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Conteúdo principal

Contos de assombração

Nesta videoaula, apresentamos informações sobre os contos de assombração. Abordamos tanto características do texto (como estrutura e elementos da narrativa) como sua função social (quem lê contos de assombração e por quê, quem escreve etc.).

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Transcrição de vídeo

RKA - Olá, pessoal, tudo bem com vocês? Na aula de hoje, iremos estudar sobre um gênero textual assombrado, pois iremos tratar sobre contos de assombração. Vocês já viram ou leram alguma história de assombração? Já sentiram medo ao ouvir, ou ler este tipo de história? O que vocês acharam? Gostaram da história? Conseguiriam recontá-la a algum colega? Na aula de hoje, iremos estudar e conhecer um pouco mais sobre contos de assombração. Para iniciar nossa aula, vamos ler um conto chamado Maria Angula. Maria Angula era uma menina alegre e viva, filha de um fazendeiro de Cayambe. Era louca por uma fofoca e vivia fazendo intrigas com os amigos para jogá-los uns contra os outros. (...) Quando Maria Angula se casou, começaram os seus problemas. No primeiro dia, o marido pediu-lhe que fizesse uma sopa de pão com miúdos, mas ela não tinha a menor ideia de como prepará-la. Queimando as mãos com uma mecha embebida em gordura, acendeu o carvão e levou ao fogo um caldeirão com água, sal e colorau, mas não conseguiu sair disso: não fazia ideia de como continuar. Maria lembrou-se então de que na casa vizinha morava dona Mercedes, cozinheira de mão-cheia, e, sem pensar duas vezes, correu até lá. — Minha cara vizinha, por acaso a senhora sabe fazer sopa de pão com miúdos? — Claro, dona Maria. É assim: primeiro, coloca-se o pão de molho em uma xícara de leite, depois despeja-se este pão no caldo e, antes que ferva, acrescentam-se os miúdos. — Só isso? — Só, vizinha. — Ah — disse Maria Angula —, mas isso eu já sabia! E voou para a sua cozinha a fim de não esquecer a receita. No dia seguinte, como o marido pediu que fizesse um ensopado de batatas com toicinho, a história se repetiu: — Dona Mercedes, a senhora sabe como se faz um ensopado de batatas com toucinho? E como da outra vez, tão logo a sua boa amiga lhe deu todas as explicações, Maria Angula exclamou: — Ah! É só? Mas isso eu já sabia! — E correu imediatamente para casa a fim de prepará-lo. (...) Como isso acontecia todas as manhãs, dona Mercedes acabou se enfezando. Maria Angula vinha sempre com a mesma história: "Ah, é assim que se faz o arroz com carneiro? Mas isso eu já sabia!" (...) Por isso, a mulher decidiu dar-lhe uma lição e, no dia seguinte... — Dona Mercedinha! — O que deseja, dona Maria? — Nada, querida, só que meu marido quer comer no jantar um caldo de tripas e bucho e eu... — Ah, mas isso é fácil demais! — disse dona Mercedes. E antes que Maria Angula a interrompesse, continuou: — Veja: vá ao cemitério levando um facão bem afiado. Depois espere chegar o último defunto do dia e, sem que ninguém a veja, retire as tripas e o estômago dele. Ao chegar em casa, lave-os muito bem e cozinhe-os com água, sal e cebolas. Depois que ferver uns dez minutos, acrescente alguns grãos de amendoim e está pronto. É o prato mais saboroso que existe. — Ah! — disse como sempre Maria Angula. — É só? Mas isso eu já sabia! E, num piscar de olhos, estava ela no cemitério, esperando pela chegada do defunto mais fresquinho. (...) Teve ímpetos de fugir, mas o próprio medo a deteve ali. Tremendo dos pés à cabeça, pegou o facão e cravou-o uma, duas, três vezes na barriga do finado e, com desespero, arrancou-lhe as tripas e o estômago. Então, voltou correndo para casa. Logo que conseguiu recuperar a calma, preparou a janta macabra que, sem saber, o marido comeu lambendo-se os beiços. Nessa mesma noite, enquanto Maria Angula e o marido dormiam, escutaram-se uns gemidos