If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se você está atrás de um filtro da Web, certifique-se que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Fototropismo e fotoperiodismo

Fototropismo, crescimento da planta em direção ou para longe da luz e fotoperiodismo, regulação da floração e outras transições do desenvolvimento pelo comprimento do dia/noite.

Principais pontos

  • As plantas apresentam uma variedade de respostas fisiológicas, de desenvolvimento e de crescimento à luz - algumas vezes somente a certos comprimentos de onda da luz.
  • No fototropismo uma planta se curva ou cresce direcionalmente em resposta à luz. Brotos normalmente se movem em direção à luz; raízes normalmente se movem em direção oposta a ela.
  • No fotoperiodismo a floração e outros processos de desenvolvimento são regulados em resposta ao fotoperíodo, ou duração do dia.
  • Plantas de dias curtos florescem quando a duração do dia está abaixo de um certo limiar, enquanto plantas de dias longos florescem quando a duração do dia está acima de um certo limiar.
  • Em muitas plantas, o fotoperiodismo é controlado pela sobreposição entre o estímulo da duração do dia e os ritmos circadianos internos da planta.

Introdução

Quase todas as plantas podem fotossintetizar, e a fotossíntese é a chave para a sobrevivência dessas plantas: isto permite que elas produzam moléculas de açúcar que servem como combustível e materiais de construção. Mas as plantas respondem à luz—às vezes, a específicos comprimentos de onda—também por outros meios. Estas respostas não relacionadas à fotossíntese permitem que as plantas se ajustem ao seu ambiente e otimizem seu crescimento.
Por exemplo, alguns tipos de sementes germinarão somente quando elas receberem uma quantidade suficiente de luz—junto com outros sinais. Outras plantas têm maneiras de detectar se elas estão na sombra de plantas vizinhas com base na qualidade da luz que recebem. Elas podem aumentar seu crescimento ascendente para superar suas vizinhas e obter uma parcela maior de luz solar.
As respostas das plantas à luz dependem, logicamente, da habilidade da planta em sentir a luz. A detecção de luz nas plantas envolve moléculas especiais chamadas fotorreceptores, constituídas de uma proteína ligada a um pigmento que absorve a luz, chamado cromóforo. Quando o cromóforo absorve a luz, isto provoca uma mudança na forma da proteína, alterando sua atividade e iniciando a via de sinalização. A via de sinalização resulta na resposta ao sinal de luz, como uma mudança na expressão genética, crescimento ou produção de hormônio.
Neste artigo, vamos nos concentrar em dois exemplos de respostas à luz dadas por plantas e explorar como estas respostas permitem que elas combinem o seu crescimento aos seus ambientes:
  • Fototropismo é uma resposta direcional que permite às plantas crescerem em direção, ou, em alguns casos, na direção oposta, a uma fonte de luz.
  • Fotoperiodismo é a regulação da fisiologia ou do desenvolvimento em resposta à duração do dia. O fotoperiodismo permite que algumas espécies de planta floresçam—ativem o modo reprodutivo—somente em alguns períodos do ano.
Vamos dar uma olhada em como estas respostas à luz funcionam!

Fototropismo

Uma importante resposta à luz em plantas é o fototropismo, que envolve o crescimento na mesma direção—ou em direção oposta—a uma fonte de luz. Fototropismo positivo é o crescimento em direção à fonte de luz; fototropismo negativo é o crescimento em direção oposta à fonte luz.
Brotos, ou partes aéreas das plantas, geralmente exibem fototropismo positivo—elas se curvam em direção à luz. Esta resposta auxilia as partes verdes da planta a se aproximarem da fonte de energia luminosa, a qual pode ser usada para a fotossíntese. As raízes, por outro lado, tenderão a crescer afastando-se da luz.start superscript, 1, end superscript

