If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

História da arquitetura judaica

Como os Judeus, chamados nas Escrituras de "a menor de todas as nações" (Deut. 7:7) merecem uma seção sobre arquitetura religiosa junto com os esplendores da Cristandade, do Islamismo e do Budismo? Afinal, os Judeus hoje totalizam perto de 14 milhões, o mesmo número que existia antes do massacre de 6 milhões na Europa e a dissolução das comunidades por toda a Europa e o mundo Árabe durante os anos 1940. Este é um dado numérico importante. Nos séculos anteriores, os números eram muito menores. Apenas com base na demografia, então, seria difícil justificar a inclusão do Judaísmo nesta história da arte e da arquitetura.s

Um estilo nacional?

O mais difícil, talvez, é que desde o do século I até a criação da Israel moderna em 1948 os Judeus não podiam reivindicar (ou afirmar, como fizeram as novas nações Europeias) uma identidade ou um estilo de arte baseados no nacionalismo, categorias que foram de grande importância para o estilo e a história arquitetônica das construções dos século XIX e XX. A sua arquitetura era minoritária, refletindo uma existência de minorias.
O Templo de Salomão (c. 900 a.C.), nos dizem os acadêmicos modernos, era um típico templo oriental, enquanto as grandes sinagogas construídas na virada do século XX eram palácios art déco. Mesmo em termos de qualidade, é difícil incluir a arquitetura Judaica entre as grandes arquiteturas religiosas do mundo.
Modelo do Templo de Jerusalém, Museu de Israel
Modelo do Templo de Herodes em Jerusalem, Museu de Israel
Os mais grandiosos edifícios Judaicos, os templos de Salomão (destruído em 586 a.C.) e Herodes (destruído em 70 d.C.) estão há muito desaparecidos, e nunca mais os Judeus dispuseram de grandes recursos, nem de terreno, para construir. Não existem construções Judaicas comparáveis à Basílica de São Pedro (nem mesmo à "Antiga" construída por Constantino ou à de Júlio II), nem à Hagia Sophia, aos templos de Varanasi, ou à Cidade Proibida. As pequenas comunidades Judaicas, espalhadas pelo mundo da Palestina antiga a Kaifeng na China no século XVII, dos Estados Unidos à Israel contemporâneos, construíram sinagogas. muitas vezes edifícios de grande beleza e importância histórica, mas em grande parte muito limitados do ponto de vista arquitetônico. Não havia benfeitores Judeus para competir com Justiniano, Saladino ou della Rovere; e praticamente nenhum patrocínio governamental para sinagogas grandiosas. A arquitetura Judaica é sempre derivada de estilos e padrões locais, e responde às necessidades das comunidades locais minoritárias. A "arquitetura" Judaica através do tempo era uma arquitetura híbrida, termo desdenhado pelos puristas raciais e nacionais nos séculos XIX e XX, mas celebrado em nossa era "pós-moderna".
O Zodíaco, chão em mosaico, Sinagoga Beit Alfa, início do século Vi (Parque Nacional Beit Alfa, Israel)
O Zodíaco, chão em mosaico, Sinagoga Beit Alfa, início do século Vi (Parque Nacional Beit Alfa, Israel)

Longevidade

O que faltava aos Judeus em território, riqueza e valores, eles compensam com longevidade. Os Judeus ligam seu legado cultural, e às vezes sua linhagem física, aos patriarcas bíblicos, Abraão, Isaque, e Jacó (também chamado de Israel), e à terra de Israel (chamada nos tempos Romanos de Judéia), uma cadeia ininterrupta de 3 mil anos. Esta não é só uma história "imaginada". Nenhuma outra comunidade ocidental pode garantir, baseada em ricas evidências físicas e documentais, que se depararam com Ciro o Grande e Inocêncio III, Calígula e Maomé, Vitória, Stalin e Rembrandt. Apesar de uma minoria, os Judeus mantiveram ricas tradições miméticas pelos impérios que constituem o "mundo Ocidental", e uma impressionantemente complexa cultura literária que manteve seu senso de coesão grupal. Da antiguidade até os tempos modernos, era (e de certo modo ainda é) possível viajar de comunidade Judaica para comunidade Judaica da Pérsia à Espanha e além, como os viajantes faziam, e encontrar Judeus que compartilhavam uma cultura religiosa abrangente, mesmo se eles comessem comidas "estranhas" (embora sempre kosher), se vestissem de forma "engraçada" (apesar de os homens ainda usassem as obrigatórias "franjas" bíblicas) e praticassem costumes litúrgicos locais "estranhos". Sem falar a mesma língua, um visitante, digamos, da Alemanha, podia se comunicar com seus anfitriões, digamos, no Egito, recorrendo a uma mistura de Hebreu e Aramaico "pronunciado de forma peculiar", obtido pela exposição a vastas quantidades de textos religiosos canônicos.
Os Judeus e seus textos, nem sempre juntos, têm sido atuantes no que alguns textos ainda chamam de "a Experiência Ocidental" desde o seu início. As tradições religiosas associadas com Jesus e Maomé ambas se valem das escrituras Judaicas, e a interação com os judeus é essencial às suas próprias revelações, ambas confirmando o relacionamento em virtude "uso" da revelação de Moisés. Em outras palavras, os Judeus "são importantes" para Cristãos e Muçulmanos, e em virtude de conviverem entre eles, os Cristãos e os Muçulmanos "são importantes" para os Judeus.