nas redondezas. Ela acordou sobressaltada. (...) De súbito, Maria Angula começou a ouvir um rangido nas escadas. Eram os passos de alguém que subia em direção ao seu quarto, com um andar dificultoso e retumbante, e que se deteve diante da porta. Fez-se um minuto eterno de silêncio e logo depois Maria Angula viu o resplendor fosforescente de um fantasma. Um grito surdo e prolongado paralisou-a. — Maria Angula, devolva minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da santa sepultura! Maria Angula sentou-se na cama, horrorizada, e, com os olhos esbugalhados de tanto medo, viu a porta se abrir, empurrada lentamente por essa figura luminosa e descarnada. A mulher perdeu a fala. Ali, diante dela, estava o defunto, que avançava mostrando-lhe o seu semblante rígido e o seu ventre esvaziado. (...) Aterrorizada, escondeu-se debaixo das cobertas para não vê-lo, mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas e arrastarem-na gritando: — Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura! Quando Manuel acordou, não encontrou mais a esposa e, muito embora tenha procurado por ela em toda parte, jamais soube do seu paradeiro. O que vocês acharam deste conto? Será que deu medo? Conseguiriam recontá-lo a algum colega? Este texto se trata da história de uma moça chamada Maria Angula. E, de acordo com o texto, vimos que essa moça é fofoqueira e gosta de arrumar intrigas. Quando Maria Angula finalmente se casa, encontra um grande problema, pois não consegue cozinhar para seu marido. Para combater esse problema, Maria Angula recorre à sua vizinha, a senhora dona Mercedes, e esta vizinha ajuda gentilmente Maria Angula. Porém, em vez de agradecer a dona Mercedes, Maria Angula sempre diz: "Ah, mas isso eu já sabia", o que entristece dona Mercedes. Até que, certo dia, dona Mercedes resolve pregar uma peça em Maria Angula por sua ingratidão e, dali em diante, Maria Angula sofre com as consequências sombrias. Podemos dizer que este texto pode ser considerado como de assombração devido à presença de um fantasma, de um cemitério, de morte e de desaparecimento, pois são essas coisas que criam o ambiente sombrio e assustador na história. Podemos notar que, em vez de os contos de assombração se iniciarem com "era uma vez", como os contos de fadas e as fábulas, eles geralmente se iniciam com a porção "certa noite", "certo dia", o que nos faz pensar num acontecimento sombrio. Os contos, como este que lemos, são famosos por possuírem o tamanho menor em relação a outras histórias que encontramos em outros tipos de livros e, devido a essa característica, por possuírem histórias mais curtas, os contos são muito fáceis de lembrar. Por isso, muitas pessoas conhecem e recontam histórias de geração em geração e muitas dessas histórias surgem a partir da cultura popular de várias pessoas criando e contando para amigos e familiares, podendo estas histórias serem vistas como ficção, ou seja, apenas uma historinha assustadora ou um fato contado por alguém que passou pela situação ou ouviu de outra pessoa, como mitos e lendas, assim como a história do lobisomem e da mula sem cabeça. Por isso, muitas cidades pequenas e quietas podem possuir muitas histórias de assombração, assim como lendas, que são contadas para familiares e amigos como uma forma de entretenimento ou alerta sobre algum perigo. Pois bem, pessoal. Na aula de hoje, estudamos sobre contos de assombração e, por meio da leitura de uma história, vimos algumas características que podemos encontrar nesse tipo de conto, como a presença de fantasmas, a presença de cemitérios, o tamanho curto, por ser um conto, o que o faz também ser fácil de lembrar, e que muitas pessoas contam este tipo de história para amigos e familiares de geração em geração. Não deixem de procurar por novas histórias e compartilhá-las com seus colegas. Ótimos estudos e leituras e até a próxima.