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Judaísmo: introdução

Mapa da Europa mostrando o Levante
O Judaísmo é uma religião monoteísta que surgiu com os Israelitas no Mediterrâneo Oriental (Levante do Sul) dentro do contexto das civilizações ribeirinhas da Mesopotâmia. Os Israelitas eram uma das tribos nômades da região, assim chamados por se considerarem descendentes de Jacó, que mudou seu nome para Israel.

Textos

O Judaísmo tem origem em uma porção de histórias que explicam as origens dos "filhos de Israel" e das leis que sua divindade lhes impôs . As histórias explicam como os Israelitas se estabeleceram, construíram um Templo para seu Deus único, e acabaram fundando uma monarquia — como foi divinamente ordenado — na antiga Terra de Israel. Por séculos, a literatura, a história e as leis Israelitas foram compiladas e editadas em uma série de textos, agora normalmente citados em contextos seculares como a Bíblia Hebraica (em outros contextos conhecida como Tanakh), escrita entre os séculos XI e VI a.C. (embora as histórias que contem sejam bem mais antigas). A Bíblia Hebraica (ou Tanakh) contém três seções principais: a Torá, ou Cinco Livros de Moisés, os Profetas e os Escritos.
Bíblia Hebraica, Itália, século XIII, abertura decorada do Livro de Isaías, Harley 5711, f.1r. (Museu Britânico)
Bíblia Hebraica, Itália, século XIII, abertura decorada do Livro de Isaías, Harley 5711, f.1r. (Museu Britânico)
Uma tradição oral surgiu junto com a bíblia escrita. Às vezes chamada de "Torá Oral", a Mishná é um conjunto minimalista de questões atribuído aos grandes estudiosos religiosos, ou Rabinos, transcrita e publicada no século II d.C. Os descendentes intelectuais dos Rabinos gravaram e expuseram a Mishná em uma série de escritos chamada de Gemará, e as últimas gerações compilaram a Mishná e a Guemará no Talmude.
Despojos de Jerusalém, painel do corredor, Arco de Tito, Via Sacra, Roma, c. 81 d.C., mármore, 15 metros de altura
Relevo que representa uma procissão triunfal em Roma com o saque do templo, incluindo a menorá, painel no corredor do Arco de Tito, c. 81 d.C., mármore, 15 metros de altura
Embora a Bíblia Hebraica seja o texto mais sagrado do judaísmo, muitas das leis que ela define dizem respeito às práticas de sacrifício e do comportamento sacerdotal no Templo. Mas quando o Imperador Romano Tito saqueou Jerusalém em resposta à revolta dos Israelitas em 70 d.C., suas tropas destruíram o Templo de Jerusalém e trouxeram seu espólio para Roma (um evento gravado em um relevo no Arco de Tito em Roma, veja a imagem acima). A perda do Templo resultou no fim do sacrifício ritual e do sacerdócio; o Judaísmo tornou-se uma religião baseada nas discussões interpretativas e práticas que foram por fim compiladas no Talmude. Às vezes, o Judaísmo é chamado de "Judaísmo rabínico", uma vez que séculos de interpretação rabínica, mais do que a Bíblia, orientam a prática Judaica.

O Judaísmo e o tempo

A lei Judaica, chamada Halacá, tendo sido interpretada e reinterpretada por milênios, foi modificada ao longo do tempo. Ainda assim, o Judaísmo religioso funciona de forma cíclica, e a forma linear como os historiadores modernos vêem a história não corresponde a essa visão de mundo. Como o historiador Yosef Yerushalmi explicou, os Rabinos "parecem brincar com o tempo como com um acordeão, o expandindo e retraindo à sua vontade".1 Os principais feriados, como o Shabbat semanal ou o Ano Novo Judaico anual, estabelecem um ritmo que define uma distinção entre o sagrado e o mundano. Outras festividades combinem acontecimentos antigos, conectando os Judeus modernos aos antigos Israelitas. Por exemplo, eles celebram a recepção da Torá no Monte Sinai, o êxodo do Egito, as colheitas de outono, e a vitória dos Macabeus sobre o reino Persa Helenístico.
Martin Engelbracht, Diorama mostra o interior de uma sukkah , papel, c.1730, Augsburg, Alemanha, 236 x 297 cm (The Jewish Museum, Londres)
Martin Engelbracht, Diorama mostrando o interior de uma sucá, papel, c.1730, Augsburg, Alemanha, 236 x 297 cm (The Jewish Museum, Londres). A sucá é uma habitação temporária construída no feriado de Sucot, que comemora o período de quarenta anos em que os Israelitas estavam vagando no deserto, vivendo em abrigos temporários. É também um festival da colheita.
Uma coleção de ensaios sobre as culturas Judaicas em todo o mundo abre com a frase, “a cultura é a prática da vida cotidiana.”2 O Judaísmo é um estilo de vida que honra o ciclo dos dias, semanas, meses, anos, e vidas. O Shabbat, o Sábado, serve como um lembrete final do ciclo judaico do tempo. Com base na ideia de que no sétimo dia da Criação Deus descansou, o Shabbat é um indicador do tempo sagrado. Os Judeus religiosos se abstêm de todo tipo de trabalho no Sábado, e passam o dia com suas famílias e comunidades, orando, ouvindo a entoação de uma do Torá (as leituras são determinadas por uma agenda fixa), e comendo luxuosas refeições. Um grande rabino do século XX, Abraham Joshua Heschel, descreveu o Shabbat como “uma catedral no tempo.”

