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Curso: Biblioteca de Biologia > Unidade 28
Lição 8: BiogeografiaNovas localidades levam à nova biodiversidade
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Transcrição de vídeo
RKA12C Para este vídeo, nós vamos focar na ideia de dispersão, ou seja, como a variedade de espécies pode mudar,
e como isso afeta a biodiversidade ao longo do tempo. Como temos visto em outros lugares,
o modelo clássico, chamado de vicariância, propõe que uma espécie-mãe
pode ser dividida em espécies-filhas quando surgem barreiras a partir de alterações geológicas, climáticas ou no habitat. E, às vezes, as três ao mesmo tempo. Essas barreiras podem levar a divergências, resultando em especiação por meio da restrição do fluxo gênico. No entanto, vamos focar aqui na existência de
uma outra maneira em que os efeitos da restrição do fluxo gênico são acentuados,
e que chamamos de dispersão. Essa é, basicamente, a maneira como espécies
de plantas, animais e outros organismos expandem sua variedade, sua distribuição na Terra,
por meio de movimentos de indivíduos que aumentam as dimensões das faixas de populações e, por conseguinte, a variedade das espécies em si. A dispersão também pode levar à especiação. Mesmo espécies como plantas, que estão enraizadas no chão e que possuem hábito sedentário, possuem formas de dispersão,
tendo fases na forma de semente, que podem ser distribuídas no ar, na água ou até mesmo por outros organismos. A migração das aves
é um mecanismo óbvio de dispersão. O movimento das aves pode facilmente resultar no estabelecimento de novas populações de uma espécie onde ela não existia antes. Mas você sabia que as aranhas também podem dispensar por meio de algo chamado balonismo? Aranhas jovens, especialmente, podem liberar
fios de seda finos que são capturados pelo vento, levando a aranha no alto para novos territórios. Existem outros tipos de dispersão. Os esporos de fungo, que sopram ao vento
e chegam até o nosso nariz e nos dão alergia ou produzem um espirro cheio de bactérias ou vírus,
é uma técnica de dispersão, mesmo que tenha evoluído
apenas entre os micróbios que aumentam a variedade durante
a temporada de gripes e resfriados. Organismos como ouriços do mar, corais
e caracóis também dispersam. Eles fazem isso principalmente durante
os primeiros estágios de suas vidas, flutuando por meio da água como pequenas larvas. Essas larvas podem ser carregadas
por distâncias significativas e, quando elas finalmente se estabelecem
sobre o substrato, completam a metamorfose ou mudam da fase juvenil de dispersão
para uma nova versão adulta e mais sedentária, para estabelecer novas populações
e expandir a variedade das espécies. Troncos, pedaços ou tapetes de vegetação
que vão para o oceano, vindos da terra, podem abrigar organismos terrestres, que vão junto
pelo caminho e são levados para o mar, podendo chegar a novos lugares para viver. E, se eles desembarcam e são bem-sucedidos, isso pode resultar no estabelecimento
de uma nova população. De todos esses eventos na natureza,
vale a pena perguntar: o que acontece no final dessas viagens ao olimpo,
dessa odisseia dos organismos? Se as condições forem adequadas
e os organismos puderem continuar a sobreviver, uma nova população pode ser estabelecida
em um novo lugar. A capacidade de sobreviver e se reproduzir
nesse novo lugar é fundamental. No caso de espécies sexuadas, os indivíduos
precisam ter carregado juvenis viáveis e, quando chegam a esse novo local,
precisam encontrar um membro do sexo oposto com o qual irão produzir novas gerações. Se você pensar em um coco que pode viajar
centenas de milhas flutuando no oceano, chegando a uma praia descoberta com lava, para ele pode ser muito mais difícil
do que se chegasse a uma praia arenosa. Em outras palavras, as condições têm que ser boas
para o estabelecimento de uma nova população. Em geral, quanto maior a distância entre
uma nova população e a população original, é mais provável que o fluxo gênico
seja restrito entre essas duas populações, e mais provável que essas duas populações
se divirjam uma da outra. Isso nos leva à ideia de isolamento. O isolamento pode ser muito óbvio em ilha, mas é interessante lembrar que nem todas as ilhas estão no meio de um corpo d'água. Nós podemos ter o isolamento entre oásis
em um deserto, por exemplo. Nós podemos ter isolamento nos topos das montanhas e nos vales entre as montanhas. Ou nós podemos ter também o isolamento
em um fragmento de floresta tropical que foi cercado por extensas clareiras. E essas ilhas de habitat podem apresentar os mesmos princípios de isolamento e restrição de fluxo gênico que influenciam a especiação. Padrões surpreendentes de especiação
podem surgir em todos esses sistemas, porque há algumas regras muito básicas que surgiram logicamente do pensamento sobre dispersão em ilhas, levando a todo um campo de estudo
conhecido como biogeografia de ilhas. Uma dessas regras é que as ilhas podem
ser mais difíceis ou mais fáceis de se chegar, dependendo do quão longe elas estão.
