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Curso: História da vida > Unidade 7
Lição 1: A energia- Introdução à entropia
- Entropia absoluta e variação na entropia
- Entropia
- Introdução à energia livre de Gibbs
- Temperatura e favorabilidade termodinâmica
- Energia livre de formação
- Energia livre de dissolução
- Termodinâmica versus cinética
- Energia livre e equilíbrio
- Energia livre e equilíbrio
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Energia livre de dissolução
Pode-se considerar que a dissolução de um sólido ocorre em três etapas hipotéticas: (1) decomposição do sólido, (2) dispersão do solvente, e (3) interação entre o sólido dissolvido e o solvente. Como mostrado neste vídeo, podemos prever os sinais da variação de entalpia e entropia de cada uma dessas etapas e relacionar essa informação à solubilidade do sólido. Versão original criada por Jay.
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Transcrição de vídeo
RKA3JV - Olá, tudo bem
com você? Você vai assistir agora a mais
uma aula de Ciências da Natureza. Nesta aula, vamos conversar sobre
a energia livre de dissolução. O termo dissolução,
se refere à dissolução de uma substância
em um solvente. A substância dissolvida
é chamada de soluto, e o soluto mais o solvente
formam uma solução. Se a variação padrão
na energia livre, ΔG⁰, for menor
que zero, a dissolução é
termodinamicamente favorável. Então, se colocássemos essa
substância em um solvente como, por exemplo,
a água, a substância se dissolveria
e formaria uma solução. No entanto, se ΔG⁰
for maior que zero, a dissolução não é
termodinamicamente favorável, ou seja,
ela é desfavorável. Então, se a gente tentar dissolver
a substância em água, ela não vai
se dissolver. Portanto, apenas a veríamos
no fundo do béquer. Como estamos falando sobre
potencialmente fazer uma solução, às vezes você vê
um subscrito "soln" escrito ao
lado de ΔG⁰. Então, isso seria ΔG⁰ de solução
que também poderíamos chamar isso aqui de energia
livre de dissolução. Podemos calcular
o ΔG⁰ de solução pegando a variação padrão
da entalpia de solução e disso subtrair o produto entre
a temperatura absoluta e a variação padrão
na entropia de solução. Então, vamos ver com mais
detalhes o que determina os sinais para
ΔH⁰ e ΔS⁰. Podemos pensar na dissolução de
um sólido em três passos hipotéticos. O primeiro passo,
envolve quebrar o sólido. Vamos pensar na variação de
entalpia ΔH₁ para este primeiro passo. Os sólidos são mantidos
juntos por forças atrativas. Por exemplo, se tivéssemos
um sólido iônico, seriam ligações iônicas
ou interações eletrostáticas unindo as
cargas opostas. Então, se o nosso objetivo
é separar ou quebrar o sólido, seria preciso energia para
superar essas forças atrativas. Portanto, ΔH₁
seria positivo. Agora, vamos pensar
sobre a variação da entropia, ΔS₁ para este
primeiro passo. Quando o sólido
é quebrado, as partículas têm um número
maior de posições possíveis. E um número maior
de posições possíveis, significa um aumento no número
de microestados possíveis. Um aumento no
número de microestados, significa um aumento
na entropia. Portanto, quebrar o sólido
significa um aumento na entropia. E, com isso, ΔS₁
será positivo. O segundo passo é a preparação
do solvente para receber o soluto. Vamos pensar na variação de
entalpia para esta segunda etapa. As partículas de solventes são mantidas
juntas por forças intermoleculares. Para moléculas de água, a força
intermolecular mais importante é a ligação
de hidrogênio. O objetivo desta
segunda etapa teórica é separar as
partículas de solventes e afastá-las
umas das outras para que haja
espaço suficiente para encaixar uma
partícula de soluto. Como é preciso energia para
vencer as forças intermoleculares que mantêm as partículas
do solvente juntas, ΔH₂ é positivo. Agora, vamos pensar sobre
a variação da entropia ΔS₂ para esta
segunda etapa. Quando as moléculas
de água são separadas, há um aumento no número de
posições possíveis das moléculas
de água. Como no
primeiro passo, quando temos um aumento
no número de posições possíveis, temos um aumento
no número de microestados. Um aumento no número
de microestado significa um aumento na entropia,
portanto, ΔS₂ é positivo. Chegamos à terceira
etapa agora, que é chamada
de solvatação e que se refere à interação
do soluto com o solvente. Para isso, imagine que
há uma força atrativa entre essa partícula
branca de soluto e essas quatro partículas