O debate continua

Apesar da autoridade da voz rabínica no Talmude, o judaísmo não é hierárquico. Não há—nem nunca houve—uma autoridade única; a religião é personificada por uma coleção de vozes adquiridas, que muitas vezes divergem. Tendemos a conceber o Judaísmo como uma religião antiga —originária no Levante, onde Deus deu aos Israelitas o Torá. Mas uma parte essencial da tradição religiosa foi o fato de que os estudiosos rabínicos continuaram a debater, discutir e a reconceber antigas leis.
Estojo do Torá, Iraque, século XIX - início do século XX, prata sobreposta em madeira, com crista de coral (The Jewish Museum, Londres)
Estojo do Torá, Iraque, século XIX - início do século XX, prata sobreposta em madeira, com crista de coral (The Jewish Museum, Londres)
Antigas divisões tribais, bem como movimentos sectários posteriores, incluindo o Cristianismo primitivo, estabeleceram um precedente para a diversidade cultural Judaica. Até mesmo a Bíblia Hebraica não foi escrita exclusivamente em Hebraico; ela inclui seções em Grego e em Aramaico. Mas a religião é unificada sob o guarda chuva da biblioteca de textos sagrados, começando com a Bíblia Hebraica, através do Talmude, e os vários livros de oração ritual e tratados místicos. O Judaísmo como religião, no entanto, é diferente do povo Judeu. Embora esteja claro que nem todos os Judeus pratiquem o Judaísmo, todos aqueles que praticam o Judaísmo se consideram Judeus. Em outras palavras, existem Judeus sem Judaísmo, mas não pode haver Judaísmo sem Judeus.
Embora a bibliografia e o calendário unam os Judeus em todo o mundo, há profundas divisões culturais e políticas. Os alimentos Judaicos, a música, a literatura, a linguagem e as práticas interpretativas variam imensamente dependendo dos ancestrais de uma comunidade. O Judaísmo Americano, por exemplo, é dividido em movimentos, ou denominações, muito parecido com o Cristianismo Americano. Essas denominações possuem comitês de rabinos que votam para determinar a filosofia e os tipos de observância que suas comunidades defenderão. Mas disputas internas não são apenas uma característica padrão das denominações, elas fazem parte da antiga tradição do debate judaico.
Texto de Dr. Jessica Hammerman e Dr. Shaina Hammerman
1 Yosef Hayim Yerushalmi,  Zakhor: Jewish History and Jewish Memory (New York:Schocken Books, 1989).
2 David Biale, Cultures of the Jews: A New History (Schocken, 2002).

Leituras sugeridas:
David Biale, ed. Cultures of the Jews: A New History (New York: Schocken, 2006).
Nicholas De Lange,, An Introduction to Judaism (Cambridge: Cambridge University Press, 2000).
John Efron, et al. The Jews: A History ( Upper Saddle River NJ: Prentice Hall, 2008).
Abraham Joshua Heschel, The Sabbath (New York: Farrar, Straus and Giroux, 1951).
Barry W. Holtz, ed. Back to the Sources: Reading the Classic Jewish Texts (New York: Simon and Shuster, 1984).
Robert Seltzer, Jewish People, Jewish Thought (Upper Saddle River: Prentice Hall, 1980).
Yosef Hayim Yerushalmi,  Zakhor: Jewish History and Jewish Memory (New York:Schocken Books, 1989).

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