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Português EF: 6º ano
Curso: Português EF: 6º ano > Unidade 2
Lição 1: Estratégias de leitura- Intertextualidade: explicação e exemplos
- Intertextualidade: explicação e exemplos
- Como fazer inferências em textos literários
- Inferências em textos literários
- A ideia principal em um texto
- A ideia principal em um texto
- O que são gêneros textuais?
- O que são gêneros textuais?
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Intertextualidade: explicação e exemplos
Nesta videoaula, apresentamos informações e exemplos sobre intertextualidade na literatura. Versão original criada por Khan Academy.
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- po mais esse cara tbm fala quase dormindo(2 votos)
Transcrição de vídeo
RKA12 - Olá! Tudo bem? Neste vídeo, aprenderemos sobre
a intertextualidade na literatura. "Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas." A frase, retirada de "O Pequeno Príncipe", é popular e repetida à exaustão por milhares
de leitores da obra em todo o mundo em inúmeras situações,
principalmente nas redes sociais. Nossas ideias e pensamentos
são expressos por meio de textos, e esses textos são resultado daquilo
que lemos, ouvimos ou assistimos. O que absorvemos dessas experiências
culturais influencia nossos textos. Essa influência que recebemos de outros
textos recebe o nome de intertextualidade. Veja esta imagem. E esta agora. Estas imagens lhe são familiares? Provavelmente, você pensou na
Monalisa, obra de Leonardo Da Vinci. Cada uma a seu modo
remete ao famoso retrato. É a intertextualidade. Podemos definir intertextualidade
como o diálogo entre dois ou mais textos, sejam eles verbais ou não verbais. Como assim, professor? É quando, por exemplo, um texto cita outro
texto, fala de algo que foi dito em outro texto. Quando você faz referência a uma frase
retirada de um desenho, um filme, uma propaganda, uma música,
um livro ou até mesmo um provérbio, você está estabelecendo um diálogo
entre o seu texto e o texto original. Isso é intertextualidade. Harry Potter diz: "Palavras são, na minha nada humilde
opinião, nossa inesgotável fonte de magia". Sendo assim, vamos entrar no mundo
mágico da intertextualidade na literatura. A propósito, esta intertextualidade
que eu acabei de utilizar se deu por meio da citação entre
aspas da fala do famoso mago. Os escritores se inspiram no universo
cultural para compor suas obras, e a intertextualidade é o recurso
frequentemente explorado por eles. Que tal analisarmos alguns exemplos para entender
melhor como é o processo intertextual na literatura? Vamos dar uma olhada na célebre "Canção
do Exílio", escrita em 1843 por Gonçalves Dias. Este é um ótimo exemplo para entendermos
como outros autores trabalham a intertextualidade. "Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores
Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite-
Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá". Neste poema, Gonçalves Dias
canta a saudade do Brasil, valorizando as belezas naturais
enquanto vivia exilado na Europa. Há uma enormidade de textos que
dialogam com a "Canção do Exílio". Vamos dar uma olhada em alguns deles? Veja este, por exemplo: "Um sabiá
na palmeira, longe. Estas aves cantam
um outro canto. O céu cintila
sobre flores úmidas. Vozes na mata,
e o maior amor. Só, na noite,
seria feliz: um sabiá,
na palmeira, longe. Onde é tudo belo
e fantástico, só, na noite,
seria feliz. (Um sabiá,
na palmeira, longe.) Ainda um grito de vida e voltar
para onde é tudo belo e fantástico; a palmeira, o sabiá,
o longe". O nome deste poema é
"Nova Canção do Exílio", de autoria do poeta brasileiro
Carlos Drummond de Andrade. Já pelo título dá para notar
a referência ao texto original. Ao lermos o texto, notamos elementos
da natureza, como o sabiá e a palmeira, e o mesmo tom saudosista
de Gonçalves Dias. A intertextualidade pode acontecer
quando utilizamos a mesma ideia original, mas um texto diferente. É como dizer a mesma coisa,
só que com outras palavras. O nome deste recurso é paráfrase. Vamos ler mais outro? "Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos Os sururus em família têm
por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado
em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar
uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!" Este poema se chama
"Canção do Exílio", de Murilo Mendes. Diferentemente de Gonçalves Dias, Mendes faz uma crítica, e esta
crítica é à invasão cultural estrangeira. Ele não se conforma em
aceitar tudo o que vem de fora: as frutas, os pássaros,
os artistas, as ideologias. Ele se sente exilado
mesmo estando no próprio país. Além do título que já
dialoga com o poema original, há várias pistas no interior do poema, como, por exemplo, os versos:
"nossas flores são mais bonitas", "nossas frutas mais gostosas", que remetem ao
texto de Gonçalves Dias. Quando temos o diálogo com o texto,
mas com mudança na abordagem temática, chamamos esta
intertextualidade de paródia. Às vezes, a intertextualidade ocorre
mesmo em gênero textual distinto. É o que vemos no
exemplo seguinte: "Vida de Passarinho", Caulos. "Gonçalves Dias.
'Nosso céu tem mais estrelas... Nossas várzeas têm mais flores... ... Nossa vida mais amores Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá'. O sabiá sou eu.
Essa era a palmeira". Este quadrinho do cartunista Caulos, além de
citar a obra original e o autor Gonçalves Dias, por meio de dois elementos
do poema, o sabiá e a palmeira, denuncia o descaso com o
meio ambiente no nosso país. Este exemplo mostra o recurso à citação, em que
se menciona claramente o texto ou parte dele. E, para finalizar, você sabia que até o Hino Nacional
estabelece intertextualidade com a "Canção do Exílio"? Observe no hino os versos: "Do que a terra mais garrida
teus risonhos, lindos campos têm mais flores: 'Nossos bosques têm mais vida'
'Nossa vida', no teu seio, 'mais amores'". Os versos remetem de modo
flagrante ao poema de Gonçalves Dias. Os versos "nossos bosques têm
mais vida", "nossa vida mais amores" pertencem a "Canção do Exílio"
de Gonçalves Dias. e os encontramos entre
aspas no Hino Nacional. O primeiro verso aparece
na íntegra no hino, e o segundo, com adaptação:
"'Nossa vida', no teu seio, 'mais amores'". A inclusão do poema
"Canção do Exílio" no nosso hino vem comprovar o quanto foi receptiva e
popular a obra do poeta Gonçalves Dias. Vale lembrar que a letra do Hino Nacional foi escrita
muito depois que Gonçalves Dias criou o seu poema. Resumindo aula de hoje,
vimos que somos resultado do que lemos, ouvimos
e assistimos, e esses textos nos inspiram. Dialogamos com diferentes
textos no nosso dia a dia. A literatura também recorre a esse diálogo,
a que chamamos intertextualidade. Essa intertextualidade é usada quando
queremos dizer algo semelhante ao original, mas com outras palavras, ou quando queremos modificar o sentido
original fazendo referência a um texto conhecido, ou ainda quando queremos
construir outros gêneros textuais. Bons estudos e
até a próxima aula! Tchau!