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Como argumentar: sustentação, refutação e negociação

Nesta aula, apresentamos três movimentos argumentativos comuns: sustentação, refutação e negociação. Também explicamos em quais contextos e gêneros textuais esses recursos podem ser usados. A Khan Academy oferece exercícios, vídeos e um painel de aprendizado personalizado para ajudar estudantes a aprenderem no seu próprio ritmo, dentro e fora da sala de aula. Temos conteúdos de matemática, ciências e programação, do jardim da infância ao ensino superior, com tecnologia de ponta. De graça, para todos e para sempre. #YouCanLearnAnything​ Se inscreva no canal! Versão original criada por Khan Academy.

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RKA22JL - Olá! Tudo bem? Na aula de hoje, apresentaremos informações sobre três movimentos argumentativos comuns. A sustentação, a refutação e a negociação. Sempre que vamos nos posicionar à frente de algum tema, apresentando nossa opinião, para que nosso posicionamento tenha forças suficientes para ser compreendido e possa até mesmo convencer as pessoas com quem estamos debatendo ou decidindo o nosso ponto de vista, essa opinião deve ser embasada em argumentos. Argumentar é uma atividade muito presente na nossa vida em sociedade, desde conversas com amigos e familiares até a produção de diferentes gêneros textuais, como cartas de solicitação de reclamação, abaixo-assinados, artigo de opinião, carta aberta, entre outros gêneros argumentativos. É um exercício intelectual de que lançamos mão quando pode haver dúvidas sobre afirmações. Dizer “eu gosto de suco” é apenas uma afirmação, não leva ninguém a duvidar do que foi dito. Afinal, gosto é algo individual. Mas: “eu acho que suco é melhor do que refrigerante” implica provar por que suco é efetivamente melhor do que refrigerante, pois alguém pode pensar: “eu duvido disso”. Não basta dizer “eu acho que suco é melhor do que refrigerante porque eu gosto de suco”. Uma frase como essa não apresenta razões que evidenciam provas concretas. Mas dizer: “eu acho que suco é melhor do que refrigerante porque um suco pode ser extraído da fruta, não precisa de açúcar, como o de laranja, pois o excesso de açúcar é muito prejudicial à saúde” contém um argumento: sucos dispensam açúcar, que, em excesso, pode ser prejudicial à saúde. Agora, sim. Quem está recebendo essa informação é capaz de analisá-la e até concordar com ela. Ao construirmos um texto de teor argumentativo, é preciso definir a estratégia de argumentação que vamos usar para persuadir o leitor. Chamamos essa estratégia de movimento argumentativo. Ele sinaliza o posicionamento do sujeito em relação aos argumentos que lhes são expostos. Ele pode sustentar um posicionamento de maneira objetiva e impessoal. Pode também, apoiando-se no ponto de vista de outros, concordar parcialmente com este ponto de vista, retificando parte dele ou ainda rejeitar totalmente um raciocínio contrário, embasado sempre em provas. A linguagem empregada em cada movimento argumentativo é de suma importância para caracterizar o efeito pretendido por quem defende um ponto de vista. Vou esclarecer esses movimentos argumentativos apresentando exemplos práticos. Vou usar trechos adaptados de artigos de opinião com posicionamentos contrários a respeito de um tema polêmico, a flexibilização da posse de armas no Brasil. A ideia aqui não é defender um lado ou outro, mas analisar os argumentos utilizados pelos autores na defesa de suas opiniões. Vamos ver primeiramente um trecho em que o autor se posiciona contrariamente ao decreto aprovado que flexibilizou a posse de armas no país. “A flexibilização é um erro sério. Na área da segurança pública, uma das poucas coisas que deu certo no Brasil é o controle de armas. Todas as evidências científicas mostram que, quanto mais armas, mais crimes. A tendência é de que suicídios e homicídios aumentem. Hoje, mais de 80% do armamento apreendido no Brasil já foi legal. A arma na mão do cidadão é a que o bandido rouba e usa. Na Austrália, houve série de assassinatos em massa e, há cinco anos, fizeram controle muito maior de arma de fogo. Depois, não tiveram esse tipo de incidente.” Observe que, de início, já se observa o ponto de vista. “A flexibilização é um erro sério”. E é apresentado um primeiro argumento: “Há muitas falhas na segurança pública”. Mas o controle de armas era o ponto positivo. Em seguida, encadeia justificativas: Quanto mais armas, mais crimes, tendência de aumento dos