Como selecionar obras artísticas/literárias?

RKA4JL - Olá! Como vai? Diz aí, quando você quer ler um bom livro, ver uma boa série, um bom filme, mas não tem nenhum em mente, como você costuma decidir qual produção cultural irá apreciar? Bem, há várias formas, não é? Você pode pedir indicações a amigos e familiares, ou, então, consultar textos que descrevem as obras e também contam com avaliações de leitores ou espectadores que já tenham tido contato com tais produções. A resenha crítica e a sinopse são exemplos disso. É comum quando queremos saber um pouco sobre algum texto, filme ou espetáculo teatral, procurarmos pelo nome dele em um site buscador e ler na internet resenhas, comentários, sinopses e vlogs culturais. Vamos ver aqui o que encontramos, por exemplo, para a busca do filme "Central do Brasil". É, tem várias coisas. Esse aqui parece interessante. “O filme Central do Brasil, de Walter Salles, é fruto da perfeita combinação de talentos, desde a interpretação de Fernanda Montenegro, Marília Pêra e do então pequeno Vinícius de Oliveira até o roteiro de João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein. O filme encantou o Festival de Berlim e foi indicado ao Oscar. A trama ainda é um primor de simplicidade, mas com engenhosa construção. Dora escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil. Uma de suas clientes tenta reaproximar o filho do pai. Ao sair da estação, ela morre e Dora acolhe a criança, o menino Josué, partindo em busca do pai desaparecido. Os pequenos dissabores humanos sempre interessaram muito a Walter Salles, e aqui estão personificados na mulher que descobre um sentido para a vida desolada ao se unir a um menino em sua busca pelo pai. E tanto o diretor como a atriz reconhecem que a alma do filme está na interpretação de Vinícius, garoto descoberto por Salles no aeroporto Santos Dumont, engraxando sapatos. Sua espontaneidade surpreendeu o cineasta e tornou-se uma das principais marcas de um filme que não envelhece.” Observe que nessa resenha crítica de Central do Brasil há elementos que fazem parte da descrição do filme, como esse trecho. Aqui o autor resume a história para que o leitor possa ter uma noção do enredo e outros elementos que fazem parte dos gostos, reflexões e interpretações particulares do autor, como esse trecho. Aqui, quando o autor afirma que no filme há uma perfeita combinação de talentos, está expressando o seu ponto de vista, o que, normalmente, varia muito de pessoa para pessoa. Então é importante entender que a resenha crítica, ou qualquer outro tipo de texto que avalie uma produção cultural, é sempre um olhar pessoal. Por isso, comparar avaliações, ponderar e estabelecer a sua própria perspectiva da obra são movimentos significativos para o seu crescimento como sujeito crítico que sabe estabelecer opiniões, conexões e contradições acerca de determinado material artístico. Há também outros gêneros textuais que têm objetivos semelhantes aos da resenha crítica e que, portanto, podemos recorrer como um direcionador para seleção de produções culturais. Um desses outros gêneros é a quarta capa, a parte de trás dos livros, que contém uma breve contextualização da obra, com informações importantes e comentários que realçam o valor do texto, destacando o estilo do seu autor, o enredo e coisas do tipo. Com isso, pode-se conhecer um pouquinho mais sobre a obra antes de decidir se irá apreciá-la ou não. Bem, a resenha crítica e a quarta que observamos hoje são alguns exemplos de gêneros que nos auxiliam bastante no momento de escolher uma produção cultural para apreciar. E aí, qual vai ser a sua próxima leitura? Eu tenho uma para indicar: "O santo e a porca", de Ariano Suassuna. Observe só o que está registrado na quarta capa dessa obra. "O santo é Santo Antônio e a porca é uma porca de madeira, em que o avarento esconde suas economias. [...] Há na peça um riso bom e ruidoso, um sopro de vida simples e cheia de paixões diretas, um cauterizar feridas que alegra até ao cauterizado, um girar contínuo de graça e astúcia cabocla, sob o fundo de universal humanidade", Carlos Drummond de Andrade. "Mas de invejar mesmo é a capacidade de diálogo de Suassuna, a naturalidade, o ritmo que consegue, o efeito quase sem palavras, a estrutura das cenas, a sucessão das tramas, tudo com pouca coisa, poeticamente. A carpintaria teatral, sem dúvida o mais difícil para o autor, em Ariano Suassuna é manejada com a destreza de um mestre." Walmir Ayala. "O santo e a porca é um espetáculo que dá grande prazer pelo brilhante humor de seu texto." Bárbara Heliodora. Então, ficou a fim de ler? Veja se ele está disponível na sua escola ou em alguma biblioteca. Eu garanto que você não vai se arrepender! Boas leituras, e até a próxima!