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Impactos socioambientais das usinas hidrelétricas

O Brasil tem uma matriz energética que utiliza principalmente fontes renováveis ou de baixo impacto ambiental quando comparadas com as fontes não renováveis. Mas, dentro do contexto das hidrelétricas, os impactos socioambientais não são desprezíveis. Neste artigo elencamos vários destes impactos.

Introdução

Você tem acesso a muitos equipamentos elétricos e eletrônicos como, por exemplo, computador, celular, TV, geladeira, chuveiro elétrico etc.?
Independentemente de quais você possui é sempre bom ter todos funcionando perfeitamente, sobretudo nas horas que queremos ou precisamos, certo?
Mas, para que eles funcionem, todos precisam da mesma coisa: energia elétrica! Seja para carregar baterias ou para ligar o equipamento diretamente na tomada.
De onde vem essa energia elétrica?
Boa parte da energia elétrica do Brasil vem das hidrelétricas.
E como o consumo de energia elétrica só aumenta com o passar do tempo, a produção de energia precisa também aumentar.
Apesar das hidrelétricas serem consideradas fontes energéticas limpas, elas causam impactos socioambientais. Por isso suas construções geram tantos protestos contrários.
Normalmente esses protestos não impedem a construção das mesmas, mas podem levar a uma revisão do projeto de modo a reduzir os impactos.
Não sei se você ficou sabendo ou se já viu alguma manifestação contrária à construção de uma usina hidrelétrica. Um dos casos mais recentes no Brasil foi o da construção da usina de Belo Monte (Pará), que sofreu várias manifestações contrárias de ativistas, povos indígenas, artistas e cidadãos comuns.
Nas usinas hidrelétricas, a força da queda de um grande volume de água é utilizada para movimentar turbinas que acionam um gerador elétrico.
Algo muito parecido com a roda d'água mostrada abaixo:
Invólucro do vídeo da Khan Academy
Essa água pode vir de grandes represas formadas pela construção de barragens ou pode vir diretamente do rio nas hidrelétricas de fio d'água, que são as que não requerem grandes reservatórios de água para funcionar.
Figura 1: A barragem do Diabo, Washington / EUA. Crédito: Steven Pavlov, CC-BY-SA-3.0. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diablo_Dam_(from_WA_SR_20).jpg. Acesso em: 03/10/2018.
Uma das diferenças entre as hidrelétricas de barragem e as de fio d'água é a autonomia ou a dependência dos ciclos de chuva e seca da região. As hidrelétricas de fio d'água ficam à mercê da variação do volume de água do rio para a geração da energia elétrica; o que não acontece nas hidrelétricas de barragem.
O alagamento de uma vasta área provoca profundas alterações no ecossistema como, por exemplo, a destruição da vegetação natural, o assoreamento do leito dos rios, o desmoronamento de barreiras, a extinção de certas espécies de peixes. Isso sem falar nos impactos sociais relacionados ao deslocamento de populações ribeirinhas.
Até bem pouco tempo acreditava-se que as hidrelétricas eram uma fonte de energia limpa ou não poluente. Hoje sabe-se que elas causam grandes impactos ambientais como, por exemplo, a decomposição da vegetação submersa que dá origem a gases como o metano, o gás carbônico e o óxido nitroso, que causam mudanças climáticas.
Mesmo assim, as usinas hidrelétricas são menos prejudiciais do que as termelétricas, que emitem outros gases tóxicos, como o dióxido de enxofre e de nitrogênio, além de materiais particulados prejudiciais à saúde.
Vamos ver aqui algumas vantagens e desvantagens das hidrelétricas.

Vantagens:

A principal vantagem é, sem dúvida, ser uma fonte de energia renovável e mais barata do que as demais energias limpas (solar, eólica e energia proveniente das marés).
Mas, além disso, ela pode proporcionar o desenvolvimento da região do entorno da área alagada pelo estabelecimento de vias fluviais para o transporte e o estímulo às atividades de lazer e turismo, por exemplo.
A água represada pode ser usada na irrigação de plantações próximas à usina e na regulagem da vazão do rio.