Isso é conhecido como fator distância. Quanto maior o tempo de existência da ilha, maior
a probabilidade de organismos já terem chegado lá, mais tempo eles tiveram para se diferenciar
de sua população original. Esse é o fator tempo. Quanto menor a ilha, menor a probabilidade
de as espécies terem chegado lá em primeiro lugar, o que seria chamado de fator de área. As condições ambientais diversas em uma ilha
podem aumentar a biodiversidade, porque há uma maior chance de que fatores climáticos e recursos ecológicos certos vão estar presentes. Nos referimos a isso como fator habitat. Uma outra regra lógica tem relação
com a localização da ilha no que diz respeito a coisas como correntes e ventos que permitem uma nova energia, na forma de nutrientes, afluir para o sistema de suporte
das funções do ecossistema, aumentando ou diminuindo a probabilidade
de novos colonizadores entrarem. Nós vamos chamar isso de fator fluxo. Um último fator é apenas o acaso, com eventos aleatórios que também
desempenham um papel grande... Não temos certeza de que nome
podemos dar para eles, então, nós vamos chamar aqui de fator acaso. Um exemplo disso poderia ser uma tempestade anormal que carrega os organismos com ela. Você poderia pensar em outros fatores
ou ajustes para essas regras básicas. Você poderia pensar em outros fatores
ou ajustes para essas regras básicas. Por exemplo, se você pensar no fato
de que os organismos diferem muito na sua habilidade de dispersar, você tem uma rica e complicada sobreposição
de fatores influenciando a biodiversidade, influenciando a biodiversidade em qualquer ilha. Por que a biodiversidade pode ser tão diferente
de uma ilha para a próxima? Aqui está um gráfico simplificado
que ilustra alguns desses fatores. Nós temos, basicamente, dois conjuntos de curvas. Um conjunto refere-se a quão perto ou quão longe
uma ilha pode estar do continente e como isso afeta sua taxa de colonização. Um outro conjunto refere-se ao fato de as ilhas
serem grandes ou pequenas e como isso está relacionado com a taxa
ou a probabilidade de extinção. E o eixo horizontal representa
o aumento da riqueza de espécies. E, então, nós temos aqui alguns pontos de intersecção interessantes e importantes que marcam uma menor riqueza de uma pequena ilha distante comparada com uma grande ilha próxima. Esse gráfico incorpora algumas outras coisas, como o balanceamento entre a colonização e a extinção. Quanto mais lotada uma ilha, torna-se
mais provável que extinções aconteçam. Também resume a ideia de que grandes ilhas próximas a fontes de novas populações, como, digamos, Madagascar,
terão muitas e muitas espécies. Mas lembre-se de que em uma grande ilha, como Madagascar, temos também o fator habitat. Populações podem dispersar na própria ilha encontrando novos habitat,
encontrando novas barreiras, e todos os tipos de novas espécies podem surgir. E, se você olhar para o que está acontecendo em Madagascar, isso é definitivamente verdadeiro. Madagascar tem muitas espécies endêmicas, que surgiram lá e não surgiram em nenhum outro lugar. Há também fortes evidências geológicas de que Madagascar se destacou da África no passado, levando consigo subconjuntos de espécies
que existiram na África, e, em seguida, continuaram a divergir
e evoluir em Madagascar. Em contraste, considere Galápagos. Esse arquipélago é relativamente longe de qualquer continente e surgiu a partir do vulcanismo. Essas ilhas remotas quase não tinham
vida sobre elas quando surgiram. Havia poucas espécies chegando lá. Mas, por causa do grande número de ilhas
no arquipélago, existem subsequentes especiações de populações
que vão de uma ilha para outra. Muitos grupos de ilhas ilustram essas ideias,
como o Havaí e as Filipinas, por exemplo. Em qualquer um desses grupos de ilhas, você pode ver todos esses fatores se sobrepondo de fato. É uma visão grandiosa e bela sobre como as ilhas podem promover a formação de novas espécies. Mas o gráfico pode também dizer-lhe algo sobre por que tantas espécies de ilhas estão com problemas. As curvas da biogeografia de ilha resumem bem
por que temos esta palavra aqui: extinção. Muitas populações de ilhas são vulneráveis à extinção, e eu tenho falado sobre tudo isso
sem envolver os seres humanos. Mas, se você colocar os seres humanos na equação
e soltá-los nesse ecossistema de ilhas, quem poderá dizer as dimensões e os efeitos
até que isso realmente aconteça? Como as curvas mudarão pela atividade humana? O que acontece com as curvas da extinção? Quão íngremes elas serão? Quais são os efeitos que os humanos têm
nesses sistemas de espécies endêmicas? Cientistas tentam reunir dados para fazer essas curvas mais precisamente entendidas. Também sabemos que os efeitos dos humanos
podem ser grandes, especialmente em ilhas. A especiação, essa incrível geradora de biodiversidade da Terra, não está realmente se mantendo.