Fototropismo envolve um sinal móvel

Em 1880, Charles Darwin e seu filho Francis publicaram um artigo no qual descreviam a inclinação de mudas de grama em direção à luz. Especificamente, eles examinaram esta resposta em plantas muito jovens que haviam recentemente germinado e cujas folhas e brotos ainda estavam cobertos por uma bainha chamada de coleóptilo.
fonte de luz (desenhada como vela) e um Coleóptilo em uma panela. As fotos mostram um Coleóptilo em linha reta, tornando-se dobrado em direção à luz, com o passar do tempo. A flexão é causada por células mais perto da luz, expandindo-se menos do que as células vegetais do lado longe da luz.
A equipe formada por pai e filho analisou a resposta de inclinação usando experimentos em que cobriam a ponta ou a parte inferior do coleóptilo.start superscript, 1, end superscript Através dessas experiências, descobriram que a luz era percebida na ponta do coleóptilo. No entanto, a resposta—inclinação e, a um nível celular, alongamento desigual das células—ocorreu bem abaixo da ponta. Eles concluíram que algum tipo de sinal deve ser enviado para baixo, partindo da ponta do coleóptilo em direção a sua base.
fonte de luz (representada por uma vela) e um coleóptilo em um vaso com uma capa de metal cobrindo o topo do coleóptilo. A figura mostra um coleóptilo reto permanecendo assim quando uma capa metálica está cobrindo sua ponta.
Em 1913, o fisiologista dinamarquês Peter Boysen-Jensen deu sequência a este trabalho mostrando que o sinal químico produzido na ponta era de fato responsável pela resposta de inclinação.
  • Ele primeiro cortou a ponta de um coleóptilo, cobriu a secção cortada com um bloco de gelatina, e recolocou a ponta. O coleóptilo foi capaz de inclinar-se normalmente quando exposto à luz.
  • Quando ele tentou o experimento novamente usando uma lasca de mica impermeável no lugar da gelatina, o coleóptilo perdeu sua habilidade de inclinar-se em resposta à luz.
fonte de luz (representada pela vela) e um coleóptilo em um vaso. O coleóptilo à esquerda tem um pedaço permeável de gelatina separando a ponta do resto do coleóptilo; e ele se inclina em direção à luz. O coleóptilo à direita tem um pedaço impermeável de mica separando a ponta do resto do coleóptilo; e ele não se inclina para a luz.
Somente a gelatina - que permitia ao sinal químico atravessar seus poros - podia permitir a comunicação necessária entre a ponta e a base.
Através de uma variação neste experimento, Boysen-Jensen também foi capaz de mostrar que o sinal móvel viajou no lado sombreado da muda. Quando a lâmina de mica foi presa no lado iluminado, a planta ainda pôde se inclinar em direção à luz, mas quando ela foi presa no lado sombreado, a resposta de flexão não ocorreu. Os resultados deste experimento também deram a entender que o sinal era um estimulante de crescimento, ao invés de um repressor de crescimento, visto que a resposta fototrópica envolveu um alongamento mais rápido no lado sombreado do que no lado iluminado.
fonte de luz (representada pela vela) e um coleóptilo em um vaso. O coleóptilo à esquerda tem um pedaço de mica separando a parte da ponta mais distante da luz do restante do coleóptilo, e ele não se inclina em direção à luz. O coleóptilo à direita possui um pedaço impermeável de mica separando a porção da ponta mais próxima à luz do remanescente; e ele se inclina em direção à luz.

