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O que é história da arte e para onde ela vai?

Pelo Dr. Robert Glass
História da arte pode parecer um conceito relativamente simples: “arte” e “história” são assuntos que a maioria de nós estudou no ensino fundamental. Entretanto, na prática, a ideia da “história da arte” levanta questões complexas. O que exatamente queremos dizer com arte e que tipo de história (ou histórias) exploraríamos? Vamos considerar cada termo a seguir.
Peter Paul Rubens, três pinturas do ciclo de 24 quadros que Rubens pintou para a Galeria Medici no Palácio de Luxemburgo, Paris (hoje no Museu do Louvre, Paris), 1621-25, óleo sobre tela. Da esquerda para a direita: A Apresentação do Retrato de Maria de Medici, O Casamento por Procuração de Maria de Medici com o Rei Henrique IV, Chegada (ou Desembarque) de Maria de Medici em Marselha_ (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
Peter Paul Rubens, três pinturas do ciclo de 24 quadros que Rubens pintou para a Galeria Medici no Palácio de Luxemburgo, Paris (hoje no Museu do Louvre, Paris), 1621-25, óleo sobre tela. Da esquerda para a direita: A Apresentação do Retrato de Maria de Medici, O Casamento por Procuração de Maria de Medici com o Rei Henrique IV, Chegada (ou Desembarque) de Maria de Medici em Marselha (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)

Arte versus artefato

A palavra “arte” deriva do latim ars, cujo significado original é “habilidade” ou “ofício”. Tais significados ainda são definições primárias em palavras derivadas de ars, como “artefato” (uma coisa feita com habilidades humanas) e “artesão” (uma pessoa com habilidade para fazer coisas). Os significados de “arte” e “artista”, porém, não são tão simples. Entendemos arte como envolvendo mais do que apenas o artesanato qualificado. Mas o que exatamente distingue um trabalho de arte de um artefato, ou um artista de um artesão?
Quando essa pergunta é feita a estudantes, eles tipicamente sugerem várias ideias. Uma é beleza. Muito da arte é visualmente impressionante e nos séculos 18, 19 e início do século 20, a análise de qualidades estéticas era central na história da arte. Nesse período, a arte que imitava a arte Grega e Romana antiga (a arte da antiguidade clássica), era considerada como personificação da perfeição atemporal. Os historiadores da arte se concentravam nas chamadas belas artes—pintura, escultura e arquitetura—analisando as virtudes de suas formas. Ao longo do último século e meio, porém, tanto a arte como a história da arte evoluíram radicalmente.
Esquerda: Lysippos, Apoxyomenos (Scraper), Cópia romana de uma estátua de bronze de cerca de 330 a.C., 2m de altura (Museu do Vaticano); Direita: Kiki Smith, figura masculina sem nome, 1990, 198,1 × 181,6 × 54 cm, figuras de cera de abelha e cera microcristalina em suportes de metal (Whitney Museum of American Art)
Esquerda: Lysippos, Apoxyomenos (Scraper), Cópia romana de uma estátua de bronze de cerca de 330 a.C., 2m de altura (Museu do Vaticano); Direita: Kiki Smith, figura masculina sem nome, 1990, 198,1 × 181,6 × 54 cm, figuras de cera de abelha e cera microcristalina em suportes de metal (Whitney Museum of American Art)
Os artistas se afastaram da tradição clássica, adotando novos meios de comunicação e ideais estéticos; os historiadores de arte mudaram seu foco de análise da beleza formal da arte para a interpretação do seu significado cultural. Hoje entendemos a beleza como algo subjetivo, uma construção cultural que varia através do tempo e do espaço. Ainda que a arte continue a ser essencialmente visual, e a análise visual ainda é um instrumento fundamental usado pelos historiadores de arte, a beleza em si não é mais considerada um atributo essencial da arte.
Uma segunda resposta comum para a questão do que distingue a arte enfatiza a originalidade, a criatividade e a imaginação. Isto reflete o entendimento moderno da arte como sendo uma manifestação da engenhosidade do artista. Essa ideia, no entanto, se originou há quinhentos anos na Europa Renascentista e não é diretamente aplicável a muitas das obras estudadas por historiadores de arte. Por exemplo, no caso da arte Egípcia antiga ou de ícones Bizantinos, a preservação da tradição era mais valorizada do que a inovação. Enquanto a ideia de engenhosidade é certamente importante na história da arte, ela não é um atributo universal das obras estudadas por historiadores de arte.
Tudo isso pode levar à conclusão de que as definições de arte, como aquelas de beleza, são subjetivas e instáveis. Uma solução para este dilema é propor que a arte se distingue principalmente por sua atividade visual, ou seja, por sua capacidade de cativar os espectadores. Os artefatos podem ser interessantes, mas a arte, eu penso, tem o potencial de nos comover, emocionalmente, intelectualmente ou de qualquer outra maneira. Ela pode fazer isso por meio de suas características visuais (escala, composição, cor, etc.), da expressão de ideias, da habilidade, da engenhosidade, da raridade ou de alguma combinação destas ou de outras qualidades. A maneira como a arte atrai pode variar, mas de algum modo, a arte nos leva além da experiência cotidiana e comum. Os maiores exemplos atestam os extremos da ambição humana, da habilidade, da imaginação, da percepção e do sentimento. Como tal, a arte nos leva a refletir sobre aspectos fundamentais do que é ser humano. Qualquer artefato, como um produto da habilidade humana, poderia dar uma visão da condição humana. Mas a arte, ao se mover além do lugar-comum, tem o potencial de fazê-lo de forma mais profunda. A arte. então, talvez seja melhor compreendida como uma classe especial de artefato, excepcional em sua capacidade de nos fazer pensar e sentir através da experiência visual.
Coatlicue, c. 1500, Mexica (Asteca), encontrada na extremidade Sudeste da Plaza Mayor/Zocalo na Cidade do México, basalto, 257 cm de altura (Museu Nacional de Antropologia, Cidade do México) (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
Coatlicue, c. 1500, Mexica (Asteca), encontrada na extremidade Sudeste da Plaza Mayor/Zocalo na Cidade do México, basalto, 257 cm de altura (Museu Nacional de Antropologia, Cidade do México) (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)

