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Lascaux

Texto da Dra. Mary Beth Looney
Somos tão capazes de nos comunicar usando imagens facilmente interpretáveis como através de texto. Dispositivos portáteis nos permitem contar aos outros através da mídia social o que estamos fazendo e pensando. Cerca de 15.000 anos atrás nós também nos comunicávamos com imagens, mas sem a linguagem escrita.
Mapa da França mostrando a localização de Lascaux
Mapa mostrando a localização de três locais da pintura de caverna pré-histórica bem conhecidos na França e Espanha, © Google
A caverna de Lascaux, na França, é um dos quase 350 locais semelhantes que conhecemos—a maioria está limitada a uma região do sul da França e norte da Espanha. Tanto os Neandertais (nome derivado do local em que seus ossos foram descobertos pela primeira vez—o Vale de Neander, na Alemanha) quanto os Humanos Modernos (primeiros Homo Sapiens) coexistiram nesta região 30.000 anos atrás. A vida era curta e muito difícil; os recursos eram escassos e o clima era muito frio.

Local, local, local!

Aproximadamente 15.000 anos depois, no vale de Vézère, no sudoeste da França, os humanos modernos viveram e testemunharam os padrões migratórios de uma grande variedade da vida selvagem. Eles descobriram uma caverna em uma colina alta com vista para o vale. No seu interior, um número desconhecido dessas pessoas desenhou e pintou imagens que, uma vez descobertas, em 1940, despertaram a imaginação dos pesquisadores e do público em geral.
Depois de se contorcer em pequenas aberturas e passagens estreitas para acessar as salas maiores mais profundas, as pessoas pré-históricas descobriram que as superfícies das paredes da caverna funcionavam como a perfeita "tela" em branco, nas quais podiam desenhar e pintar. Calcita branca, com teto de rochas não porosas proporciona um local excepcionalmente seco para se retratar a arte. Para pintar, estes primeiros artistas usavam carvão e ocre (uma espécie de material pigmentado, de barro, que é macio e pode ser misturado com líquidos, e possui uma gama de cores como marrom, vermelho, amarelo e branco). Encontramos imagens de cavalos, cervo, bisonte, alce, alguns leões, um rinoceronte e um urso—quase como uma enciclopédia da grande vida selvagem pré-histórica da região. Entre estas imagens estão marcas abstratas—pontos e linhas em uma variedade de configurações. Em uma imagem, uma figura humanoide desempenha um papel misterioso.

Como eles faziam isso ?

Os animais são apresentados no que veio a ser chamado de "perspectiva torcida," na qual seus corpos são retratados de perfil enquanto vemos os chifres de um ponto de vista mais frontal. As imagens são por vezes inteiramente lineares—linha traçada para definir o contorno do animal. Em muitos outros casos, os animais são descritos em cores sólidas e misturadas, sopradas pela boca sobre a parede. Em outras partes da caverna Lascaux, os artistas talharam linhas na superfície macia da calcita. Algumas destas linhas estão preenchidos com cor—outras não.
Os espaços da caverna variam muito em tamanho e facilidade de acesso. O famoso Salão dos Touros (abaixo) é grande o suficiente para receber cerca de cinquenta pessoas. Outros "quartos" e "salas" são extraordinariamente estreitos e altos.
Os arqueólogos encontraram centenas de ferramentas de pedra, eles também identificaram aberturas em algumas paredes que podem ter apoiado andaimes de galhos de árvore que teriam elevado um artista alto o suficiente para alcançar as superfícies superiores. Foi encontrado pólen fossilizado. Estes grãos foram inadvertidamente trazidos para dentro da caverna pelos primeiros visitantes e estão ajudando os cientistas a entender o mundo exterior.

Salão dos Touros

Parede esquerda do Salão dos Touros, em Lascaux II (réplica da caverna original, a qual é fechada ao público). Caverna original: cerca de 16000-14000 a.C, 3,5 m de comprimento
Parede esquerda do Salão dos Touros, em Lascaux II (réplica da caverna original, a qual é fechada ao público). Caverna original: cerca de 16000-14000 a.C, 3,5 m de comprimento
Devido à grande escala de muitas das imagens de animais, podemos presumir que os artistas trabalhavam deliberadamente—traçando cuidadosamente uma forma determinada antes de completar contornos e adicionar cor. Alguns pesquisadores acreditam que os artistas "mestres" contavam com a ajuda de assistentes que misturavam pigmentos e seguravam lâmpadas de gordura animal para iluminar o espaço. Por outro lado, no caso dos "quartos" contendo principalmente formas gravadas e sobrepostas, parece que o processo puro de desenhar e repetidamente redesenhar tinha rigoroso (talvez ritual) significado para os autores.

