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Sucessão ecológica: Mudar é bom

Hank examina como as comunidades ecológicas mudam após uma perturbação. Versão original criada por EcoGeek.

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Transcrição de vídeo

RKA 3G Você se lembra daqueles dias logo após a extinção que ocorreu no p eríodo Permiano Triássico, quando um asteroide em chamas gigantes e explosões de metano mataram quase todos os organismos no planeta? Claro que não! Afinal, isso aconteceu 252 milhões de anos atrás e os mamíferos nem existiam ainda. Mas este é o assunto deste vídeo. Aquele asteroide foi uma "perturbação" para a ecologia do planeta. A flora, a fauna e o solo foram destruídos deixando uma tela em branco para os organismos que sobreviveram preencherem o espaço conforme podiam. E não foram muitos organismos. O que aconteceu depois desta perturbação é um exemplo dramático de sucessão ecológica, que é como a composição de uma comunidade muda ao longo do tempo, começando logo após a perturbação. Claro que a perturbação, normalmente, não é tão perturbadora. O estudo de como as comunidades ecológicas mudam não olham apenas para períodos longos de tempo ou os efeitos de um apocalipse. Sucessão pode ocorrer ao longo de uma estação em um parque ou em apenas alguns dias em um trecho de terra do tamanho do seu jardim. E isso pode ser uma surpresa, mas perturbações que chacoalham o status quo dentro de uma comunidade, na verdade, servem para melhorar essas comunidades no longo prazo. Porque, assim como a vida, o universo e tudo mais, sucessão tem a ver com mudança e é assim que um universo, que só tinha hidrogênio, virou um planeta repleto de vidas. Perturbações acontecem em ecossistemas o tempo todo, em um incêndio, uma inundação ou uma tempestade. Após estes eventos imprevisíveis, os ecólogos começaram a enxergar padrões nas mudanças em ecossistemas. Como a vida lida com as perturbações é a chave para entendermos ecossistemas. Primeiro, vamos notar que uma árvore caindo na floresta e um cometa caindo na floresta são diferentes em relação aos níveis de perturbação. Da mesma forma, existem alguns tipos diferentes de sucessão. O primeiro tipo acontece depois que um asteroide bate, que geleiras se espalham pela paisagem ou que o fogo incendeia um ecossistema verdejante até a desolação total. Isso é chamado de sucessão primária. Quando organismos ocupam uma área pela primeira vez, o cenário inicial é um deserto pós-apocalíptico sem vida alguma. Você provavelmente deve estar pensando: que lugar terrível deve ser este? Quem gostaria de viver lá? Bem, na verdade, há uma vantagem enorme em desertos desolados, pois não há competição. Muitos organismos não se importam em se estabelecer nos lugares mais inóspitos do planeta. Estas espécies pioneiras são frequentemente protistas, seguidas por plantas avasculares e depois, por algumas plantas vasculares ultrarresistentes. Muitos organismos fazem a vida colonizando lugares inóspitos, este é o negócio deles. Antes da extinção do período Permiano Triássico, havia florestas densas de gimnospermas, provavelmente repletas de espécies bem parecidas com as coníferas, ginkgos e cicadáceas. Mas depois que o asteroide caiu, essa grande floresta morreu e foi substituída por licófitas, plantas vasculares mais simples como as árvores do gênero extinto lepidodendro. Embora possam ter tido dificuldade em competir com plantas mais complexas nos bons tempos, o resto das florestas paleozoicas mal sobreviveu à extinção. Das dúzias de espécies de ginkgo que existiam, apenas uma ainda resta, completamente isolada geneticamente. É um fóssil vivo. É importante lembrar que quando falamos sobre sucessão ecológica primária, estamos falando quase exclusivamente de plantas. Porque as plantas comandam o mundo, lembra? Sem as plantas, os animais em uma comunidade não têm chance e a maioria das espécies na sucessão primária possuem sementes que podem ser carregadas pelo vento, como licófitas, musgos e líquens. O resultado é a construção ou reconstrução de solos que se desenvolvem no tempo com musgos, gramas e pequenas plantinhas que crescem, morrem e se decompõem. Com o solo pronto, plantas maiores podem se mudar e partir para a sucessão secundária. E é aí que o jogo começa. Uma floresta inteira pode se desenvolver, mas a sucessão primária leva muito tempo, talvez centenas ou milhares de anos. De fato, a recuperação dessas grandes florestas gimnospérmicas, na extinção do período Permiano Triássico, levou cerca de 4 ou 5 milhões de anos. A Terra pode não parecer glamourosa para você, mas é viva, linda e complexa. Mas a sucessão secundária não é apenas uma etapa após a sucessão primária que criou um lugar habitável a partir de um desastre. Ela é normalmente a primeira resposta depois que uma perturbação menor, como uma inundação ou um incêndio, destruiu as plantas que mandavam no pedaço por um tempo. Mesmo uma perturbação pequena, como uma árvore caindo em um bosque, pode traçar uma trilha de floresta parecida com a que existia há 50 anos. Neste pequeno espaço, de repente haverá um microclima que é diferente do resto da floresta, talvez tenha mais luz do sol, uma temperatura um pouquinho mais alta, menos proteção do clima, etc. Como qualquer outro ecossistema, esse pequeno trecho de floresta será afetado pela temperatura e precipitação que normalmente diferem em diferentes partes da floresta. Como resultado da árvore que caiu, isso vai mudar. A composição vegetal do local também mudará e, com isso, outros