Contos e minicontos

RKA4JL - Olá! Como vai? Diz aí, ao longo do tempo você certamente já teve contato com muitos tipos de texto, não é mesmo? Dentre eles, você se recorda de ter lido algum conto ou miniconto? Pois bem. Hoje iremos conversar um pouco sobre eles. Vou lhe mostrar alguns minicontos muito interessantes. "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá." "Vende-se um par de sapatos de bebê. Nunca usados." "Caiu da escada e foi para o andar de cima." Observe que esses minicontos abrem caminhos para várias interpretações, o que é algo comum desse gênero: propor variadas possibilidades de leitura. Vamos retomar os exemplos apresentados para perceber isso na prática. "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá." Levando em consideração as informações que esse texto curtíssimo nos apresenta, podemos levantar algumas hipóteses para interpretá-lo. A presença do termo "ainda", por exemplo, dá a entender que o dinossauro já estava lá antes de o personagem desconhecido adormecer. Logo, inferimos que ocorreram situações anteriores que o leitor desconhece, mas que podem ser imaginadas de forma hipotética. Será que o personagem desconhecido estava com medo do dinossauro e foi dormir, esperando que, ao acordar, ele tivesse desaparecido? "Vende-se um par de sapatos de bebê. Nunca usados." Aqui, mais uma vez temos informações condensadas, isto é, fica claro que existem situações anteriores que geraram a tentativa de venda dos sapatos, mas o leitor não tem acesso a elas de forma direta. Precisa fazer suposições. Talvez o pé da criança seja pequeno demais, ou grande demais, ou talvez a criança tenha falecido sem ao menos ter os experimentado. "Caiu da escada e foi para o andar de cima." Aqui, podemos fazer interpretações tanto no sentido literal quanto no sentido figurado. Por exemplo, uma possível leitura literal desse miniconto é que o personagem desconhecido levou uma queda tão feia que morreu, ou seja, foi para outra dimensão, para o andar de cima. Já uma leitura no sentido figurado pode passar a ideia de que a queda, na verdade, são as dificuldades da vida que, por vezes, parecem nos derrubar, mas que, na verdade, nos fazem amadurecer, nos elevando a um patamar acima. Viu só quantas coisas imaginamos a partir de textos tão curtos? E essas foram apenas algumas possíveis interpretações. Você ainda pode fazer muitas outras. É válido ressaltar que cada palavra utilizada na criação de minicontos é escolhida com toda a atenção e cuidado por parte do autor para produzir uma estrutura que gere no leitor diversos impactos, tornando a breve leitura algo bem interessante. Às vezes, no primeiro contato, nem sempre identificamos os possíveis sentidos que deixam a leitura interessante, mas se lermos mais vezes e conversarmos com outras pessoas sobre o texto, com certeza conseguiremos estabelecer alguns possíveis sentidos. Com um pouquinho de empenho tudo ficará mais claro. Faça o teste: procure outros minicontos, leia-os e troque ideias com seus amigos, familiares, e perceberá o quanto irá aprender e se entusiasmar com isso. Você também pode imaginar como os minicontos seriam se, na verdade, fossem contos, isto é, narrativas um pouco maiores que os minicontos, com mais parágrafos, em que há a presença de um ou mais personagens que se movimentam em um tempo e espaço agindo sobre esses elementos e também sendo influenciados por eles, em uma ambientação organizada para gerar algum efeito no leitor, seja de encantamento, medo, piedade, efeito esse que vai sendo construído até atingir o clímax na narrativa. Observando esses pontos acerca do conto e algumas das características apresentadas sobre os minicontos, já nos é possível estabelecer diferenças entre eles. No conto, há um foco narrativo, ou seja, existe um elemento direcionando a história, seja na primeira ou na terceira pessoa. Já no miniconto, pode ou não haver esse foco narrativo. Quanto aos personagens, isso é algo presente no conto, mas não é uma regra nos minicontos. Já os temas abordados por contos e minicontos podem ser os mais variados possíveis. A diferença é que, nos minicontos, o trabalho com o assunto, além de ser breve, desfruta de uma maior liberdade estrutural quando comparado ao conto, como foi possível perceber. Em ambos os gêneros, o contexto nos auxilia a identificar certas informações implícitas que vão sendo desvendadas no processo de ler e reler. E aí, gostou de saber um pouquinho sobre contos e minicontos? Espero que sim. Boas leituras e até a próxima!