azuis de solvente. Se o solvente for água, este processo
é chamado de hidratação. E se pensarmos,
digamos, em um cátion positivo
interagindo com a água, já que cargas
opostas se atraem, o cátion positivo
é atraído para a extremidade negativa
da molécula de água. Como temos um íon
carregado positivamente interagindo com a água,
que é uma molécula polar com o momento de dipolo,
esse tipo de interação é chamado de
interação íon-dipolo. Vamos pensar na variação de
entalpia para esta terceira etapa. Quando o soluto
se junta com o solvente, a energia é liberada,
portanto, ΔH₃ é negativo. Uma maneira de pensar
sobre o porquê isto é negativo, é considerar as interações
íon-dipolo à direta. Como é necessário energia para
quebrar essas interações de íon-dipolo, quando essas interações
de íon-dipolo se formam, a energia deve
ser liberada. Agora, vamos pensar sobre
a variação na entropia ΔS₃ para esta
terceira etapa. Como as moléculas de água são
atraídas pelos íons em solução, as moléculas de água têm uma
liberdade de movimento reduzida e, portanto, há menos posições
possíveis para as moléculas de água. Uma redução no número
de posições possíveis significa uma redução
no número de microestados, o que significa uma
redução na entropia. Portanto, para a terceira etapa,
o ΔS₃ é negativo. Agora que falamos sobre
os sinais para ΔH e para ΔS para cada uma
das três etapas, vamos pensar em como eles
influenciam nas variações gerais em ΔH⁰ da solução,
e em ΔS⁰ da solução. Vamos começar aqui
com ΔH⁰ da solução, que é igual à soma das variações
de entalpia para as três etapas. Ou seja, isso aqui é igual a
ΔH₁ + ΔH₂ + ΔH₃. Já vimos que ΔH₁
é positivo, que ΔH₂ é positivo,
e que ΔH₃ é negativo. Então, somando ΔH₁
com ΔH₂, teremos um
valor positivo. Como nós estamos adicionando
o negativo no ΔH₃, é a magnitude do ΔH₃
que determina se o ΔH⁰ geral da solução
é positivo ou negativo. Se a magnitude
de ΔH₁ + ΔH₂ for maior que
a magnitude de ΔH₃, o ΔH⁰ da solução
será positivo. No entanto, se
a magnitude de ΔH₃ for maior que a
magnitude de ΔH₁ + ΔH₂, ΔH⁰ da solução
será negativo. Portanto, é possível que ΔH⁰
da solução seja positivo ou negativo, dependendo da substância
que está sendo dissolvida. Um exemplo
de uma substância que tem um valor positivo
para o ΔH⁰ da solução, é o cloreto
de sódio. A 25 graus Celsius, ΔH⁰ de solução
para o cloreto de sódio é 3,9 quilojoules
por mol de reação. Um exemplo de uma substância que tem
um valor negativo para o ΔH⁰ de solução, é o cloreto
de magnésio. A 25 graus Celsius, ΔH⁰ de solução
do cloreto de magnésio é igual a -160 quilojoules
por mol de reação. A principal razão pela qual
essas duas substâncias têm entalpias de solução
tão diferentes, tem a ver com a terceira etapa,
ou seja, com o valor de ΔH³. Vamos dar uma olhada
em alguns diagramas que mostram a interação íon-dipolo
do cátion de ambas as substâncias em solução aquosa interagindo
com moléculas de água. Para o cloreto de sódio,
teríamos um cátion sódio em solução
com carga 1+. Já para o cloreto
de magnésio, seria um cátion mg 2+ interagindo
com as moléculas de água. Como o cátion magnésio 2+
tem uma carga maior que o cátion sódio, o cátion magnésio 2+
exerce uma força elétrica maior nas
moléculas de água. Devido ao fato do
cátion magnésio 2+ exercer uma força elétrica maior
sobre as moléculas de água, mais energia é liberada quando
o cátion magnésio 2+ é hidratado, em comparação com quando
o cátion sódio 1+ é hidratado. Uma vez que mais energia
é liberada na terceira etapa para a hidratação
do cátion magnésio 2+, isso é suficiente para tornar
o ΔH⁰ de solução negativo. Portanto, a dissolução
do cloreto de magnésio é um processo
exotérmico. Para o cloreto de sódio, quando
o cátion sódio é hidratado, não é liberada
tanta energia assim. Portanto, o ΔH⁰ total
da solução é positivo. E a dissolução
do cloreto de sódio é um processo
endotérmico. Agora, vamos pensar
no ΔS⁰ de solução. ΔS⁰ de solução é igual a
ΔS₁ + ΔS₂ + ΔS₃. O ΔS₁, que é a variação na
entropia para o primeiro passo, é positivo,
conforme já vimos. O ΔS₂ também é positivo,
mas o ΔS₃ é negativo. Portanto, assim como
vimos para o ΔH⁰, o sinal para o ΔS⁰ depende
da magnitude do ΔS₁ + ΔS₂, comparado à
magnitude do ΔS₃. Se ΔS₁ + ΔS₂ for maior
em magnitude que o ΔS₃, ΔS⁰ de solução
será positivo. No entanto, se a
magnitude do ΔS₃ for maior que a
magnitude do ΔS₁ + ΔS₂, o ΔS⁰ de solução
será negativo. Um exemplo
de uma substância que tem um valor positivo
