Vírgula em períodos compostos

RKA2G - Oi, como vai? Tudo bem? Quero começar este nosso encontro te fazendo uma pergunta. Para que servem os sinais de pontuação? Os sinais de pontuação têm três finalidades básicas: separam as palavras, as expressões e as orações que devem ser destacadas em um texto, assinalam as pausas e a entonação na leitura e esclarecem o sentido de uma frase, afastando qualquer ambiguidade que essa frase possa apresentar. Hoje, nós vamos falar sobre um dos sinais de pontuação mais comuns nos nossos discursos de todo dia: a vírgula. A vírgula tem a função de separar palavras, frases e orações. Ela também ajuda a explicar uma ideia e torna, obviamente, o texto muito mais claro. De um modo geral, devemos usar a vírgula sempre que separamos os elementos de uma lista, sempre que fazemos uma explicação no meio da frase, sempre que começamos a frase indicando um lugar, um tempo ou um modo específico e sempre que separamos orações independentes. Olhe este exemplo. "Antigamente, nas cidadezinhas do interior do país, a população reconhecia as três maiores autoridades do município: o padre, o prefeito e o delegado. Cada qual à sua maneira, exercia influência específica sobre o comportamento das pessoas, principalmente diante de algum entrevero. Mas a vida seguiu seu rumo, as vilas cresceram. E o tempo transformou esse pensamento em longínqua lembrança do passado." Você percebeu o uso das vírgulas aí? Nós colocamos a vírgula ali em "o padre, o prefeito". Por quê? Porque nós estamos separando os elementos de uma mesma lista. Nós colocamos vírgula em "Cada qual, à sua maneira, exercia" e também em "o comportamento das pessoas, principalmente diante de algum entrevero". Por quê? Porque estamos fazendo uma explicação no meio da frase. Nós colocamos uma vírgula em "Antigamente, nas cidadezinhas do interior do país". Por quê? Porque estamos começando uma frase com um termo que dá ideia de lugar, de tempo, de modo. E nós colocamos vírgula, também, entre aquelas duas orações Independentes: "Mas a vida seguiu seu rumo, as vilas cresceram". Percebe? Que tal a gente experimentar agora? Vamos lá? Veja este trecho da Constituição Brasileira. Em seu parágrafo segundo, a Constituição declara que: "As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente cabendo-lhes usufruto exclusivo das riquezas do solo dos rios e dos lagos nelas existentes." Estão faltando vírgulas aí, não estão? Primeiro, para tornar a leitura mais ritmada, mais clara e, segundo, para separar melhor as ideias. Onde podemos colocar vírgulas neste texto? No caso, neste trecho aqui, que explica alguma coisa: "cabendo-lhes". E neste outro trecho, que lista elementos: "do solo, dos rios e dos lagos". Agora, você poderia perguntar: "Ué, e aqui? 'Pelos índios'. Não tem vírgula?" É comum a gente se enganar, mas temos que lembrar que, entre sujeito e predicado, não existe vírgula. Qual é o sujeito aqui? "As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios", certo? Então, "as terras destinam-se". Sem vírgula. "As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se". Sem vírgula! Agora, tem uma coisa: a gente tem que pensar que, na construção de um texto, temos que usar recursos estilísticos diferentes. Enquanto autores, nós temos a obrigação de transformar o texto em uma coisa estruturalmente bem organizada, fácil de entender, objetiva. As conjunções, neste caso, podem ser aliadas importantes para a gente. Primeiro, vamos relembrar: o que é mesmo uma conjunção? Conjunção é a palavra ou a locução invariável que conecta duas orações ou dois termos de uma mesma função sintática. E, nessa conexão, ela estabelece uma relação de dependência ou de coordenação entre esses termos. Então, para que servem as conjunções? Para identificar, nos textos dos períodos formados por mais de uma oração, que expressam soma ou oposição de sentidos. Ficou complicado? Vamos melhorar isso. Vou contar para vocês a história da Beatriz. "Beatriz tinha pressa. Beatriz nem esperou o elevador. Beatriz resolveu descer pelas escadas. Beatriz entrou no carro. Beatriz deu a partida. A bateria do carro descarregara durante a noite. Beatriz acabou chamando um táxi." Que drama o dessa Beatriz, hein? Agora, precisa contar a história desse jeito? Não. Podemos organizar essas ideias de várias maneiras. Eu vou propor uma para vocês. "Beatriz tinha pressa e nem esperou o elevador. Resolveu descer pelas escadas. Entrou no carro, deu a partida, mas a bateria do carro descarregara durante a noite e Beatriz acabou chamando um táxi." Viu? Usei vírgulas: "entrou no carro, deu a partida", mas também usei conjunções. Conjunções que expressaram uma soma de sentido: "Tinha pressa e nem esperou o elevador", "a bateria descarregara e Beatriz chamou um táxi". E conjunções que expressam sentidos opostos: "Ela entrou no carro e deu partida, mas o carro não ligou, porque a sua bateria tinha descarregado durante a noite." E aí, curtiu tudo isso? É muito legal, não é? Imagino que você já está imaginando como vai ser seu próximo texto. Como vai trabalhar as vírgulas, como vai trabalhar as conjunções, para tornar esse texto mais agradável, mais organizado, mais claro. Bem, mãos à obra! Usar pontuação corretamente é uma forma de a gente ser melhor compreendido. Até breve!