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Prepare-se para o Ensino Médio - Português
Curso: Prepare-se para o Ensino Médio - Português > Unidade 1
Lição 2: ArgumentaçãoComo argumentar: sustentação, refutação e negociação
Nesta aula, apresentamos três movimentos argumentativos comuns: sustentação, refutação e negociação. Também explicamos em quais contextos e gêneros textuais esses recursos podem ser usados.
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Transcrição de vídeo
RKA22JL - Olá!
Tudo bem? Na aula de hoje, apresentaremos informações
sobre três movimentos argumentativos comuns. A sustentação, a refutação
e a negociação. Sempre que vamos nos posicionar à frente
de algum tema, apresentando nossa opinião, para que nosso posicionamento tenha
forças suficientes para ser compreendido e possa até mesmo convencer as pessoas
com quem estamos debatendo ou decidindo o
nosso ponto de vista, essa opinião deve ser embasada
em argumentos. Argumentar é uma atividade
muito presente na nossa vida em sociedade, desde conversas com amigos e familiares
até a produção de diferentes gêneros textuais, como cartas de
solicitação de reclamação, abaixo-assinados, artigo de opinião,
carta aberta, entre outros gêneros argumentativos. É um exercício intelectual de que lançamos mão
quando pode haver dúvidas sobre afirmações. Dizer “eu gosto de suco”
é apenas uma afirmação, não leva ninguém a
duvidar do que foi dito. Afinal, gosto
é algo individual. Mas: “eu acho que suco é melhor
do que refrigerante” implica provar por que suco é efetivamente
melhor do que refrigerante, pois alguém pode
pensar: “eu duvido disso”. Não basta dizer “eu acho que suco é melhor
do que refrigerante porque eu gosto de suco”. Uma frase como essa não apresenta razões
que evidenciam provas concretas. Mas dizer: “eu acho que suco é melhor do que refrigerante porque um suco pode ser extraído da fruta, não precisa de açúcar, como o de laranja, pois o
excesso de açúcar é muito prejudicial à saúde” contém um argumento: sucos dispensam açúcar,
que, em excesso, pode ser prejudicial à saúde. Agora, sim. Quem está recebendo essa informação
é capaz de analisá-la e até concordar com ela. Ao construirmos um texto de teor
argumentativo, é preciso definir a estratégia de argumentação
que vamos usar para persuadir o leitor. Chamamos essa estratégia
de movimento argumentativo. Ele sinaliza o posicionamento do sujeito
em relação aos argumentos que lhes são expostos. Ele pode sustentar um posicionamento
de maneira objetiva e impessoal. Pode também,
apoiando-se no ponto de vista de outros, concordar parcialmente
com este ponto de vista, retificando parte dele ou ainda rejeitar totalmente um
raciocínio contrário, embasado sempre em provas. A linguagem empregada
em cada movimento argumentativo é de suma importância para caracterizar o efeito
pretendido por quem defende um ponto de vista. Vou esclarecer esses movimentos argumentativos
apresentando exemplos práticos. Vou usar trechos adaptados de artigos
de opinião com posicionamentos contrários a respeito de um tema polêmico,
a flexibilização da posse de armas no Brasil. A ideia aqui não é defender
um lado ou outro, mas analisar os argumentos
utilizados pelos autores na defesa de suas opiniões. Vamos ver primeiramente um trecho
em que o autor se posiciona contrariamente ao decreto aprovado que flexibilizou
a posse de armas no país. “A flexibilização é um erro sério.
Na área da segurança pública, uma das poucas coisas que deu certo no Brasil
é o controle de armas. Todas as evidências científicas
mostram que, quanto mais armas, mais crimes. A tendência é de que suicídios
e homicídios aumentem. Hoje, mais de 80% do armamento
apreendido no Brasil já foi legal. A arma na mão do cidadão é
a que o bandido rouba e usa. Na Austrália, houve série
de assassinatos em massa e, há cinco anos, fizeram controle
muito maior de arma de fogo. Depois, não tiveram
esse tipo de incidente.” Observe que, de início,
já se observa o ponto de vista. “A flexibilização é um erro sério”. E é apresentado um primeiro argumento:
“Há muitas falhas na segurança pública”. Mas o controle de armas era o ponto positivo.
