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Introdução à respiração celular e redox

Introdução à redox na respiração celular. Nível de substrato versus fosforilação oxidativa. Transportadores de elétrons.

Introdução

Vamos imaginar que você é uma célula. Você acabou de receber uma molécula grande e suculenta de glicose e quer converter uma parte da energia dessa molécula de glicose em uma forma mais utilizável, uma que você possa usar para acionar suas reações metabólicas. Como você pode fazer isso? Qual é a melhor forma para tirar o máximo de energia possível dessa molécula de glicose e de captar sua energia de maneira prática?
Felizmente, as nossas células – e as de outros organismos vivos – são excelentes em extrair energia da glicose e de outras moléculas orgânicas, como gorduras e aminoácidos. Aqui, iremos ter uma visão geral de como as células quebram seus combustíveis e, posteriormente, examinaremos algumas das reações de transferência de elétrons (reações redox), essenciais para este processo.

Visão geral das vias de quebra de combustível

As reações que extraem energia de moléculas como a glicose são chamadas de reações catabólicas. Isto significa que elas envolvem a quebra uma molécula maior em pedaços menores. Por exemplo, quando a glicose é quebrada na presença de oxigênio, ela é convertida em seis moléculas de dióxido de carbono e seis moléculas de água. A reação geral deste processo pode ser escrita da seguinte forma:
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O ΔG=686kcal/mol
Em uma célula, esta reação geral é realizada em várias etapas menores. A energia contida nas ligações da glicose é liberada em pequenos pacotes, e parte dela é armarzenada na forma de adenosina trifosfato (ATP), uma pequena molécula que fornece energia às reações celulares. Grande parte da energia da glicose é dissipada como calor, mas o suficiente é armazenado para manter o metabolismo celular em funcionamento.
Estrutura do ATP
_Imagem modificada de "ATP: Adenosine triphosphate: Figure 1," por OpenStax College, Biology, CC BY 4.0._
Quando uma molécula de glicose é gradualmente quebrada, algumas das etapas de quebra liberam energia que é capturada diretamente como ATP. Nessas etapas, um grupo fosfato é transferido de uma via intermediária diretamente para ADP, um processo conhecido como fosforilação a nível de substrato.
Muitas outras etapas, no entanto, produzem ATP de forma indireta. Nessas etapas, os elétrons da glicose são transferidos para pequenas moléculas conhecidas como carreadoras de elétrons. As carreadoras de elétrons levem os elétrons para um grupo de proteínas na membrana interna da mitocôndria, a cadeia de transporte de elétrons. Quando os elétrons se movem pela cadeia de transporte de elétrons, eles vão de um nível de energia superior para um inferior e, finalmente, são passados ao oxigênio (formando água).
Conforme o elétron passa pela cadeia de transporte de elétrons, ele libera energia que é usada para bombear prótons (H+) para fora da matriz da mitocôndria, formando um gradiente eletroquímico. Quando os H+ retornam a favor do gradiente de concentração, eles passam por uma enzima chamada ATP sintase, dirigindo a síntese de ATP. Esse processo é conhecido como fosforilação oxidativa. O diagrama abaixo mostra exemplos de fosforilação oxidativa e fosforilação a nível de substrato.
Diagrama simplificado mostrando a fosforilação oxidativa e a fosforilação em nível de substrato durante as reações de quebra da glicose. Dentro da matriz mitocondrial, a fosforilação no nível do substrato ocorre quando um grupo fosfato de um intermediário das reações de quebra da glicose é transferido para o ADP, formando ATP. Ao mesmo tempo, os elétrons são transportados dos intermediários das reações de quebra da glicose para a cadeia transportadora de elétrons pelos carreadores de elétrons. Os elétrons se movem através da cadeia transportadora de elétrons, lançando prótons no espaço intermembrana. Quando estes prótons voltam a se mover a favor de seu gradiente de concentração, eles passam pela ATP sintase, que usa o fluxo de elétrons para sintetizar ATP a partir de ADP e fosfato inorgânico (Pi). Este processo de transporte de elétrons, lançamento de prótons e captura de energia a partir do gradiente de prótons para produzir ATP é chamado de fosforilação oxidativa.
_Imagem adaptada de "Etc4" de Fvasconcellos (domínio público)._
Quando combustíveis orgânicos como a glicose são quebrados usando uma cadeia de transporte de elétrons, o processo de quebra é conhecido como respiração celular.