Desvantagens:

As principais desvantagens ou impactos negativos sociais e ambientais das hidrelétricas estão relacionadas com o alagamento de grandes áreas.
Os impactos sociais envolvem tanto as populações ribeirinhas, que precisam ser deslocadas, quanto as que ficam em regiões próximas não inundadas.
As alterações no microclima do entorno das barragens são relevantes. Ocorre alteração na umidade relativa do ar, nos ciclos e quantidade das chuvas, no sistema de ventos etc.
Durante tempestades, a quantidade de matéria inorgânica em suspensão na água aumenta. Isso diminui a entrada de luz na água e altera a produção de fitoplâncton e a sobrevivência das macrófitas. Como consequência a quantidade de oxigênio dissolvido na água pode diminuir muito, comprometendo toda a vida aquática.
Figura 2: Estudo do fundo do lago criado pela barragem do rio Elwha/EUA. Crédito: USEPA Environmental-Protection-Agency, domínio público. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:July_26,_2012_At_the_mouth_of_the_Elwha_River_(7932039270).jpg. Acesso em: 03/10/2018.
Abaixo listamos os principais problemas gerados para a flora e fauna:
  • Destruição da vegetação natural;
  • Assoreamento do leito dos rios;
  • Desmoronamento de barreiras;
  • Extinção de espécies de peixes, por interferência nos processos migratórios e reprodutivos (piracema);
  • Acidificação da água quando não ocorre desmatamento prévio em escala adequada;
  • Perdas de flora e fauna aquática e terrestre nativas;
  • Ocorrência de atividades sísmicas devido ao peso d'água sobre o substrato rochoso subjacente;
  • Alterações na água do reservatório relativas à temperatura, oxigenação (oxigênio dissolvido) e pH (ocorrência de acidificações);
  • Poluição das águas, contaminações e introdução de substâncias tóxicas nos reservatórios pela lixiviação de pesticidas, herbicidas e fungicidas provenientes das plantações preexistentes na região alagada;
  • Introdução de espécies exóticas nos reservatórios, em desequilíbrio com os ecossistemas da bacia hidrográfica;
  • Remoção de mata ciliar;
  • Aumento da pesca predatória, por pescadores profissionais ou em atividades de lazer;
  • Implantação de barreira física que impede migrações sazonais de espécies animais, perturbando o equilíbrio do ecossistema;
  • Diminuição do sequestro de carbono pela vegetação inundada, contribuindo para aumentar o efeito estufa.
Os principais problemas sociais gerados pela construção das hidrelétricas são:
  • Deslocamento de populações em escalas variáveis conforme a topologia;
  • Inundação de áreas agricultáveis ou utilizáveis para pecuária ou reflorestamento;
  • Sempre são registrados casos de aumento da distribuição geográfica de doenças de veiculação hídrica como, por exemplo, a malária e a esquistossomose;
  • Danos ao patrimônio histórico e cultural;
  • Efeitos sociais intangíveis da relocação indiscriminada de grandes populações, especialmente agrupamentos indígenas, quilombolas ou comunidades tradicionais;
  • Incremento de navegação e transporte na bacia de acumulação causando alterações relevantes dentro da bacia hidrográfica;
  • Intensificação de atividade extrativistas no interior da bacia hidrográfica do reservatório;
  • Uso excessivo e descontrolado de equipamentos de recreação que interferem na fauna aquática;
  • Deterioração das margens por assentamentos urbanos ou rurais não planejados; e
  • Perda de benfeitorias, plantações e áreas agricultáveis ou alagadiças.
Além disso, devemos considerar os impactos socioambientais causados durante a construção da barragem e hidrelétrica. Durante a construção da usina de Itaipu, no Paraná, foram elencados os seguintes problemas:
  • Aumento da demanda de mão de obra, o que provocou o surgimento de vários vilarejos sem a estrutura adequada (saneamento básico e vias de circulação) para a recepção de novas famílias;
  • Extinção de inúmeras propriedades rurais, o que provocou o deslocamento das comunidades rurais para as cidades do entorno, aumentando as aglomerações urbanas; e
  • Devastação da mata nativa provocada pelo crescimento desordenado das cidades do entorno da usina.

Como fazer para diminuir esses impactos?

Uma das possibilidades é a construção de usinas hidrelétricas “a fio d'água”, que são aquelas que não precisam de reservatório de água ou o têm em dimensões menores do que poderiam ter.
Essa foi uma opção adotada para a construção da Usina de Belo Monte e parece ser uma tendência a ser adotada em projetos futuros, porque a redução da área alagada tem como consequência a maior preservação das áreas de entorno, a proteção da fauna e da flora e o deslocamento, se necessário, de uma quantidade menor de pessoas.
A desvantagem desse tipo de usina é que ela usa o fluxo de água do próprio rio para movimentar suas turbinas, ficando à mercê do volume de chuvas para a geração de energia. Em época de cheia a geração de energia aumenta, mas em época de seca, diminui.
Apesar de ser um modelo sustentável, com vantagens ambientais e sociais, a usina a fio d'água diminui a segurança energética do país devido, exatamente, à sua dependência dos ciclos pluviais.
No entanto, implantar sistemas de pequenas e médias barragens é uma das atitudes cada vez mais necessárias para equilibrar a necessidade de geração de energia com a sustentabilidade ambiental e social do país.

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