e Norte (Nirvana). Os portões estão dispostos em ângulos retos em relação ao axis mundi para indicar movimento à semelhança dos braços de uma suástica, um símbolo direcional que, em Sânscrito, significa "ser bom" ("su" significa bom ou auspicioso e "asti" significa ser). Os torana são portões direcionais orientando o praticante na direção correta para o Iluminismo ou a compreensão das Quatro Nobres Verdades.

Um microcosmo do universo

No topo da estupa está um yasti, ou pináculo, que simboliza o axis mundi (uma linha através do centro da terra em torno do qual se pensa que o universo gira). O yasti está rodeado por uma harmika, um portão ou cerca, e é coberto por chattras (objetos em forma de guarda-chuva que simbolizam realeza e proteção).
A estupa torna visível algo que é tão grande quanto inimaginável. O eixo simboliza o centro do cosmos particionando o mundo em seis direções: norte, sul, leste, oeste, o nadir e o zênite. Este eixo, o axis mundi, é refletido no mesmo eixo que divide o corpo humano em dois. Desta maneira, o corpo humano também funciona como um microcosmo do universo. A coluna vertebral é o eixo que divide em dois o Monte Meru (a montanha sagrada no centro do mundo Budista) e em torno do qual o mundo gira. O objetivo do praticante é escalar a montanha da própria mente, ascendendo etapa por etapa através dos níveis crescentes do Iluminismo.

Circunvolução

O praticante não entra na estupa. Ela é um objeto sólido. Ao invés disso, o praticante a circunda (anda ao redor) numa prática meditativa focando nos ensinamentos de Buda. Este movimento sugere o ciclo sem fim do renascimento (samsara) e os raios do Caminho Octogonal (oito parâmetros que auxiliam o praticante) que levam ao conhecimento das Quatro Nobres Verdades e ao centro do eixo imóvel da roda, o Iluminismo. Esta meditação caminhante na estupa permite ao praticante visualizar o Iluminismo como o movimento do perímetro da estupa ao eixo imóvel no centro marcado pelo yasti.
Invólucro do vídeo da Khan Academy
Este vídeo/animação mostra a perspectiva de alguém circundando a Mahastupa em Sanchi, a trilha sonora interpreta monges cantando orações Budistas, uma ajuda à meditação. A circunvolução também faz parte de outras religiões. Por exemplo, os Muçulmanos circulam a Kaaba em Meca e catedrais Ocidentais como a Notre Dame em Paris incluem um ambulatório semicircular (um corredor que circunda o fundo do coro, ao redor do altar.).
O praticante pode caminhar para cirundar a estupa ou se mover ao redor dela com de uma série de prostrações (um movimento que traz o corpo do praticante para o chão em uma posição de submissão). Um movimento energético e circular em volta da estupa aumenta a temperatura corporal. Os praticantes fazem isso para imitar o calor do fogo que cremou o corpo do Buda, um processo que queimou os laços de individualidade e ligação ao mundo mundano ou comum. Apegos ao domínio terrestre são considerados obstáculos no caminho em direção ao Iluminisco. A circunvolução não é veneração pelas relíquias em si, uma distinção que às vezes escapa aos praticantes iniciantes. O Buda não queria ser reverenciado como um deus, mas queria que suas cinzas nas estupas servissem como lembrete das Quatro Nobres Verdades.

Oferendas votivas

Estupa Votiva, Bodhgaya, século VIII, pedra, 78 x 44 x 35 cm (Museu Ashmolean, Oxford)
As estupas pequenas podem servir como oferendas votivas (objetos que servem como o ponto focal para atos de devoção). Para ganhar mérito, para melhorar seu karma, as pessoas podem patrocinar a construção de uma estupa votiva. Estupas indianas e tibetanas tipicamente têm inscrições que afirmam que a estupa foi feita "para que todos os seres possam atingir o Iluminismo." Estupas votivas podem ser consagradas e usadas em altares domésticos ou utilizadas em santuários monásticos. Sendo pequenas, podem ser facilmente transportadas; as estupas votivas, juntamente com pequenas estátuas do Buda e outras divindades Budistas, eram carregadas através do Nepal, sobre os Himalaias e até o Tibete, ajudando a espalhar a doutrina Budista. Estupas votivas são frequentemente esculpidas na pedra ou fundidas no bronze. As estupas de bronze também podem servir como um relicário e cinzas de mestres podem ser abrigadas em seu interior.
Esta estupa mostra claramente a ligação entre sua forma e o corpo do Buda. O Buda é representado em seu momento de iluminismo, quando ele recebeu o conhecimento das Quatro Nobres Verdades (o dharma ou a lei). Ele está fazendo o gesto de tocar a terra (bhumisparsa mudra) e está sentado em padmasana, a posição do lótus. Ele está sentado em um portal, significando um espaço sagrado que lembra os portões de cada lado das estupas monumentais.
Ensaio da Dra. Karen Shelby

Recursos adicionais

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.