animais vão querer "fazer negócio" por lá, pois esse nicho serve melhor para eles do que outros nichos. Então, a questão é: quando é que a sucessão acaba e as coisas vão voltar ao normal? Nunca, porque a mudança nunca acaba. Mudança é a única constante. Sabe quem disse isso? Heráclito, 500 anos antes de Cristo. Isto é verdade, pelo menos desde então. Considere isto uma lição de vida! E como as ideias fluem em ecologia, isto é uma forma bem nova de ver as coisas neste campo. No século 20, os ecólogos notaram uma tendência nas comunidades de se transformarem ao longo do tempo, mas eles também viam uma sucessão, em termos de uma comunidade se modificando até que finalmente terminaria no que eles chamaram de uma comunidade clímax, que teria uma coleção previsível de espécies permaneceria estável até a grande próxim a perturbação. Bem, isso é o que parecia acontecer, mas sucessão ecológica, na verdade, é algo bem mais complexo. Para começar, tem uma coisa chamada estocasticidade, que nos impede de saber com certeza como uma comunidade será após uns 100 anos depois de uma perturbação. Estocasticidade é basicamente o fator de variabilidade imprevisível em qualquer coisa. Você poderia prever, com certa exatidão, quais plantas vão ocupar uma moraina glacial depois que o gelo retroceder, porque as sementes de algumas espécies colonizadoras se estabelecem ali primeiro. Mas coisas imprevisíveis, como a condição do tempo durante os estágios iniciais da sucessão, podem favorecer outras espécies. O ponto é, que quando os cientistas tentam prever como uma comunidade será em 100 anos, isso deve ser encarado como probabilidades e não certezas. Outro problema deste modelo de comunidade clímax tem a ver com a ideia de um ecossistema estabilizado. Sempre que a palavra estável for usada em uma frase que também inclui a palavra ecologia, você pode ter certeza de que está sendo usada errado, porque a estabilidade nunca acontece. Perturbações acontecem o tempo todo em todo ecossistema. Uma parte da floresta pode se incendiar, uma tempestade pode arrancar um monte de árvores, alguém pode alugar uma retroescavadeira e limpar um pequeno trecho, do paraíso na montanha ao lado de sua casa porque não tem nada melhor para fazer. Quem sabe? Coisas acontecem! Em vez de culminar em alguma comunidade clímax fixa, nós sabemos que um ecossistema estará em estágios avançados de sucessão se tiver grande biodiversidade. A única forma em que a biodiversidade pode ser ampla é se houver pequenos nichos para todas as espécies se encaixarem. A única forma de haver tantos nichos assim é se, em vez de uma única comunidade, um ecossistema for formado por milhares de pequenas comunidades, um mosaico de habitats onde comunidades específicas de diferentes organismos vivem. Tais mosaicos de nichos são criados por perturbações ao longo do tempo e com tudo sempre mudando aqui e ali. Mas é importante que estas perturbações sejam do tipo e na medida certos, porque o tipo de perturbação que tem o maior efeito na biodiversidade são as perturbações mais moderadas. Quando os ecólogos fizeram esta descoberta, eles decidiram chamá-la de hipótese da perturbação intermediária, porque ela propõe que perturbações intermediárias não são muito grandes e nem tão pequenas, são ideais. Veja que uma pequena perturbação como uma árvore caindo não é o suficiente para virar o jogo. Por outro lado, uma perturbação realmente severa, tipo o solo ser coberto por lava, levaria à comunidade de volta ao nível de destruição do asteroide da sucessão primária. Mas níveis intermediários de perturbação criam seu próprio habitat, em seu próprio estado de sucessão com seus próprios e únicos nichos. Mais nichos significam maior biodiversidade. Maior biodiversidade significa mais estabilidade e ecossistemas mais saudáveis. Mesmo que duas perturbações ocorram em duas áreas diferentes, com mais ou menos o mesmo clima e ao mesmo tempo, ambas as áreas podem se recuperar de jeitos completamente diferentes, levando a ainda mais nichos e maior biodiversidade. Agora, isso não quer dizer que você deve alugar uma retroescavadeira e cavar um canal na imensidão. É só a sugestão de que um nível médio de perturbação é natural, normal e bom para um ecossistema, e mantém todo mundo esperto. Como eu disse, perturbações acontecem e, de um modo geral, nós devemos deixar que aconteçam. Isso também é uma ideia relativamente nova em ecologia. De fato, por quase toda a história de gestão de terrenos públicos nos Estados Unidos, grandes pedaços de florestas não puderam ser queimados. As pessoas consideram as florestas como fonte de produção de madeira e ninguém quer queimar árvores que podem render um bom dinheiro. Por causa da falta de perturbações intermediárias por um longo período de tempo, nós tivemos incêndios catastróficos como o que incendiou o Parque Nacional Yellowstone em 1988. Um único relâmpago aniquilou totalmente quase 800 mil acres de floresta pública, porque o ecossistema não teve permissão de se satisfazer com uma boa e prazerosa queimada de vez em quando. Mas agora essas florestas passaram por mais de 20 anos de sucessão e algumas partes até mesmo queimaram novamente em um nível mais intermediário, criando um agradável mosaico de habitats com grande biodiversidade. É deslumbrante! Você deveria visitar um dia. Isso é a poesia da sucessão ecológica, como a destruição e a perturbação levam à beleza e diversidade. Apenas lembrem-se, meus caros amigos. Heráclito disse e você vai se dar bem: "A única constante é a mudança".