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Português EF: 8º ano
Curso: Português EF: 8º ano > Unidade 2
Lição 3: Funcionamento da língua (2)- Uso de ponto e vírgula
- Uso de ponto e vírgula
- Paráfrases e citações
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- Elementos de coesão e coerência na escrita
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- Discurso direto, indireto ou indireto livre
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- Polissemia
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Discurso direto, indireto ou indireto livre
Nesta videoaula, serão apresentadas estruturas de reprodução de enunciações: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. O foco será o uso dessas estruturas no meio jornalístico e os efeitos de sentido que decorrem de cada escolha.
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Transcrição de vídeo
RKA12MC – Olá! Vamos começar esta aula
apresentando três trechos de uma matéria jornalística
publicada no canal TAB da UOL. O primeiro trecho diz assim: O futurologista holandês Christian Kromme pesquisava sobre uma doença
genética da filha, em 2011, quando identificou um padrão no ponto de
desenvolvimento das células e organismos vivos. Foi o ponto de partida para descobrir que o
desenvolvimento tecnológico segue o mesmo padrão [...] O segundo trecho que queremos
destacar dessa reportagem é este: Em passagem pelo Rio de Janeiro, em 2019, o futurologista disse a uma
plateia de empresários [...] que a próxima onda tecnológica
vai priorizar o coletivo e valorizar qualidades
intrinsecamente humanas [...]. E nosso terceiro excerto
da reportagem é este aqui: Kromme afirma que algumas empresas já
começaram a trabalhar com essa mentalidade e que a virada se dará em pouco tempo [...]. "O lucro será um efeito secundário nas
empresas do futuro", profetiza o autor. No primeiro trecho, sabemos que foi a partir
de uma pesquisa relacionada à genética que o futurologista holandês
Christian Kromme desenvolveu uma nova teoria a respeito das transformações
tecnológicas que ainda poderão impactar o mundo. No segundo trecho, sabemos que
Kromme esteve no Rio de Janeiro em 2019 e em uma palestra disse que
essa nova onda tecnológica vai priorizar o coletivo,
valorizando as qualidades humanas. Finalmente, no terceiro trecho, vemos
que o futurologista acredita que, no futuro, o lucro será um efeito
secundário para as empresas. O primeiro trecho foi
importante para nos situarmos, mas eu quero detalhar com você o
texto apresentado nos trechos dois e três porque eles exemplificam claramente
o tema da nossa aula de hoje: discurso. Veja estas duas frases
tiradas dos trechos dois e três: O futurologista disse a
uma plateia de empresários que a próxima onda de
tecnologia vai priorizar o coletivo. "O lucro será um efeito secundário nas
empresas do futuro", profetiza o autor. Percebe que, nos dois casos,
quem fala é o futurologista? Na primeira frase, o texto informa
indiretamente o que ele disse, na segunda, escreve de
forma direta o que ele falou. Aí, a gente para um
pouquinho com a reportagem e vem para as
características do discurso. Falei que um texto informa
indiretamente o que o futurólogo diz e que o outro escreve a fala
dele de forma direta, certo? Pois, então, o discurso indireto é uma forma de expressar o
pensamento de outra pessoa por meio de nossas próprias palavras. No exemplo da reportagem,
a jornalista Ana Paula Grabois informa o que aconteceu,
o que foi dito, e de que jeito por meio da apresentação indireta da frase usada
pelo futurologista na palestra aos empresários. Na segunda frase, a jornalista repete exatamente
as mesmas palavras usadas pelo futurologista, sem tentar explicar o que aconteceu,
mas mostrando como aconteceu. Ela se vale das aspas para reproduzir
diretamente a fala do Christian Kromme e completa a ideia com “profetiza o autor”. O uso de um tipo de discurso ou de outro
é o que confere expressividade ao texto. O discurso direto mostra
claramente quem está falando, o indireto faz referência a quem falou. Se a jornalista quisesse trocar o discurso direto
pelo indireto e o indireto pelo direto em sua matéria, talvez as frases ficassem assim. Percebeu um detalhe simples nessa
alteração que fizemos nas frases? Na primeira, desapareceu a