Fototropinas e auxina

Atualmente sabemos que as proteínas chamadas fototropinas são os principais fotorreceptores responsáveis pela detecção de luz durante o fototropismo—o nome é um lembrete útil de seu papel! Assim como outros fotorreceptores vegetais, as fototropinas são constituídas por uma proteína ligada a uma molécula orgânica absorvedora de luz, chamada cromóforo. As fototropinas absorvem a luz na faixa azul do espectro. Quando absorvem luz, elas alteram a forma, tornam-se ativas e podem alterar a atividade de outras proteínas da célula.
Quando um coleóptilo é exposto a uma fonte de luz, as moléculas de fototropina do lado iluminado absorvem muita luz, enquanto as moléculas do lado escuro absorvem bem menos. Por meio de mecanismos que ainda não são bem entendidos, estes diferentes níveis de ativação da fototropina fazem com que um hormônio vegetal denominado auxina seja transportado para baixo de forma desigual nos dois lados do coleóptilo.
Imagem ampliada da ponta de um coleóptilo, mostrando o hormônio vegetal auxina (representado por pontos vermelhos) concentrado na direção da ponta. Quando a luz atinge um lado do coleóptilo, as fototropinas são mais ativas na presença de luz, é causado um fluxo descendente de auxina no lado sombreado. O lado do coleóptilo com menos auxina possui células menos alongadas, e o lado com mais auxina tem células mais alongadas, fazendo a ponta se inclinar em direção à luz.
Mais auxina é transportada para o lado escuro, e menos auxina é transportada para o lado iluminado. A auxina promove o alongamento da célula, fazendo com que a planta cresça mais no lado escuro e curve-se em direção da fonte de luz.

Fotoperiodismo

Alguns tipos de plantas exigem determinadas durações do dia ou da noite para florescer—ou seja, para fazer a transição para a fase reprodutiva do seu ciclo de vida.
  • Plantas que florescem somente quando a duração do dia cai abaixo de um determinado limiar são chamadas de plantas de dia curto. O arroz é um exemplo de planta de dia curto.squared
  • Plantas que florescem apenas quando a duração do dia ultrapassa um determinado limiar são chamadas de plantas de dia longo. Espinafre e beterraba sacarina são plantas de dia longo.squared
Ao florescer somente quanto o dia ou a noite alcançam determinada duração, estas plantas estão aptas a coordenar sua época de floração de acordo com as mudanças de estação.
Nem todas as plantas são de dia curto ou dia longo. Algumas plantas são de dia neutro, o que significa que a floração independe da duração do dia. Ademais, a floração não é a única característica que pode ser regulada pelo fotoperíodo—duração do dia—embora tenha sido a que recebeu maior atenção dos pesquisadores. A formação de tubérculos em batatas, por exemplo, também está sob o controle fotoperíódico, assim como a dormência da gema em preparação para o inverno nas árvores crescendo em áreas frias.cubed

O que a planta está realmente medindo?

Embora nós classifiquemos as plantas como sendo de dia curto ou dia longo, em alguns casos, as plantas podem na verdade estar medindo a duração da noite. Isto é, pode ser a duração do período de escuridão contínua, não a duração do período de luz contínua, que determina se a planta floresce ou não.
Isto é particularmente verdade para plantas de dias curtos, cuja resposta fotoperiódica é muitas vezes fortemente relacionada à duração da noite. Plantas de dias curtos típicas compartilham as seguintes características:start superscript, 2, comma, 4, comma, 5, end superscript
  • Elas florescem quando o dia é curto e a noite é longa.
  • Elas não florescem quando o dia é longo e a noite é curta.
  • Elas não florescem quando a noite longa é interrompida por um breve período de luz.
  • Elas não florescem quando o dia longo é interrompido por um breve período de escuridão.
Gráfico mostrando as horas relativas do dia vs. noite (em 24 horas) que farão um planta de dia curto florescer. Se a duração da noite for de 16 horas contínuas, a duração crítica, a planta irá florescer.
Crédito da imagem: diagrama baseado em diagrama semelhante em Thomas e Vince-Pruestart superscript, 5, end superscript
O que exatamente tudo isto no diz? O padrão no diagrama acima significa que as plantas dias curtos medem a duração da noite—o período contínuo de escuridão—e não a duração do dia—o período contínuo de luz. Ou seja, uma planta dia curto somente florescerá se tiver escuridão ininterrupta por um período de tempo que atende ou excede o seu limiar de floração. Se houver uma interrupção na escuridão, como um breve período de luz, a planta não florescerá, mesmo que o período contínuo de luz —dia—ainda seja pequeno.
A situação muda um pouco quando consideramos plantas de dias longos. Algumas plantas dias longos medem a duração da noite, assim como as plantas dias curtos no diagrama acima. Entretanto, diferentemente de plantas dias curtos, estas plantas dias longos precisam que o período de escuridão seja menor que ou igual a uma duração crítica! Plantas de dias longos que medem a duração da noite são denominadas escuro dominante porque é o período de escuridão contínua que é importante para a floração.
Muitas outras espécies de plantas de dias longos, entretanto, parecem medir a duração do dia, não da noite, ao determinar quando florir. Estas plantas são chamadas de luz dominante.start superscript, 6, end superscript Os cientistas acham que a maioria das espécies de plantas de dias longos são na verdade luz dominante, enquanto a maioria das espécies de plantas de dias curtos são escuro dominante.start superscript, 6, end superscript