Por que eles fizeram isso ?

Muitos estudiosos especularam sobre por que os povos pré-históricos pintavam e gravavam nas paredes de Lascaux e de outras cavernas como ela. Talvez a teoria mais famosa seja a apresentada por um sacerdote chamado Henri Breuil. Breuil passou um tempo considerável em muitas das cavernas, meticulosamente gravando as imagens em desenhos quando as pinturas eram muito difíceis de fotografar. Baseando-se principalmente em um campo de estudo conhecido como etnografia, Breuil acreditava que as imagens desempenhavam um papel na "magia da caça". A teoria sugere que os povos pré-históricos que usavam a caverna podem ter acreditado que uma maneira de dominar suas presas envolvia a criação de imagens delas durante os rituais destinados a garantir uma caça bem-sucedida. Isso parece plausível quando lembramos que a sobrevivência era totalmente dependente do sucesso na procura de alimentos e na caça, embora também seja importante lembrar o quão pouco realmente sabemos sobre estes povos.
Outra teoria sugere que as imagens transmitem narrativas (histórias). Enquanto um conjunto de representações pode parecer fazer isto, uma imagem particular em Lascaux sustenta mais diretamente esta teoria. Um bisão, desenhado em linhas negras fortes, se eriça com energia, enquanto a pele na parte de trás de seu pescoço se levanta e a cabeça está radicalmente virada para nos encarar (abaixo).
Bisão estripado e figura humana com cabeça de pássaro? Caverna de Lascaux, cerca de 16000-14000 a.C.
Bisão estripado e figura humana com cabeça de pássaro? Caverna de Lascaux, cerca de 16000-14000 a.C.
Uma forma desenhada sob o abdômen do bisão é interpretada como órgãos internos, jorrando de uma ferida. Uma forma mais grosseiramente desenhada posicionada abaixo e à esquerda do bisão pode representar uma figura humanoide com a cabeça de um pássaro. Perto dali, uma linha fina é complementada com um outro pássaro e há também uma flecha com farpas. Mais abaixo e para a extrema esquerda o contorno parcial de um rinoceronte pode ser identificado.
Intérpretes desta imagem tendem a concordar que algum tipo de interação ocorreu entre estes animais e a figura humana com cabeça de pássaro—na qual o bisão sofreu uma lesão, seja de uma arma ou pelo chifre do rinoceronte. Por que a pessoa na imagem tem a cabeça rudimentar de um pássaro, e por que uma forma de pássaro fica no topo de uma vara muito perto dele é um mistério. Alguns sugerem que a pessoa seja um xamã—uma espécie de sacerdote ou curandeiro com poderes que envolvem a capacidade de se comunicar com os espíritos de outros mundos. Independente disso, esta imagem fascinante surge para descrever ação e reação, embora muitos de seus aspectos sejam difíceis de entender.

Preservação para estudo futuro

As Cavernas de Lascaux são as mais famosas de todas as cavernas conhecidas na região. Na verdade, sua popularidade a tem colocado permanentemente em risco. De 1940 a 1963, o número de visitantes e seu impacto sobre o meio ambiente delicadamente equilibrado da caverna—que suportou a preservação das imagens rupestres por tanto tempo—tornou necessário o fechamento da caverna para o público. Uma réplica chamada Lascaux II foi criada a cerca 180 metros de distância do local. A caverna Lascaux original é agora declarada Património Mundial pela UNESCO. Lascaux irá exigir vigilância e conservação constantes para preservá-la para as gerações futuras.
Muitos mistérios continuam a envolver Lascaux, mas há uma certeza. A grande necessidade humana de se comunicar na forma de imagens—para qualquer fim—persistiu desde os nossos primórdios.
Ensaio de by Mary Beth Looney

Recursos adicionais
Gregory Curtis, The Cave Painters: Probing the Mysteries of the World’s First Artists (New York: Alfred A. Knopf, 2006).

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