subordinação entre as ideias, e, na segunda, a subordinação
apareceu. Por quê? Porque, no discurso direto, as frases
e as vozes são independentes. No indireto, é uma única voz
que anuncia as duas ações. Você usa discurso direto e indireto o
dia todo e talvez nem tenha percebido. Sabe quando você conta para um
amigo o que o outro amigo disse a você sobre determinado assunto? Ó, o João Pedro me contou que
desde que a pandemia começou só sai de casa para
passear com o cachorro. Ah, a Eduarda disse que aprendeu a fazer
pão de cereais assistindo à receita na internet. A voz do João Pedro e a voz da Eduarda estão
refletidas no discurso que você está fazendo. Quem sabe usar bem a língua,
trabalha o discurso de forma exemplar. No jornalismo, noticiar os
fatos e transmitir a informação da maneira mais neutra
e mais objetiva possível é um ponto extremamente positivo. Mas nem sempre conseguimos ser
neutros em relação ao assunto, às vezes, enveredamos para a opinião. Nada contra uma opinião, mas
é importante deixar isso claro. Daí essa preocupação com
fake news, por exemplo. A gente precisa ficar atento ao
modo como o texto usa o discurso para não se deixar
enganar por uma opinião. Um texto jornalístico de verdade cita as fontes,
mostra mais de uma opinião, dá voz a mais pessoas. O jornalista até pode inserir
sua opinião na matéria, mas de forma que deixe
isso claro para o leitor. Já o leitor precisa saber ler
um texto e identificar os fatos separar os fatos das opiniões, entender
o discurso e fazer suas próprias reflexões. Bom, então, vamos entender: a modalidade
do discurso expressa as vozes do texto. No discurso direto,
quem fala é a pessoa. O verbo estará normalmente
em primeira ou segunda pessoa. No discurso indireto,
fala-se sobre a pessoa. O verbo estará invariavelmente
na terceira pessoa. No discurso direto, os tempos verbais
têm a ver com a ação da pessoa: eu faço, eu fiz, eu farei, não faça isso. No indireto, estará relacionado
ao contexto dessa ação: ele fazia, ele tinha feito, ele faria,
ele pediu para que não fizesse. Os pronomes do discurso direto são os de primeira
e de segunda pessoa (isto, este, esse, essa), os do discurso indireto são os de
terceira pessoa (aquele, aquela, aquilo). E os advérbios de lugar também: no discurso direto,
eu digo que estou aqui; no discurso indireto, você diz
que eu disse que estava ali. Por exemplo, “Lúcia, traga este vazo e o
coloque aqui perto da janela”, discurso direto. Como ficaria no indireto? Ele pediu a Lúcia que trouxesse aquele
vaso e o colocasse ali perto da janela. Mudam a pessoa, os verbos,
os pronomes, advérbios de lugar. Então, vimos tudo?
Ainda não! Sabe que existe uma terceira modalidade de
discurso que mistura o direto e o indireto? É o discurso indireto livre,
que é mais comum na literatura. Dificilmente você encontrará um exemplo de
discurso indireto livre em uma matéria jornalística. Por quê? Porque no discurso indireto livre as
falas de uma personagem em primeira pessoa surgem espontaneamente dentro do
discurso do narrador feito em terceira pessoa. Não há travessão, não há aspas, não tem pontuação
nenhuma indicando que a voz do texto mudou, o que muda é o pensamento, e essa é
uma forma muito elaborada de se expressar. No discurso indireto livre, o
narrador fala sobre a personagem e assume o pensamento da
personagem, falando por ela. É um narrador onisciente.
E, por meio dessa onisciência, transmite o sentido do discurso da
personagem dentro do seu próprio discurso, como em Vidas Secas,
de Graciliano Ramos. Veja este trecho. O narrador conta
que sinhá Vitória falou, Fabiano resmungou, franziu a testa,
achou a frase extravagante. Então, sem qualquer indicação, o pensamento
de Fabiano aparece no meio da narrativa: Aves matarem bois e
cabras, que lembrança! Para, em seguida,
voltar à terceira pessoa: ele olhou a mulher, desconfiado,
julgou que estivesse tresvariando. O livro Vidas Secas é riquíssimo em
exemplos de discurso indireto livre. A história é triste, dura, mas
muito realista e muito verdadeira. É uma obra que merece ser lida e
fica aqui mais essa dica para você. Bom, bom, bom, nossa aula
está se encerrando por aqui. Eu espero que você tenha gostado e que saiba a partir de agora
entender melhor tudo o que lê. Até mais e a gente se vê por aí! Tchau!