Como a planta constata a duração do dia ou da noite?

Esta é uma questão que os botânicos se perguntam há décadas! Muitos modelos têm sido sugeridos ao longo dos anos, mas atualmente, a maioria dos biólogos acha que o fotoperiodismo—pelo menos, em muitas espécies—é o resultado das interações entre o "relógio biológico" de uma planta e sinais de luz de seu ambiente.Somente quando os sinais de luz e o relógio biológico se alinham da forma certo, a planta floresce.
Esse modelo é chamado de modelo de coincidência externa de fotoperiodismo. Seu nome ressalta que um sinal externo—duração do dia—tem que coincidir de uma certa maneira com os ritmos internos da planta de modo a desencadear o florescimento. Esses ritmos são ritmos circadianos, padrões na expressão gênica ou fisiologia que se repetem em um ciclo de 24 horas e são dirigidos pelo relógio biológico da planta.
Como o modelo de coincidência externa funciona é melhor compreendido para a planta de dia longo Arabidopsis, um parente da mostarda. Nesta planta, níveis de um mstart text, R, N, A, end text específico que codifica a proteína de indução de florescimento ascendem e caem num ciclo circadiano, com níveis de mstart text, R, N, A, end text se elevando acentuadamente ao anoitecer.start superscript, 2, comma, 7, end superscript
Quando não há luz no período vespertino, os altos níveis de mstart text, R, N, A, end text não deixam a planta ir muito longe. Isto porque a proteína indutora do florescimento é normalmente quebrada assim que é constituída. Entretanto, se existe luz no período vespertino—um dia longo—os fotorreceptores são ativados pela luz e saltam para salvar a proteína da degradação. A proteína pode então se acumular e disparar a floração.start superscript, 2, comma, 7, comma, 8, end superscript
Gráfico mostra mudanças nos níveis de RNAm ao longo de 24 horas. Áreas onde a planta é exposta à luz estão marcadas em amarelo. Quando a luz coincide com altos níveis de NAm, fotorreceptores são ativados pela luz e protegem a proteína de indução à floração, que pode levar à floração.
Crédito da imagem: baseada em diagramas similares em Lagercrantzsquared, Figura 4; Kimballstart superscript, 1, end superscript; e Valverde et al., Figura 4start superscript, 6, end superscript
Graças a este sistema molecular a planta floresce somente quando os dias são longos—quando a luz se estende tarde o bastante para coincidir com a alta expressão do mstart text, R, N, A, end text.

Outros modelos de fotoperiodismo

Embora pareça provável que muitas espécies de plantas usem algum tipo de modelo de coincidência externa para controlar a floração e outros processos regulados pelo fotoperíodo, diferentes plantas têm diferentes genes e "ligações". É possível que algumas espécies de plantas tenham, fundamentalmente, maneiras diferentes de medir o fotoperíodo e de relacionar estas informações para mudanças no desenvolvimento.
Por exemplo, um modelo mais antigo de fotoperiodismo, a hipótese da ampulheta de fitocromo, não depende de sobreposição entre os ciclos circadianos e duração do fotoperíodo. Em vez disto, sugere que os fitocromos poderiam atuar como um relógio para medir a duração da noite. Embora este modelo não seja mais amplamente aceito, ele poderia ser válido para certos tipos de plantas.

Quer participar da conversa?

Você entende inglês? Clique aqui para ver mais debates na versão em inglês do site da Khan Academy.