casos de suicídio e homicídio, quantidade de armas ilegais apreendidas com bandidos e, por fim, usa o exemplo da Austrália, que reduziu a zero os casos de assassinatos em massa com um controle rígido de armas de fogo. O autor deixou claro nesse texto sua intenção de ser contra a ideia de termos mais armas de fogo. Para isso, sustentou a tese, ponto de vista com argumentos. Esse movimento argumentativo é chamado de sustentação. Dessa forma, ele se compromete apenas com suas ideias em defesa desse ponto de vista. Linguisticamente, podemos notar a ocorrência de uma série de frases afirmativas. E por meio de evidências, há a sugestão de resultados hipotéticos. Agora vejamos um fragmento de posicionamento favorável à flexibilização: “O cidadão de bem, com a educação e treinamento, deve ter liberdade de saber se quer ou não ter posse ou porte de arma. Não acho que o criminoso usa a arma que é pega do cidadão de bem. A do criminoso vem pelas fronteiras, de forma ilegal. O decreto pode influenciar na diminuição da violência, já que o ladrão vai ter dúvida se a vítima está armada. Mas temos educação e emprego ruins, polícia insuficiente, apesar de bem treinada, além de presídios e sistema judiciário que não punem de forma adequada. Se não mudar essas três coisas, a longo prazo, não vai resolver.” Percebeu que, nesse posicionamento favorável à flexibilização da posse de armas, há a um diálogo com ideias de quem se posicionou contra a medida. Observe atentamente esse trecho: “não acho que o criminoso usa a arma que é pega do cidadão de bem. A do criminoso pelas fronteiras, de forma ilegal”. O defensor da medida contrapôs-se à ideia de que o bandido se utiliza de armas tiradas da população e justifica seu posicionamento apresentando a origem das armas dos bandidos, o tráfico internacional. Mas ele faz uma ressalva.Ao afirmar que temos uma educação e emprego ruins, polícia insuficiente, apesar de bem treinada, além de presídios e sistema judiciário que não punem de forma adequada, se não mudar essas três coisas, a longo prazo, não vai resolver. Ele sugere que o decreto deve estar associado a outras medidas para ter eficácia. Com isso, o autor do segundo exemplo se vale de outro movimento argumentativo: a negociação, que consiste em defender um ponto de vista podendo se apoiar em posicionamentos contrários. E, mesmo que esse posicionamento seja quebrado por contra-argumentos, relativiza-se sua existência. Aqui, destacamos o uso de negativas, “no entanto”, “mas”. Podemos encontrar inclusive expressões como “concordo”, “é verdade que”, “porém”, “até certo ponto é verdade”. Agora, vou lhe mostrar outro exemplo sobre o mesmo assunto. “Sou totalmente contra. Qualquer ideia de flexibilizar armas no Brasil é uma irresponsabilidade. Quem está se inspirando nos Estados Unidos não está propondo o pacote completo: facilidade no acesso de armas e controle de bebidas alcoólicas. Tem vários lugares em que as pessoas não podem beber na rua. Os americanos têm enorme taxa de encarceramento, um monte de presídio, e taxas pequenas de impunidade para homicídio. Aqui, não. Se o modelo é o americano, então vamos importar ele inteiro.” É evidente o posicionamento do autor. Ele é contra a medida. E como prossegue? Ele rejeita qualquer opinião favorável ao decreto, chamando-a de irresponsável. Em sua argumentação, ele afirma que o decreto segue o modelo norte-americano e apresenta diferenças que, segundo ele, são essenciais para a eficácia da medida: controle de bebidas alcoólicas e eficiência do sistema judiciário. Aqui, vemos que o autor se valeu de um terceiro movimento argumentativo: a refutação. Aqui, não há ponderação do ponto de vista contrário. Há total rejeição do ponto de vista oposto, amparado pelas diferenças entre Brasil e Estados Unidos. Algumas ferramentas linguísticas úteis nesse processo são as negações, as expressões de contraste, por exemplo, “mas”, “embora”. Algumas expressões: “é falso que”, “engana-se quem”, “pelo contrário”. Então, resumindo, vimos que um ponto de vista só é válido se houver argumentos. Um argumento pode ser criado através de três movimentos, a sustentação, a negociação e a refutação. Sustentação ocorre quando você apresenta seus argumentos. Na negociação, relativiza-se um posicionamento diferente, mas contra-argumentando. A refutação é a rejeição total de ideias contrárias ao ponto de vista defendido. Tenho certeza de que agora você é capaz de criar argumentos fortes para suas opiniões. Obrigado, bons estudos e até a próxima aula. Tchau!