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Português EF: 8º ano
Curso: Português EF: 8º ano > Unidade 2
Lição 1: Textos jornalísticos e midiáticos- Voz passiva e voz ativa
- Voz ativa e voz passiva em manchetes jornalísticas
- Por que as notícias são diferentes em diferentes veículos?
- Editorias de jornais: o que vira notícia?
- Editorias de jornais e o funcionamento das notícias
- Memes: interpretação e uso ético
- Memes: interpretação e uso ético
- Relações entre elementos verbais e não verbais em textos
- Relações entre elementos verbais e não verbais em textos
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Por que as notícias são diferentes em diferentes veículos?
Nesta videoaula, abordamos alguns dos interesses que podem determinar quais fatos são ou não noticiados pela mídia jornalística e as diferenças e/ou semelhanças no tratamento dado a uma mesma informação em veículos diferentes.
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Transcrição de vídeo
RKA12MC - Oi, como vai?
Tudo bem? Você já ouviu dizer que a informação é
um produto? Pois eu te garanto que é. A informação é um produto, e quem detém a informação pode,
de alguma maneira, lucrar com ela. A mídia, por exemplo. A matéria-prima da mídia é a informação. Os jornalistas estão sempre
em busca da melhor informação para transmiti-la aos leitores,
ouvintes, telespectadores. Quanto mais gente se
interessar por aquela informação, maior a possibilidade de
vender espaço publicitário, maior a oportunidade de ganhar dinheiro para
poder continuar o trabalho de busca de informação. É quando a informação vira notícia
que a gente tem que se preocupar porque uma coisa é muito
importante a gente ficar atento: a mesma informação pode, às
vezes, dar em notícias diferentes. Mas, espera aí.
Como é que pode isso? Quer ver?
Olhe estas notícias aqui. Parece que são dois atos diferentes
na Avenida Paulista, certo? Só que não, as duas notícias
tratam do mesmo assunto. Há um grande número de pessoas no
país que têm doenças crônicas raras e precisam de medicamentos
específicos para o tratamento. Normalmente, esses medicamentos são
importados e, por isso, custam muito caro. O SUS fornece gratuitamente uma série
de remédios para doenças crônicas, mas não para essas doenças raras. O que os pacientes dessas
doenças fizeram então? Foram para a Avenida Paulista em São
Paulo para realizar uma manifestação pedindo ao governo ajuda também
para esse tipo de tratamento. A informação é essa, mas você vê
como as notícias são diferentes? Em uma, chama-se a atenção
para a raridade da doença. Na outra, o que chama atenção
é o preço dos medicamentos. Dá para imaginar por que
isso acontece, não dá? O produto dos veículos de mídia é a informação. É com ela que esses veículos ganham dinheiro. Lembra que eu disse que a informação é a
matéria-prima das empresas de comunicação? Então, se a informação é matéria-prima, a notícia
é o jeito de vender essa informação ao mercado. Do mesmo jeito que a laranja entra na fábrica
e, de lá, sai na forma de suco concentrado, a informação entra na empresa
de mídia e sai de lá como notícia. O fabricante de suco de laranja vai
vender mais se o seu produto tiver um preço bacana, uma
embalagem bonita, uma marca forte. Os fabricantes de notícias vão vender
mais se a informação for interessante, conseguir chamar a atenção, causar impacto. Tem consumidor que vai preferir o suco X
porque achou a embalagem mais prática, tem consumidor que vai querer
o suco Y porque o preço é melhor. No fundo, no fundo, todos
os sucos são feitos de laranja. Com as notícias é mais
ou menos a mesma coisa, mas tem um agravante:
informação não é laranja! Informação é base do conhecimento! Assim, se tanto faz beber o suco da
caixinha X ou o suco da caixinha Y, interpretar uma notícia
exige muito mais atenção. O objetivo do jornalista da primeira notícia
foi destacar a raridade das doenças, o objetivo do segundo jornalista foi chamar
a atenção para o preço dos medicamentos. De algum jeito, eles estavam
tentando chamar a atenção para que o leitor lesse a matéria
toda e conhecesse a informação. O problema é quando a
gente não lê a matéria toda e acha que só pela notícia já
deu para entender a informação. Olha isso aqui! Deu para notar
que a pesquisa é a mesma, não é? Só que o primeiro veículo dá a entender que (uau!)
