Conteúdo principal
Biblioteca de Biologia
Curso: Biblioteca de Biologia > Unidade 36
Lição 2: Curso intensivo: Ecologia- A história da vida na terra
- Ecologia populacional: O mistério do mosquito do Texas
- Crescimento populacional dos seres humanos
- Ecologia das comunidades: onde está o amor?
- Ecologia das comunidades II: Predadores
- Sucessão ecológica: Mudar é bom
- Ecologia dos ecossistemas: Elos na cadeia
- Os ciclos hidrológico e do carbono: Recicle sempre!
- Ciclos do nitrogênio e do fósforo: Recicle sempre!
- Cinco impactos humanos no meio ambiente
- Poluição
- Ecologia da conservação e da restauração
© 2023 Khan AcademyTermos de usoPolítica de privacidadeAviso de cookies
Crescimento populacional dos seres humanos
Hank explora o crescimento da população humana, o crescimento exponencial das populações e estrategistas R e K. Versão original criada por EcoGeek.
Quer participar da conversa?
- Qual a diferença entre as estratégias R e K?(1 voto)
Transcrição de vídeo
RKA3G - Se sobreviver na Terra
fosse algum tipo de competição, os seres humanos ganhariam de lavada. Nós somos o Michael Phelps da competição,
só que temos 250 mil vezes mais medalhas de ouro!
Na semana passada, falamos sobre o crescimento exponencial, quando a população cresce
a uma taxa proporcional ao seu tamanho, mesmo quando ele continua aumentando.
Desde por volta do ano de 1650, a população humana tem passado pelo
mais longo período de crescimento exponencial que qualquer animal de grande porte. Em 1650, havia cerca de 500 milhões
de pessoas no planeta. Em 1850, a população dobrou para 1 bilhão
e dobrou novamente apenas 80 anos depois. E dobrou novamente apenas 45 anos depois. Estamos agora em 7 bilhões.
Então, hoje existem pessoas com 80 anos de idade que já assistiram à população triplicar. E por que isso está acontecendo
e até quando pode continuar? Digamos que você esteja comprando o jantar,
mas você tem um monte de opções em sua mercearia. Você pode comprar cinco pacotes de miojo
por 5 reais ou um pacote de ravióli gourmet feitos à mão por freiras italianas, por 30 reais. Ambos são macarrão, ambos são alimentos,
mas com o miojo você tem mais quantidade, enquanto que com o ravióli, você tem melhor qualidade. O que você faz? Este é um problema
perene na natureza e em nossas vidas. Eu tenho mais ou tenho o melhor?
Quantidade ou qualidade? Escolha difícil, não é? Embora nós não estejamos realmente conscientes disso, todos os organismos fazem escolhas semelhantes quando se reproduzem. E em ecologia, nós definimos
quem prefere quantidade à qualidade usando a teoria de seleção "R versus K".
Esta teoria diz que alguns organismos irão se reproduzir de modo a produzir um crescimento exponencial, enquanto os outros se reproduzem até atingir o número de indivíduos
que seu habitat pode suportar. Isto é, a capacidade de suporte do meio. Espécies que se reproduzem de uma forma
que leva a um crescimento muito rápido são chamados de espécies de seleção R,
porque R é o crescimento máximo de uma população em linguagem matemática. Estas espécies produzem um monte de filhotes
durante a vida e, simplesmente, esperam que eles sobrevivam. Se algum dos filhotes morrerem, nada demais
Por outro lado, espécies de seleção K só produzem alguns filhotes durante a vida e investem pesadamente neles.
K, em linguagem matemática, é a capacidade de suporte,
pois as espécies de seleção K, geralmente, acabam vivendo em densidades populacionais que se aproximam da capacidade de suporte.
Claro, as coisas não são tão nítidas na natureza e a maioria dos animais não pode ser simplesmente taxada de seleção K ou R.
