If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Verbos de ligação “ser”, “estar”, “ficar”, “parecer” e “permanecer”

Nesta aula, apresentamos os verbos de ligação e seu papel na produção de efeitos de sentido específicos. Espera-se que os alunos reconheçam o que são esses verbos e reflitam sobre “ser”, “estar”, “ficar”, “parecer” e “permanecer”. A Khan Academy oferece exercícios, vídeos e um painel de aprendizado personalizado para ajudar estudantes a aprenderem no seu próprio ritmo, dentro e fora da sala de aula. Temos conteúdos de matemática, ciências e programação, do jardim da infância ao ensino superior, com tecnologia de ponta. De graça, para todos e para sempre. #YouCanLearnAnything Se inscreva no canal! Versão original criada por Khan Academy.

Quer participar da conversa?

Nenhuma postagem por enquanto.
Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.

Transcrição de vídeo

RKA4JL - Olá! Tudo bem? Na aula de hoje apresentaremos informações sobre os efeitos de sentido dos verbos de ligação. "Januário é professor": além de apresentar-nos um amigo, essa frase relacionou uma característica a um assunto. "Professor" é uma característica de "Januário", e "Januário" é o assunto. Chamamos o assunto de "sujeito da oração" e a característica é o "predicativo do sujeito". O que relaciona o assunto ou sujeito, no caso Januário, à sua característica ou predicativo, o professor, é um verbo. Mas esse verbo não descreve ação alguma. Ele apenas liga o sujeito ao predicativo do sujeito. Um verbo que liga é um verbo de ligação. "Ah, jura? Nunca imaginei". Eu sei, eu sei, parece óbvio o nome, "verbo de ligação liga", mas eu vou demonstrar várias informações sobre esses verbos que não são tão óbvias assim e vão ajudar na hora de usá-los no dia a dia. Esses verbos de ligação são como pontes que conectam dois pontos, no caso, informações: o assunto ou sujeito, que é "Januário", e a característica ou predicativo, que é "professor". Podemos pensar também que é como um sinal de igual na matemática. Quando eu afirmo que dois mais três são cinco, é como se dois mais três, (a mais b igual à sujeito) fosse meu assunto, o sinal de igual fosse o verbo, "são", e o cinco fosse o “c”, igual ao predicativo, e fosse a característica. Outra coisa: quando eu ligo o assunto à característica, nem sempre estou dizendo que uma coisa é exatamente igual à outra, o predicativo. Podemos usar palavras com sentido específico que vão criar efeitos de sentido que explicitam com mais clareza e precisão o que pretendemos dizer. Observe as seguintes frases (Não repare, são bastante simples, mas vão ilustrar bem o que eu quero dizer). "Januário É feliz", "Januário ESTÁ feliz", "Januário FICOU feliz", "Januário PARECE feliz", "Januário PERMANECE feliz". Em todas essas frases, as palavras em destaque são os verbos de ligação relacionando o assunto “Januário” à característica “feliz”. Contudo, observe que o efeito obtido em cada frase é diferente. Se eu digo que Januário é feliz, eu afirmo que a felicidade é um estado permanente e está sempre presente na vida de Januário. Por sua vez, se Januário está feliz, esse estado parece momentâneo, transitório, ou seja, essa felicidade está presente nesse momento, mas Januário não é feliz o tempo todo. Agora, se Januário ficou feliz, devemos tentar descobrir o que alterou seu estado de espírito. Esse estado mutatório expresso pelo verbo "ficar" significa que essa felicidade pode se transformar em tristeza, saudade, ou qualquer outro sentimento. Se Januário parece feliz, não temos certeza do estado de espírito do nosso amigo. Há um estado aparente em que Januário dá sinais que parecem indicar felicidade, mas pode ser que ele esteja tentando se passar por feliz mesmo cansado, por exemplo. Mas se digo que Januário permanece feliz, eu destaco o estado continuativo da felicidade de Januário, o que poderia ser transitório, dura um tempo adicional. Exemplos simples, mas bastante ilustrativos. Ficou bem clara a diferença criada para cada verbo utilizado, não é mesmo? Essas diferenciadas são chamadas de "efeitos de sentido". Entender essas sutilezas ajudar muito na leitura não só de texto, mas de mundo. Vamos começar com a leitura. Vou lhe dar exemplos mais elaborados agora. Veja esse aqui do conto "A cartomante", do grande escritor Machado de Assis. "Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança [...]". Nessa passagem, Camilo conversa com Rita, e ao afirmar que os seus sustos pareciam de criança, ele aproxima dois tipos de sustos, os de Rita e os de criança, mostrando haver semelhança entre eles. Agora leia este, saído do conto "Uns braços", também de Machado de Assis. "A agitação de Inácio ia crescendo, sem que ele pudesse acalmar-se nem entender-se. Não estava bem parte alguma". Nesse trecho que descreve a agitação de Inácio, causada pelo pensamento constante em Dona Severina, nota-se que não havia momentos de tranquilidade para Inácio. A escolha pelo verbo "estar" reforça a ausência marcada pela estrutura na forma negativa e bem-estar momentâneo. Vamos a um exemplo diferente. Vamos ver uma estrofe de um poema de Fernando Pessoa, intitulado "O Andaime". "Gastei tudo que não tinha. Sou mais velho do que sou. A ilusão, que me mantinha, só no palco era rainha: despiu-se, e o reino acabou". Nesse poema em que reflete sobre a vida, Pessoa afirma que apenas enquanto se enganava, fingindo ser quem não era, a ilusão podia ser comparada a uma rainha; quando voltava à realidade, a ilusão deixava de ser vista. O uso do verbo "ser" garante um estado de permanência sob certa condição. Por fim, veja essa estrofe extraída do poema "XLVIII - Da mais alta janela da minha casa", de Alberto Caeiro, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa. "Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza. Murcha a flor e o seu pó dura sempre. Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua". Alberto Caeiro reflete sobre o fazer poético e compara seus versos a elementos da natureza: a flor, o rio e a árvore. Em dois momentos nessa estrofe ele emprega verbos de ligação diferentes. No primeiro, a árvore, antes sólida, se esvai pela natureza. Essa mudança de estado é mostrada pelo verbo de ligação "ficar". No segundo momento, embora o destino do rio seja acabar no mar, sua água, a essência, é permanente, não se altera jamais. "Nossa, você tinha razão. Ligar é só a primeira coisa que esses verbos fazem". Viu? Agora você sabe um pouco mais sobre os efeitos de sentido dos verbos de ligação. Então, resumindo a aula, vimos: verbos de ligação relacionam uma característica, chamada de predicativo, a um assunto, chamado de sujeito; "ser", "estar", "ficar", "parecer" e "permanecer" são os mais conhecidos e utilizados; gramaticalmente, esses verbos executam a mesma tarefa, ligar partes da oração, mas, semanticamente, criam efeitos de sentido diferentes; o verbo “ser” expressa um estado permanente; o verbo “estar” indica um estado transitório, momentâneo; “ficar” denota uma alteração, um estado mutatório; “parecer” é usado para mostrar um estado aparente em que evidenciamos a semelhança entre dois elementos, sujeito e predicativo; se usamos o verbo “permanecer”, mostramos a continuidade de estado. Obrigado, bons estudos e até a próxima aula. Tchau!