Em seguida, encadeia justificativas: Quanto mais armas, mais crimes, tendência de
aumento dos casos de suicídio e homicídio, quantidade de armas ilegais apreendidas
com bandidos e, por fim,
usa o exemplo da Austrália, que reduziu a zero os casos de assassinatos em
massa com um controle rígido de armas de fogo. O autor deixou
claro nesse texto sua intenção de ser contra a ideia
de termos mais armas de fogo. Para isso, sustentou a tese,
ponto de vista com argumentos. Esse movimento argumentativo
é chamado de sustentação. Dessa forma, ele se compromete apenas
com suas ideias em defesa desse ponto de vista. Linguisticamente, podemos notar a ocorrência
de uma série de frases afirmativas. E por meio de evidências,
há a sugestão de resultados hipotéticos. Agora vejamos um fragmento de posicionamento
favorável à flexibilização: “O cidadão de bem, com a educação
e treinamento, deve ter liberdade de saber
se quer ou não ter posse ou porte de arma. Não acho que o criminoso usa a arma
que é pega do cidadão de bem. A do criminoso vem pelas fronteiras,
de forma ilegal. O decreto pode influenciar
na diminuição da violência, já que o ladrão vai ter dúvida
se a vítima está armada. Mas temos educação e emprego ruins,
polícia insuficiente, apesar de bem treinada, além de presídios e sistema judiciário
que não punem de forma adequada. Se não mudar essas três coisas,
a longo prazo, não vai resolver.” Percebeu que, nesse posicionamento
favorável à flexibilização da posse de armas, há a um diálogo com ideias de quem
se posicionou contra a medida. Observe atentamente
esse trecho: “não acho que o criminoso usa a arma
que é pega do cidadão de bem. A do criminoso pelas fronteiras,
de forma ilegal”. O defensor da medida contrapôs-se à ideia
de que o bandido se utiliza de armas tiradas da população
e justifica seu posicionamento apresentando a origem das armas dos
bandidos, o tráfico internacional. Mas ele faz uma ressalva.Ao afirmar que
temos uma educação e emprego ruins, polícia insuficiente,
apesar de bem treinada, além de presídios e sistema judiciário
que não punem de forma adequada, se não mudar essas três coisas,
a longo prazo, não vai resolver. Ele sugere que o decreto deve estar associado
a outras medidas para ter eficácia. Com isso, o autor do segundo exemplo
se vale de outro movimento argumentativo: a negociação, que consiste em
defender um ponto de vista podendo se apoiar em
posicionamentos contrários. E, mesmo que esse posicionamento
seja quebrado por contra-argumentos, relativiza-se
sua existência. Aqui, destacamos o uso de negativas,
“no entanto”, “mas”. Podemos encontrar inclusive expressões
como “concordo”, “é verdade que”, “porém”, “até certo
ponto é verdade”. Agora, vou lhe mostrar outro exemplo
sobre o mesmo assunto. “Sou totalmente contra. Qualquer ideia de flexibilizar
armas no Brasil é uma irresponsabilidade. Quem está se inspirando nos Estados Unidos
não está propondo o pacote completo: facilidade no acesso de armas
e controle de bebidas alcoólicas. Tem vários lugares em que as pessoas
não podem beber na rua. Os americanos têm enorme
taxa de encarceramento, um monte de presídio, e taxas pequenas de impunidade para homicídio. Aqui, não. Se o modelo é o americano,
então vamos importar ele inteiro.” É evidente o posicionamento do autor.
Ele é contra a medida. E como prossegue? Ele rejeita qualquer opinião
favorável ao decreto, chamando-a de irresponsável. Em sua argumentação, ele afirma
que o decreto segue o modelo norte-americano e apresenta diferenças que, segundo ele,
são essenciais para a eficácia da medida: controle de bebidas alcoólicas
e eficiência do sistema judiciário. Aqui, vemos que o autor se valeu de um terceiro
movimento argumentativo: a refutação. Aqui, não há ponderação
do ponto de vista contrário. Há total rejeição do
ponto de vista oposto, amparado pelas diferenças
entre Brasil e Estados Unidos. Algumas ferramentas linguísticas úteis
nesse processo são as negações, as expressões de contraste,
por exemplo, “mas”, “embora”. Algumas expressões: “é falso que”,
“engana-se quem”, “pelo contrário”. Então, resumindo, vimos que um ponto de vista
só é válido se houver argumentos. Um argumento pode ser criado
através de três movimentos, a sustentação, a negociação
e a refutação. Sustentação ocorre quando você
apresenta seus argumentos. Na negociação, relativiza-se um posicionamento
diferente, mas contra-argumentando. A refutação é a rejeição total
de ideias contrárias ao ponto de vista defendido. Tenho certeza de que agora você é capaz
de criar argumentos fortes para suas opiniões. Obrigado, bons estudos
e até a próxima aula. Tchau!