Carreadores de elétrons

Carreadores de elétrons, também chamados de transportadores de elétrons, são pequenas moléculas orgânicas que desempenham um papel fundamental na respiração celular. O nome é uma boa descrição do seu trabalho: eles pegam os elétrons de uma molécula e os levam até outra. Você pode ver um carreador de elétrons transportando elétrons das reações de degradação de glicose para a cadeia de transporte de elétrons no diagrama acima.
Existem dois tipos de transportadores de elétrons que são particularmente importantes na respiração celular: NAD+ (nicotinamida adenina dinucleótido, mostrado abaixo) e FAD (flavina adenina dinucleótido).
Estruturas químicas de NAD+ e NADH. NADH têm um hidrogênio ligado a um anel com nitrogênio, enquanto que, no NAD+, este mesmo anel não tem hidrogênio e possui carga positiva.
_Imagem adaptada de "Energy in living systems: Figure 1," de OpenStax College, Biology (CC BY 3.0)._
Quando os NAD+ e FAD captam elétrons, eles também ganham um ou mais átomos de hidrogênio, mudando para uma forma ligeiramente diferente:
NAD+ + 2e + 2H+ NADH +  H+
FAD + 2e + 2 H+ FADH2
E quando eles perdem elétrons, eles voltam para sua forma original:
NADH NAD+ + 2e + H+
FADH2 FAD + 2e + 2 H+
As reações nas quais NAD+ e FAD ganham ou perdem elétrons são exemplos de uma classe de reações chamadas de reações redox. Vamos examinar o que são essas reações e por que elas são tão importantes na respiração celular.

Reações redox: O que são elas?

A respiração celular envolve muitas reações nas quais elétrons são passados de uma molécula a outra. Reações envolvendo transferências de elétrons são conhecidas como reações de oxidação-redução (ou reações redox).
Você deve ter aprendido em química que uma reação redox é quando uma molécula perde elétrons e é oxidada, enquanto uma outra molécula ganha elétrons (aqueles perdidos pela primeira molécula) e é reduzida. Mnemônico útil: "LEO vira GER": Libera Elétrons, Oxidação; Ganha Elétrons, Redução.
A formação do cloreto de magnésio é um exemplo de uma reação redox que segue muito bem a nossa definição acima:
Mg+Cl2Mg2++2Cl
Nesta reação, o átomo de magnésio perde dois elétrons, portando é oxidado. Estes dois elétrons são aceitos pelo cloro, que é reduzido.
No entanto, como Sal comenta em seu vídeo sobre oxidação e redução na biologia, nós realmente deveríamos colocar aspas em "ganha elétrons" e "perde elétrons" em nossa descrição do que acontece às moléculas numa reação redox. Isso porque também podemos ter uma reação na qual uma molécula puxa elétrons, em vez de ganhá-los totalmente, ou os tem puxados de si em vez de perdê-los totalmente.
O que queremos dizer com isso? Para ilustrar, vamos usar o exemplo do vídeo de Sal:
2H2 + O2 2H2O + calor
Essa reação não envolve uma transferência de elétrons óbvia, mas ainda assim é um exemplo de reação redox. Isso se deve à quantidade de densidade eletrônica nos átomos H e O, que difere entre os produtos e reagentes.
Essa verdade não é óbvia, então vamos decompô-la usando as propriedades dos átomos. Quando os átomos H são ligados um ao outro em H2, eles compartilham elétrons igualmente: nenhum dos dois pode ganhar o cabo-de-guerra pelos elétrons. O mesmo é verdade para os átomos O ligados um ao outro em O2. Todavia, a situação é diferente no produto H2O. O oxigênio é muito mais eletronegativo, ou "faminto por elétrons". que o hidrogênio, portanto, numa ligação OH numa molécula de água, os elétrons serão puxados pelo átomo O e gastarão mais tempo próximos a ele que ao H.
Então, mesmo que nenhum elétron tenha sido totalmente ganho ou perdido na reação acima:
  • O tem mais eletrodensidade após a reação do que tinha antes (foi reduzido)
  • H tem menos eletrodensidade do que tinha antes (foi oxidado).
Para vocês, aficionados por química, essa mudança no acúmulo de elétrons durante a reação pode ser mais precisamente descrita como mudança nos estados de oxidação dos átomos de O e H. Dê uma olhada no Vídeo do Sal para ver como os estados de oxidação podem ser usados como "ferramentas de escrituração" para representar mudanças no compartilhamento de elétrons.

E quanto ao ganho e perda de átomos de H e O?