Na verdade, temos um espectro. Alguns organismos, normalmente os bem pequenos, se aproximam mais de R e outros,
geralmente os maiores, se aproximam mais de K. Mas a maioria das espécies
está em algum lugar entre os dois. O caso dos humanos é curioso
porque o tamanho da nossa população aumentou muito, mas a reprodução na nossa espécie está mais próxima da seleção K. Somos mamíferos de grande porte, produzimos alguns filhotes durante a vida
e eles nos custam caro. Então, mesmo que os humanos
estejam mais para o lado K do espectro, nosso gráfico de crescimento populacional
dos últimos séculos parece mais com o de espécie de seleção R. E mesmo as espécies de seleção R não costumam
ter um crescimento tão longo de 350 anos. Então, como isso aconteceu?
Bem, a resposta curta é que o ser humano descobriu como aumentar a sua capacidade
de suporte até agora, por tempo indeterminado. E nós fizemos isso eliminando um monte de obstáculos que poderiam ter feito a nossa população
atingir a capacidade de suporte há muito tempo. Estes obstáculos, você deve se lembrar,
são fatores limitantes e nós conseguimos eliminá-los de várias formas. Em primeiro lugar, aumentamos a nossa capacidade
de conseguir alimento. Nosso rápido crescimento começou na Europa por volta do século 17,
porque foi quando a agricultura estava se tornando mecanizada.
Inovações nas práticas agrícolas e a domesticação de animais foram aumentando a produção de alimentos.
Estas práticas agrícolas e agropecuárias, juntamente com a explosão populacional,
se expandiram da Europa para o resto do mundo até a metade do século 19. Outra mudança de jogo para a população humana
veio na forma de avanço na medicina. Anton van Leeuwenhoek, o pai da microbiologia,
foi o primeiro cientista moderno a propor a teoria dos germes da doença em 1700. E mesmo tendo levado cerca de um século e meio
para as pessoas levarem a sério a sua teoria, ela revolucionou a saúde humana levando a coisas como a vacinação.
De repente, as pessoas pararam de morrer por coisas como gripe ou outras doenças, como ocorria há milhares de anos.
O que significa que todos viveram mais tempo. As taxas de sobrevivência de crianças
aumentaram e essas crianças cresciam, produziam seus próprios bebês
e ainda sobreviviam por muito tempo. E nós também aumentamos
nossa capacidade de suporte melhorando a higiene.
Nós percebemos que nossas fezes também transmitiam doenças e foi assim
que os sistemas de esgoto surgiram. Na Europa, isso começou por volta de 1500, mas eles só passaram a ser amplamente usados
até 1800 e todos nós nos beneficiamos disso. Finalmente, conseguimos conquistar e viver confortavelmente em regiões inóspitas. As pessoas têm vivido em desertos
e lugares congelantes por milhares de anos, mas no século 20 é que ampliamos
o habitat humano para praticamente todos os lugares do mundo. Graças a aquecedores, ar condicionado, roupas quentes, os aviões e caminhões
que levam alimentos para qualquer lugar, seja no frio da Noruega ou no deserto do Saara. Por todas estas razões, os seres humanos
têm sido capazes de driblar os limites da capacidade de suporte.
E um monte de cientistas, matemáticos e economistas têm argumentado
que cada pessoa nascida nos últimos 350 anos não representa somente uma boca para alimentar, mas também duas mãos para trabalhar,
e que elas elevam a capacidade de suporte apenas o suficiente para si e um pouquinho mais. Portanto, na medida em que nossa população cresce, nossa capacidade de suporte cresce junto,
mas é claro isso não pode continuar para sempre. A população humana tem uma capacidade de suporte, só não sabemos qual é ela ainda. Em 1679, foi o próprio Leeuwenhoek
o primeiro a arriscar, publicamente, um palpite sobre a capacidade de suporte
da Terra para os seres humanos. Ele estimou que seria de cerca de 13,4 bilhões de pessoas. Desde então, as estimativas variaram de 1 bilhão
a 1 trilhão de pessoas, o que parece um pouco exagerado, mas as médias dessas estimativas
são de 10 a 15 bilhões de pessoas. Nós focamos em condições triviais para sobreviver: alimentos, água potável, recursos não renováveis, como os metais e combustíveis fósseis. Mas tudo que que nós consumimos requer espaço,
seja espaço para crescer, espaço para produzir ou para colocar nossos resíduos. Vários ecólogos fazem suas estimativas
de quantas pessoas podem viver no planeta com base na pegada ecológica, que é um cálculo de quanto espaço e outros recursos cada pessoa necessita para viver. Essa pegada é muito diferente dependendo
de onde você mora e quais são seus hábitos. As pessoas da Índia, por exemplo, usam muito menos recursos e espaço
que os norte-americanos. Pessoas que comem carne
exigem muito mais espaço do que os vegetarianos. Na verdade, se todos no planeta comessem
o mesmo tanto de carne que as pessoas mais ricas, seria possível alimentar menos da metade da população do mundo.