O estudo da arte e da arquitetura Judaicas.

O estudo acadêmico da arquitetura Judaica foi desenvolvido a partir do século XVIII, quando Hebraistas Cristãos e estudiosos da bíblia se interessaram pela arquitetura bíblica, o Tabernáculo Mosaico, o Templo de Salomão e o Templo de Herodes, o último visitado por Jesus, que de acordo com os Evangelhos previu sua destruição em 70 d.C. sob o imperador Vespasiano. A arquitetura Judaica pós bíblica não se tornou um foco de pesquisa até as descobertas pelo Fundo de Exploração Palestino de sinagogas do período antigo tardio durante a década de 1860. Judeus do século XIX na Europa, na América e em certa medida nas terras Islâmicas e no sul da Ásia, estavam engajados em um boom imobiliário em grande escala; o maior desde a reconstrução do Templo de Jerusalém por Herodes o Grande iniciada em 20/19 a.C. Comunidades recentemente emancipadas ou em processo de emancipação se fizeram presentes construindo enormes sinagogas, inovando com uma ampla variedade de formas, do neo Egípcio ao neo clássico e neo moresco, terminando por se fixar nos tons modernos, ainda que tradicionalistas, do art déco.
Somente no final do século XIX os estudiosos começaram a olhar para trás e estudar a “arte Judaica,” incluindo a arquitetura Judaica; muitas vezes buscando, intencionalmente ou não, as raízes do boom contemporâneo em períodos anteriores. Na esperança de provar que “Judeus também fazem arte,” Judeus de todas as matizes esperavam provar sua humanidade através da criação e estudo da arte Judaica. Foi somente na Nova York de pós guerra que o primeiros, e talvez ainda os melhores, estudos abrangentes da arquitetura religiosa Judaica foram escritos, ambos pela historiadora da arte e arquiteta Rachel Wischnitzer. Eles foram intitulados European Synagogue Architecture e Synagogue Architecture in America. Nesse momento, o Estado de Israel tinha sido criado, e a "arte Judaica”, incluindo a arquitetura, se tornou a arte nacional.
O livro canônico deste processo foi Arte Judaica: Uma história Ilustrada de Cecil Roth, publicado pela primeira vez em Hebraico em 1958 e ainda sendo impresso em Hebraico. Esta antologia reuniu estudiosos que tinham sido dispersados em todo o mundo devido à Guerra para apresentar uma história abrangente, de Salomão até o presente. A arquitetura, até o período moderno, toda ela religiosa, está presente em cada período e em quase todos os artigos, com alguns artigos só dedicados a este assunto. O estudo da arquitetura Judaica tem sido de particular interesse para os estudiosos Israelenses, mas também para os Americanos e os Europeus. O Centro de Arte Judaica da Universidade Hebraica enviou equipes por todo o mundo para documentar sinagogas históricas, a maioria já não mais em uso. Na Europa, este trabalho assume um significado adicional, gerando um interesse para recuperar um patrimônio perdido, particularmente no Leste, já que a Europa, particularmente desde a queda do Comunismo, tem procurado desenvolver uma tradição e uma história Europeia mais tolerante.
Nos anos recentes, a cultura visual Judaica tem sido profundamente assimilada no estudo acadêmico do Judaísmo, na verdade pela primeira vez. Os historiadores culturais, trabalhando com historiadores da arte e historiadores da arquitetura, começaram a se focar nos verdadeiros elementos da arquitetura Judaica "minoritária" que em gerações anteriores eram muitas vezes desdenhados. O processo pelo qual um pequeno grupo minoritário se mesclou com seu ambiente comum, transformando e sendo transformado dentro desse ambiente, se tornou o material para bolsas de estudos contemporâneas. De várias formas, os Judeus têm sido o "canário na mina de carvão," o caso de estudo para a discussão teórica do que significa viver na diáspora e ser o primeiro, mais antigo e mais intimista povo Europeu colonizado.
Ensaio do Dr. Steven Fine

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.