As reações de oxidação e redução dizem respeito fundamentalmente à transferência e/ou acúmulo de elétrons. No entanto, no contexto da biologia, há um pequeno truque que podemos usar com frequência para descobrir para onde os elétrons estão indo. Este truque nos permite usar o ganho ou a perda de átomos de H e O como indicador para a transferência de elétrons.
Geralmente:
  • Se uma molécula contendo carbono ganha átomos de H ou perde átomos de O durante uma reação, é provável que ela tenha sido reduzida (ganhou elétrons ou eletrodensidade)
  • Por outro lado, se uma molécula contendo carbono perde átomos de H ou ganha átomos de O, ela provavelmente foi oxidada (perdeu elétrons ou eletrodensidade)
Por exemplo, voltemos à reação de quebra da glicose:
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O
Na glicose, o carbono está associado com átomos H, enquanto no dióxido de carbono, ele não está associado a nenhum H. Assim, poderíamos predizer que a glicose está oxidada nessa reação. Da mesma forma, os átomos O em O2 acabam sendo associados a mais Hs após a reação do que antes, então nós poderíamos predizer que o oxigênio está reduzido. (Sal confirma isso sob uma perspectiva de transferência de elétrons em seu vídeo sobre reações redox na respiração.)
Por que esse truque funciona? Aqui está uma maneira de pensar sobre isso: a partir do vídeo do Sal sobre oxidação e redução na biologia:
  • Os átomos aos quais o H é usualmente ligado em moléculas orgânicas, como C, O, N, and P, são mais eletronegativos que o próprio H. Então, se um átomo H e seu elétron se juntarem a uma molécula, as chances são de que, independentemente do que tenha sido ligado ao novo H, ele monopolizará o elétron e se reduzirá.
  • O O é mais eletronegativo do que qualquer um dos demais átomos principais comumente encontrados nas moléculas biológicas. Se ele se juntar a uma molécula, é provável que puxe a densidade de elétrons de tudo o que estiver ligado a ela, oxidando-a.

Qual a importância das reações redox?

Agora que temos uma melhor noção de o que é uma reação redox, vamos pensar um momento no porquê. Por que uma célula se dá ao trabalho de arrancar elétrons da glicose, transferindo-os para carreadores de elétrons e passando-os por uma cadeia de transporte de elétrons (ou cadeia respiratória) em uma longa série de reações redox?
A resposta básica é: para obter energia fora da molécula de glicose! Aqui está a reação de degradação da glicose que vimos no início do artigo:
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O ΔG=686kcal/mol
Podemos reescrevê-la mais claramente como:
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + energia!
Como Sal explica em seu vídeo sobre reações redox na respiração, os elétrons estão num nível mais alto de energia quando estão associados a átomos menos eletronegativos (como C ou H) e num nível de energia mais baixo quando associados a um átomo mais eletronegativo (como O). Assim, numa reação como a quebra da glicose (acima), a energia é liberada porque os elétrons então se movendo para um nível inferior de energia, mais "confortável", à medida que viajam da glicose ao oxigênio.
A energia que é liberada conforme os elétrons se movem a um estado inferior de energia pode ser capturada e usada para realizar trabalho. Na respiração celular, elétrons da glicose se movem gradualmente através da cadeia de transporte de elétrons até o oxigênio, passando por estados mais e mais baixos de energia e liberando-a em cada etapa. O objetivo da respiração celular é capturar esta energia na forma de ATP.
Um diagrama mostra o fluxo de elétrons para criar ATP. Elétrons são representados por uma imagem de um sol com um e e o símbolo negativo no centro. Para a representação das etapas, é usada uma representação na forma de escada com 4 degraus. O primeiro elétron está à direita dos degraus e está identificado como Elétrons removidos da glicose. Há uma grande seta apontando na direção do elétron no topo da escada da imagem. A partir desse elétron, há uma grande seta que aponta na direção de uma imagem identificada como ATP. Há também uma seta que aponta do elétron no topo da escada até um elétron no próximo degrau abaixo. A seta está identificada como Reações redox. A partir do elétron nesse degrau, há uma seta grande apontando na direção de uma imagem identificada como ATP e outra seta apontando para baixo, para o próximo degrau onde há outro elétron. Essa seta está identificada como reações redox. A partir desse elétron, há uma grande seta apontando na direção de uma imagem identificada como ATP, e outra seta apontando na direção de um elétron no degrau mais baixo da escada. O elétron no degrau mais baixo da escada tem uma seta grande que aponta dele até uma imagem identificada como ATP. O elétron no degrau mais baixo da escada também tem uma seta que aponta na direção de um elétron que está na base da escada, e próximo a esse elétron há uma fórmula química que diz que elétron mais oxigênio mais 2 íons de hidrogênio produz água.
Imagem modificada de Carbohydrate metabolism: Figure 1 by OpenStax College, Anatomy & Physiology, CC BY 3.0
Nos próximos artigos e vídeos acompanharemos a respiração celular passo a passo, vendo como a energia liberada em transferências redox é capturada como ATP.

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  • Avatar duskpin seedling style do usuário BARBARA AZEVEDO
    Resumindo: as reações redox (ou oxidativas) são reações responsáveis por tirar elétrons de moléculas de ATP (com a ajuda do oxigênio) para assim, gerar nessas quebras, energia ?
    (1 voto)
    Avatar Default Khan Academy avatar do usuário
    • Avatar leaf orange style do usuário Gabriella Leal
      São reações químicas nas quais ocorre transferencia de elétrons entre moléculas. Nessa reações, a molécula que doa eletróns, oxida, e é chamada de agente redutor. Já a molécula que recebe os elétrons, reduz, e é chamada de agente oxidante. Na maioria das reações metabolicas de transferencia de elétrons, os agentes redutores e oxidantes são as coenzimas NAD+, NADP+ e FAD.
      (6 votos)
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