Assim, apesar de o fato da Terra ser um lugar muito grande, espaço é um fator limitante real para nós.
E à medida que a nossa população aumenta, provavelmente, haverá mais conflito
sobre a forma como nosso espaço é usado. Por exemplo, se houvesse realmente
1 trilhão de pessoas no planeta, cada pessoa teria de viver, produzir alimentos
e dejetos em um espaço de 12 por 12 metros, cerca de metade do tamanho de um campo de tênis. Então, pode até ser que caiba 1 trilhão de pessoas na Terra, mas garanto não seria nada fácil para essas pessoas.
Mas vamos parar de pensar em nós, humanos, por um momento.
À medida que ocupamos mais espaço, sobra menos para outras espécies.
E como usamos outros recursos como as árvores, solo e água limpa, também reduzimos a quantidade disponível
para outros organismos. É por isso que os biólogos dizem que estamos vivendo um dos maiores eventos de extinção da história geológica recente. Competimos com outras espécies por recursos
e, eventualmente, ou no caso do petróleo e da água, já estamos começando a competir entre nós mesmos.
Então, as coisas estão ficando sérias. Mas ainda há esperança.
Ao contrário de alguns outros animais, muitas de nossas ações são baseadas na nossa cultura e a cultura humana mudou bastante nos últimos 50 anos. O fato é que embora a população humana
continue a crescer, a taxa de crescimento da população atingiu seu ápice por volta de 1962 e tem diminuído desde então.
No seu auge, a população humana estava crescendo cerca de 2,2% ao ano. Atualmente, isso diminuiu para
cerca de 1,1% e continua diminuindo. As famílias nos países mais industrializados
estão ficando cada vez menores. Mas por quê? Bem, parte disso tem a ver
com as mulheres. Como as mulheres em países desenvolvidos têm mais acesso à educação, elas estão tendo bebês mais tarde na vida.
E quando o animal não se reproduz ao seu potencial máximo, o que significa
não começar a ter bebês logo que se torna sexualmente capaz,
esse animal terá menos filhos. Além disso, se as mulheres têm mais educação, elas terão mais liberdade de escolha
e podem preferir uma segunda carreira em astrofísica em vez de se tornarem mães. Outra razão para a taxa de crescimento da população estar declinando tem a ver com a maneira
com que nós vivemos nossas vidas. De volta ao início do século 20, grande parte do mundo trabalhava em fazendas e comia seu próprio alimento. As crianças eram uma valiosa mão de obra para uma fazenda na época. Este é um bom exemplo da ideia
de que mais mãos significavam mais trabalho. Porém, mais crianças significavam mais bocas
para alimentar, mas também eram uma força de trabalho importante. Isso é o que chamamos de ciclo de feedback positivo.
À medida que a população cresce, a força de trabalho se torna maior. Mas hoje em dia, cada vez mais pessoas
estão vivendo em cidades, onde você não precisa de crianças
para ajudar nas lavouras. Assim, as pessoas têm menos filhos
porque eles custam muito dinheiro para criar. Elas não geram dinheiro
como quando trabalhava em fazendas ou as pessoas têm mais acesso
ao controle de natalidade. Todos estes fatores juntos
estão criando um círculo de feedback negativo. Os efeitos da reprodução, neste caso,
reduzem a velocidade de reprodução, mas só porque a taxa de crescimento
da nossa população esteja diminuindo, não significa que a destruição que estamos produzindo
vá terminar tão cedo. E é bom lembrar que as regras da ecologia
se aplicam a nós como em qualquer outro organismo. Por isso, para o nosso próprio bem,
é importante que façamos algo para diminuir nossos efeitos danosos ao meio ambiente.
E eu acho que outras espécies concordariam comigo.