História: Dando sentido ao passado

Como as definições de arte e beleza, os conceitos sobre a história mudaram ao longo do tempo. Pode parecer que a história escrita deveria ser simples: tudo é baseado em fatos, não é? Em teoria, sim, mas as evidências que sobrevivem ao tempo são vastas, fragmentadas e confusas. Os historiadores devem tomar decisões sobre o que incluir e excluir, como organizar o material e o que dizer sobre ele. Ao fazerem isso, eles criam narrativas que explicam o passado de modo que ele faça sentido no presente. Inevitavelmente, como o presente muda, tais narrativas são atualizadas, reescritas, ou descartadas completamente e substituídas por novas narrativas. Toda história, então, é subjetiva, tanto um produto da época e lugar em que foi escrita quanto a evidência do passado que ela interpreta.
A disciplina da história da arte se desenvolveu na Europa durante o período colonial (aproximadamente do século 15 até meados do século 20). Os primeiros historiadores de arte enfatizaram a tradição Europeia, comemorando suas origens Gregas e Romanas e os ideais da arte acadêmica. Em meados do século 20 estabeleceu-se uma narrativa padrão para a "arte Ocidental" que traçou o seu desenvolvimento desde a arte Mediterrânea pré-histórica, antiga e medieval até a da Europa moderna e dos Estados Unidos. A arte do resto do mundo, rotulada de "arte não-Ocidental", foi tipicamente tratada apenas marginalmente e de uma perspectiva colonialista.
As imensas mudanças socioculturais que ocorreram no século XX levaram os historiadores de arte a corrigir tais narrativas. Relatos da arte Ocidental que apresentavam apenas homens brancos foram revisados para incluir artistas negros e mulheres. O foco tradicional na pintura, na escultura e na arquitetura foi expandido para incluir as chamadas artes menores, tais como cerâmica e têxteis, e a mídia contemporânea, como o vídeo e a arte performática. O interesse pela arte não-ocidental aumentou, crescendo drasticamente nos últimos anos.
Máscara Pendente da Rainha Mãe (Iyoba), século XVI, etnia Edo, Corte do Benin, Nigéria, marfim, ferro, cobre, 23,8 x 12,7 x 8,3 cm (Museu Metropolitano de Arte, Nova York) (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
Máscara Pendente da Rainha Mãe (Iyoba), século XVI, etnia Edo, Corte do Benin, Nigéria, marfim, ferro, cobre, 23,8 x 12,7 x 8,3 cm (Museu Metropolitano de Arte, Nova York) (foto: Steven Zucker, CC BY-NC-SA 2.0)
Hoje, o maior desenvolvimento social que a história da arte enfrenta é a globalização. Como nosso mundo se torna cada vez mais interligado, a familiaridade com diferentes culturas e com a diversidade são essenciais. A história da arte, como a história dos artefatos excepcionais de uma ampla gama de culturas, tem um papel a desempenhar no desenvolvimento dessas habilidades. Agora, os historiadores de arte podem ponderar e debater como conciliar as origens intelectuais europeias com seu legado colonialista problemático, com o multiculturalismo contemporâneo, e como escrever a história da arte em uma era global.
Os vídeos e artigos do Smarthistory refletem essa história da história da arte. Uma vez que o site foi originalmente criado para oferecer suporte a um curso de história e arte Ocidental, o conteúdo inicialmente focava nas obras mais célebres do cânone Ocidental. Com os principais períodos e civilizações desta tradição agora bem representados e um número crescente de estudiosos contribuindo, a gama de objetos e temas tem aumentado nos últimos anos. E mais importante, foi adicionada uma cobertura substancial de tradições do mundo fora do Ocidente. Como o site continua a se expandir, as obras e as perspectivas apresentadas irão evoluir com as tendências contemporâneas da história da arte. Na verdade, como inovadores no uso da mídia digital e da internet para criar, divulgar e questionar o conhecimento da arte histórica, a Smarthistory e seus usuários têm o potencial para ajudar a moldar o futuro da disciplina.

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  • Avatar mr pink red style do usuário Sandra Xavier
    Como toda História é subjetiva, uma forma de tentarmos entender um pouco melhor determinado período, seria lermos diferentes autores sobre determinado assunto? Como chegar mais próximo do que de fato aconteceu, neste caso?
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  • Avatar winston default style do usuário kirke
    Não acredito que toda a história é subjetiva, pois isso nos levaria ao relativismo histórico, existem fatos inquestionáveis sobre determinados assuntos, e o que não sabemos pode ser dado por interpretações baseada em evidências e relatos que tenham sua origem atestada.
    Alguns dizem a respeito de 6 formas de atestar a autencidade de um evento histórico:
    1 - Adequação histórica.
    2 - Fontes primitivas, independentes.
    3 - Constrangimento.
    4 - Dessemelhança.
    5 - Semitismos.
    6 - Coerência.
    Além disso, podemos usar o teorema de Bayes.
    (6 votos)
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  • Avatar duskpin ultimate style do usuário Malu Gratão
    oi Malu Gratão
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  • Avatar aqualine ultimate style do usuário nicolaukk
    por que a lua tampa o sol sendo q o sol e ,maior q a lua?
    (1 voto)
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