para o ΔS⁰ de solução, é o cloreto
de sódio. A 25 graus Celsius,
ΔS⁰ de solução é igual a 43,4 joules por
Kelvin mol de reação. Um exemplo de uma substância
que tem um valor negativo para o ΔSº de solução,
é o cloreto de magnésio. A 25 graus Celsius,
ΔS⁰ de solução é igual a -114,7 joules
por Kelvin mol de reação. A principal razão para a diferença
de entropias para essas duas substâncias, tem a ver com a terceira etapa,
ou seja, com a magnitude do ΔS₃. Mais uma vez, vamos dar uma
olhada aqui nos diagramas que mostram a hidratação
dos cátions em solução aquosa. Já falamos que o cátion
de magnésio 2+ tem uma força eletrostática maior sobre
as moléculas de água circundantes do que o cátion
de sódio 1+. Aplicar uma força elétrica
mais intensa significa uma redução da liberdade de movimento
das moléculas de água ao redor do
cátion magnésio 2+. E uma redução da liberdade de
movimento significa uma redução do número de
microestados possíveis. Assim, a hidratação
do cátion magnésio 2+ leva a uma maior redução
da entropia para a etapa 3, que inclusive supera os valores
positivos para as etapas 1 e 2. Isso faz com que a gente
tenha um valor geral negativo para
o ΔS⁰ de solução. Portanto, dissolver cloreto
de magnésio em água, resulta em uma
redução na entropia. Como o cátion sódio tem uma
atração eletrostática menos intensa para as moléculas de água, a redução
da entropia não é muito grande e, portanto, a magnitude do
terceiro termo não supera a magnitude dos dois
primeiros termos. O que significa que o ΔS⁰
geral de solução é positivo. Assim, ao dissolver
o cloreto de sódio na água teremos um
aumento na entropia. Acabamos de ver ΔH⁰ de solução
e ΔS⁰ de solução para dois sais, o cloreto de sódio
e o cloreto de magnésio. Feito isso, vamos calcular
agora o ΔG⁰ de solução para ambos os sais
a 25 graus Celsius. Vamos começar com a dissolução
do cloreto de sódio sólido em água para formar cátions,
sódio e ânions cloreto. 25 graus Celsius
é 298 Kelvin. Então, podemos colocar isso
aqui em nossa equação. Também podemos substituir
os valores para ΔH⁰ e ΔS⁰. Ambos foram valores positivos
para a dissolução do cloreto de sódio. Ao realizar o cálculo,
a gente cancela o Kelvin, e ficamos com ΔG⁰
de solução sendo igual a -9 quilojoules
por mol de reação. Como ΔG⁰ é negativo, a dissolução
do cloreto de sódio sólido é um processo
termodinamicamente favorável. O que significa que
a 25 graus Celsius, o cloreto de sódio
é solúvel em água. Observe como neste caso o termo
de entropia positiva favorável supera o termo de entalpia
positiva desfavorável. E aí, com isso, teremos um
valor negativo para o ΔG⁰. Portanto, para a dissolução
do cloreto de sódio, o aumento da entropia
impulsiona a dissolução. Agora, vamos fazer
o mesmo cálculo para a dissolução do cloreto
de magnésio sólido e água para formar o cátion magnésio
2+ e os ânions cloreto. Já vimos como o aumento da carga
positiva do cátion magnésio 2+ em solução, nos deu um valor
negativo para o ΔH⁰ e um valor negativo
para o ΔS⁰. Ao colocar todos
os valores que temos em uma temperatura de 298 Kelvin,
cancelamos o Kelvin. E aí, temos como resposta o ΔG⁰
de solução sendo igual a -125,8 quilojoules
por mol de reação. Como ΔG⁰ de
solução é negativo, a dissolução do
cloreto de magnésio é um processo
termodinamicamente favorável. Assim, à temperatura
ambiente de 25 graus Celsius, o cloreto de magnésio
é solúvel em água. No entanto, desta vez
é um valor negativo favorável para o termo
de entalpia que supera o valor negativo desfavorável
para o termo de entropia. E aí, devido a isso, teremos um valor
negativo para o ΔG⁰ de solução. Então, desta vez, é a redução da entalpia
que impulsiona a dissolução. ΔG⁰ foi negativo
para o cloreto de sódio e para o cloreto
de magnésio, no entanto, estes são
apenas os dois exemplos que eu escolhi aqui
para este vídeo. Certamente, é possível obter um
valor positivo para o ΔG⁰ de solução. O que significaria que
teremos um sal insolúvel. Devido ao fato de talvez
ser muito difícil prever os sinais para o ΔH⁰
e para o ΔS⁰ para um determinado sal,
talvez seja ainda mais difícil prever se o ΔG⁰ é positivo ou negativo
para esse sal em particular. Portanto, em diversos momentos,
vai ser necessário fazer um cálculo para ver se o ΔG⁰
é positivo ou negativo. Enfim, eu espero que
você tenha compreendido tudo direitinho o que
conversamos aqui. E, mais uma vez,
eu quero deixar para você um grande abraço e dizer
que te encontro na próxima. Então, até lá!