8 em cada 10. Isso é um monte de gente, não é?! A outra, ah, só 2 entre 10. É pouco! Não é muito nem pouco, minha
gente, é a mesma informação! Se 8 em cada 10 pessoas dizem que não
seguem orientação de religiosos na hora do voto, então não é difícil perceber que os 2
que sobraram, desses 10, devem seguir. Mas note como as notícias
tratam do voto religioso. Na primeira, o destaque é
para o número: 8 em cada 10. Oito em cada 10 o quê? Oito em
cada 10 NÃO seguem a orientação. Nossa! Quanta gente que
não segue o voto religioso! E a segunda? Voto religioso só guia
2 entre 10 brasileiros. “Só guia”. SÓ! Na primeira, o número de pessoas que não
seguem o que os religiosos dizem é o destaque. Nesta, o voto religioso abre a notícia para o jornalista dizer que só 2 entre 10
brasileiros se deixam influenciar por ele. De novo, a mesma informação,
jeitos bem diferentes de noticiá-la. Até aqui, o que vimos foi que as
empresas de mídia se valem da notícia para vender a informação
e ganhar o seu dinheiro. Mas e quando a notícia é deliberadamente distorcida
para chamar atenção e ganhar mais dinheiro? Aí, entra a ética jornalística. Eu posso dizer que 8 entre 10
brasileiros não votam de um jeito, ou que 2 entre 10 brasileiros votam desse jeito. Foi só um jeito de chamar a atenção
para a informação que eu queria dar. Mas e se houver outras intenções
além de transmitir a informação? Um veículo de mídia sério tem que seguir normalmente
uma política institucional pré-estabelecida, um código de conduta. Só que hoje a gente tem acesso
a muitos canais de comunicação, e nem sempre dá para dizer
que esses canais todos sejam sérios. Tem canal que, para ganhar dinheiro,
só noticia aquilo que lhe interessa. Com a internet, qualquer um de nós pode ter
um canal de mídia e postar as notícias que quiser, daí... o quê?
A importância de checar os fatos. Notícia boa não é só notícia quente. Notícia boa é aquela que informa,
ajuda a tomar decisões. Por isso, fica a dica, hein:
não acredite só na notícia! Ela foi criada para chamar a sua atenção, mas, para compreendê-la exatamente,
você precisa conhecer a informação. Informação de qualidade é aquela que
tem fontes, é aquela que se baseia em fatos. Se fica no “eu acho”,
não é informação, é opinião. Você pode até concordar com a opinião,
mas não pode se deixar enganar, precisa aprofundar a compreensão dos
fatos para chegar a alguma conclusão. Olha, vamos pensar em uma situação hipotética? Você vinha passeando pela rua e
viu um gato que ia ser atropelado. Você fez um sinal e o motorista parou. Aí, você pegou o gatinho e
o levou para um local seguro. São fatos, certo? Só que havia três pessoas observando a cena. Duas delas vieram entrevistar você, o motorista, e
no dia seguinte estas duas notícias foram veiculadas. Uhmm, mas eu disse que havia
três observadores na cena, certo? Então, digamos que o terceiro
observador não era um bom jornalista, e a sua intenção, mais do que informar,
era criar confusão ou desinformar. Essa pessoa não falou nem
com você, nem com o motorista, e, de repente, saiu esta informação,
esta notícia, no blog dela: “Gato endemoniado interrompe
o trânsito da cidade”. Fala sério! Das três notícias, a que
chama mais atenção é essa, não é? Pois essa é a característica das fake news: quanto mais loucas, quanto mais chamativas,
mais absurdas, mais elas são lidas. E pior, hein, mais são difundidas! Então, qual é o resumo de tudo isso? Notícias são uma forma de vender
informação com o objetivo de obter lucro. As notícias normalmente devem
seguir as políticas do veículo de mídia, e elas se baseiam em um dos lados do fato. Boas notícias prezam pela ética jornalística. E há muitas formas de consumir notícias, mas
o consumidor tem um papel fundamental nisso, tem que checar e se aprofundar. Olha, espero que isso tudo tenha
ficado muito claro na sua cabeça, e que você tenha gostado dessa aula. A gente se encontra por aí!
Até mais!